O futebol profissional em Araras – parte 1 de 2

Araras surgiu de um povoado formado por tropeiros na região do rio Mogi e do ribeirão das Araras. Os indígenas que ocupavam a região provavelmente foram mortos, escravizados e os sobreviventes acabaram fugindo para o interior. Em 1862, foi construída a capela de Nossa Senhora do Patrocínio das Araras, surgindo novas casas ao seu redor.

Em 1879, a vila foi elevada à cidade e se desenvolveu graças à lavoura de café, inicialmente com trabalho escravo e num segundo momento com a atuação dos imigrantes. Em 1877, a cidade viu a chegada da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, e quase 100 anos depois, a FEPASA. Foto do site Estações Ferroviárias:

O passar do tempo trouxe diversificação da produção agrícola, principalmente com a cana de açúcar, o crescimento do comércio e, já no século XX, a indústria. E todos esses passos se refletiram no futebol local…

Falar do futebol de Araras é sempre um prazer, já que várias vezes acompanhamos partidas do União São João (já escrevemos sobre a camisa do time, clique aqui e leia!). Também acompanhamos o Santo André jogando no Estádio Doutor Hermínio Ometto como mandante a Série C de 2012 (veja aqui o jogo contra o Vila Nova -GO e aqui contra o Oeste, na época, de Itápolis)

Dessa vez, nosso retorno à cidade se deu para registrar os outros estádios e assim falar um pouco da história do futebol profissional de Araras, mas como não conseguimos entrar em todos os estádios planejados, esse texto será dividido em dois posts. Neste primeiro, falaremos sobre dois estádios onde jogaram a Sociedade Esportiva Recreativa Usina São João, o próprio União São João e a Associação Atlética Ararense.

No post #2, vamos falar do Estádio Joel Fachini, onde os outros 3 times da cidade (o CA Atlético, o Comercial FC e o Araras CD) mandaram seus jogos nas disputas de Campeonatos profissionais. Veja aqui o post #2!

Comecemos então falando sobre o nosso rolê pelo time mais antigo de Araras, a Associação Atlética Ararense!

A Associação Atlética Ararense foi fundada em 16 de setembro de 1926 por trabalhadores da indústria de Araras. São 95 anos de história…

Devido à sua origem, o time foi fundado como Operário Futebol Clube. Os distintivos abaixo vieram do site “Escudos Gino“, o segundo foi adotado a partir de 1942:

O time mandava seus jogos em um campo cedido pelo dono da Fazenda São Joaquim onde mais tarde foi erguido o Estádio São Joaquim e a sede social do clube.

Após uma primeira fase de disputas regionais, em 1931, o Operário FC filia-se à APEA e passa a disputar o Campeonato do Interior, naquele ano cai no grupo da 5a região contra o Rio Claro, o Velo Clube, e a Inter de Limeira. Esse é o time de 1932, as fotos abaixo são do site UniãoMania:

Aqui, o time de 1942, nessa época havia forte rivalidade com outro time de Araras, o Comercial:

Em 1943, por pressão do governo e da sociedade em geral, o nome Operário foi mudado por ser muito “comunista”. Assim surge a “Associação Atlética Ararense“, que de alvinegra passou a ser grená.

O Operário FC despede-se da história conquistando o título da 16ª Região do Campeonato do Interior, em um grupo que contava com CA Pirassununguense, Independente FC de Pirassununga, Comercial FC (também de Araras), DER Descalvadense, EC Lemense, Inter de Limeira, Porto Ferreira FC e a AA Santa-Ritense. A final da região em 15 de agosto foi Operário 4×0 Porto Ferreira, mas o time de Araras iria cair no mata-mata após um empate em 0x0 em casa e uma derrota de 5×0 fora de casa para o Riopardense.

Em 1945, mais um time de Araras disputou o Campeonato do Interior: o CA Santa Cruz, conhecido como o “Búfalo da Zona Rural” e mandava seus jogos no Estádio Fábio da Silva Prado. O distintivo abaixo veio do site História do Futebol.

O grande ano veio em 1946, quando a AA Ararense conquistou o título de Campeão Amador da 4ª Zona da 7ª Região do Estado contra o Comercial de Araras, o Grã Clube e a Inter, ambos de Limeira, o CA Pirassununguense e o Porto Ferreira. Esse foi o time campeão:

Em 1948, venceu a Sub-zona B do 9º Setor do Campeonato Amador do Estado, com o time abaixo:

Em 1949 participa pela primeira vez do Campeonato Paulista da Segunda Divisão de profissionais (naquele ano só haviam 2 divisões no futebol paulista), ficando em penúltimo lugar no seu grupo.

Em 1950, além da melhor participação na segunda divisão, em 7 de maio, o time do Palmeiras foi para Araras para um amistoso vencido pelo time da capital por 2×0.

O time de 1950:

Depois da boa campanha no Campeonato Paulista de 1950, vem sua última participação no profissionalismo, ficando em último lugar no grupo “Zona Leste”.

Em 1958, sagrou-se campeão do Torneio Mendonça Falcão:

A final foi contra o Cosmopolitano FC:

A AA Ararense ainda ficou 10 anos em disputas amadoras, e em 1961 conquistou o Torneio Castilho Cabral, seu último título. A partir daí, o clube passou a se dedicar à sua sede social no local onde ficava o Estádio São Joaquim.

De volta aos dias atuais, vamos dar uma olhada em como está o campo atualmente? Ele fica dentro da linda sede social do clube:

Um olhar no meio campo por onde tantas histórias já passaram:

O gol da direita:

O gol da esquerda:

Mais um momento de felicidade por estar ali, num lugar histórico e tão importante para a cidade de Araras…

Os quase 100 anos que separam a estreia do estádio e o clube atualmente mudou muito o visual do local, mas a energia ainda está lá!

O gramado segue no mesmo lugar, e talvez algumas daquelas árvores frondosas ao fundo do gol tenham vivenciado aqueles dias…

A nós, cabe sonhar com um futuro impossível, que seria ver a nas disputas profissionais de novo…

O segundo estádio desse post é ainda mais emocionante e fica dentro da Usina São João!

Mais do que um estádio, estamos falando de um verdadeiro modo de vida alternativo ao que estamos acostumados hoje, com seus pontos positivos e negativos. A Usina São João foi fundada em 1944 e desde cedo reuniu seus trabalhadores ao redor da unidade fabril, a tradicional “colônia”.

A história da Usina está ligada à da família italiana Ometto (essa da foto abaixo). Em 1887, chegam ao Brasil Antônio e Caterina Ometto e logo passaram a cultivar cana-de-açúcar. Em 1944, seu filho, José Ometto comprou a Fazenda São João iniciando o que viria a ser o atual Grupo USJ, comandado atualmente pela quarta geração de José Ometto.

