Segunda feira, 2 de junho de 2025. E quem disse que em plena segundona a gente não pode acompanhar uma partida de futebol? Fomos até o Estádio 1º de Maio, em São Bernardo do Campo para enfim registrar um jogo da série C do Campeonato Brasileiro de 2025.
Seja bem vindo ao Estádio Primeiro de Maio!
Em campo, dois times que tem lutado para estar no G8 e assim disputar os mata-matas que vão levar 4 equipes à série B. Apoiando o time da casa, o São Bernardo FC, estão os inabaláveis torcedores da Febre Amarela:
Ali no outro lado da bancada está ainda o pessoal da Guerreiros do Tigre e demais torcedores do time!
Do lado visitante, uma incrível presença dos torcedores de Alagoas, defendendo o time do CSA:
Uma noite fria de outono, mas que em campo se mostrou quente, principalmente para os torcedores visitantes, que logo aos 11 minutos viram o gol do São Bernardo ser anulado por impedimento e aos 19 minutos, Tiago Marques fazer 1×0 para o CSA!
A torcida do CSA fez bonito ao se fazer presente em uma partida em um estádio distante mais de 2 mil quilômetros de sua cidade natal!
Infelizmente, a torcida do São Bernardo vem passando por um momento difícil. Como disse um amigo, apenas os verdadeiros torcedores mantém-se fieis ao time, e diminuiu muito aquele clima de caldeirão que existia no Estádio e complicava a vida dos visitantes.
Talvez o clima gerado pela presença da torcida visitante tenha inspirado os jogadores do CSA e, em especial, Tiago Marques que fez a alegria da galera marcando o segundo gol dos alagoanos aos 27 minutos.
Como é que se explica o amor a um time?
Foi especial ver tantos azulinos nas arquibancadas, vindos de Maceió ou mesmo já radicados pela Grande São Paulo carregando em seus corações histórias e lembranças de desafios dessa nova realidade.
Foi mais do que futebol: a arquibancada deu lugar para reencontros, aventuras e saudade. Muitos que migraram para cá em busca de uma vida melhor puderam, por 90 minutos, se sentir de volta à infância, à cidade natal, às lembranças boas de casa. Aos que enfrentaram os 2 mil quilômetros de viagem… Foi como viver uma odisseia!
“Vai pra cima deles, Azulão”, cantavam os alagoanos:
O CSA em campo foi mais do que um time: foi o elo com as raízes, com a memória e com o coração.
Com os dois gols no placar, o CSA foi para o intervalo sabendo que o mais difícil já havia sido feito. Aproveitamos para ouvir um pouco daqueles que decidiram apoiar o time alagoano no ABC paulista.
Também fomos ouvir o pessoal da Mancha Azul, a organizada do CSA, sempre vibrante e sempre presente, ainda que a polícia militar tenha dificultado ao máximo a presença dos caras, impedindo a entrada das faixas e demais materiais.
Por outro lado, a torcida local mantinha seu apoio e acompanhava com dor o difícil momento.
Aos 20 minutos do segundo tempo, penalty para o CSA e Enzo marcou o terceiro e derradeiro gol.
Aos 26 o São Bernardo diminuiu com Felipe Azevedo que veio do banco de reservas para honrar minimamente o manto do São Bernardo!
Um pouco de pressão no final do jogo, com direito a algumas boas defesas do goleiro Gabriel Félix, mas o placar terminou nos 3×1 para os visitantes.
A preocupação da torcida do CSA agora é pensar no confronto com o Vasco pela Copa do Brasil, e quem sabe viver mais um feito histórico do time alagoano!
Parabéns aos azulinos alagoanos pela presença! Espero revê-los em breve!
Fevereiro de 2013… Um rolê incrível para o Espírito Santo nos permitiu curtir não só as praias como as montanhas capixabas, um lugar lindo, na cidade de Domingos Martins, na região sudoeste serrana do estado, onde vivem cerca de 40 mil pessoas.
O território era cortado pela estrada que ligava Minas Gerais a Vitória, aberta a pedido do príncipe regente João VI de Portugal em 1816. Mas foi a chegada dos imigrantes que intensificou seu crescimento e desenvolvimento.
A cidade tem na agricultura sua grande fortaleza, seja com o cultivo do café, a fruticultura, a pecuária e mais recentemente o desenvolvimento do turismo graças às suas cachoeiras e trilhas, e a famosa Pedra Azul, que fica no Parque Estadual da Pedra Azul, uma área de florestas preservadas, sobretudo de Mata Atlântica.
Claro que a religião também esteve ligada ao início da formação da cidade!
