No carnaval de 2024, tivemos a oportunidade de fazer mais um rolê misturando futebol, natureza, cultura e estrada. Nossa primeira parada foi a cidade de Itobi, passamos também por Casa Branca, Mococa, Arceburgo (MG), Guaranésia (MG) e agora chegamos em Guaxupé.
Guaxupé é mais uma cidade que tem se desenvolvido tanto que logo não será possível perceber como esse lugar devia ser lindo e mágico séculos atrás… Montanhas, rios e riachos provavelmente possibilitavam uma fauna e flora riquíssima e consequentemente devia ser um território povoado e desejado pelos povos daqueles tempos.
Segundo o site Native Land, a região marcava um encontro entre Guaranis, Cayapós do Sul e Puris. No séc. XVIII, os Puris eram estimados em mais de 5.000, já o censo do IBGE 2010 registrou 675 pessoas no Brasil, das quais 335 em MG. Aqui, alguns retratos de Puris feitos pelo pintor alemão Johann Moritz Rugendas no século XIX:
A atual ocupação só floresceu com o fim da mineração, por volta de 1864, ainda que antes disso, alguns ranchos serviram de pousada para os que se dirigiam às regiões auríferas. Com o passar do tempo, as mesmas terras férteis que beneficiaram os povos originários, seduziram europeus e brasileiros a se estabelecerem por aqui. Logo, o trinômio religião + agronegócio + ferrovia assumiu a responsabilidade pelo desenvolvimento da cidade. O primeiro ícone que simboliza essa tríade, é a Capela de Nossa Senhora das Dores, de 1839, que acabou dando origem à Catedral:
O segundo ponto do trinômio se expressa na cultura cafeicultora, grande responsável pelo desenvolvimento econômico de Guaxupé.
O café é tão importante que os produtores locais criaram a COOXUPÉ, uma das maiores cooperativas do país e do mundo focada em café.
E o terceiro pilar, a estação de trem inaugurada em 15 de maio de 1904. Foto do site Estações Ferroviárias:
Aproveitamos nossa estadia da melhor maneira possível, entre trilhas…
Passeando pela cidade dá pra ver onde foi investido parte do dinheiro gerado pelo café. A arquitetura do início do século passado mostra que a cidade teve bons momentos, embora atualmente esse esplendor de uma minoria parece ter diminuído mas melhorado em termos de distribuição.
Este é o Palácio das Águias, construído em 1914 pelo imigrante italiano de origem austríaca, José Puntel, inicialmente para servir de residência para sua família. O cara era no mínimo esquisito, visto que batizou alguns de seus filhos com nomes bastante escrotos como Mussolini, Hitler entre outras idiotices. Dizem os vizinhos que existem ali várias passagens secretas, além de certo ar sobrenatural com estátuas e intervenções beeem esquisitas para a época. Em 2011, o Palácio das Águias foi utilizado como cenário nas filmagens do longa-metragem, “Quimera sobre Ópio e Pandora”.
Experimentamos algumas delícias locais…
E esse novo amigo que fizemos por lá?
Também demos um volta na cidade vizinha de Juruaia (cujo estádio municipal está em construção), a capital da lingerie!
Também ficamos simplesmente pelas ruas curtindo o anoitecer.
Olha uma foto “antes / depois” (2009 / 2024), feitos no mesmo lugar, o restaurante Fogão Caipira:
Mas o foco da nossa estadia em Guaxupé era rever o Estádio Municipal Carlos Costa Monteiro, inaugurado no início da década de 50 e com capacidade para 6.000 pessoas. Estivemos por lá em 2009, veja aqui como foi:
Mas, desta vez, a entrada do estádio estava trancada…
Olha que linda a fachada:
Assim, infelizmente não pudemos adentrar e ver como estão as arquibancadas do Estádio tendo que nos contentar com uma rápida pesquisa pelas páginas da prefeitura local:
Ou, se preferir, um olhar no vídeo que fizemos quando entramos da outra vez em que estivemos por aqui.
Ou seja… Dessa vez, esse será o máximo para nós:
Para não deixarmos de falar sobre o futebol local, podemos dividir a história boleira de Guaxupé em duas partes, uma inicial que contava com times como a Associação Atlética Guaxupé (escudo do site História do futebol):
Houve ainda um Guaxupé FC que também recebeu boa cobertura da mídia nos anos 40:
Segundo a anotação na foto abaixo, disputou contra o Penarol a primeira partida internacional de MG, mas muitos dizem que esse era a AA Guaxupé… Eae? O que você acha?
Outro bom time da época era o Esporte Clube Mogiana, fundado em 4 de janeiro de 1948:
Por fim, vale lembrar do Palmeiras Futebol Clube e do Vila Rica Futebol Clube:
No carnaval de 2024, tivemos a oportunidade de fazer mais um rolê misturando futebol, natureza, cultura e estrada. Nossa primeira parada foi a cidade de Itobi, passamos também por Casa Branca, Mococa, Arceburgo (MG) e agora chegamos a Guaranésia.
A região era ocupada há milhares de anos por diversos povos como Guaranis, Kayapós, Puris, entre outros, e logo foi ocupada por europeus já que ficava no caminho para as minas de ouro. Pintura de Oscar Pereira da Silva.
Em 1901, a localidade foi elevada a cidade, com o nome de Guaranésia. Logo ao entrar na cidade você percebe sua característica geográfica: somente 20% do relevo do município de Guaranésia apresenta-se plano… É morro pra cá e pra lá. O primeiro trecho do ramal ferroviário ligando Guaxupé a Guaranésia foi inaugurado em 1912.
Hoje o que sobrou são apenas lembranças… Materializadas em uma locomotiva eternamente estacionada em frente onde ficava a estação.
Já visitamos Guaranésia em 2009, para conhecer o Estádio Francisco Lopes (veja aqui como foi) e veja abaixo como eu era 15 anos mais jovem e já com meus tradicionais bermudões pretos.
Naquela rápida visita ficamos chateados por não ter conseguido adentrar ao Estádio Francisco Lopes e aguardava uma nova oportunidade para fazê-lo. Eis que esse dia chegou!
