Em busca do Estádio perdido em Buenos Aires

Bandeiras em punho. Multidão cantando em coro. Emoção e alento nas ruas e em um estádio repleto.

Mas não, não se trata de um jogo de futebol.

Quer dizer, como se pode ver, a cultura do futebol está sempre entrelaçada ao nosso dia a dia, mas hoje vou falar de um role que fizemos no fim de semana de 23 e 24 de março, por Buenos Aires.

O fim de semana tinha 2 grandes acontecimentos: o show da banda espanhola SKA-P, que nunca veio ao Brasil em suas 8 turnês pela América Latina e as marchas de protesto pelos 37 anos do golpe militar na Argentina.

Foi também a oportunidade de rever pessoalmente amigos muito importantes, como o Adrian, da banda Tango 14.

Bom, então vamos do começo, pelo estádio que conhecemos de um jeito bem especial, o Estádio do Ferro Carril Oeste:

É aqui que o Ferro Carril manda seus jogos!

Uma olhada em como é o estádio normalmente:

O Estádio Arquiteto Ricardo Etcheverry foi inaugurado em 1905 e atualmente tem capacidade para mais de 25 mil torcedores.

Lembrando bastante a história de muitos times paulistas, o Estádio foi construído nos fundos de um terreno da linha de trem Ferro Carril Oeste.

Possui uma parte coberta e dois lances de arquibancadas descobertas.

Para ser construído, o Ferro Carril Oeste vendia seus jogadores em troca de materiais de construção como madeira e chapas de zinco.  Aliás, o estádio ainda possui arquibancadas de madeira, e por isso é conhecido como “El Templo de Madera” ou “El Monumental de Madera”, numa referência ao Estádio Monumental de Nuñez.

O Estádio foi o palco escolhido pelo SKA-P para apresentar seu último disco, recém lançado, chamado 99%.

Já garantimos o nosso!

O Ska-P (aliás, aqui no Brasil a gente costuma pronunciar “Escapê” quando o correto é “Escápe”) foi formado em 1994, no bairro de Vallecas (já estivemos por lá, lembre aqui como foi). A banda tem sua obra marcada pelas críticas sociais contra o capitalismo, o fascismo, imperialismo, racismo entre outros temas. Essa é a atual formação:

E lá vamos nós para o som, dentro do Estádio!!!

O estádio fica próximo do centro, umas 40 quadras, mais ou menos e por iso mesmo, muitas vezes foi utilizado por outras equipes da grande Buenos Aires como River Plate, Boca Juniors, Vélez Sarfield, San Lorenzo de Almagro e Argentinos Juniors. O público lotou o estádio, não ouvi nenhuma informação oficial mas comentava-se que mais de 15 mil pessoas estavam presentes. Falando um pouco do show e da banda, o SKA-P faz um ska bastante politizado e panfletário. Defendem nas suas letras uma ideologia ligada à liberdade e por isso são várias as críticas à polícia, à igreja e ao estado. A Igreja católica não foi poupada, mesmo com o recente anúncio do papa argentino. No show, a Igreja católica foi representada por um demônio assustador, olha aí:

E se bandeiras fazem parte do dia a dia do Estádio, lá estava mais uma delas, na música Intifada, em defesa do povo Palestino!

O show foi bastante animado, as pessoas dançavam e pogavam por todos os lados, sendo quase impossível ficar lá na frente do palco.

Mas mais do que qualquer coisa, a energia de 20 mil pessoas cantando músicas com temas tão politizados é de animar!

Olha aí um vídeo que achei no youtube com uma das músicas novas sendo tocadas lá no show:

Aqui, Mari ainda no aquecimento do show!

Ainda com as luzes parcialmente acesas, deu pra ver um pouco de como são as arquibancadas e a cara do Estádio, já rodeado de grandes prédios.

Enfim, foram quase 3 horas de show e de muita festa, discussão política e música! Tudo isso em um estádio… O que mais eu ia querer?

Bom, no dia seguinte fomos nos juntar às manifestações populares que recordam os 30 mil companheiros desaparecidos na ditadura argentina que completa 37 anos. E não é que arrumaram espaço pro futebol também?