Dentre os imigrantes haviam vários luteranos e estes construíram um templo no Morro do Campinho, ainda no século XIX, e é o Campinho que vai dar nome ao principal time da cidade, o Sport Club Campinho:
O time foi fundado em 1º de janeiro de 1923 e construiu sua tradição nas competições amadoras da região ficando conhecido como o “Leão dos Alpes”, mas as cores atuais (vermelho e preto) só foram instituídas através de um regimento no estatuto do time em 1931. Antes, eram verde e branco, como se nota nos uniformes comemorativos:
O primeiro campo do clube ficava localizado na propriedade da família Koehler, nas imediações da atual Avenida Koehler.
Atualmente manda seus jogos no Estádio Doutor Arthur Gerhardt.
O nome do estádio, Doutor Arthur Gerhardt, é uma homenagem ao primeiro presidente do clube.
O Campinho é um dos mais antigos do estado em atividade, ao lado de equipes como o EC Alfredo Chaves, primeira equipe capixaba, fundada em 1910 e filiada em 1949 com o nome de Esporte Clube de Alfredo Chaves.
Aqui, uma cena no estádio em 1965:
Olha que detalhe lindo da porta do vestiário do Estádio:
Só para lembrar que em 2014 o Estádio recebeu partidas do Sport Linharense (na época chamado Sport Club Capixaba) na conquista do título de campeão da Série B.
Domingo, 2 de fevereiro de 2025. O Santo André segue vivendo um pesadelo, mas a gente ainda acredita. Rumamos até a apaixonante Piracicaba para assistir mais uma partida do Ramalhão.
Times em campo, é hora de por frente a frente os dois maiores campeões da série A2!
Vale tudo, foco, força e fé!
Em campo, as coisas pareceram diferentes, o time se postou melhor e começou jogando de igual para igual com o líder do Campeonato.
Aliás, o XV vive ótima fase e jogou frente a mais de 3 mil torcedores, o Estádio Barão da Serra Negra estava lindo, com bastante gente nas cadeiras cobertas…
E também na arquibancada descoberta, onde fica o pessoal da Torcida Esquadrão e a ARXV:
Nho Quim estava feliz!
Não sabe quem é o Nho Quim? É o mascote do XV.
Mesmo em má fase, o EC Santo André mais uma vez não jogou sozinho e contou com o apoio de sua torcida…
Eae o pessoal da Fúria e o jovem Ovídio, sempre presente!
E o time visitante apresentou um futebol melhor do que o que vinha jogando…
O Santo André e sua torcida acabaram vendo sua dedicação cair por água no segundo tempo, com o XV voltando melhor e encontrando o seu gol…
Depois o líder da A2 soube se fechar, deixando para a torcida ramalhina mais uma derrota.
Mesmo perdendo, o time parece ter se encontrado melhor. Será o início de uma nova fase?
Segunda feira, 13 de janeiro de 2025. Dia de mata mata, expectativa de muita emoção. É hora de se escrever a história no Estádio Bruno José Daniel.
Um belo duelo pela fase “32 avos de final” que despertou grande atenção no público local, lotando o a arquibancada destinada à torcida do Ramalhão no Estádio Bruno José Daniel!
Mas, pô, como a tarde logo se tornou triste… Depois de um baita jogo contra o Corinthians, o Ramalhão nem bem entrou em campo e levou 1×0 do Vila Nova aos 2 minutos para a tristeza da torcida local…
Nem deu pra sentir o gol que tomamos, e… penalty para o Vila Nova, mas o goleiro Renan defendeu a cobrança deixando claro que o jogo estava aberto!!
Que legal poder ver a população de Santo André abraçar o time novamente… Queria que fosse sempre assim!
A copinha serve também pra gente reencontrar os amigos, mesmo os que estão morando longe e que aproveitam o período de férias pra voltar pra Santo André.
Independente do resultado, a torcida apoiou como sempre (antes, durante e depois do jogo).
A Ramalhão Store estava por lá vendendo a nova camisa a R$ 199.
Embora quente, hoje o céu estava encoberto diminuindo o sofrimento de quem vai pro jogo e não tem um único espaço com sombra pra relaxar.
Os 90 minutos passaram e foi como se estivéssemos anestesiados pelo resultado…
Fim de jogo e só restou aplaudir os meninos pelo desempenho no campeonato, ainda que nossa eliminação tenha sido bastante prematura… Obrigado e que possamos vê-los nos times de cima!
Sábado, 9 de novembro de 2024. Quem diria que após algumas horas de estrada, finalmente acompanharíamos um jogo do Grêmio Novorizontino ao lado de sua torcida.
Pra mim, estar ao lado da torcida do Grêmio Novorizontino era um sonho há décadas, desde o time anterior, o Grêmio Esportivo Novorizontino que tanto chamou a atenção naquela final caipira do paulistão de 1990…
Como a distância é grande para um bate e volta no fim de semana, preferimos dormir em Bauru para ganhar tempo no retorno. E já que estávamos por lá, antes da partida fomos ver como está o campo do Estádio Alfredo de Castilho, a casa do Noroeste na série A1 de 2025.