No início do Século XX já se jogava futebol em campos improvisados em Guaranésia. Os primeiros times da cidade foram a Associação Atlética Esportiva e a SAGIFutebol Clube (Sociedade Anônima Guaranésia Industrial), fundada em 11 de Novembro de 1923, que daria origem ao Clube Operário de Recreios e Esportes (CORE).
Aqui, matéria de 1938 sobe a SAGI:
No mesmo 1938, jogo com o Arceburgo FC:
Aqui, jornal de 1940 fala de um jogo do CORE contra o J Nicola FC, de Mococa.
E outro contra o GuaxupéEC:
Aqui, o time de 1949:
Já em 1930, surgiriam o Santa Margarida Futebol Club e o Aliança Futebol Clube.
Aqui, uma das primeiras formações do Aliança:
Em 1932, o Aliança FC sofre um revés por 8×0, em um amistoso contra o Radium e decidem encerrar o time, e fazer surgir em seu lugar o Guaranésia Futebol Clube.
O primeiro estádio da cidade era o do Clube Operário Recreativo (CORE), e ficava no centro, mas em 1937, o Sagi Futebol Club prometia também construir o seu próprio campo.
Porém, o terreno do campo do CORE (onde o Guaranésia mandava seus jogos) foi entregue para a construção da Fábrica de Tecidos Santa Margarida… Veja nesse mapa atual, como a fábrica fica perto do atual campo do Guaranésia:
Nessa foto mais antiga dá pra ter ideia de como era o local em 1923 (a foto é do site da própria Santa Margarida).
Aqui, um recorte do jornal Monitor Mineiro de 1934, falando sobre uma partida entre a Esportiva e a SAGI FC:
Também em 1934, uma nota no mesmo jornal sobre uma partida entre o Guaranésia FC e a AA Riopardense:
1944:
Após a doação do campo para a construção da fábrica, o Guaranésia Futebol Clube passou a utilizar o Estádio Marinho Ribeiro Lima Filho, o “campo das almas” (por estar perto do cemitério) e que hoje é chamado de Campo do Cruzeiro. Passamos por lá pra registrá-lo:
Olha uma foto do time do Cruzeiro:
Só depois disso é que veio o atual Estádio Municipal, e que infelizmente, mais uma vez estava fechado e não permitiu que registrássemos melhor sua arquibancada.
Só o que fizemos foi fazer umas fotos do lado de fora:
Bem que tentei entrar pelo portão de traz, mas… também estava fechado.
Recentemente o time do Guaranésia Futebol Clube chegou na final da Copa Alterosa de Futebol Amador perdendo para a Seleção de Campo Belo e também a final da COPA AMOG.
No carnaval de 2024, tivemos a oportunidade de fazer mais um rolê misturando futebol, natureza, cultura e estrada. Nossa primeira parada foi a cidade de Itobi, passamos por Casa Branca, Mococa e agora chegamos a Arceburgo, primeira cidade já em Minas Gerais.
Para quem gosta de belas estradas, posso dizer que o caminho até chegar em Arceburgo é muito bonito!
Desde que concluí a Licenciatura em História e estudei um pouco da língua e dos costumes Tupi Guarani em um curso livre com o Luã Apyká (na foto abaixo) tenho me preocupado em compartilhar um pouco sobre os povos que ocuparam as cidades visitadas.
Se você tiver interesse, acesso o Insta dele (clique aqui), os cursos são online e também tem uma série de vivências na aldeia que são incríveis!
Para conhecer um pouco dos povos que ocupavam os territórios em que estão as cidades visitadas eu uso o site Native Land, vale a pena uma visita pra você conhecer quem vivia no lugar em que você mora. No caso do território de Arceburgo, a região era ocupada pelo povo Guarani, mas dá pra ver que ali pro norte viviam os Cayapó do Sul e… também vale ressaltar que a ocupação dessas terras é bastante antiga, e pode ter visto outros povos antes destes.
O povoamento que daria origem a atual cidade tem origem em meados do século XIX, com ranchos erguidos por viajantes que decidiram aproveitar a fertilidade do solo, cortado por rios e córregos. Em 1893, foi construída uma capela dedicada a São João Batista, em 1915 é erguida a atual Igreja.
Já no final do século, o fazendeiro Cândido de Souza Dias doou 8 alqueires de sua Fazenda Fortaleza para sede da futura Cidade, que, por isso, nasceu sob o nome de “São João da Fortaleza“. Em 1911, a cidade foi emancipada e passou a se chamar Arceburgo, a “Cidade dos fortes (Arce = forte e Burgos = cidade).
Nosso objetivo era aproveitar a proximidade com a Rodovia Prof. Boanerges Nogueira e registrar o Estádio Municipal Arthur Anacleto, também conhecido como Estádio Municipal Monte Alto.
E aí vamos nós para mais um estádio responsável por oferecer à população local um momento de alegria, união e esporte!
O Estádio foi inaugurado em 1986, tendo como atração principal o show de Milionário & José Rico, e olha que legal, achei no Youtube o vídeo desse show:
O Estádio segue aí, quase 40 anos depois, firme e até bem conservado…
Venha dar uma volta e sentir a vibe do Estádio do Pouso Alto (sei lá porque desse nome):
Aqui, o meio campo:
Bonitas as duas arquibancadas hein?
Gol da direita ( a rodovia passa ali atrás):
E o gol da esquerda com a cidade às suas costas:
Falando um pouco dos times que fizeram história na cidade, nem sempre jogando neste estádio, que é mais recente, destaco o Arceburgo FC , notícia de 1938:
Aqui, notícias de 1942 (em outra publicação vi que o time de Arceburgo venceu este prélio por 3×2):
E essa sapecada levada em 1979:
Outro time foi o Clube Atlético Arceburguense foi fundado em 24 de junho de 1926,
Não sei se a denominação acima realmente é a mais correta porque em 1930, o jornal “Monitor Mineiro” cita a AA Arceburguense:
O campo da AA Arceburguense ainda segue vivo, mas fica no outro lado da cidade, ao lado do cemitério:
Algumas fotos da fanpage do time:
E ainda encontrei e esse brasão que apresenta a data de 1956, seria um “renascimento” da Associação Atlética Arceburguense?
Aqui, o time de 1958:
E aqui, o time atual:
Assim nos despedimos de Arceburgo e do seu estádio, que o futuro seja promissor para o futebol da cidade!
