Mais uma parte do nosso rolê de fim de ano de 2020, seguindo os protocolos de segurança na esperança de que dias melhores virão para acabar com a pandemia de Coronavirus… Dessa vez, estivemos em Capão Bonito, uma linda cidade, cheia de áreas verdes, onde vivem cerca de 50 mil pessoas atualmente. Pena que a gente não tenha visitado nenhum dos parques estaduais…. Eu gostaria muito de voltar para conhecer o Parque Estadual Nascentes do Paranapanema, se você não o conhece, acesse o site deles aqui!. Mas, demos um rolê pela cidade em si, que é bastante receptiva. Pra quem gosta de história, a região possui registros de ocupação humana que datam de cerca de 10 mil anos atrás, além de uma grande quantidade de sítios arqueológicos associados à Tradição Tupiguarani, de cerca de 2000 anos atrás. De acordo com as pesquisas, o vale do Rio Paranapanema seria um dos principais eixos de expansão dos Tupis e Guaranis em direção ao sul. Além disso outras etnias, como os Kaingang (Guaianazes) passaram a ocupar a região a partir do século XVI até o século XIX, com a chegada de outra perigosa epidemia: a do colonizador português, junto das bandeiras que descobriram ouro na região de Apiaí. O Portal D. Moto apresenta uma foto atual do local: Aí… já imaginou né? A febre do ouro levou muitas pessoas (ainda que bem menos se comparado às expedições a Goiás ou Minas Gerais) à região, fundando a “Freguesia Velha“, em 1746 às margens do rio Pananapanema. Além disso, o local era caminho entre o sul e a vila de Sorocaba (onde se criavam as mulas que acompanhavam os exploradores), dando origem a cidades como Itapetininga. Mas, com o tempo, a Freguesia Velha (que muitos queriam chamar de Nossa Senhora da Conceição do Paranapanema pela capela erguida em seu nome) viu acabar o ouro do aluvião, encerrando o “ciclo do ouro” nessa região. A consequência é que os moradores que ficaram (cerca de 5 mil pessoa) decidiram transferir o povoado para outra região (a “nova” freguesia), rebatizada com o nome da fazenda que lá existia: Capão Bonito do Paranapanema, tendo como data oficial de fundação o dia 24 de janeiro de 1843 (curiosamente no mesmo dia em que escrevo esse post). Seria ainda elevada à condição de vila em 2 de março de 1857, e atualizando o seu nome para o atual em 27 de dezembro de 1921. Se você pensa em conhecer a cidade e a região, recomendamos o Hotal Baguassu, onde ficamos hospedados, praticamente sozinhos. Com exceção do bichano que vez ou outra dava as caras: E até uma bela piscina pra dar um relax! A cidade tem uma estrutura bem bacana, e ótimas opções pra comer, destaque para a Pizzaria Vitória. Só não podemos garantir a companhia da lua cheia, como a que esteve na cidade conosco… Mas nossa presença na cidade se deu por outro motivo. É que em 6 de maio de 1944 era fundado o Ipiranga Atlético Clube, mais um time de futebol a surgir na cidade e disputar os campeonatos amadores da região. Como dá pra imaginar vendo o distintivo, o time homenageava o tricolor paulista, mas tinha uniformes diferentes, como se pode ver na foto abaixo, do time de 1949. Aqui, mais algumas fotos sem datação comprovada, mas possivelmente do fim dos anos 40 ou início dos 50, pela similariedade do uniforme. Nos anos 50 o time chegou a usar um uniforme com listras horizontais: E um outro modelo também muito bacana: Até chegar no uniforme similar ao tricolor da capital. Esse modelos perdurou até os anos 60: E foi justamente nos anos 60, mais precisamente em 1962, que o time fez história ao disputar a 3ª divisão do Campeonato Paulista (que devido as denominações das competições, equivalia ao 4o nível do campeonato) frente a tradicionais times do interior paulista. Esse é um campeonato do qual encontra-se muito pouca informação gerando algumas confusões. Por exemplo, existe uma matéria sobre ex atletas do Ipiranga AC onde eles lembram que o jogo decisivo desse ano foi contra a equipe do Fronteira de Itararé, mas … segundo a maioria das fontes, o Fronteira só jogaria a 3a divisão anos depois… Após esta aventura no profissional, o time voltou ao amador e fechou as portas em 1965. Pra não deixarem o futebol em baixa, os esportistas locais se organizaram e em seu lugar, foi fundado o Esporte Clube Capão Bonito, em junho de 1966 e que herdaria as cores e até o estádio do Ipiranga AC. O tricolor capãobonitense era chamado de “Esporte“, esse é o time de 1969, quando sagram-se campeões do Campeonato Amador regional, promovido pela Federação Paulista tendo o jogo do título no campo do DERAC de Itapetininga, contra a Associação Desportiva Angatubense, com vitória do EC Capão Bonito por 2×1: O time está na memória da população local até atualmente, mas não chegou a disputar nenhuma competição profissional da Federação Paulista. Ambas as equipes mandavam seus jogos no Estádio da Rua Bernardino de Campos, que acabou também sendo chamado de “Estádio do Ipiranga” e depois como “Estádio do Capão Bonito“, ou “Estádio do Esporte“. E sua fachada imponente segue lá! Como suas caracerísticas arquitetônicas são bastante icônicas, eu recomendo que vc olhe novamente as fotos dos dois times acima, e perceba que muitas delas mostram a fachada, mas do lado de dentro. O estádio ocupa uma importante área na região central, tendo sua entrada, na Rua Bernardino do Campos e sua lateral “murada” na Rua Altino Arantes.