Também deu tempo pra um alô no pessoal da Sangue Rubro, torcida do Noroeste que tem sua sede em frente ao portão principal do Estádio! Abraços ao Pavanello e demais amigos que nos receberam muito bem, como sempre!
Também fomos visitar o local onde ficava o Estádio Lusitana que hoje é um supermercado. Estes são os dois painéis que ainda estão no mercado:
O fim de semana já tinha começado em alto estilo com um encontro com o ex-jogador Gamarra, eterno rei da zaga paraguaia!
Mas, nosso objetivo do fim de semana era acompanhar a torcida do Novorizontino no Estádio Doutor Jorge Ismael de Biasi, o tradicional “Jorjão”!
Mais que um jogo, trata-se de uma verdadeira decisão com o Operário Ferroviário (time de Ponta Grossa-PR) pelo acesso à série A do Campeonato Brasileiro, por isso é dia de casa cheia no Estádio Dr. Jorge Ismael Di Biasi!
Este poderia ser o último jogo do Novorizontino como participante da série B, e por isso, os torcedores da cidade e da região compareceram!
Até as cadeiras cobertas lotadas!!
Dr. Jorge ficaria orgulhoso deste momento…
Visitantes presentes! O pessoal de Ponta Grossa, a torcida Trem Fantasma, compareceu mostrando que acredita no Operário Ferroviário Esporte Clube nesta reta final pelo acesso para a série A do Brasileirão!
Estivemos na companhia do Rico, que também apresenta o podcast Papo de Andreense e representa a nova geração de apaixonados pelo futebol raiz do Brasil.
Olha como estava bonito o Estádio…
Empolgado com a torcida, o Grêmio pensava em vencer de qualquer forma para garantir ainda nesta rodada seu acesso!
Até o mascote do Novorizontino estava rosnando dentro da jaula do Estádio Doutor Jorge Ismael de Biasi !!
Cada um mostra seu amor e apoio pelo time como deseja. Esse pessoal estava usando a dança para animar a torcida. No intervalo eles foram pra dentro de campo fazer a festa!
Pra quem saiu do ABC embaixo de chuva, o dia bastante ensolarado em Novo Horizonte nos surpreendeu…
E será que o sol atrapalhava a visão?
Estratégias para se proteger do sol não faltaram. Dos tradicionais chapéus…
Até um tecido TNT (tipo um feltro fininho) amarelo que além de colorir o estádio, ainda foi usado por baixo do boné (no canto inferior direito da foto) para uma proteção ainda mais eficaz!
Posso dizer que meu boné salvou…
O calor estava tão grande que até um sheik apareceu para apoiar o Grêmio Novorizontino!
E teve até quem aproveitou a desculpa de se proteger do sol pra dar celebrar o amor…
Em campo, o Grêmio tomava as iniciativas mas as chances criadas acabavam desperdiçadas, e o Operário ainda levava perigo não só nos contra-ataques como também criando oportunidades reais.
Mas o Grêmio apertava! Parecia que o gol era questão de tempo!
A torcida fez uma festa a parte! Você que está lendo precisa lembrar que Novo Horizonte possui uma população de pouco mais de 40 mil pessoas… Tem ideia do que significa pra essas pessoas o time chegar à série A do Brasileiro?
Não tem anda mais legal que ver o envolvimento das pessoas com, talvez o mais precioso bem cultural da cidade: o seu time de futebol!
O lado das cadeiras cobertas tradicionalmente não canta muito, mas pelo menos apresentou uma padronização bem interessante quanto ao uso de camisas e bandeiras!
E hoje poder ver ao vivo a torcida pintando o Estádio Jorjão de amarelo e preto foi inesquecível!
O grande problema é que por mais que se esforçasse, o time não estava empolgando em campo e acabou criando-se uma certa tensão ao ver o primeiro tempo terminar empatado em 0x0.
Pra quem não vive a realidade do futebol, são apenas imagens, pra gente que respira esse dia-a-dia ver um estádio como este dessa maneira é uma verdadeira vitória, independente do placar!
Fomos dar um rolê pelo estádio no intervalo e se em campo o time não resolveu as coisas, no bar o faturamento foi certo!!
Foi bacana ver a diversidade de público no estádio, de crianças ao pessoal mais velho, todo mundo curtindo o momento único da cidade!
Espero que daqui alguns anos essa torcedora possa lembrar de quando ainda usava mamadeira no estádio.
O segundo tempo começou e o Operário manteve o controle do jogo, ainda levando perigo em algumas cobranças de falta e bolas paradas.
Alguns reclamavam que o técnico Eduardo Batista demorava pra mexer no time. Mas eu considero que ele tem muita moral pela fase atual do Novorizontino.