Dando sequência na “reunião” de materiais, fotos e visitas feitas à Minas Gerais, falemos hoje do futebol da cidade de Andradas, a casa do RioBranco de Andradas Futebol Clube.
Diversas etnias ocupavam o território de Minas Gerais, possivelmente Aimorés chegaram até a região e tentaram em sua ira rebelde frear a invasão europeia que se apoderou das suas terras, mas o progresso se fez substituindo os povos originários por uma nova civilização.
Os portugueses passam a ocupar a região no século XVIII com a criação de gado. Surgiram assim as primeiras fazendas no local e o vilarejo passou a se chamar “Samambaia“. Seus moradores sobreviviam com uma economia de subsistência utilizando a mão de obra escravizada e produzindo seu próprio alimento e roupas. O século XIX viu o povoado crescer e ser elevado à Distrito de Paz, passando a se chamar São Sebastião de Jaguary. Começam a chegar os primeiros imigrantes italianos e com eles a cidade passa a produzir vinho e dar origem a deliciosas cantinas. Foto do círculo italiano de Andradas, da família Marcon:
O distrito passa a se chamar Caracol, referência à Serra do Caracol e somente em 1928, adota o nome atual: Andradas. O decorrer do século XX trouxe novas atividades à cidade além do vinho: café, banana, rosas e algumas indústrias de cerâmica, que se tornaram referência na região, uma delas, a ICASA, viria a patrocinar o time da cidade:
Atualmente a cidade também é um ponto de atração para os que buscam esportes de aventura.
A cidade de Andradas tem no futebol uma grande paixão, e em 13 de junho de 1948, nascia o Rio Branco Futebol Clube, formado por ex atletas do Esporte Clube Andradense e que ficou conhecido como Rio Branco de Andradas.
Seu mascote, um pouco psicodélico, é um papagaio azul.
A estreia do Rio Branco ocorreu em 13 de junho de 1948 frente o time do “Gramínea”, e terminou com vitória por 4×2 para o Rio Branco,no então chamado “campo de futebol da Vila Caldas”, o atual Estádio Parque do Azulão.
O Rio Branco disputou competições amadoras até 1985, estreando no profissionalismo em 86, no Campeonato Mineiro da Segunda Divisão. Seu jogo de estreia foi contra o Minas EC, de Boa Esperança, uma vitória por 1 a 0 e terminou a primeira fase em 1º lugar. Tabelas do site RSSSF Brasil:
O time acabou surpreendendo e também liderou a segunda fase, chegando à fase final.
Ao término do campeonato, como estava empatado com o Ituiutabana, houve um jogo desempate, dando o vice campeonato ao Rio Branco no seu primeiro ano, conquistando assim, o acesso para a elite do futebol estadual.
Esse era o time de 1986:
O Rio Branco disputaria assim a Primeira divisão de 1987.
E lá permaneceu até 1993, quando terminou rebaixado. Destaque para os títulos de Campeão Mineiro do Interior de 1990 e 1992 (quando perdeu a semifinal pro Cruzeiro). Olha a classificação final de 1990:
E o time de 1992:
Em 1994, conquistou o retorno à elite do futebol mineiro, liderando a primeira fase e ganhando os dois jogos da final contra a URT, sagrando-se campeão do módulo II.
Em 1997, novo rebaixamento, mas novamente o acesso foi instantâneo com um bom campeonato de 1998.
Em 1999, de volta à primeira divisão, permaneceu ali até 2004. Time de 2003:
Rebaixado, disputou o Módulo II de 2005 e 2006 quando novamente conquista o acesso à primeira divisão.
O Rio Branco ainda participou do Campeonato Brasileiro da Série C nos anos de 1989, 1990,1992, 1998 e 2003, chegando à Série B de 1991.
Disputa a elite de 2007 a 2009, quando o time chegou à semifinal, mas, por um problema de gestão, o time acaba abandonando o profissionalismo. Esse é o time de 2009:
Em seus anos no futebol, o Azulão desenvolveu uma grande rivalidade com a Caldense, e a casa desses duelos era o Estádio Municipal Juscelino Kubitschek,o Parque do Azulão!
E lá fomos nós pela 3º vez tentar registrar esse lindo estádio!
Aí estão suas bilheterias…
O Estádio fica em uma área bem central da cidade, de fácil acesso.
Mas, mais uma vez tivemos que nos contentar com fragmentos de imagens feitas pelas frestas, pois o estádio estava fechado…
Olha aí a arquibancada alvi celeste do time, com a montanha ao fundo.
Aqui, uma imagem pra ter uma ideia melhor da beleza do Parque do Azulão, disponível no site do time.
Como escrevemos uma série de posts sobre o futebol mineiro, por conta do rolê que fizemos pra ver o Ramalhão jogar contra o Athletic Club em São João del Rei (vídeo abaixo), decidi reunir os materiais de outras viagens e manter o foco em Minas Gerais!
Assim, começamos falando sobre Poços de Caldas, cidade que tem importante espaço nas minhas memórias de criança, pelas visitas que lá fizemos em família.
Segundo o Mapa Native Land, antes da chegada dos portugueses o território tinha a oeste os Guaranis e a leste os Puri. Porém, o encontro de duas peças (uma panela e um machado de pedra) indicam que a etnia Cataguaz também esteve pela região, a mesma que ofereceu enorme resistência à bandeira de Lourenço Castanho, até que fossem dizimados.
Poços de Caldas foi fundada em uma região de origem vulcânica, que na verdade é um planalto cercado de montanhas que dão a ideia de ser uma “borda de vulcão”.
O povoado surge graças aos poderes de cura de suas águas termais, divulgados ao mundo no século XIX pelo naturalista francês, August Saint’Hilaire.
No início do século XX, importantes hotéis como o Palace Hotel, Palace Cassino e Thermas Antônio Carlos somaram-se aos cassinos (que seriam proibidos e fechados em 1946) e casas de diversão tornando-se mais um forte atrativo turístico na cidade.
Na páscoa de 2023, retornamos à Poços de Caldas para fazer uma coisa que estava em nossos planos há muito tempo: um bom banho nas Termas Antonio Carlos!!!