Infelizmente, li no site Cana Online que a usina possui uma dívida de R$2 bilhões, e apresentou um pedido de recuperação judicial, o que provavelmente facilitará sua venda para a Raízen, a gigante do setor que tem adquirido todas as antigas usinas do estado de São Paulo…

Em 1953, mais especificamente em 8 de janeiro, seguindo o modelo de outras usinas e empresas, a Usina São João decide fundar o seu time de futebol, a Sociedade Esportiva Recreativa Usina São João, tendo como cores o verde da cana, e o branco do açúcar.

Foram 8 anos disputando as competições amadoras, e o título do Campeonato Amador do Estado de 1960 em cima da AA Matarazzo da capital acabou animando Hermínio Ometto para um passo mais ousado: o futebol profissional!

Assim, em 1961, a Usina São João passa a disputar a 3ª Divisão do Campeonato Paulista, e logo em sua estreia faz uma incrível campanha terminando a 1a fase (a série Açucareira) em segundo lugar…

Na segunda fase, a Série Dr Waldemar Alves da Costa, só tinha time cascudo e mesmo assim, o time da Usina terminou como líder, chegando a final do campeonato…

O outro finalista era o time da Estrada de Ferro Sorocabana FC, de Sorocaba mesmo…

O campeonato daquele ano não considerava o saldo de gols, então mesmo após uma goleada, o Usina São João ainda forçou um terceiro jogo ao vencer a segunda partida. Mas, infelizmente perdeu a 3a partida e o título e o acesso ficaram com o Estrada…

Esse foi o time de 1961:

Em 1962, novamente uma ótima campanha na primeira fase, a Série João Havelange:

Mas desta vez, o time parou na segunda fase, não chegando às finais.

Chega 1963 e o time da Usina São João mostra que veio para se tornar uma nova força no futebol estadual. Mais uma vez, termina a primeira fase (a 4ª série) em primeiro lugar.

Lidera também a segunda fase, a série João Mendonça Falcão:

Mas, para a tristeza geral de Araras, o time perde o acesso por um miserável ponto…

Em 1964, o time tenta mais uma vez o acesso, mas não se classifica sequer para a segunda fase.

Vendo que o acesso não chegava, Hermínio Ometto propôe a fusão dos times da cidade, juntando a estrutura da Usina e as torcidas de Ararense e Comercial, mas o projeto não decolou e decidiram acabar com o time da Usina… Somente em 1981, em 14 de janeiro, é que surgiria finalmente o time que uniu a cidade: o União São João EC.

O União São João debuta na 3ª divisão, mas não consegue chegar à fase final do campeonato, mesmo com uma boa campanha no turno e returno…

A relação com a Federação é tão boa que o União é convidado a jogar a 2ª divisão de 1982, onde permaneceu com bons resultados até 1987, quando uma campanha maravilhosa (já sem a presença de Hermínio Ometto,que falecera em 1986), leva o time à primeira divisão.

O União São João liderou todas as fases…

Chegando à final contra o São José e vencendo os dois jogos.

O primeiro jogo da final, em Araras, ocorre no emblemático Estádio Engenho Grande, o campo da Usina

Confira o vídeo do jogo, onde mais de 4 mil pessoas estiveram presentes:

Fomos até lá registrar o Estádio Engenho Grande! Essa era a entrada e nesse muro a direita ficava o famoso cinema da usina.

Aqui, a parte do fundo do estádio:

Veja como foi noticiado sua construção em 1958:

Segure a emoção e venha comigo conhecer o Estádio Engenho Grande!

Na minha opinião, o grande charme do Estádio Engenho Grande é sua arquibancada coberta, uma verdadeira obra de arte!

Tem a áurea de um passado que muitos não queriam que tivesse ido embora…. É um sentimento mágico mesmo.

Faço questão de registrar esse momento para a minha memória futura também! Penso que se a Raízen acabar adquirindo a Usina, talvez nunca mais eu consiga entrar aí…

O campo também está muito bem cuidado! Durante a visita, estava sendo pintado novamente.

Aí estão os bancos de reserva, humildes, gastos pelo tempo, mas cheios de história e recordações.

Aqui, a visão de quem olha de cima da arquibancada coberta, ali ao fundo são escritórios da usina:

Do lado direito o galpão de estocagem de cana e parte da usina.

Essa é a visão de cima da arquibancada que fica atrás do gol. Olha que incrível… Tem uma quadra esportiva entre a bancada e o campo!

E o lance de arquibancada praticamente cerca todo o campo.

Aqui, olhando pela arquibancada descoberta, vê-se o gol da esquerda:

O da direita:

E o meio campo:

Mas, como tudo muda, em 1988, o União São João inaugura seu estádio, com nome em homenagem a Hermínio Ometto e o time obtém uma série de conquistas incríveis: a Série C do Brasileiro, o acesso à série A, a revelação do lateral Roberto Carlos (foto abaixo do site O Curioso do Futebol), a transformação em clube-empresa, entre outras.

Como tudo que sobe, desce… O União São João de Araras vive um período de quedas e problemas econômicos que leva o clube a se licenciar do futebol profissional. Em 2021, o time voltou a aparecer no cenário esportivo com participação no sub 15 e sub 17, quem sabe seja uma esperança para o torcedor…

Se você quiser saber mais sobre o União São João de Araras, clique aqui e conheça o incrível site do União Mania, obra do Marcelo Valem.

Fica a foto do time campeão em 87 para quem sabe inspirar novos vôos…

E por falar em novos vôos, alguns meses depois desse rolê estivemos aí com o amigo Joey, acompanhando o União São João, confira aqui como foi!

Ah, e um pequeno registro do “vilão” do nosso rolê, o Estádio Joel Fachini que manteve-se “impenetrável” em nossa visita e por isso, vai fazer a gente voltar à Araras para mais uma tentativa!

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SECI: Futebol amador de Santo André

Bem vindo / Bem vinda a mais um post sobre o futebol amador de Santo André, e dessa vez um time que se tornou um projeto, e que mantém um campo que até parece um castelo do mundo de faz de contas para a garotada que participa…

Vamos conhecer a história do Insituto SECI! Para quem quiser saber mais informações, clique aqui e conheça o site do projeto!


O atual Instituto SECI, cuja sigla significa Socioesportivo, Educacional, Cultural e Inovador na verdade nasceu em 1962 como um time da várzea, a “Sociedade Esportiva Cidade Imaculada” e apenas em 2020 adotou o atual modelo de gestão e a nova sigla. Quem começou tudo isso foi o Tatinha, ex jogador.

Os caras realmente levaram a sério a ideia de fazer do futebol um agente transformador da realidade social e cultural das crianças do Capuava (um bairro de Santo André). Olha que da hora o vídeo onde o atual presidente e a coordenadora do projeto explicam o momento atual deles

E nós estivemos por lá para conhecer o campo e consequentemente toda essa ideia por traz do projeto focado em cooperativismo.

O campo do SECI é mais um do amador de Santo André que recebeu o gramado artificial.

Aí o time adulto:

Além de tudo muito bem cuidado e organizado tem uma mini sede na mesma área.