Formou-se um círculo vicioso: o gol não saia, com isso o nervosismo ia aumentando, fazendo aumentarem os erros…
Nessas horas, os deuses do futebol não tem piedade… E mesmo em frente essa multidão de torcedores, colorindo de amarelo as bancadas do Jorjão, o gol não saiu…
O placar insistia no 0x0…
A Garra do Tigre (principal organizada do Novorizontino) estava gigante!
E mesmo transformando a bancada em um verdadeiro show dos Ramons, o gol não saiu…
E quando parecia que não tinha como piorar para a torcida local, vem a bomba… Conforme disse um torcedor do nosso lado: “O futebol pune!” Veja no canal do GE o gol do time visitante:
Foi uma decepção para todos…
Confesso que achei um pouco exagerada a reclamação da torcida por um time que está bem próximo da série A…
Refletores acesos como um sinal amarelo… Será que o tão sonhado acesso só virá no próximo jogo, também em casa, contra o Payssandu?
O fim do jogo foi chegando, a pressão do Novorizontino aumentando, mas sabe aqueles dias em que nada dá nada certo?
Os raios de sol começavam a baixar, mostrando que a tarde caia e que o jogo chegava ao fim…
E sem sentimento algum, o árbitro trilou seu apito e encerrou o jogo deixando parte da torcida em silêncio como que não acreditando que a festa programada para o jogo não fosse ser realizada…
Novamente, agradeço a oportunidade de participar desse momento histórico ainda que sentindo um pouco do amargo da derrota do dia… Mas, confesso estar na torcida pelo acesso do Tigre do Vale em homenagem a essa pequena cidade que desafia os gigantes do futebol!
Abraços ao Rico, que nos acompanhou pela primeira vez em um rolê como este.
A hora de ir embora misturou emoções… Por um lado, felicidade em ter vivenciado momentos tão incríveis ao lado da torcida do Novorizontino, por outro, triste pelo resultado que no mínimo adia o sonho do acesso.
Hoje, registramos o rolê feito para uma cidade próxima de Santo André, que quase sempre é apenas passagem para quem está indo para o litoral: Cubatão!
A região da atual Cubatão foi ocupada há pelo menos 7.000 anos, pelo chamado Homem do Sambaqui, seminômades, que tinham sua vida cotidiana ligada ao mangue, tendo sua subsistência nos siris, conchas, crustáceos e peixes. Atualmente pode-se encontrar um sambaqui – aqueles grandes montes de conchas que seriam o que sobrou da alimentação destes homens- na ilha do casqueirinho).
Os melhores caminhos para vencer a serra do mar passam por Cubatão, seja na caminhada como faziam os tupiniquins e demais povos indígenas, seja usando a Anchieta pra curtir a praia nos dias atuais. Lá pelos século XV e XVI, o mais conhecido desses caminhos subia a serra pela Trilha dos Goianases, no Vale do Ururaí, atual Mogi das Cruzes.
Segundo o artista Benedito Calixto, os indígenas desciam a serra para fugir dos meses frios do inverno e aproveitavam para pescar já que essa é a época da tainha. Você conhece o trabalho de pesquisa e artístico do itanhaense Benedito Calixto?
Este é seu famoso quadro Cubatão em 1826 que retrata o cenário da época:
A atual cidade é fruto desses caminhos indígenas, que acabaram adotados por João Ramalho (retratado no quadro abaixo por Benedito Calixto) e que se tornou comum aos portugueses que chegaram ao Brasil e que se dirigiam a São Paulo. Mas naquela época não foi encontrado nenhum povo instalado na região.
Segundo o site Peabiru Calunga, a sequência da história se dá com a concessão de terras da região por Martim Afonso. Uma das sesmarias acabou adquirida, em 1643, pela Companhia de Jesus. Em 1803, a Fazenda dos Jesuítas acaba extinta e surge um povoado no local, que sobrevivia da agricultura, principalmente as plantações de banana. Em 1841, o povoado acaba incorporado à cidade de Santos e somente em 1949 se emancipou, graças ao desenvolvimento da região, impulsionado pela construção da Via Anchieta e pelo crescimento das indústrias na cidade.
A industrialização trouxe 2 graves problemas: o primeiro, em 1965, quando o Regime Militar tornou Cubatão Área de Segurança Nacional por seu interesse estratégico e o segundo, o alto preço ambiental, que gerou uma série de problemas ligados à poluição e à ocupação irregular do espaço. Em 1984, um incêndio na Vila Socó ganhou enorme repercussão com a explosão dos dutos da Petrobrás onde havia uma favela que acabou pulverizada. Até hoje não se sabe o número de mortos.