Ok, os queijos mineiros também, contaram pontos na hora de decidir o rolê…
Mas como sempre… O futebol fala mais alto e voltamos para rever os dois times que fizeram história na cidade: a AA Caldense e o Poços de Caldas FC (que mudou seu distintivo, como mostra o quadro abaixo):
Assim, começamos nosso rolê visitando apenas externamente já que mais uma vez o clube não permitiu que a gente entrasse para registrarmos a parte interna do clube. (Pô, alguém podia dar uma força pra gente. em uma próxima visita…)
O futebol chegou a Poços de Caldas em 1904 com Paulino de Souza. Nestas décadas iniciais do século XX, surgiram também os primeiros times da cidade, entre eles o Internacional FC, do qual alguns atletas e dirigentes participaram do nascimento da Associação Atlética Caldense, em 1925 (a data de 7 de setembro foi definida anos depois como data de celebração).
Os primeiros jogos foram realizados no antigo campo da Internacional FC, onde hoje é o jardim da fonte luminosa. Na sequência, a Caldense passou a mandar seus jogos no campo do “Chalé Procópio” (um brejão, na época), que pertencia à família do Coronel Cristiano Osório. Anos mais tarde, o coronel doou o terreno para a Caldense e assim nascia o Estádio Coronel Cristiano Osório, que com o tempo, ganhou melhorias, arquibancadas (já nos anos 30) e um sistema de iluminação. Foto de 1974:
Com a inauguração do Estádio Municipal em 1979, o campo da Associação Atlética Caldense foi desativado e em seu lugar foram construídas novas estruturas para o clube, que desde 1962 já estava sediado na área do estádio. Como disse, estivemos na linda sede da AA Caldense
É sempre bacana ver um brasão na parede como o que eles tem lá!
E aí alguns dos produtos que o time tem disponível para venda aos torcedores:
Em frente à sede do clube existe uma linda estátua em homenagem ao jogador Mauro Ramos de Oliveira.
Ainda que a sede social seja muito bonita e muito movimentada, quem viveu a época mais antiga, guarda muitas saudades das bancadas lotadas do Estádio Coronel Osório.
Até porque foi no Estádio Coronel Cristiano Osório que a AA Caldense fez sua estreia na chamada “Primeira Divisão de Profissionais” (o 2º nível do futebol estadual). Dê uma olhada no fantástico site da RSSSF Brasil e veja como foi o campeonato.
A AA Caldense ficou fora das disputas profissionais até 1967, quando novamente disputou o Campeonato Mineiro 1967 – Primeira Divisão de Profissionais (o segundo nível do futebol), classificando-se em 1º lugar no seu grupo:
Na segunda fase, acabou desclassificada no triangular:
O time manteve-se nesta divisão até 1969, quando o time sobe para a primeira divisão do futebol mineiro ao lado do Flamengo de Varginha.
De 1970 a 2007, a AA Caldense manteve-se na primeira divisão, com exceção de 1985 quando jogou a segunda divisão após uma fraca campanha de 1984. Destaque importantíssimo para o ano de 2002, quando uma campanha inesquecível fez a Caldense campeã mineira!
Em 2007, caiu para a segunda divisão, o “Módulo II“. Já no ano seguinte, terminou em 3º lugar, o que não garantiu o retorno à elite, que ficou para 2009, com o vice campeonato do Módulo II.
Desde então a AA Caldense vinha se mantendo na elite, mas em 2023, nova queda para o Módulo II.
O outro time da cidade, tem uma história mais recente: trata-se do Poços de Caldas FC, fundado em 1 de junho de 2007.
O clube ficou conhecido como Vulcão, e teve um início “explosivo” kkkk. Fez sua estreia no profissionalismo em 7 de setembro de 2007, contra o Santarritense, pela Segunda Divisão, o terceiro nível do Campeonato Mineiro de Futebol.
O Vulcão terminou em terceiro lugar geral e graças à desistências de alguns times, subiu para o Módulo II.
Em 2010, estivemos por lá acompanhando uma partida já que o time era treinado pelo ídolo e amigo Sandro Gaúcho e o Poços de Caldas FC terminou em 3° lugar no Módulo II, batendo na trave do acesso à Primeira Divisão!
Após passar por uma crise financeira, a equipe encerrou as suas atividades em 2013.
Voltou ao profissionalismo em 2017, mas dívidas com a Federação Mineira impediram a participação no estadual de 2018, e assim, somente em 2020 o clube voltou à Segunda Divisão.
Aqui, o time de 2021:
Olha quando estivemos no Estádio Municipal Doutor Ronaldo Junqueira em 2010:
Inaugurado em 4 de setembro de 1978, num amistoso entre a AA Caldense e o Corinthians, frente a mais de 11 mil torcedores. Olha que linda matéria lembrando da estreia:
Agora, em 2023, é hora de voltar ao Estádio e dar uma passeada pra ver como está…
Fuçando alguns espaços do estádio encontrei a bandeira de escanteio, com a simbologia da Federação Mineira.
A arquibancada descoberta do Estádio Dr Ronaldo Junqueira é linda e está toda colorida!
As cadeiras cobertas também parecem ter recebido uma pintura recente!
E aí estamos nós no lugar mais cobiçado por todos os times: o gol!
O outro gol, tem a serra de São Domingos como enquadramento… Lindo, não?
Olha lá o placar mostrando ainda o último jogo pelo Campeonato Mineiro de 2023 contra o Democrata de Sete Lagoas:
Começam também a surgir alguns prédios ao seu redor…
Vamos dar um rolê pelo estádio?
Pena que o tempo estava um pouco encoberto…
Mas ainda assim é sempre uma honra estar em um lugar desses.
Espero voltar pra pegar um jogo da Caldense por aqui um dia, como já fizemos no passado com o “Vulcão”, o Poços de Caldas FC.
Se todo carnaval tem seu fim, por que com corpus christi não o teria? Bem vindo ao último post sobre o rolê de junho de 2023 em MG. O feriado começou com um jogão pela série D: Athletic Clube 4×2 Santo André que nos permitiu conhecer e registrar o Estádio Joaquim Portugal:
Para que nossa viagem de volta não ficasse tão longa, decidimos dormir em Lavras, ainda em Minas Gerais, mas bem perto da conhecida estrada Fernão Dias. Assim pudemos conhecer um pouco sobre o riquíssimo futebol da cidade, ilustrado neste post pelos 5 principais times de Lavras!