Que tal um rolê pelo campo?

Nossa tradicional olhada no meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

E lá está o distintivo do SECI no muro próximo ao banco de reserva!

Olha aí que da hora a camisa e até a bombeta do time!

O SECI Social é o projeto esportivo de Futebol Educativo que oferece via futebol oportunidades para aprender e superar desafios. Tem também um projeto de Futebol Bilíngue que integra o ensino do Esporte à Língua Inglesa para turmas do futebol feminino.

Essas e outras fotos você vê na Fanpage dos caras!

Uma iniciativa única para o pessoal do bairro e de certa maneira para toda a cidade.

Dá uma olhada em mais uma matéria sobre o time:

Que a molecada tenha muitas e muitas vitórias no campo e na vida!

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Novo rolê por Americana – parte 2 de 2

Bom, essa é a parte 2 desse post que acabou ficando gigante graças a tanta história que Americana tem no futebol. Se você ainda não leu a parte um, que fala sobre a história dos times que defenderam a cidade, é só clicar aqui.

Esse post é dedicado ao registro atual dos clubes e estádios que receberam partidas profissionais e agradeço o amigo Gabriel Pitor Oliveira.

O Gabriel é autor do genial site do Vasquinho (clique aqui e conheça o lindo trabalho dele!), por toda a ajuda, dicas e respostas. O cara sabe tudo sobre o futebol de Americana.

Então, comecemos nosso rolê batendo na porta do pessoal do Flamengo Futebol Clube!

O time que disputou 2 edições da terceira divisão, chegou a construir um estádio em sua sede pensando em atender as exigências da Federação Paulista, mas infelizmente o estádio foi inaugurado quando o clube já havia desistido do profissionalismo.

Entretanto, os sócios ganharam um estádio lindo e que foi dividido em 4 campos de futebol, com iluminação e uma arquibancada capaz de abrigar 5 mil torcedores!

A arquibancada de cimento tem 20 degraus e acompanha toda a lateral dos campos.

Acho que aqui dá pra ver os dois campos lado-a-lado (e são mais dois à esquerda destes).

Aqui, o outro lado:

São 4 campos com um gramado impecável. E pensar que essa área era um brejo em Americana… Imagina o trabalho que tiveram para conseguir transformar em um gramado tão retinho…

E claro, não pode faltar o distintivo do clube estampado lá em cima na arquibancada!

Olhando da arquibancada, esse é o gol (ou no caso, os gols) do lado esquerdo:

Esse os do lado direito:

E aqui…. seria o meio campo do campo original…

Do lado oposto à arquibancada ainda existe um lance único de arquibancada

Como mostramos no post anterior, fui presenteado com um livro incrível que conta a história do Flamengo FC.

E no livro, muitas vezes falou-se do tal “Bar do Flamengo” e consegui dar um pulo até lá para conhecer o lugar.

Infelizmente o bar estava fechado.

Embora o estádio dentro do clube seja lindo, não foi lá que o Flamengo mandou seus jogos pelo Paulista da Terceira divisão de 67 e 68, e fomos até o Estádio Victório Scuro em busca de respostas. Estivemos lá há algum tempo (veja aqui como foi), mas é sempre bom rever as arquibancadas de um estádio clássico como o Victório Scuro, também conhecido como “Caldeirão do Dragão” ou “Vovô”.

O Victório Scuro foi a casa do EC Vasco da Gama em suas competições profissionais e amadoras. Mas vale lembrar que o Vaquinho chegou a ter um outro campo lá na Vila Galo, onde hoje é a Rua Dom Pedro II

O Estádio Victório Scuro foi construído em um terreno cedido pela prefeitura em 1959, por um comodato de 10 anos. O responsável pela construção do estádio foi Ítalo Scuro (o nome do estádio homenageia seu pai), dono de uma indústria têxtil e a inauguração ocorreu em abril de 1960 como celebração do aniversário de 10 anos do time. Na partida preliminar, o CRS Carioba venceu o Recreativo Sumaré por 3×2, mas a partida que fez a alegria da torcida local foi EC Vasco 3×0 XV da Lapa (SP). O Vasco mandou seus jogo aí até 1977, quando o Americana EC (antigo Vasco) acabou trocando o Victório Scuro pelo atual Estádio Décio Vitta.

O Victório Scuro ainda seria utilizado pelo Sete de Setembro, mas vale lembrar que em 1984, o próprio Rio Branco chegou a mandar jogos ali.

Atualmente o Estádio Victório Scuro é a sede de um projeto focado em crianças e adolescentes, gerido pelo Colorado, um tradicional time de futebol amador da cidade que parecia caminhar para o seu fim, mas que ganhou nova vida com essa molecada!


Quem coordena o projeto atualmente é Rogério Panhoca junto do “Zé Pulga”, uma figura super tradicional no futebol da região.

Aliás, foi ele quem resolveu a charada de onde o Flamengo mandou seus jogos na Terceira Divisão de 1968 e 69. Aliás, ele contou mais um monte de histórias, confere aí:

O papo foi ótimo, mas a missão em Americana ainda não tinha acabado. Era necessário registrar a Praça de Esportes Milton Fenley Azenha, também chamado de “Centro Cívico”.

O complexo é formado por uma série de equipamentos esportivos, e o Estádio de futebol recebeu diversos jogos das categorias de base do Rio Branco .

E no ia da nossa visita, conseguimos pegar as oitavas de final da Copa Inter de futebol amador de Americana.

Ainda que as nuvens estivessem no céu, estava quase 40 graus de calor em campo…

Em campo jogavam o Malucos da Praia e o Descubra (se me informaram correto, o placar final foi Descubra 4 x 0 M.D.P.).

Poucas pessoas acompanhavam a partida nas arquibancadas do Centro Cívico.

Mas olha que bela imagem do meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

Vale até ver um gol:

Já cansou? Porque ainda faltam 2 estádios para fechar nossa missão. Um deles é o Estádio Eugenio Cia (ok, ok, a “praça de esportes” Eugenio Cia), inaugurado em 1979 e que fica localizado na Avenida Bandeirantes, 4100, na Vila Cordenonsi.

O Campo Municipal Eugênio Cia nasceu de uma escola de samba, a Sociedade Recreativa Folclórica Esportiva Unidos da Cordenonsi, cujos integrantes aproveitaram o antigo Ninho do Gavião, campo do Sete de Setembro e fizeram uma nova praça de futebol em mutirão.

Vamos conhecê-lo?

As bilheterias ainda estão por ali…

O campo fica numa região bastante arborizada, e muito bonita.

Estava rolando mais uma partida pelas oitavas de final da Copa Inter de futebol amador da cidade, e dessa vez, duas equipes tradicionais lotaram o Eugenio Cia: Cantareira x Cidade Jardim.

Tinha gente torcendo por todos os lados do campo…

Aliás, essa linda arquibancada veio do campo do SCR Carioba que havia sido desativada e foi desmontada e remontada degrau a degrau no campo da Cordenonsi.