Na sequência, o desastre da Vila Parisi: as indústrias geraram tamanho nível de resíduo que começaram a ocorrer mortes em neonatais por anencefalia. Por conta disso, desde 1985, a Prefeitura e o Governo do Estado trabalham em torno da preservação ambiental, com o apoio da ONU, tornando Cubatão um exemplo mundial de recuperação ambiental, com a volta de um símbolo de sua fauna, o guará-vermelho, que recebe quem chega à cidade.
Uma curiosidade importante: Cubatão é cortada logo em sua entrada pela linha férrea, por onde enormes filas de vagões passam conectando o agronegócio do interior brasileiro ao porto de Santos. E a estação de Cubatão é uma das mais antigas do Estado, inaugurada em 1867.
Sendo uma cidade com tantos problemas sociais, ambientais e até mesmo políticos, Cubatão encontrou no futebol um dos territórios para se desenvolver culturalmente e teve 3 times que fazem parte da sua história nas competições profissionais:
A Associação Atlética Guimarães é a equipe mais antiga que levou a cidade ao futebol profissional, sendo fundada em 9 de Novembro de 1964 junto à comunidade portuguesa de Cubatão.
Aqui, matéria do jornal “A Tribuna” ressaltando o time, um ano depois de sua fundação:
A sua sede social fica na Rua Santos, 176, no Bairro Jardim Francisco, em Cubatão, e aqui a vista na rua lateral (Av. Joaquim Miguel Couto, 200):
Além de disputar campeonatos regionais e partidas amistosas, a A.A. Guimarães entrou para a história do futebol ao disputar a edição de 1966 do Campeonato Paulista da Quarta Divisão (que se chamava “Terceira Divisão, já que a primeira era chamada de “Divisão especial”).
Neste ano, a Federação Paulista de Futebol resolveu incentivar a profissionalização dos clubes, principalmente em cidades que não tinham equipes disputando o campeonato. Por isso, a Terceira Divisão daquele ano teve 78 times tendo como campeão, o CA Ferroviário, de Araçatuba.
A Associação Atlética dos Guimarães fundada apenas dois anos antes, não era sequer o maior time da cidade, já que o Comercial Santista FC , fundado em 23 de abril de 1932, era mais qualificado nas competições amadoras.
O Comercial Santista FC foi vice-campeão amador do Interior Paulista e campeão da Liga de Futebol Amador do Litoral em 1965.
Outro time amador da cidade que merecia destaque naquele ano era o alviverde EC Cubatão, fundado em 1930.
Desafiando as estatísticas, o EC Cubatão segue na luta, com sede na rua Belarminio do Amaral, 812, no Jardim Sao Francisco, em Cubatão.
Porém, como o futebol não tem tanta lógica, a AA Guimarães não apenas disputou o campeonato como em um grupo formado por times do ABC e do litoral, conseguiu classificar-se para a segunda fase, na 3ª colocação do grupo.
A AA Guimarães (alguns chamam de “o” Guimarães) acabou desclassificada na fase seguinte, mas ainda assim, entrando pra história!
Esse foi o time que disputou aquele campeonato (foto do site O Curioso do futebol):
Após o Campeonato Paulista, o time tentou manter-se em disputas, com campeonatos locais e até promovendo uma peneira para disputar os anos seguintes, mas acabou se licenciando e nunca mais voltou…
Em 1968, a AA Guimarães foi declarada de utilidade público pela Prefeitura, mas nem isso ajudou o time a se manter nas disputas oficiais.
Atualmente a AA Guimarães encontra-se extinta… Então falemos do segundo time a disputar o futebol profissional defendendo a cidade: a AA Cubatense, fundada em 9 de abril de 2004.
Após eleições de 2004, a nova gestão eleita decidiu criar um novo time para a cidade, fundando a Associação Atlética Cubatense, e filiando-se à Federação Paulista de Futebol, para a disputa da edição de 2005 da Segunda Divisão Estadual (4º nível do futebol do estado), como noticia o jornal Tribuna de 2005:
A Cubatense teve uma primeira fase até que interessante ganhando 3 das quatro partidas que jogou como mandante, já na segunda fase, perdeu todas em casa. Destaque para as duas vitórias contra o líder do grupo, o São Bernardo FC.
Dessa forma, o time terminou na 7ª e penúltima colocação. Tivesse ganho os 3 jogos em casa da segunda fase, teria se classificado.
Vi que o amigo Frederico Carvalho Capacitortem uma camisa do time em sua página do facebook, então pra quem tem dúvida de como era o uniforme, aí está!
A AA Cubatense se licenciou já em 2006, mas depois de alguns anos, mudou de nome para Associação Atlética Montana Itapevi e passou a jogar competições das categorias de base em Itapevi. Em 2012, passa a se denominar Itapevi FC, e disputa a Série B do Campeonato Paulista.
Mais uma parada e nova mudança: em 2022, passa a jogar em Alumínio e adota o nome de Sharjah FC, tradicional clube dos Emirados Árabes com quem tem parceria.