Outras marchas locais já agitaram a capital, desde a noite de sábado, organizadas pelas assembleias populares de bairro. Foram mais de 5 horas de caminhada e muita cantoria contra o abuso cometido pelos militares durante tantos anos. No Brasil, essa data é o dia 31 de março e não teremos tantas movimentações como lá. Bom, só pra aproveitar o post e o role, seguem algumas imagens mostrando outros aspectos culturais bacanas de Buenos Aires. Tivemos a oportunidade de conhecer o “GarageArte” um evento realizado pela Victória que reúne, literalmente na garagem, moda, livros, música e amizade! Não faltaram papas fritas também… E o tradicionalíssimo “Dulce de Leche”…. E para quem gosta mesmo de música, ainda foi possível trombar o pessoal da banda alemã MAD SIN, por lá, gente finíssima. Mari mostra que a questão das Malvinas ainda é discussão permanente em Buenos Aires. Sobre o futebol, essa é a loja que vende as roupas relacionadas à cultura Barrabrava, fica na galeria Bond Street, na Av Santa Fé, onde funciona a versão local da Galeria do Rock. E se você estiver por Buenos Aires, não deixe de visitar a sessão de futebol das livrarias locais. Existem títulos incríveis e únicos falando da história de jogadores, torcidas e clubes…. E para aqueles que me perguntam onde comprar camisas e materiais relacionados ao futebol (flâmulas, bandeiras, pins, etc), duas sugestões: uma, a loja FUTEBOLITO, do hincha do Racing ” Lito”, um cara muito gente boa e que entende bastante de futebol.

A loja fica numa galeria da Lavalle (o calçadão que corta a tradicional Florida), no número 835.

A outra dica de loja é para aqueles que gostam de camisas de times das divisões de acesso e chama-se Lavalle 978. O nome da loja já entrega seu endereço, mas segue aí uma sacola deles até com o email pra quem quiser tentar comprar online (não sei se eles vendem, mas não custa tentar….). Ah, os preços são bacanas, principalmente as ofertas. Mudando de área, incrível como essa cultura de design típico ainda se mantém e combina com o ambiente. Outro que tem um design bem diferente do que estamos acostumados aqui no Brasil são os ônibus. Sempre coloridos e mais parecendo um ônibus de torcida do que transporte normal… Deixamos por lá uma lembrança da nossa luta diária por um futebol mais humano, menos econômico. E seguimos de volta ao ABC…

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153- Camisa do Guangzhou Evergrande F.C.

A 153a camisa da coleção deste blog vem do outro lado do mundo, da terra que tem revolucionado (não sei se para bom ou para mal) os tempos contemporâneos. Trata-se da camisa do Guangzhou Evergrande Football Club (ou simplesmente 广州恒大足球俱乐部 se você preferir).

O time defende o futebol da cidade de Cantão, na China.

O time nasceu em 1953 com o nome apenas de Guangzhou F.C. , o atual nome veio quando a Evergrande Real Estate Group adquiriu o time e passou a fazer contratações milionárias, como a do argentino Darío Leonardo Conca, na busca por transformar o time no “Chelsea Asiático”.

Seu principal rival é o Shanghaï Shenhua.

O time entrou pra história ao tornar-se o primeiro clube de futebol profissional na China, em 1993. Mesmo antes do profissionalismo, o Guangzhou venceu a segunda divisão da liga chinesa por 5 vezes, em 1956, 1958, 1981, 2007 e 2010. Em 1991, chegou à final da China FA Cup. Pela primeira divisão, o time chegou ao vice campeonato em 1992 e 1994. Em 2007, ganhou pela primeira vez, a China League One. Entretanto, em 2010, foi rebaixado para a “League One” por participar de uma manobra de manipulação de resultados. E foi nesse cenário, que a Evergrande Real Estate Group assumiu o clube. Um dos craques do time, e ídolo da torcida é o brasileiro Muriqui. Em 2011, o time voltou para a primeira divisão, conquistando o título da liga. Em 2012, Guangzhou Evergrande venceu o campeonato pela segunda vez consecutiva e ainda levou a Chinese FA Super Cup, no mesmo ano, consagrando se como principal equipe chinesa.

É com esse ânimo de campeão que o time inicia o ano de 2013 em busca de novas conqusitas!

Manda seus jogos no Estádio Tianhe com capacidade para mais de 60 mil torcedores. 

E pra quem acha que chinês não curte futebol, olha aí a torcida dos caras!

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Em busca do Estádio perdido em Cariacica – ES

Mais um rolê em busca de estádios, histórias, amigos e memórias.

Dessa vez, embora frustrado por não poder acompanhar um jogo, fui ao menos conhecer o Estádio da Desportiva Ferroviária de Cariacica, time que tenho ouvido muito falar, nos últimos anos, principalmente pelo amigo e torcedor Thiago Nunes Abikahir.

Cariacica é um município da “Grande Vitória”, mais ou menos como as cidades do ABC em relação a São Paulo. Você nem percebe que saiu e já está lá.  O nome da cidade vem da expressão “Cari-jaci-caá”, utilizada pelos índios para identificar o porto onde desembarcavam os imigrantes. Sua tradução é “chegada do homem branco”.