No dia da nossa visita, a entrada principal estava fechada.
Uma mão por dentro do portão garante algumas imagens iniciais do campo!
Em busca de uma entrada, recorremos aos fundos do estádio, que além de ceder parte de sua área para operárioa de uma obra próxima, também se encontrava fechada…
Até deu pra fazer mais algumas fotos ali, mas ainda não nos permitia a entrada… Pelo menos dava pra ver que o gramado estava bem conservado, ainda que sem suas demarcações em cal. Uma rápida olhada no mapa do local, ofereceu mais uma opção… Essa entrada lateral era numa rua sem saída que terminava quase dentro do estádio, mas que também possuia um muro e um portão, ambos fechados. Alguns vizinhos ao me ver observando o portão fechado disseram que quando querem jogar bola é por ali que entram. Mensagem captada, amigos vizinhos! Lá vamos nós pra dentro do Estádio! Aí sim, deu pra registrar como gostamos de fazer: as três fotos do campo… Seu gol da esquerda: O meio campo: E o gol da direita: Além de um registro frente ao campo e com um espaço minimamente coberto que serve de recordação para a linda arquibancada coberta, toda de madeira que foi destruída em um incêndio, décadas atrás. Pelo que eu entendi a arquibancada era exatamente acima desse espaço. Depois de tantas voltas, era hora de seguir com o rolê pela cidade, pois ainda existia um verdadeiro templo do futebol a ser visitado, o Estádio Municipal Doutor José Sidney da Cunha, que ficava não muito longe dali (até porque a cidade não é muito grande) e que serve de casa para um verdadeiro patrimônio da atual Série B do Campeonato Paulista (o equivalente ao quarto nível do futebol): o EloSport Capão Bonito! Talvez muitos nem reconheçam o distintivo acima, porque ele é relativamente novo, o tradicional usado sempre foi esse abaixo, que já trazia a “corrente”, simbolizando a união que o time tem como principal filosofia: O time nasceu em 10 de maio de 1993, finalmente abandonando o tricolor que marcara por tantas décadas o futebol da cidade, adotando o azul e verde como cores oficiais. Seu apelido, e consequentemente mascote é o “Galo do Sul“. No início de sua trajetória, o time se limitou às competições amadoras, sendo campeão da Liga de Tatuí e da Liga de Sorocaba, mas em 1997, era hora de levar novamente o nome da cidade ao futebol profissional e o Elosport foi disputar a Série B1B (equivalente na época à 5a divisão do futebol paulista). O Elosport jogou a B1B até 2001, quando o futebol paulista passou por mudanças que acabaram a levar o time para a Série B3 (equivalente à Sexta Divisão), quando conquistou o acesso para jogar a Série B2 em 2002, terminando em 8o lugar: Aqui as demais equipes que completaram aquele campeonato e suas respectivas colocações: No ano seguinte, o time acabou rebaixado e licenciando-se do Campeonato Paulista, retornando apenas em 2007, já dentro de uma nova formulação do Campeonato, na Série B, equivalente à quarta divisão. Infelizmente, sua história nessa divisão não teve grandes destaques. Desde 2012, curiosamente o time sempre fica a um passo da conquista da classificação para as próximas fases na maioria das edições. Veja como foi o grupo de 2012: 2013: 2014: 2015: 2016: 2017: 2018: E desde 2019, tem ficado em último: 2020: Como destaque, vale lembrar que o Elosport sagrou-se campeão do Sub-20 da 2ª Divisão em 2009. Em 2010, a gente acompanhou um jogo deles (clique aqui e veja como foi):Como disse anteriormente, o Elosport manda seus jogos no Estádio Dr José Sidney da Cunha, e lá fomos nós conhecê-lo:
O Estádio Municipal Doutor José Sidney da Cunha é administrado pelo Elosport, num sistema de comodato, por isso existe toda uma sinalização com o nome do time, como se fosse um estádio particular. O time se define nas paredes do estádio, como o “Orgulho de Capão Bonito”. Diz a lenda que um torcedor mirim mandou um desenho para o Jornal O Expresso chamando o time de “O Galo do Sul”. Aí teria surgido o mascote do time que também se faz presente no estádio. Olha aí os bancos de reserva: Nossa visita foi feita naquele típico dia de verão com calor e uma possível chuva se formando acima de nós… Olha, eu confesso que só fiquei triste por não ter visto (ainda) um jogo do Elosport aí no estádio… Mas fica o orgulho de pelo menos ter conhecido de perto um campo que tantas vezes foi utilizado no futebol profissional. Vamos dar uma olhada por dentro:Aqui o gol do lado direito (e a chuva chegando):
O meio campo: E o gol da esquerda: Vale mais uma olhada, né?A arquibancada que ajuda o estádio a ter uma capacidade para mais de 6 mil torcedores.
Não acredita? Olha aí: Além da estrutura pro torcedor, o estádio possui uma boa área para a imprensa: É arquibancada pra tudo que é lado… E assim, dentro do campo, pisando na mesma grama que tantos atletas da série B pisaram esses últimos anos, encerramos nosso registro… Aliás, encerramos também os rolês de 2020, que venha um 2021 com vacina para todos! Feliz ano novo, irmãos e irmãs!