O Sharjah disputa os campeonatos da base e ainda faz de Alumínio sede da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2023 e 24 (imagina se fosse em Cubatão…).
Por fim, Cubatão teve um terceiro (e até 2024, o último) time na cidade, o Clube Atlético Real Cubatense, fundado em 10 de julho de 2016. O clube buscou construir uma nova cara para o futebol cubatense e trouxe em seu escudo o Guará Vermelho, que materializou a recuperação ambiental de Cubatão.
O time fez sua estreia no profissionalismo no Campeonato Paulista da Segunda Divisão de 2017, terminando a primeira fase em 5º luar, ficando fora da sequência da competição.
Aqui o time daquele ano:
Embora o Atlético Real Cubatense tenha mandado seus jogo no Estádio Espanha, campo do Jabaquara, em Santos, a casa do futebol em Cubatão era (e deveria voltar a ser) o Estádio Poliesportivo Roberto Dick!
Por isso, fomos até Cubatão para registrar o Estádio Poliesportivo Roberto Dick!
Mais uma bilheteria para a nossa conta!
Atualmente o Estádio anda meio caidão para a prática do futebol, mas parece estar vivo e em movimento para o atletismo.
Lá ao fundo a famosa muralha da serra do mar faz a imagem de fundo do campo!
Se em campo não temos jogo, temos o Tapicuru, uma espécie que tem se espalhado pelo litoral paulista.
Aqui, o meio campo:
O gol da esquerda:
O gol da direita:
A estrutura da iluminação ainda esta presente:
Existe uma antiga estrutura lá ao fundo, parece uma fábrica, mas que é o Posto de atendimento ao trabalhador e a Junta do Serviço Militar de Cubatão.
Uma pena o dia estar encoberto e não conseguirmos ver a serra do mar como ela merece…
De qualquer modo, ficamos muito contentes em registrar mais um estádio que faz parte da história do futebol paulista.
A Pista de Skate de São Bernardo fez e faz a cabeça de muita gente de São Bernardo. Fica ali pertinho da ETE, do Senai, do Shopping Metrópole e do Paço Municipal.
A pista ficou um tempo fechada para reformar e foi reinaugurada em 2019 com um baita show do Suicidal Tendencies (foto do site Bastidor Político):
O skate já faz parte da cultura da cidade há mais de 5 décadas, mas existe outra coisa que faz parte da vida do pessoal de São Bernardo: as montadoras de veículos.
E eu diria que o futebol n˜ão só é parte da cultura local, como também o é há ainda mais tempo que o skate e as montadoras. Tudo isso pra dizer que hoje falaremos de um time que seguiu uma tendência da época e nasceu dentro de uma das tais montadoras: o Volkswagen Clube!
O Volkswagen Clube foi fundado em 7 de maio de 1958 e seu apelido era o “Lobo da Anchieta”, sendo registrado em uma série de canecas da época:
Depois de 2 anos disputando competições amadoras e amistosos, o Volkswagen Clube estreou no profissionalismo em 1960 na quarta divisão e faz um belo campeonato, terminando a primeira fase atrás dos 2 times classificados: ADC Rigesa e o Cerâmica.
Com a boa performance foi convidado a disputar a 3ª divisão de 1961, que naquele ano tinha o nome de “Segunda Divisão”. Mais um bom campeonato, terminando em 3º lugar da sua série:
Os bons resultados levam a uma ação ousada: no final de 1961, o Volkswagen Clube compra o estádio do Irmãos Romano! O local era, inicialmente, um sítio que pertencia a Corsino Suster. Em 1950 o sítio foi vendido para Domingos João Balottin e posteriormente aos Irmãos Romano até chegar ao Volkswagen Clube.
Em 1962, mais uma vez joga o “terceiro nível”do Campeonato Paulista, e pela primeira vez se classifica para a segunda fase:
E chega empatado ao final da segunda fase, obrigando um primeiro jogo desempate com o Cerâmica de São Caetano. Após um 0x0 no primeiro jogo, um segundo jogo é marcado e dessa vez o time da Volkswagen perde por 2×0.
Olha aí o time de 1962:
Ainda em 1962, Pelé participou de uma partida contra o Volkswagen Clube:
Em 1963, uma campanha um pouco mais discreta elimina o time ainda na primeira fase.
Em 1964, o Volkswagen Clube lidera seu grupo (a 1ª série) e por isso muitos acabam se confundindo e dizendo que o time fora campeão paulista deste ano, o que não é verdade. Embora o título da região fosse muito celebrado, o Campeão Paulista da Terceira Divisão de 1964 foi o Taquaritinga.
Parte da confusão é por cota das fotos das faixas sendo entregues pela equipe do São Paulo FC em amistoso que a equipe da capital venceu por 4×3.