Segundo o mapa “Native Land“, o território ocupado atualmente pela cidade encontrava-se já entre as terras dos Puris (na ilustração abaixo) a nordeste e a dos Guaranis a sudoeste, na época da chegada dos portugueses, os Cataguás (povo não tupi e do qual não se tem nenhuma ilustração sequer) estavam por ali e impuseram muita resistência aos invasores. O bandeirante Lourenço Castanho Taques é apontado como responsável pelo genocídio dos Cataguás.
O local passou a ser chamado de Colina do Pouso do Funil, por conta de uma cachoeira que parecia um funil e por acreditarem que ali existia ouro, logo chegou uma primeira leva de moradores ao arraial, que em 1813 foi elevado à categoria de freguesia. Chega à condição de vila, em 1831, e à cidade, em 1868, quando se altera seu nome de “Lavras do Funil” para “Lavras”. Segundo o Censo do IBGE de 2022, 104.761 pessoas vivem na bela e preservada cidade de Lavras! Recomendo o livro digital História de Lavras do pesquisador, professor e historiador Geovani Németh Torres.
A história do futebol na cidade se origina com o Lavras Sport Club, fundado em 13 de agosto de 1913.
O futebol reflete o novo momento na cidade, onde a energia elétrica substituía os antigos lampiões, surgiam os primeiros telefones e a ferrovia funcionava como a Internet, trazendo as novidades até a estação de Lavras Oeste, aberta em 1895, como parada da Estrada de Ferro Oeste de Minas. A foto abaixo, de 1930 é do incrível site Estações Ferroviárias
O Lavras Sport Club foi criado pelos alunos do Instituto Presbiteriano Gammon, instituição responsável pela chegada da primeira bola à cidade.
Logo surge um rival: o Hymalaia SC, também formado por alunos do Gammon e o derbi entre eles fazia barulho na cidade! Na década de 20, o “Moreno Esporte Clube” incluiu os negros no futebol local. Mas é o Lavras Sport Club que passa a se destacar e disputar amistosos e torneios contra times da região como o Athletic Club de São João del Rei. O Lavras SC manteve-se todo o tempo como amador, e em 5 de setembro de 1937, funde-se com a Associação Olímpica de Lavras, criada em 20 de julho daquele ano.
A Associação Olímpica herda do Lavras SC, o Estádio Ruy Moraes de Lemos, construído em 1916, com recursos antes destinados ao Tiro de Guerra, mas que com o fim da 1ª Guerra, ganharam melhor uso.
Aqui, uma foto antiga que mostra a identificação do Estádio Ruy Moraes de Lemos.
E lá fomos nós conhecer o campo da Associação Olímpica!
O Estádio tem muita história e foi a casa de alguns amistosos inesquecíveis, como o do dia 8 de maio de 1949, em 1×1 contra a seleção da Colômbia, ou contra o Flamengo em 1958.
Mas a Associação Olímpia de Lavras também usou o Estádio Ruy Moraes de Lemos no futebol profissional, onde estreou em 1968, na 2ª Divisão do Campeonato Mineiro (fonte da tabela: RSSSF Brasil):
Na final da região, acabou desclassificada:
Alguns registros do time sem a data especificada:
Não encontrei outras participações em campeonatos oficiais, mas essa foto registra a inauguração dos refletores do estádio em 1972:
Depois do hiato, em 1984 a Associação Olímpica volta a disputar o Módulo II do Campeonato Mineiro (fonte da tabela: site da RSSSF Brasil),
Uma vitória a mais teria levado o time de volta ao módulo II…
Não disputa a competição em 1990, e em 1991, não descobri o motivo, volta ao Módulo II para uma última participação nos campeonatos oficiais da Federação Mineira:
E desde então, até onde pesquisei, a Associação Olímpica de Lavras não disputou mais o profissionalismo, mas segue jogando no lindo Estádio Ruy Moraes de Lemos!
Dê mais uma olhada e sinta o clima do Estádio:
Aqui, uma vista do meio campo:
O gol da direita:
O gol da esquerda:
Enquanto estivemos no estádio, rolava uma pelada entre a galera local:
Atrás do gol da esquerda existe mais um pequeno lance de arquibancada:
Esse lance praticamente se encontra com o lance lateral de onde estou fazendo estas imagens:
Lá do outro lado, o quase centenário distintivo da Associação Olímpica de Lavras!
Lá no Estádio haviam camisas sendo vendidas:
Existe ainda um clube social com piscinas e outros equipamentos ali ao lado do campo. Agradeço ao pessoal que nos recebeu lá Estádio e torço para que a história da Associação Olímpica de Lavras tenha muito futuro!
Mas, entre o Lavras SC e o surgimento da Associação Olímpica de Lavras, houve um outro time, fundado em 2 de setembro de 1932 e que também ousou alçar vôos no futebol profissional: o Fabril Esporte Clube!
O Fabril Esporte Clube teve origem ligada à Cia Fabril Mineira, fundada por Juventino Dias, que no futuro daria nome ao Estádio do time.
O time nasceu com uma grande vantagem: a Companhia Fabril Mineira construiu o Estádio Coronel Juventino Dias para receber seus jogos! E lá fomos nós registrar o lugar onde o Fabril EC mandou seus jogos.
Olha aí as bilheterias do Estádio:
Com o fim da Cia Fabril, o Estádio acabou indo para as mãos da Prefeitura, tornando-se o Estádio Municipal de Lavras, servindo não só ao Fabril EC, mas para novos times como o Lavras FC e também ao futebol amador da cidade.
E agora é hora de conhecer a parte interna deste Estádio!
Aos 16 anos, Pelé chegou a jogar pelo Santos FC contra o Fabril Esporte Clube, em 1957, neste estádio:
E hoje ele segue aberto à população e ao futebol amador local!
A capacidade atual do Estádio Municipal Coronel Juventino Dias é de cerca de 5 mil torcedores:
Aqui o meio campo, onde pode-se ver ao fundo, uma linda arquibancada cinza.
Aqui, o gol da direita:
E o gol da esquerda:
E pra nós… só alegria em estar em mais um estádio com tanta história.
Depois de um início marcado por partidas amistosas, o Fabril EC passa a disputar taças e competições regionais, principalmente a partir da década de 1940, quando se cria a Liga Esportiva de Desporto de Lavras (LEDL).