Olha o detalhe de como são os degraus:

O gramado muito bem cuidado permitiu uma boa partida!

E a arquibancada coberta foi providencial pra dar uma fugida do sol e do calor.

Daqui aproveito pra registrar o gol esquerdo:

O meio campo:

E o gol da direita:

E dentro de campo, a bola seguia num jogo bem disputado, mas que parecia se resolver para o time do Cidade Jardim, que ia vencendo por 2×0.

Mais uma vez é muito bacana poder estar presente pra registrar não só o campo, mas a força do futebol amador, dessa vez, em Americana!

O banco preocupado porque o time do Cantareira fez seu gol. 2×1.

Olha que visual incrível. Espero que em 2047 alguém olhe essa foto e diga “olha como o mundo era louco naquele longínquo 2021″…

O jogo seguia para o fim, e as próximas duas equipes estavam prontas para entrar em campo (aliás, o jogo seguinte foi uma goleada do time que seria o campeão da Copa, o São Jerônimo/Bruxela por 9×0 contra Jardim América II

Fim de jogo, 3×1 para a festa do time do Cidade Jardim!

Hora de seguir para a última parte desse rolê pelos campos de Americana, o Estádio Parque Dona Albertina , o campo do Carioba!

Segundo os conselhos do amigo Gabriel, acessar o ainda existente campo do Carioba não seria missão fácil por estar dentro do terreno do DAE (Departamento de Águas e Esgotos de Americana), já no fim da vila Carioba. Mas, lá fomos nós na esperança de acessar o campo!

O rolê pela Vila Carioba é uma volta ao passado, com certa dor no coração pelas imagens do presente. Embora a natureza ainda seja exuberante, o que se vê das antigas indústrias têxteis e da arquitetura da época, mostra que em algum momento as coisas deram errado.

A indústria têxtil acabou prejudicando demais a vila… Em vários documentários (veja esse, ou este por exemplo) que contam sobre a vida na vila no início do século XX mostram que havia toda uma vida em colônia em torno das fábricas que sofreu com isso.

Mas o visual vale o rolê…

E ali ao fundo, após cruzar o rio (é o rio Piracicaba!! Ainda menorzinho…) chegamos ao antigo campo do SCR Carioba!

Logo em seguida, o rio se junta a outro afluente e recebe maior vazão de águas.

Na verdade, atualmente não se chega ao antigo Estádio Parque Dona Albertina mas sim ao DAE-Americana.

Realmente a entrada no campo não foi tarefa fácil. Foram necessárias diversas ligações do responsável pela segurança até obter uma autorização para nossa entrada (rápida) para realização do registro desse campo tão histórico! Pena que o antigo pórtico já não existe mais…

Então liguemos a nossa máquina do tempo para mais este registro incrível da história do fuebol de Americana…

Ainda há um lindo bosque acompanhando a lateral do campo, que já não tem mais um gramado impecável…

Ali, no gol dos “fundos” (já que entramos pelo lado do outro gol), existe uma construção que parece ser uma caixa d’água.

Ainda resiste um alambrado separando o espaço do campo do resto do terreno.

Ao lado do campo, uma área onde possivelmente ficava a antiga arquibancada de madeira.

Aqui, a alegria dos atletas… o equipamento que permite a alegria maior do esporte, o gol!

Encontrei essa estrutura em um dos vitrais da construção ao lado do campo. Tentei enxergar um possível distintivo desenhado ali ao meio, mas não se parece em nada com o distintivo conhecido do SCR Carioba.

Incrível como a combinação natureza + futebol parece combinar tão bem…

Quantas partidas, quantas histórias, quantas pessoas terão passado por aqui e marcado em sua memória a lembrança deste campo…

Com a sombra em meu rosto, um sentimento de orgulho e missão cumprida, ao mesmo tempo em que tantas lacunas, saudades e até um pouquinho de tristeza se misturam ao comparar o passado e o presente, pensando no futuro de campos como esse do Carioba, vendo a velocidade com que o progresso atropela toda a nossa história…

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Novas aventuras em Curitiba – A Vila Olímpica do Paraná

Em um desses feriados frios e chuvosos que passamos em 2021, aproveitamos a folga no trampo para dar um pulo em Curitiba. Vale lembrar que já estivemos lá para registrar o Eco Estádio Janguito Malucelli (veja aqui como foi) e também para registrar os estádios dos grandes times da capital e também do Rio Branco de Paranaguá (veja aqui como foi).

Curitiba é uma cidade muito bacana e que tem uma história de futebol giganteeee. Sem contar na própria história do Estado… Pra quem se interessa pelo tema, eu peguei um livro bacana lá, do Ruy Wachowicz, se liga:

Dessa vez, eu pra dar mais um rolê pela cidade, um pulinho no museu:

Um rolê pelo centro e pelas áreas tradicionais, como a Rua Riachuelo:

Todos sabem o quão louco eu sou por um sebo…

E como também admiro a cultura árabe, fomos conhecer o Monumento a imigração árabe no Paraná, homenagem aos imigrantes sírio-libaneses.

A noite que estivemos lá foi muito importante, era a volta do público aos estádios e o Coritiba receberia o Cruzeiro. Infelizmente além de estar caro (R$ 200) era necessário fazer o teste rápido de COVID e eu preferi não arriscar.

Como odeio estar em partidas e o time que “me recebe” perder, fiquei menos triste de não ir ao jogo, já que o Cruzeiro meteu logo um 3×0 em pleno Couto Pereira…

Mas, como dissemos anteriormente, já havíamos visitado o Couto Pereira e a meta dessa visita à Curitiba era conhecer e registrar o Estádio Érton Coelho Queiroz, mais conhecido como Vila Olímpica do Boqueirão, o antigo estádio do Esporte Clube Pinheiros.

Vale lembrar que o Paraná Clube nasceu em 1989, da fusão do Esporte Clube Pinheiros ao Colorado Esporte Clube:

Infelizmente, atualmente o estádio não só está desativado como depois de muitas idas e vindas, acabou vendido e provavelmente será demolido.

Em 2013, surgiu um boato de que o Paraná iria reformar a Vila Olímpica e transformá-la na Arena Boqueirão, mas o projeto acabou não se tornando realidade.

O amigo André Martins lembrou que houve um time nascido no próprio estádio e que disputou uma edição da Segunda Divisão do futebol paranaense, trata-se do Pavoc (Parque Aquático Vila Olímpica Clube).