Mas, importante dizer que o título só não veio porque a equipe do CAT estava endiabrada e acabou terminando 8 pontos a frente do Volkswagen…
Chegamos em 1965 e mais um honroso 3º lugar em sua série regional…
O time de 1965:
No Campeonato de 1966, novamente o Lobo da Anchieta se classifica para a fase final.
A fase final foi bem esquisita, visto que duas equipes acabaram desistindo e mesmo assim, o time da Volkswagen só obteve uma vitória…
Em 1967, mais uma vez o Lobo da Anchieta sagra-se campeão do seu grupo!
A fase final é um quadrangular, onde o time do ABC conquista apenas uma vitória e após esta campanha bem interessante, abandona o futebol profissional para sempre…
Mas em 20 de agosto de 1968, no aniversário de São Bernardo, ao menos o seu estádi teve um momento de glória: foi palco do jogo entre o SC Corinthians Paulista 3×0 Seleção da cidade.
As arquibancadas se tornaram insuficientes e os torcedores ocuparam os morros ao redor do estádio.
Na década de 70, o Volkswagen Clube chega a ter 16 mil associados! E encontrei uma nota no Jornal Cidade de Santos, que cita uma derrota em amistoso para o Jabaquara em 1975:
Mas na década de 2000, começam a surgir problemas. A dívida com a prefeitura bate os 3 milhões de reais. e por meio do Decreto nº 15.170, a Prefeitura declara a propriedade de utilidade pública, a fim de ser desapropriada. E assim terminam as aventuras da Volkswagen nos esportes, da mesma maneira como suas cooperativas de consumo também somem de nossa regi˜ao…
O futebol do ABC tem muita história e diversos times, mas hoje vamos falar de um dos poucos times da nossa região que podem se apresentar como Campeão Paulista. Falamos da Sociedade Esportiva Irmãos Romano e seu mascote esquisito…
A SE Irmãos Romano foi fundada em primeiro de fevereiro de 1958 e materializou no futebol a força de uma família bastante ligada ao transporte coletivo do ABC. Eles possuíam transportadora, encarroçadora (a Carrocerias Irmãos Romano) e participaram de diversas empresas de transporte, como a EAV São Bernardo Ltda.
Até hoje não encontrei informações oficiais que esclareça um pouco mais sobre a motivação da sua origem, se foi iniciativa dos trabalhadores ou dos próprios diretores, já que a família Romano gostava de participar de diferentes atividades. Mas vale lembrar que entre os anos 50 e 80 era comum as empresas profissionalizarem suas equipes internas como fizeram a Pirelli, Mercedez e a Volkswagen, entre tantas outras. O time mandava seus jogos no campo da Vila do Tanque:
O campo seria vendido anos depois à Volkswagen para construção de seu clube. Aqui, o estádio já em 1967 sob cuidados da Volkswagen:
O Estádio segue vivo, e em 1982, a Portuguesa Santista foi enfrentar o Aliança de São Bernardo, no Campo da Vila Tanque.
Encontrei uma matéria na Gazeta Esportiva de 1958 que cita um time comandado pela família sob o nome “Sociedade Esportiva EAVSBL” (Empresa Auto Viação São Bernardo Ltda). Será que este seria o embrião da SE Irmãos Romano??
A primeira citaç`ão com a denominação SE Irmão Romano que encontrei foi essa, também em 1958:
No ano seguinte à sua fundação, a SE Irmãos Romano estreia na Terceira Divisão do Campeonato Paulista:
E para a surpresa dos demais, o time se classifica para a fase final:
E sagra-se campeão, bem em sua estreia!
Aqui, o time campeão invicto, formado com Tirica, Cajuru, Zito e Osvaldo, Azeitona e Geta. Agachados: Belmiro, Carvalho, Rosinha, Retti e Canhotinho, além do “mascote” do clube. Foto colorizada por F.J.Marotti. Fonte: Revista ABC Ilustrado – Serviço de Memória e Acervo de S.B.Campo.
Segundo a Gazeta Esportiva, em 1960 a SE Irmãos Romano passou a mandar seus jogos em Santo André (possivelmente no Estádio do Corinthians):
Aqui, a tabela deste primeiro ano na “Primeira Divisão” (que equivalia ao segundo nível do estadual).
Em 1961, como dissemos, vendeu seu estádio para o Volkswagen Clube, provavelmente porque este já não atendia as exigências da FPF, mas disputa mais um campeonato, terminando em 8º lugar!
Encontrei algumas poucas menções ao time nessa disputa, e que reforçam que o time manteve seus jogos em Santo André:
Desafiando todas as probabilidades, em 1962 mais um campeonato, mesmo que nas últimas colocações, segue fazendo história!:
Em 1963, mais uma vez disputa o Campeonato Paulista, encontrei um registro de um jogo cheio de animosidades com a Portuguesa Santista (que foi a líder do grupo):
Esse era o time de 1963:
Em 1964 quase é rebaixado, mas escapa no mata mata do rebolo, rebaixando o São Bento de Marília, que era o último colocado do outro grupo.