E assim como no ABC, Cariacica também tem suas quebradas…

Estivemos lá no carnaval de 2013 e pudemos conhecer diversos Estádios da região de Vitória, e um deles foi o Estádio Engenheiro Alencar de Araripe, ou simplesmente Engenheiro Araripe, como é mais conhecido.

Atualmente este é o principal estádio do Espírito Santo, com capacidade para mais de 15 mil torcedores.

Enquanto não se termina o novo Estádio Estadual Kleber Andrade, o Engenheiro Araripe vai se consagrando como casa do futebol capixaba.

O Estádio também está passando por obras e melhorias nas arquibancadas atrás do gol.

Mas nada que interrompa a rotina de receber jogos. Chegamos numa sexta feira de noite, quase sábado, e no final da tarde o campo já havia recebido mais um jogo da Desportiva Ferroviária. Um estádio muito bacana, pra calar a boca de quem acha que o Espírito Santo não tem uma cultura futebolística interessante. O Estádio foi fundado em 1966, e teve sua partida de estreia entre a Desportiva Ferroviária e o América do Rio de Janeiro, jogo vencido pelos cariocas por 3 a 0. Naqueles tempos a capacidade era de cerca de 28.000 torcedores.

O Estádio tem uma parte coberta bem grande e um anel de arquibancada descoberta que envolve todo o campo. Encontramos uma relação dos jogadores que disputaram a partida da tarde anterior… Resquícios do futebol pré carnaval em terras capixabas… Pra quem achava que o Espírito Santo não tinha uma cancha forte… Ta aí!

Ficamos satisfeitos pela oportunidade de conhecer esse Estádio e de poder apoiar um dos estados que, na minha opinião, teria que ser muito mais valorizado do que é.

Nesse momento em si, falamos da casa da Desportiva Ferroviária, mas esperamos, dentro da nossa humilde força e alcance, contribuir para o fortalecimento do futebol capixaba.

Vale contar que em 2011, a Desportiva Ferroviária conseguiu adiar o leilão do estádio para pagamento de dívidas acumuladas.

O Engenheiro Araripe recebeu o único jogo oficial da seleção brasileira, no estado do Espírito Santo, em 1996, na vitória contra a Polônia, por 3 a 1.

O estádio foi ainda o local de mando de jogo da Desportiva Ferroviária, no Brasileiro Série B de 1994.

Independente de resultados, a cultura da cidade e região merece seu valor!

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152- Camisa da AD Guarulhos

A 152a camisa de futebol da nossa coleção vem da cidade de Guarulhos e consegui graças à ajuda do amigo e incentivador do futebol local Francisco Tardivo Neto.

O time dono da camisa é a Associação Desportiva Guarulhos!

O time nasceu em fevereiro de 1964, como Associação Desportiva Vila das Palmeiras, referência ao seu bairro de origem. Suas cores iniciais eram verde e branco.

O Francisco tem até a camisa deles, olha só:

Durante os primeiros anos do clube, o foco eram as competições amadoras.

A partir de 1981, o clube passou a disputar as competições profissionais da Federação Paulista de Futebol.

Porém, o time enfrentou as velhas dificuldades do futebol brasileiro, principalmente porque no início estava muito mais ligado ao seu bairro e o Brasil ainda está longe de conseguir ter times de bairro brilhando nos campos…

Para melhorar essa situação, a partir de 1994, passou a se denominar Associação Desportiva Guarulhos e utilizar as cores da bandeira da cidade: azul, branco e vermelho.

Esse movimento ajudou a identificar mais o time com a cidade e nesse ano, a AD realizou sua melhor campanha ao chegar ao vice-título da Série B1-A.

Em 2003, licenciou-se  da Federação Paulista e só voltou em 2005.

Esse é o time de 2009, fotografado pelo pessoal do Jogos Perdidos, num jogo contra o Jabaquara, em Santos.

Seu mascote é um índio!

Já estivemos acompanhando uma partida do time, num “clássico da grande SP” contra o Nacional.

Para maiores informações, acesse: http://adguarulhos.blogspot.com.br

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Em busca do Estádio perdido em Cusco!

Nem parece, mas logo vai fazer dois anos desse rolê.
Foi em Novembro de 2011, no meu aniversário, que tive a oportunidade de conhecer um dos lugares mais bonitos e diferentes do mundo. A cidade de Cuzco, no Perú (em quíchua Qosqo ou Qusqu).