Esse foi o time de 1979 que jogou a segundona do Paraná (foto do site História do futebol):

O site História do futebol trouxe a campanha do time:

22.07.1979 Pavoc 1x1 Tabu (Clevelândia), em Curitiba 
29.07.1979 Pavoc 1x0 Comercial (Terra Roxa), em Terra Roxa 05.08.1979 Pavoc 0x0 Cascavel (Cascavel), em Curitiba
12.08.1979 Pavoc 0x2 União (Francisco Beltrão), em Francisco Beltrão
19.08.1979 Pavoc 2x2 União (Francisco Beltrão), em Curitiba
2.09.1979 Pavoc 1x2 Cascavel (Cascavel), em Cascavel
9.09.1979 Pavoc 1x1 Tabu (Clevelândia), em Clevelândia
15.09.1979 Pavoc 4x1 Comercial (Terra Roxa), em Curitiba
30.09.1979 Pavoc 0x2 União (Francisco Beltrão), em Francisco Beltrão 06.10.1979 Pavoc 2x0 Tabu (Clevelândia), em Curitiba
13.10.1979 Pavoc 1x1 Cascavel (Cascavel), em Curitiba
21.10.1979 Pavoc 3x2 Tabu (Clevelândia), em Clevelândia
03.11.1979 Pavoc 1x1 União (Francisco Beltrão), em Curitiba
18.11.1979 Pavoc 0x2 Cascavel (Cascavel), em Cascavel

O time terminou em 3º lugar e embora sediado em São José dos Pinhais, mandou suas partidas no Estádio Joaquim Américo, em Curitiba.

O estádio foi construído na área da antiga fazenda do Boqueirão pelo então presidente do clube Érton Coelho, daí o nome do estádio.

Pra quem quer usar a foto, mas não quer minha cara feia:

O Estádio foi inaugurado em 7 de setembro de 1983 com a partida Pinheiros 1×0 Coritiba e apesar da chuva, mais de 5 mil torcedores se fizeram presentes.

O Estádio possui capacidade para 10 mil torcedores. Como não pudemos entrar, segue a foto do site do Globo Esporte

O “Érton” chegou a receber as finais do Paranaense de 1984, 86, 87, 94 e 97 (quando a torcida do Paraná estabeleceu o recorde de público com 17.926 torcedores, no jogo Paraná 3×0 União Bandeirante.

Olha quanta história pintada em seu muro…

As bilheterias ainda seguem por lá… Até quando? Não sei… Uma pena a gente perder esse espaço tão lindo e tão importante para a história do futebol paranaense… Enquanto ainda está de pé… há chance..

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Final da Copa Santo André 2021

O esperado dia chegou… Sábado, 11 de dezembro de 2021, a grande final da Copa Santo André entre o EC União do Morro e o EC Jardim Sorocaba. Entre no clima, pegue uma carona no bonde da torcida do União do Morro e venha curtir esse rolê incrível pelo futebol amador de Santo André!

A data merecia o bom público que compareceu, afinal, além da final a partida marcou também a reestreia do Estádio Municipal Bruno José Daniel, depois de quase 2 anos fechado…

No primeiro tempo, ficamos juntos da torcida do União do Morro.

Do lado da “antiga arquibancada” a torcida do Sorocaba também marcou presença!

Muitos amigos torcedores do Santo André compareceram também à partida!

Não houve qualquer policiamento presente, e assim, as arquibancadas puderam se reencontrar com as bandeiras com mastros! Olha que visual bacana!

Rolou até vários sinalizadores e fogos de artifício na entrada dos times!

E rolou bandeirão? Rolou sim!

E que venham os times!

E lá vem o União do Morro saudar sua torcida:

E se você ficou curioso em ver o nosso novo gramado, agora sintético, dê uma olhada no gol da esquerda:

No meio campo:

E no lado direito:

Então, sejam bem vindos ao novo Estádio Bruno José Daniel.

Agora, vamos dar um pouco de espaço para os jogadores responsáveis pelo espetáculo maior do campeonato:

Vale até ver um lance, na cobrança da falta…

E mais jogadores!

Olha aí a rapaziada no banco de reservas!

O primeiro tempo encerrou em 0x0, e aproveitamos para mudar de arquibancada e acompanhar um pouco a festa no lado da torcida do Sorocaba.

Deu até para acompanhar o papo dos jogadores no intervalo.

Também foi possível fazer umas fotos das faixas da torcida do EC União do Morro.

Vale a pena também registrar o gramado e o campo do lado de cá. Aqui o gol esquerdo:

Aqui, o direito:

E aqui o meio campo:

E a molecada já entrando de cabeça no amor ao time da quebrada? Não tem preço!

E até o papai noel do Sorocaba apareceu por lá…

Tensão total… Termina o jogo em 0x0 e é hora dos times se reunirem para se prepararem para a disputa por penaltys.

Concentração total…

4 penaltys convertidos para cada time… Acompanhe um deles:

Mas um time tinha que sair vitorioso e graças à cobrança perdida pelo time do Sorocaba, o prêmio de R$ 13 mil ficou para o União do Morro!

E teve trofeuzão também! Até o drone chegou ali perto pra dar uma sacada neles!

Muita festa entre os jogadores do União!

E muita festa na arquibancada também!

Por outro lado… a desolação de perder a final depois de ter feito uma campanha tão bacana, mas temos certeza que o Sorocaba sabe que escreveu seu nome na história na tarde de hoje…

Já a torcida do União decidiu estrear o gramado e fazer sua festa dentro do campo!

E o Marcelão foi lá entrevistar a galera!

Pra nós, uma grande honra em poder assistir tudo isso!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE, APOIE O TIME DA SUA QUEBRADA!

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Novo rolê por Americana – parte 1 de 2

ATENÇÃO! Dividimos esse post em 2 partes: uma teórica sobre a história dos times (este post) e outra prática sobre os estádios utilizados por estes times (clique aqui e veja cada fotona!!).

Já estivemos muitas vezes por Americana, a maior parte delas para ver o time do Rio Branco (veja aqui, o título de 2012 ou clique aqui e leia sobre um jogo decisivo pela Bezinha de 2019) mas também já viemos para conhecer o Estádio Victório Scuro (clique aqui e veja como foi).

E você pode perguntar… “Mas por quê tantas visitas???” É que o futebol profissional (e o amador também) é riquíssimo!!! Foram 7 times disputando os campeonatos das Federações (nesse caso é no plural porque o CA Paulistano disputou o campeonato da LAF, e os demais da FPF):

E isso porque eu não incluí na lista nem o Guaratinguetá, que em 2010 mudou de nome para Americana Futebol e disputou a série A1 de 2011 na cidade e nem o SC Atibaia que adotou a cidade como sede até 2021, quando mudou de sede e nome para Leme.

Diferente da maioria das cidades que visitamos, Americana não nasceu só da tradicional mistura dos moradores originais – os indígenas – com os europeus e africanos. Quer dizer, até rolou isso lá no século XVIII, com a ocupação das sesmarias doadas por Portugal, mas teve um outro capítulo no mínimo polêmico e que tem a ver com o nome da cidade: a imigração dos confederados, o povo que vivia no sul dos EUA, conhecidos por serem escravocratas a ponto de entrarem em guerra (a guerra civil americana) para defender a manutenção da escravidão. Por isso o nome do povoado se tornou “Villa dos americanos” e depois “Villa Americana”. Um triste começo para uma cidade que hoje é bastante acolhedora! Vale ler a matéria: da Hypeness (clique aqui) sobre como a cidade vizinha – Santa Bárbara do Oeste – ainda não conseguiu se livrar desta história.