Em 1953, é criada a Liga Esportiva de Lavras (LEL), reunindo às equipes da cidade outros times da região. Esse foi o time daquele ano:
A partir dos anos 60, o time passa a disputar o Campeonato Mineiro Profissional, estreando em 1968, na divisão de acesso, o segundo nível do futebol mineiro.
Olha como ficava cheio o campo em dias de derbi entre o Fabril EC e a Associação Olímpica de Lavras.
Novamente disputou a divisão de acesso em 1969, mas depois passou mais de 10 anos licenciado.
Aqui, o time de 1975 que não disputou o profissionalismo mas manteve o futebol em atividade em competições amadoras:
O Fabril EC volta à ativa em 1981, classificando-se em 2º lugar para a fase final do campeonato:
O time termina em 5º lugar no campeonato.
Na edição de 1982 do Módulo II, o time vai ainda melhor, classificando-se para a fase final, onde terminou em 3º lugar, a um ponto do acesso para a festa da sua apaixonada torcida!
Não descobri o motivo, mas o time não disputa a edição de 1983, voltando em 1984 para uma campanha em 3 fases. Aqui, a primeira:
A segunda fase:
E o quadrangular final:
Com os resultados, o time sagrou-se campeão do Módulo II, o segundo nível do futebol mineiro de 1984:
E assim, o time faz sua estreia na primeira divisão de 1985, terminando em 11º lugar.
Em 1986, um baita campeonato! Os vencedores dos turnos mais os dois melhores classificados no geral disputariam o Quadrangular Final, mas o Atlético MG venceu os dois turnos e sagrou-se campeão. O Fabril EC terminou na 5ª colocação!
O Fabril EC disputou a primeira divisão até 1991, quando acabou rebaixado. Mas vale destacar a incrível campanha de 1988, quando terminou em 3º lugar, sendo ainda Campeão do interior.
Em 1988 disputou também a série C do Campeonato Brasileiro e logo de cara, caiu no grupo do Campeão: o União São João de Araras, acabando eliminado na 1ª fase:
Olha a partida contra o União:
Depois do rebaixamento, o Fabril EC disputou o Módulo II em 1991 e 92, licenciando-se em 1993. Em 1994 retorna, mas agora disputa o terceiro nível do futebol mineiro. Novamente abandona as competições retornando em 97, quando faz uma boa campanha e volta ao Módulo II, disputando os campeonatos de 98 até 2001, quando volta para a Terceira Divisão. Veja a tabela final de 1997, quando sagrou-se vice-campeão:
Disputa seus últimos campeonatos entre 2002 e 2009, quando é registrada sua última participação no terceiro nível do futebol mineiro, terminando em último lugar…
Atualmente, o Estádio Coronel Juventino Dias foi interditado para jogos oficiais, e por isso o time tem batalhado para construir um novo estádio e assim retornar às disputas profissionais:
O quarto time que chamou nossa atenção nesta visita à Lavras foi a Associação Atlética Ferroviária de Lavras, fundada em 1º de maio de 1944.
A ideia era criar um clube capaz de reunir os ferroviários e suas famílias e naturalmente, mais uma vez futebol e trilhos se interligaram:
Sua sede foi inaugurada em 24 de fevereiro de 1957.
Em 2010, as meninas do clube fizeram história ao disputar o Campeonato Mineiro Feminino e por isso fomos lá conhecer e registrar seu Estádio.
Aqui, o meio campo, onde pode se ver dois lances de arquibancada:
O gol da esquerda, com os toboáguas ao fundo:
O gol da direita:
Não lembro de ter visto arquibancadas construídas literalmente em cima dos vestiários como estas:
Há também um pequeno anel de lugares na lateral do campo:
Antes de irmos embora, vale o registro do mais novo clube da cidade, o Lavras Futebol Clube, fundado em 20 de janeiro de 2009.
O time se filiou-se à Federação Mineira de Futebol em seu ano de estreia e disputou a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro (3º nível), terminando em 5º lugar, mas nunca mais disputou nenhuma competição oficial.
O Lavras FC manda seus jogos no estádio Ruy Moraes de Lemos, da Associação Olímpica de Lavras e também no Estádio Municipal.
E é torcendo para que a cidade volta ao profissionalismo que nos despedimos desse rolê por Minas Gerais!
Vale lembrar que todo esse rolê foi feito em uma enorme área que era território dos povos Puri, muito antes da chegada dos europeus.
Em nosso penúltimo post sobre este rolê vamos falar da nossa visita ao Estádio Municipal José Mapa Filho, a casa do futebol em Ouro Branco-MG.
A cidade de Ouro Branco era uma incógnita para nós já que nunca tínhamos lido nada sobre ela. Sua origem relaciona-se à bandeira guiada por Borba Gato em busca do ouro, que diziam estar aos pés da Serra de Ouro Branco, nascendo assim o arraial de Santo Antônio de Ouro Branco e logo sua Igreja Matriz, que chegou a ter reformas por Aleijadinho.
A cidade está localizada entre as montanhas da Serra de Ouro Branco, marco inicial da Serra do Espinhaço, que se estende até a Bahia.
E olha que visual lindo… Quanta boa energia vinda da montanha…
Voltando à cidade de Ouro Branco, fomos conhecer o Estádio Municipal José Mapa Filho, o “Mapão“, a casa do Betis Futebol Clube fundado simbolicamente em 12 de outubro de 1999, dia das Crianças, uma vez que o time surge como ação social parra atender mais de 200 crianças por ano, afastando-as das drogas.
O time teve como inspiração o Betis da Espanha, tanto em seu nome, como em suas cores e uniformes.
Embora formado com foco no social, em 2017 o Betis FC fez sua estreia no profissionalismo disputando a segunda divisão do Campeonato Mineiro.
Mas desde o seu primeiro Campeonato, o Betis criou uma sina: a de ser o último colocado 🙁
Foi assim também em 2018:
E em 2019…
Em 2020, idem…
Em 2021, novamente foi o lanterna do seu grupo na Segunda Divisão:
Até que finalmente, em 2022, disputou a Segunda Divisão, terminando em 7º no seu grupo a penúltima colocação!