Cuzco fica no Vale Sagrado dos Incas, na região dos Andes e tem uma população de 300.000 habitantes, com uma cultura local bastante rica e bem diferente do Brasil. Uma dessas diferenças são as Lhamas que acabaram virando mascote local.

A cidade é a capital da província de Cuzco e é uma cidade muito alta, com mais de 3.400 metros de altitude. Cuzco significa “umbigo”, no idioma quíchua, por ser o mais importante centro administrativo e cultural do Tahuantinsuyu (o Império Inca).

Existem muitas lendas sobre a fundação da cidade e sobre o povo que habitou há séculos o lugar: os incas.

Da história, real e triste, que se sabe é que em 1532, o espanhol Francisco Pizarro, invadiu e saqueou a cidade, acabando com a maior parte da cultura (e das vidas) Inca, como o alfabeto inca.

Vieram as pedras e tijolos e as igrejas cristãs, normalmente construídas sobre as construções incas.

Vale visitar os sítios de arqueologia, como o de Saqsaywaman.

Além de muita cultura histórica, a viagem ajuda a gente a conhecer coisas do dia a dia, como o famoso “Cão peruano” considerado um dos mais estranhos do mundo!

As roupas e feições do povo local, os mais tradicionais, são bastante típicos. Infelizmente, como o turismo é um negócio muito forte para a cidade, qualquer bate papo com a criançada gera pedidos de “PROPINAAAAA”!

As mulheres que vivem em bairros mais distantes vêm até o centro da cidade para vender suas “tramas com fios de Lhama”.

Para os vegetarianos, como a gente, fiquem tranquilos, há muitas opções de comilanças!

Além disso, existe a Chicha, bebida feita com milho, especiarias e que é uma delícia!

Mas, a bebida mais tomada, ao menos nas primeiras horas em que você chega é mesmo o Chá de Coca!

Aos amigos nóias de plantão, não fiquem animados, não dá grandes baratos, só ajuda a aguentar a altitude e evitar a dor de cabeça que pode acabar com o role, não é não, “Mari Legalize”?

Ah, e não se assuste com tonturas, cansaço e até em acordar com o nariz sangrando. Tudo faz parte e não é assim tão ruim.

A cidade é super preparada para receber visitantes. Tem uma rede hoteleira mais que suficiente e diversas atividades para entreter. O ideal é encontrar alguém preparado e com cultura suficiente para te fazer entender o role. E aí está o Ever, que nos ajudou a visitar os lugares mais “escondidos” da cidade!

A cultura inca (ou inka) tenta sobreviver e está presente seja em imagens ou símbolos em quase todos os lugares, como nessa pizzaria!

Os trajes também podem ser vistos pela cidade, em alguns casos mais como “folclore para turista” mas em outros como cultura mesmo.

Essa é a principal praça da cidade.

E aqui, uma foto pra se ver como são as ruas do centro da cidade.

Fizemos ainda um rolê lindo até Machu Pichu, via um trem até o povoado de Águas Calientes e de lá um busão até o parque!

Enfim, tem muita coisa pra se falar sobre a cidade, mas falando de futebol, Cuzco possui dois times: o Cienciano e o Asociación Civil Real Atlético Garcilaso.

Ambos mandam seus jogos no Estádio Inca Garcilaso de la Vega. O pai da Mari fez essas fotos la de cima do morro!

Chegamos no dia do clássico entre Cienciano e Universitário, mas o jogo foi num horário “exótico” e não tivemos tempo de assistir. Acredite, você precisa de algumas horas pra se acostumar e ir ao estádio com sol na cabeça não era a melhor maneira de começar o dia em Cuzco, uma pena…

Mas, no dia seguinte, fomos conhecer o Estádio Inca Garcilaso de la Vega!

Até meu pai foi com a gente nesse rolê!

É engraçado que embora próximo do centro, não tem muito movimento ali nas redondezas…

E deu pra ver que ele tem uma cara bem legal! Um pouco desleixado, mas com alguns grafites bacanas…. Eu gosto de estádio assim!

O Estádio foi inaugurado em 1950, na época com uma capacidade para 22.000 torcedores.

Conseguimos entrar e ver um pouco de perto esse monumento ao futebol peruano, em plena altitude (mais de 3500 metros acima do mar)…

Foi sede da Copa América 2004 e para tal, teve sua capacidade ampliada para 42.000 lugares.

Aos menores de 17 anos, fica o convite…

Aqui, uma vista geral do Estádio!

A arquibancada é o velho e bom cimentão!

Mas é um grande estádio, sem dúvida!

Uma cidade única, com um povo muito interessante e amigável, com um estádio desses! Cenário perfeito!

Fica o nosso tchau (dado pelo meu pai)!

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