Aqui, os registros das partidas contra o Jabaquara, pelo 1º e 2º turno:
Este é o time de 1964:
Em 1965, termina na última colocação de sua série:
Em 1966, despede-se da história do futebol profissional com um honroso 8º lugar.
Com o tempo, espero poder complementar este post com novas informações, porque a Sociedade Irmãos Romano é um time ainda cheio de mistérios e envolto em uma trama familiar que acabou sumindo na neblina do ABC paulista…
A 217ª camisa de futebol do site mais uma vez representa uma equipe do interior paulista, o Comercial Futebol Clube de Tietê e foi presente do amigo Nélson.
O Comercial FC foi fundado em junho de 1920 e participou de várias ediç˜ões do futebol profissional, depois passou um tempo licenciado e nos últimos anos tem caminhado para este retorno às competições profissionais.
Já escrevemos sobre o Comercialde Tietê e detalhamos um pouco da história do time em suas participações nos Campeonatos oficiais (clique aqui e veja).
O Comercial Futebol Clube manda seus jogos no Estádio José Ferreira Alves, em Tietê.
Estivemos em Tietê assistindo Comercial de Tietê x Rezende de Piracicaba / União Tambaú, pela Paulista Cup sub 20, veja aqui como foi!
Se tudo der certo, o Comercial FC deve estar de volta ao profissionalismo em 2025, torcemos por isso!
Tiramos uma semaninha de férias nesse meio de 2024 e estivemos em Natal, capital do Rio Grande do Norte para recuperar as energias após um primeiro semestre de muito trabalho e correria.
De Natal, conseguimos dar um rolê por outras cidades próximas para conhecer o que a natureza potiguar tem de melhor, como a árvore do amor, que fica quase no Cabo de São Roque, no litoral norte do Estado.
Ali perto fica a barra do rio Maxaranguape, e a gente adora esses lugares onde o rio encontra o mar…
Também estivemos de rolê pelo litoral sul do estado…
E também de rolê pela cidade de Natal…
Muitas praias e muitos rios até que chegamos no dia 15 de julho, e finalmente calhou de estarmos em uma cidade do Nordeste e poder pegar um jogo de um time local!!!
E se mais de 10 anos atrás, já estivemos no Frasqueirão para conhecer a casa do ABC (confira aqui como foi), finalmente iríamos curtir um jogo ao lado de sua apaixonada torcida!
E lá vamos nós pro Frasqueirão de novo!
Antes de entrarmos para o jogo fomos ver a lojinha do time. Opções muito bonitas, mas é triste admitir que o futebol virou um esporte caro…
O nome oficial do Frasqueirão é Estádio Maria Lamas Farache.
Ingressos na mão, vamos pra bilheteria!
Vem com a gente pra curtir mais um Estádio de futebol do Nordeste!
E curtir uma bancada em Natal ao lado da Mari coroou um rolê incrível pelo Rio Grande do Norte!
E registrar uma foto em frente à rapaziada do ABC também é algo pra se guardar.
Times em campo… Vamos para a festa!
Estar num estádio em outro estado já é uma experiência única, mas poder vivenciar uma partida ao lado da sua torcida é algo ainda mais emocionante…
O jogo em si não foi muito bom tecnicamente porque o ABC precisava vencer de qualquer jeito pra não começar a se preocupar em rebaixamento para a série C, e então o que se viu foi aquele começo truncado e com poucas oportunidades. MAs a torcida se fez ouvir desde cedo!
O ABC conseguiu achar seu gol ainda no primeiro tempo, facilitando a noite da torcida local!
No Frasqueirão também tem quem prefira assistir ali no alambrado…
E tem a rapaziada que fica no apoio o tempo todo, no caso, a Garra Alvinegra.
Aqui, os bares que ficam abaixo da arquibancada lateral:
E a nova geração vem chegando apaixonada!
Destaque também pro camisa 20, O Deivid, ou “DVD”, em recuperação de lesão, e que há algum tempo jogou aqui no Santo André também!
Teve algum rolo com a polícia no segundo tempo, mas não entendi o que houve…
De qualquer forma o apoio prosseguiu!
Destaque também para Roberto Fonseca, o treinador do ABC que também comandou o Santo André num passado recente.
Pela faixa presente na bancada principal, tem um “Movimento” novo entre a torcida.
O jogo se encaminhou para o final, confirmando a vitória do time local por 1×0:
Pra quem quer uma cerveja…. Venha ao Frasqueirão!
Mais uma vez agradecemos a oportunidade de estar em um território tão importante para o futebol!
E assim nos despedimos de Natal…
Felizes pela experiência, mas tristes pela despedida…