Em 2023, aparentemente abandonou o profissionalismo e deve limitar-se às categorias de base, oficializando um incrível recorde: o de nunca ter vencido como mandante! Então nos dirigimos até o Estádio Municipal José Mapa Filho para tirar a zica desse campo!
A entrada com as bilheterias já tiveram dias mais honrosos…
Olha como ela era:
Lá dentro, uma grata surpresa: um estádio muito acertadinho com grandes arquibancadas em ferro!
Olha aí o gol da esquerda:
O meio campo:
E o gol da direita:
Hora de um role pelo estádio conosco:
Os bancos de reserva:
O sistema de iluminação segue por lá!
Mais um olhar nas arquibancadas do Mapão, antes de ir embora!
Naquela viagem conseguimos viver um pouco do futebol local, começando pelo Estádio Emílio Ibrahim, onde a Mari encontrou a camisa do Guarany FC:
E também a sede do Marianense FC:
O tempo passou e voltamos a visitar a linda cidade de Mariana-MG:
Visitar Mariana significa voltar ao século XVIII e reviver uma época de grande poder da Igreja. Esta é a de São Pedro dos Clérigos, um importante templo católico barroco, cujas obras começaram em 1753, mas abandonadas em 1820 sem que as torres tivessem sido erguidas, só seriam finalizadas em 1922.
Além disso, toda a arquitetura do centro da cidade também ajuda a recordar uma época bem distante…
Além disso, o tradicional passeio de Maria Fumaça ajuda a ter uma experiência com a Estrada de Ferro que foi tão importante no escoamento das riqueza da região para Portugal. Pena que neste momento, a estação está passando por reformas…
Mas não se deixe enganar… Antes dos europeus e bandeirantes chegarem com suas cachaças mal feitas, como retratou Debret em uma se suas gravuras representada abaixo, esse era um território ocupados pelo povo Puri!
O grande charme futebolístico de Mariana é a luta de classes materializada no futebol: de um lado, a elite local representada pelo primeiro time da cidade: o Marianense Futebol Clube, do outro, criado para representar a camada mais popular da cidade: o Guarany Futebol Clube.
E ali mesmo no centro, mantém-se, não se sabe por quanto tempo ainda, a sede do Marianense FC.
O Marianense FC foi fundado em 17 de junho de 1912.
Olha como era o campo, láááá no início do século XX:
Veja uma imagem aérea feita nos últimos anos quando o campo recebeu um circo:
Aqui, uma imagem feita da parte alta que ajuda a ter noção de como era o lindo e tradicionalíssimo estádio do Marianense:
Aqui, o campo já em reformas para dar lugar a um supermercado…
Em 2012, a diretoria resolveu acabar com o departamento de futebol alegando que não tinha mais dinheiro para isso. Na sequência, o Marianense ainda viu seu campo de futebol, o “Estádio Augusto” vendido e transformado em supermercado.
Que presente para um estádio que recebeu tantas partidas por tantos anos… Imagine o que devem pensar os jogadores do time de 1960, retratados abaixo… Será que algum deles diria “Quanto mais concorrência, melhor”???
Veja o time de 1983 e como era grande a presença da torcida:
E aqui o de 2011, um dos últimos a disputar campeonatos locais:
O outro lado da história, a gente acabou conhecendo caminhando pela centro histórico, bem vindo à sede do Guarany FC!
Olha quanta coisa legal eles guardam na sede:
O Guarany FC foi fundado por um grupo de amigos, que usava a Praça Gomes Freire como campo de jogo.
Em 1926, um ano após a fundação do time, fizeram ata e conseguiram formar o clube do Guarany FC. E lá vamos nós conhecer o Estádio Emílio Ibrahim
Mantendo nosso registro em dia, esse é o gol do lado direito:
O meio campo:
E o gol do lado esquerdo:
Mais um estádio interessante, com um cenário inesquecível, com a montanha no horizonte…
E curta aí essa imagem do time do Guarany FC de 1969:
Vai um meião aí?
E ae? Será o fim do clássico local? O Guarany acabou vencendo? Ou teremos próximos capítulos nesta história? Só o tempo dirá…
Tiradentes é mais uma cidade que surgiu no que antes era território dos povos Puri. E eles acabaram de criar um baita centro de memória virtual (clique aqui e veja):
A cidade atual se origina por volta de 1702, quando é descoberto ouro na Serra de São José, dando origem a um arraial, elevado à vila em 1718, com o nome de São José (homenagem ao príncipe D. José, futuro rei de Portugal) e elevada à cidade em 1860.
No fim do século XIX, o Brasil promove uma releitura de sua história, e em busca de ídolos e mártires nacionais e acabam voltando suas atenções à terra de Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, e o nome da cidade acaba trocado para o do herói, recém valorizado. Assim, em 1889, “nasce” a cidade de “Tiradentes”.
Já no século XX, em 1938, o conjunto arquitetônico da cidade foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Estivemos no centro histórico da cidade e também no charmoso vilarejo de Vitoriano Veloso (outro personagem da Inconfidência mineira) que é muito mais conhecido por “Bichinho” (que alguns dizem ser apelido do inconfidente).
E ali no centro fica o Sobrado do Aimorés Futebol Clube, time que representa a cidade no cenário futebolístico.
O Aimorés FC foi fundado em 19 de janeiro de 1919, por esportistas da cidade.
Mas para chegar até lá, foi uma longa estrada, e para torná-la mais animada, entramos em Três Corações para conhecer a cidade onde nasceu o rei Pelé e que graças a isso, a cada dia tenta se aproximar mais do futebol.
Segundo o mapa de ocupação indígena “Native Land“, a região que viria se tornar Três Corações era ocupada por indígenas Puri que acabaram fugindo, expulsos ou mortos pelos europeus e bandeirantes que passaram a ver Minas Gerais como a possibilidade de fácil enriquecimento.
Em 1737, o ouvidor Cipriano José da Rocha informa que existem pontos de mineração na região do “Rio Verde”, levando pessoas, como o português Tomé Martins da Costa a buscar ouro ali. Em 1832 é instalada a freguesia dos Três Corações do Rio Verde, elevada à Vila em 1860. Em 1884, a Vila recebe a visita do Imperador D. Pedro II para a inauguração da polêmica estrada de ferro Minas & Rio, que ia até Cruzeiro-SP.