Outro fato fundamental para o surgimento da cidade foi a chegada da ferrovia em 1875 (foto do site Estações de Trem):

Graças à ferrovia, chegaram outras famílias para viver onde antes só haviam sitiantes americanos. Assim, aos poucos a região foi crescendo e chegaram as fábricas, principalmente ligadas aos tecidos. Em torno delas surgiu uma outra Vila que leva o nome de uma das fábricas: a Villa operária de Carioba! (fotos do site da Associação dos Permissionários de Carioba)

Com o desenvolvimento, a Villa Americana passou a lutar pela emancipação e em 1924 foi criado o Município de Villa Americana (que reunia as vilas Americana e a Carioba). Em 1938, muda seu nome para apenas “Americana“. Com tantas indústrias têxteis fica conhecida como a capital do tecido. Mas a crise do setor têxtil quebrou boa parte das indústrias locais, obrigando a cidade a diversificar sua economia para sobreviver até os dias atuais. (Foto do Blog do Chico Sardelli).

Enfim… esse é um super hiper resumo só pra contextualizar a cidade representada pelos 7 clubes apresentados acima. Vamos tentar falar deles em ordem cronológica, começando pelo time mais antigo e mais tradicional, o Rio Branco Esporte Clube.

O Rio Branco foi fundado em 4 de Agosto de 1913, sob o nome Sport Club Arromba. Em 1917, passou a levar o nome da cidade (na época “Villa Americana Foot Ball Club“), mas ainda no mesmo ano, definiu-se, o nome de Rio Branco Football Club.

Dizem que o Rio Branco foi o primeiro time a adotar um tigre como mascote!

Dentre suas conquistas iniciais, destacam-se os dois títulos do Campeonato do Interior em 1922 (Sanjoanense foi a vice) e 1923 ( Sorocabano foi o vice). Naquele tempo, o campeão do interior disputava a “Taça Competência” com o campeão da 1a divisão e assim tivemos um Corinthians 5×0, em 3/5/1923 e Corinthians 2×1 em 30/3/1924. Esse foi o time bicampeão:

No Campeonato do Interior de 1925, em 28 de junho tivemos o primeiro derbi oficial de Americana: Rio Branco 1×0 CRS Carioba, no 1o turno (no 2o turno nova vitória do Rio Branco: 1×0, jogando no campo do Carioba).

O Clube Recreativo e Sportivo Carioba foi fundado lá na fábrica que falamos no início do post, em 9 de julho de 1914, mas somente em 1925 estreou no Campeonato do Interior fazendo uma campanha interessante (o Rio Branco se classificou pra fase final e terminou em 4o lugar, o campeão foi o Velo Clube).

No Campeonato do Interior, em 1926, houve uma debandada dos times de Americana para a LAF (Liga dos Amadores de Futebol) e naquele mesmo ano o Carioba disputa a eliminatória para a primeira divisão da LAF e também o Campeonato do Interior da LAF. Olha aí algumas fotos de times do Carioba do início do século XX:

O CRS Carioba disputaria várias edições do Campeonato do Interior, mas anos mais tarde arriscou um passo ainda mais ousado disputando o Campeonato Paulista da Terceira Divisão (o quarto nível do campeonato) de 1968, surpreendendo a todos com uma incrível campanha na primeira fase, pela 2a série!

Pena que na fase final, o Carioba não conseguiu repetir o bom desempenho…

Em 1969, infelizmente vários problemas atrapalharam o time que acabou desistindo do Campeonato ainda no primeiro turno:

Mas, voltemos a 1926 para registrar uma surpresa que alegrou ainda mais Americana, a cidade tinha um novo time participando do Campeonato do Interior da LAF, o Clube Atlético Paulistano!

O CA Paulistano foi fundado em 1925, teve essa única aventura no Campeonato Interior e depois sumiu, deixando o futebol na cidade com a dupla Carioba e Rio Branco. O Tigre chegou a disputar a segunda divisão de 1947 a 1949, quando decide abandonar o futebol profissional. Essa foi a classificação de 1949, quando ele terminou em 5o:

Já disputando apenas o amador, em 1961, o Rio Branco assume o nome que defende até hoje em dia: Rio Branco Esporte Clube.

Mas sua ausência no profissional, faz com que um outro time da cidade assuma o protagonismo: o Esporte Clube Vasco da Gama!

O EC Vasco da Gama, também conhecido como Vasquinho, foi fundado em 24 de abril de 1950 e se você quiser conhecer mais sobre o time, vale a pena conhecer o blog “O Vasquinho de Americana“, do Gabriel Pitor, de onde veio essa foto do time dos fundadores:

Em 1966, o Vasquinho decidiu se profissionalizar e disputar a Terceira Divisão (o quarto nível) do Campeonato Paulista. (foto do blog O Vasquinho de Americana).

Em 1968, o Vasquinho “ganhou um acesso” e disputou a chamada “Segunda Divisão” (que equivalia à Terceira Divisão) e começou bem, classificando-se em segundo na primeira fase:

Na segunda fase, terminou empatado com o Oeste, obrigando a realizarem um jogo desempate para ver quem iria à final. E após um 3×3 no tempo normal, o Vasco conseguiu segurar a prorrogação e o empate lhe deu a classificação.

Na final, em jogo único em Bauru, o Vasco venceu o Municipal de Paraguaçu Paulista por 2×0 e conseguiu o título e mais um acesso, jogando assim o segundo nível do Campeonato Paulista de 1969. Se você quiser ler mais sobre a história do título, leia aqui no incrível site feito pelo Gabriel Pitor!

Mas precisamos abrir mais um capítulo nessa história. É que no Campeonato da Terceira Divisão de 1967 (4º nível do futebol paulista), ocorreu um dos mais impensáveis dérbi do futebol paulista graças a uma nova equipe que passou a disputar o profissional:

Isso porque em 1943 surge um novo time na cidade: o Flamengo Futebol Clube mais conhecido como Flamengo de Americana (muitos consideram a sua data de fundação o dia 5 de janeiro de 1958, mas segundo o livro Flamengo Futebol Clube, de Santo Dean, o ano é mesmo 1943).

O time disputou muitas competições amadoras, entre elas o Campeonato Municipal e com os bons resultados decidiu arriscar-se no profissional, assim, em 1967 tivemos um “dérbi carioca” em Americana: Flamengo x Vasco! Assim terminou aquele campeonato:

Como o futebol profissional, já era caro mesmo naquela época, eles não conseguiram se manter e voltaram para o profissional ao fim de 1968, quando disputaram novamente a Terceira Divisão. E fizeram uma baita campanha, disputando um outro derbi pela cidade, dessa vez com o time que ficou com a vaga para a próxima fase: o CRS Carioba!

Fechemos este capítulo, e voltemos a falar do Vasco. Depois de conquistar a Segunda Divisão (o terceiro nível do futebol paulista) o time jogou a Primeira Divisão (que equivalia ao segundo nível) em 1969, 70 e 71, sem grandes campanhas, mas em 1972 o time chegou à segunda fase, como vice líder da Série Belford Duarte.

Mas faltou um pouquinho para chegar à final…

Em 1973, 74 e 75 novamente campanhas medianas. O time precisava de mais apoio e uma das ideias foi mudar o nome do time para Americana Esporte Clube.

Mas em campo essa mudança não gerou grandes novidades: as campanhas de 1976, 77 e 78 seguiram abaixo da média. Pra piorar, o Estádio Victório Scuro não atendia às demandas da Federação Paulista e assim, o Vasco vê como caminho, unir-se com o Rio Branco, e assim, o Tigre volta ao Campeonato Paulista profissional em 1979 e já no primeiro ano da fusão, classifica-se para a segunda fase, mas sem chegar a final.

Aproveitamos para abrir o nosso último capítulo e falar sobre o chamado Campeonato Paulista da Segunda Divisão Profissional de 1977 (esse era o nome do quarto nível do futebol paulista), que viu um novo clube de Americana adentrar ao profissionalismo: o Sete de Setembro Futebol Clube.

O Sete de Setembro Futebol Clube foi fundado em 1959. E depois de muitos anos no amador, estreou no profissional de 77 em uma campanha bem frágil, não passando da primeira fase:

Em 1978, mais uma campanha fraca, terminando na última colocação do seu grupo…

Em 1979, um pacto entre os atletas para um ano melhor, para resultados incríveis, vitórias conquistadas nem que fossem na raça e… Não deu… Mais uma vez terminou como último colocado do grupo não avançando para a próxima fase.

Mas, a recompensa por tanta persistência deu resultados… Em 1980, a Federação Paulista reduziu as então 5 divisões par apenas 3, e assim o Sete de Setembro subiu uma divisão passando a disputar a Terceira Divisão (que finalmente equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). E não é que o time foi bem melhor? Confira a classificação:

O Sete de Setembro FC persistiu na Terceirona até 1982, quando não conseguiu dar sequência ao seu projeto no profissionalismo e abandonou o campeonato para a tristeza do seu torcedor. Assim, coube ao Rio Branco, se consolidar como o grande representante da cidade no futebol paulista, passando a disputar a divisão de acesso entre 1979 e 1990, quando termina como vice campeão da “divisão de acesso” (segundo nível do futebol paulista daquele ano).

Assim, em 1991 o Rio Branco leva Americana ao mais alto patamar do futebol paulista: a primeira divisão. Essa e várias fotos da história do time podem ser vistas no site oficial do Rio Branco.

Assim, o Rio Branco se classificou para a segunda fase, como líder do grupo.

Na segunda fase, mais uma vez uma campanha que garantiu a liderança do time, mesmo sofrendo 3 derrotas nos últimos 4 jogos.

A fase final foi um “hexagonal da morte” e embora o Rio Branco não tenha levado o título por um pontinho… Pelo menos conquistou o acesso!

Aí está o time que conquistou esse tão importante e inesquecível acesso!

E o Rio Branco parece ter gostado de estar entre os grandes, pois ficou na serie A1 até 2007, quando acabou rebaixado de volta para a A2.

E a partir daí começa uma terrível gangorra pro time de Americana: em 2009 o vice campeonato da A2, traz o retorno para a A1. Em 2010, é rebaixado para a A2. Em 2011, pela primeira vez na história cai para a A3. Em 2012, sagra-se campeão da A3 (lembra que a gente foi lá ver?) e volta para a A2. Em 2016 nova queda para a A3, até chegarmos ao momento mais baixo da história do futebol em Americana: em 2018, quando o Rio Branco acabou rebaixado da A3 para a série B, o quarto nível do futebol paulista, onde permanece até pelo menos 2022.

Um momento difícil para um futebol tão rico, com tanta história. Que o futuro seja generoso com o Rio Branco. E aqui terminamos essa primeira parte “teórica” sobre o futebol de Americana!

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Futebol Amador em Santo André: A.A. Náutico

Eae, você conhece os times da Liga de Futebol Amador de Santo André? Se não, dê uma olhada nesse link e conheça todos eles!

Provavelmente você tem um time profissional do coração pelo qual é apaixonado, mas espero que um dia você tenha a chance de participar do time da sua área, do seu bairro… Independente do lugar onde você mora, acredite: seu bairro é algo muito importante para você. Mesmo que você trabalhe ou estude longe, o seu bairro é a sua casa. Talvez ele já tenha um time e você nem saiba disso. Pode ser que seja a hora de você dar um pulo para ver se não pode participar jogando, torcendo ou mesmo apoiando os diversos projetos que normalmente rolam ao lado de um time amador, principalmente nas periferias. Hoje, a gente deu uma chegada no Parque Erasmo

Nosso objetivo era registrar o campo e um pouco da história do Náutico (embora se diga “o” Náutico, o nome do time é Associação Atlética Náutico).

Para saber um pouco mais da história, contamos com a ajuda do amigo Mauro de Britto, um cara muito envolvido com o Náutico (dentro e fora do campo) e com o futebol da cidade (também é grande frequentador das arquibancadas do Brunão).

Ele não só conversou bastante, como conseguiu contato de várias pessoas ligadas à fundação do Náutico que nos ajudaram a entender um pouco da história desse tradicional time de Santo André.

O time foi fundado como Associação Esportiva Náutico em 5 de maio de 1965 por moradores do bairro: Paulinho, Zitão, Josué, Maurinho entre outros. O nome do time foi dado pelo Nelsinho (lateral direito), provavelmente em homenagem ao Náutico Capibaribe. Já o distintivo seria uma homenagem ao do Santos.

Outras boas lembranças saíram da conversa com o pessoal, por exemplo, foi citado o Zé Macedo, que chegou a ser Presidente do clube, o Wilsinho, o Baixinho, irmão do Mazolinha e… o Lambão, cujo nome é João Carlos e é considerado por muitos como o melhor goleiro da história do Náutico, olha ele aí:

Um dos pioneiros que ainda frequenta a Arena Coná até hoje é o Vilelinha, ponta esquerda insinuante, alegria dos jogadores e da torcida com as suas brincadeiras. Na época em que jogava, o campo não tinha vestiários e os jogadores vestiam os uniformes no barranco.

Outro fato bacana que foi lembrado foi a partida de estreia do Náutico. O jogo foi fora de casa contra o SECI (na época: Sociedade Esportiva Cidade Imaculada). O segundo quadro venceu por 1×0, com gol olímpico do Betinho (goleiro do primeiro quadro e que jogou na linha no segundo quadro). O resultado do primeiro quadro… Ninguém lembrou hehehe… Se alguém aí souber, comente aqui!