Três meses depois, em 23 de setembro de 1884, a Vila foi elevada à cidade, chamada apenas de “Três Corações” a partir de 7 de setembro de 1923. Em 23 de outubro de 1940 nasce aquele que seria o filho mais conhecido da cidade: Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé!
E nos anos seguintes, a cidade cresceu bastante e hoje vivem lá quase 80 mil pessoas.
O futebol na cidade também nasceu cedo: em 13 de setembro de 1913, era fundado o Atlético Clube Três Corações.
A cor vermelha e suas iniciais (na época “Atlético Futebol Clube“) eram uma homenagem ao América do Rio de Janeiro. Tempos depois, o nome do time passou a ser “Atlético Clube Três Corações“.
O time passa a jogar com adversários da região, como o da cidade vizinha de Varginha. A primeira partida, em 1914, foi marcada por muita confusão e pancadaria (o Atlético venceu por 2×0).
Em 1941, a Liga Esportiva Tricordiana (LET), conquista a Taça Guaraína, a mais importante competição do sul de Minas Gerais. Naquele time jogava Dondinho, pai do Pelé.
De 1941 até 1966, manteve-se no amadorismo, conquistando em 1960, o Torneio sul-mineiro.
Em 1966, inaugura a sua sede social e, no ano seguinte, em 1967 estreia no profissionalismo, ficando em 5º lugar em seu grupo, o da Zona Sul.
Em 1968, termina em 4º no seu grupo:
Assim como em 1969:
Em 1970, disputa o Campeonato Mineiro da Primeira Divisão e consegue manter-se aí por alguns anos.
Destaque para a campanha de 1972, quando termina na 4ª colocação!
Em 1974, o time vai mal e se licencia do profissionalismo até 1977 quando joga o Módulo II, terminando em 5º lugar. Em 1980, disputa a 1ª divisão (11º lugar entre 21 participantes). Sua próxima participação é em 1986, quando sagra-se Campeão Mineiro da Segunda Divisão,
O time virou até matéria na Revista Placar!
Em 1987, o time termina na penúltima colocação e volta à segunda divisão, onde fica até 1992 quando novamente é campeão desta divisão!
O time disputa mais duas edições da Primeira Divisão (1993 e 94). Em 95 disputa a segunda divisão e paralisa suas atividades até 1998, quando volta na Terceira Divisão. Mesmo indo mal, volta para a segunda divisão em 1999 onde fica até 2006, quando passa por uma fase tão ruim que decidem encerrar as atividades.
Mas, os diretores do time tiveram uma ideia: e se pudessem começar de novo? Sem dívidas nem problemas, nascia em 13 de agosto de 2007: o Clube Atlético Tricordiano, que seria a sequência do futebol na cidade!
Assim, o Clube Atlético Tricordiano herda as cores e a torcida do antigo Atlético e estreia no futebol profissional em outubro de 2008, na 2º Divisão, terminando a competição na 4ª colocação.
Em 2009, o CA Tricordiano conquista o acesso para o Módulo II do Campeonato Mineiro, ficando na 3º colocação, com a melhor média de público da competição, cerca de 1.800 torcedores por jogo sendo que na decisão mais de 6 mil pessoas foram ao Estádio Elias Arbex, na vitória por 2×0 contra a Unitri. Foto do incrível Jogos Perdidos:
Em 2010, o CA Tricordiano faz sua estreia no Módulo II, porém acabou punido com a perda de 4 pontos, terminando a competição na 5ª colocação (com os pontos perdidos, estaria em 2º).
Em 2011, o CA Tricordiano classificou-se para o quadrangular final, brigando pela vaga e perdendo o aceso à Primeira Divisão em casa contra o Ituiutaba. Em 2012, disputa o Módulo II e por pouco não vai parar na 2º divisão. Em 2013 tem um desempenho melhor, mas sem grande destaque. Em 2014 mais uma vez teve chances de subir para o modulo I, mas acabou batendo na trave.
Em 2016, estreia no Módulo I do Campeonato Mineiro, terminando em um honroso 7º lugar.
Infelizmente, em 2017, acabou rebaixado para o Módulo II do Campeonato Mineiro com uma campanha sem nenhuma vitória 🙁
Em 2018, uma campanha mediana no Módulo II e em 2019, uma série de problemas, entre eles a interdição do Estádio Elias Arbex, fizeram o time abandonar a disputa do Campeonato, e assim acabou rebaixado à Segunda Divisão, além de ser suspenso de competições oficiais por 2 anos. Assim termina a participação do Tricordiano no futebol mineiro, porém…
Os diretores novamente se perguntam… E se pudessem começar tudo de novo?
Assim, o Atlético Três Corações ressurge e volta a ocupar a posição de time da cidade, disputando a “Segunda Divisão” (nome dado ao terceiro nível do Campeonato), onde está até hoje.
E toda essa história teve como palco o Estádio Elias Arbex, que até pouco tempo atrás tinha essa cara:
A cara mudou pois, desde 2023, o Estádio homenageia em seu nome o rei Pelé:
Fomos até lá para registrar um pouco do Estádio, a começar pelo portão de entrada:
Fomos recebidos por dos responsáveis pelas categorias de base do Atlético.
E aí está a bilheteria do estádio:
Aqui, a lateral do Estádio:
Mas vamos dar uma olhada na parte interna para conhecer um pouco da realidade do futebol de Três Corações:
O Estádio é incrível! Tem uma linda estrutura. Olhando da arquibancada coberta, aqui pode se ver o meio campo:
O gol da esquerda:
E o gol da direita:
Olha a faixa da torcida:
Ah, outra alteração em homenagem ao rei Pelé foi a inserção das coroas nos corações de seu distintivo:
A arquibancada coberta é mesmo linda!
E lá vai o Atlético contar uma nova história na terra do rei…
No Estádio, encontrei essa linda homenagem feita em 1984:
Existe uma loja dentro do estádio, mas infelizmente estava fechada 🙁
Olha que charmoso é o estádio:
O gramado está muito bem cuidado e pelo que entendi, recebendo os jogos da base.
Enfim, mais uma história registrada e mais um estádio incrível visitado!
Que a torcida siga fazendo dele um dos espaços de convivência que misturam o povo da cidade, ricos ou pobres, pretos ou brancos….