Os primeiros times jogavam com as camisas brancas:

Logo adotaram as camisas com listras:

Aqui, Josué e Valtão, dupla de ataque inesquecível do Náutico, de 1968:

Ainda em 68, esta outra fotografia nos relembra grandes jogadores da história do Náutico. E também grandes dirigentes. Dentre eles, o quarto em pé, também foi diretor do Náutico é o Kidão falecido recentemente e o Nelsão terceiro em pé da esquerda para a direita.

Nelsão hoje é fazendeiro!

Em 1977 quando o Náutico estava meio parado e com dificuldades financeiras, os diretores da época (Nelsão, Kiko do bar, Valtão e Josué) junto do presidente Fernandinho decidiram mudar a denominação do time (de Associação Esportiva para Associação Atlética Náutico) zerando as dívidas da época.

Outra informação bacana, é que o time revelou vários jogadores profissionais, como Dadinho, que começou no Saad, e se tornou o maior artilheiro da história do Remo. Esse é o Dadinho, atualmente:

Além dele, também passaram pelo Náutico Donizete Chapecó, Césinha e essa craque da foto abaixo: Moacir Severínio, o “Passat“, que jogou na maioria dos times da várzea do ABC, e como nasceu ali pertinho do campo, foi cria do Náutico . Chegou a jogar profissionalmente no Santo André, no Aclimação, no Operário de MT, no Jabaquara de Santos, entre outros…

Além disso, nos anos 60, Tulica,um dos maiores craques do Ramalhão, também fez parte do time, olha ele aí, o segundo agachado da esquerda para a direita:

Esse era o segundo quadro daquele time:

Destaque também para a Família Alencar, com 6 jogadores no time do Náutico. Nessa foto: Tião, Naldo, Rubens, Ninha (conhecido como Carrero nas categorias de base do Palmeiras) e Erivaldo. Na outra foto abaixo, está o Nenê (Edvaldo).

Aqui, a família Silva que também contribuiu com cinco atletas para o Coná: quatro irmãos e um sobrinho que é o Sandro. Da esquerda para a direita: Sandro, João Carlos, Nepês, Bicão e Prê. Todos bons jogadores, o Sandro chegou a jogar na Portuguesa de Desportos e Mauaense, Bicão jogou em vários clubes da várzea e Prê o mais velho foi o grande craque da família com passagens pelo juvenil do Santos, jogou na seleção de São Bernardo e grandes times da várzea.

Na época em que o Náutico estava com as atividades em baixa, em 1975 surgiu na área esse time histórico, o “MEC” (Movimento Esportivo Congonhas), obra do Zé Borges “Zézinho”, do Mauro e o Dadinho! Os vários craques nesse time como Alfredinho, o Baianinho, Dia (irmão do Bona) faziam a galera acompanhar o time até nas outras cidades nas disputas da Copa Diarinho. Foram tão bem que trouxe ânimo pro pessoal voltar a por o Náutico pra jogar.

Havia também outro time de salão, o CAP, que tinha o Tulica como um dos destaques, e que também era formado por jogadores do Náutico.

O Nelsão comentou lembrando outros nomes: Paulinho, irmão do João Luiz, que na época jogava no time do Ouro Verde, e que fez parte da fundação, Vartão e o Josué jogavam no Nacional, e também fizeram parte da fundação. Outros como: Albeja, Zé Flor, Fernandinho Istrupicio massagista, Goiaba pai do Tulica, Capilé irmão do Tulica, Sr. Francisco, Eduardo da Padaria. E tem também o “Bibi”, que se estivesse vivo, estaria com 61 anos, um dos maiores torcedores e responsáveis por marcar os jogos com outros times. Um dos protagonistas na história do Náutico, altruísta, abnegado, amou o time na sua forma mais sublime.

Aqui, o Chiquinho, um grande quarto zagueiro, provavelmente está numa seleção de todos os tempos do Náutico de quem o viu jogar. Uma técnica apurada, liderança e muita raça dentro de campo. Na época em que as empresas contratavam os grandes jogadores da várzea para disputas de campeonatos, foi parar na Ford, onde se aposentou. Hoje vive no litoral com a esposa e é cantor nas casas de shows do Baixada Santista.

Aqui uma foto dos anos 80:

Uma foto de um time mais recente, de 1989:

Esta sem data correta, mas de um festival vencido pelo Náutico!

Aqui, outra formação do Náutico. Entre os jogadores de camiseta branca Evandro, um dos grandes dirigentes da nova geração. De camiseta vermelha, Carequinha que era juiz, técnico, massagista, roupeiro, um autêntico faz tudo na equipe. Ao seu lado o Fernandinho que foi o presidente na volta do Náutico em 1977. Uma pessoa que amava tanto o time que até se comprometeu com o SPC com dívidas do time. Carequinha e Fernandinho são falecidos.

O time de 1996:

O time de 2014:

O Náutico também é chamado de Coná (de certo modo um anagrama que nasceu de quando a torcida cantava repetidamente “NáutiCOOONAAAAutico). Por isso, o campo do Náutico é conhecido como “Arena Coná“. Vamos dar uma olhada?

Embora ainda seja o tradicional “terrão“, o campo é muito bem cuidado e considerado uma verdadeira joia da região.

Uma visão do meio campo da Arena Coná:

O gol do lado direito:

O gol do lado esquerdo:

Tem sido uma nova experiência conhecer mais de perto os times e campos do futebol amador de Santo André.

Olha que bonita a sala de troféus do time! Quantas conquistas, vitórias e histórias…

O time segue jogando e mostrando a importância do futebol no aspecto cultural do bairro. Esse é o atual presidente, o “Ratão”, que também foi goleiro no Náutico.

Aqui, o time posado de 2018, com a faixa de sua torcida organizada, a FANÁUTICOS, criada pelo Evandro Damasceno, que foi jogador – invicto 2 anos sob a presidência do “Mu”- e vice presidente, sendo o responsável pela melhoria no telhado do nosso Coná:

Esse, o time semifinalista da Copa juvenil de Santo André de 2002:

Encerro o post com uma foto mais que especial, pois mostra a força do futebol amador! No meio da foto está o amigo Mauro Britto, que ajudou a reunir todo esse material, ao seu lado, de azul está o Kiko grande centroavante que fez história no Náutico, e o de amarelo, é o Zé Borges, conhecido como “Zezinho” que já trabalhou no São Paulo e atualmente é um treinador bastante renomado no Camboja, depois de ter feito sucesso na Tailândia!

Agora no fim de 2021, rolou um encontro pra fechar o ano e teve a presença de várias pessoas como Bicão, Vilela, Gilberto, Batata e Bona.

Sandro, diretor do Náutico e também o faz tudo na equipe e Fininho, dono da Padaria Brasil Gigante e um dos patrocinadores do time.

Esse é o Molinari, que conseguiu com o Zé dos Bilhares Bezerra, a construção dos primeiros vestiários no campo do Náutico.

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