O futebol profissional em Palmital

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu-MS.
Veja os posts já feitos sobre as 6 primeiras cidades dessa viagem:
1) Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo
2) Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju
3) Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos
4) Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes, em Ipaussu
5) Estádio do Clube Atlético Ourinhense e o Estádio Djalma Baia, em Ourinhos
6) Estádio Romeirão, em Ribeirão do Sul

Agora é a vez de dividir a nossa passagem por Palmital, mas vale lembrar que já estivemos lá em 2010. Veja aqui como foi!

Vamos conhecer um pouco da cidade !

Durante muito tempo, a região do Paranapanema foi ocupada por indígenas Coroados, Cayuás, Xavantes e Kaingangues. Vi uma publicação que descreve a descida do rio do Peixe, de onde tirei a imagem do xavante abaixo, leia mais clicando aqui.

No século XVII, chegam os bandeirantes para escravizar indígenas e só 2 séculos depois, começa a se estabelecer um povoado, pra isso, muito sangue indígena foi derramado.
Surgem cidades como Santa Cruz do Rio Pardo (1876) e Piraju (1880), com foco na plantação de café e cana de açúcar, no início do século XX, a chegada da Estrada de Ferro Sorocabana ajudou a criar uma segunda onda de cidades como Ipauçu (1915), Assis (1917) e Palmital (1919).

Em 18 de dezembro de 1919, Palmital foi elevado à categoria de Município.

Nesses 101 anos, muita coisa mudou, mas ainda existe tempo pra um joguinho de dominó na praça da cidade…

A cidade ainda tem no agronegócio seu maior motor econômico, mas aos poucos se vê obrigada a investir na diversificação de serviços para seguir oferecendo possibilidades de emprego à sua população.

Hoje, Palmital tem várias possibilidades de lazer na região, mas por muito tempo, o xodó da cidade foi o futebol, e esse amor ganhou cara em 19 de dezembro de 1929, com a fundação do Operário Futebol Clube:

O Operário Futebol Clube incluiu a cidade nas competições que já incendiavam a região naquela época. Em 1930, a diretoria comprou o terreno onde seria construído o Estádio Manoel Leão Rego.

A partir de 1942, o Operário FC passou a disputar o Campeonato do Interior, e disputou ainda em 44, 45 e 46.

O time de 1946 que jogou em Paraguaçu Paulista, contra o ABC:

Também disputou em 1949 e 50, mas em 1954, a cidade mal pode acreditar na notícia… O Operário FC se inscreveu para a disputa da Terceira Divisão!!! Ainda que não tenha sido uma campanha exemplar, valeu pela experiência de estrear no profissional.

O time acabou não disputando as edições seguintes, mas nesse período sagrou-se campeão amador regional em 1957 e 1959 e voltou à Terceira Divisão em 1958, com uma campanha próxima da realizada em 54.

A Gazeta Esportiva apresentou o time daquele ano:

Novamente o Operário FC se licencia do profissionalismo e passa a disputar os campeonatos amadores.
As partidas se transformam em uma verdadeira mobilização da cidade: a turma se reunia na sede social e caminhava até o estádio, sendo que os próprios jogadores tomavam parte da brincadeira, uniformizados em meio aos torcedores.
Em 1960 o primeiro portal de entrada do estádio foi inaugurado, na gestão de Miguel Assad Taraia (que daria nome ao futuro estádio).

Ainda no início dos anos 60, o estádio foi batizado de Manoel Leão Rego, prefeito daquela época, que dizem haver perdoado uma dívida do clube com ele, referente a um empréstimo para a construção da sede social. Vamos dar uma olhada na fachada nos dias de hoje:

É sempre bom poder estar em um lugar com tanta história e se conectar com isso diretamente.

Em uma das laterais, uma arquibancada descoberta.

Será que no passado ela foi maior?

Aparentemente o gramado está muito bem cuidado.

Aqui pode se ver as duas arquibancadas:

Voltando aos anos 60, o Operário FC volta ao profissionalismo em 1964 para a disputa da 4ª divisão do Campeonato Paulista e terminou a primeira fase como líder do seu grupo:

Na segunda fase terminou em terceiro no seu grupo e acabou eliminado das finais (o EC São José fez a final com a Associação Bancária de Esportes de Fernandópolis e foi campeão).

Novamente o disputa a Quarta Divisão em 1965 e mais uma boa primeira fase:

Na fase final, o Operário FC acabou perdendo a vaga na final por um pontinho…

Chegamos em 1966 e mais uma participação na Quarta Divisão (que era chamada de “Terceira Divisão, já que a primeira era a “Especial”).

Na segunda fase, apenas uma derrota!

Vem a fase final e… O Operário FC acaba sendo vice-campeão da quarta divisão.

Em 9 de maio de 1967, a diretoria decide mudar o nome do clube para Palmital Atlético Clube, homenageando a cidade e assim buscando maior identificação com a população, sendo carinhosamente chamado de “Galo do Planalto” e “PAC“.

Com o vice campeonato do ano anterior, e com seu novo nome, o Palmital AC disputa a Terceira Divisão em 1967, terminando a primeira fase em 4º lugar, sem se classificar para a fase final.

Em 1968, nova campanha ruim na primeira fase, mas há de se considerar que o time agora jogava uma divisão acima daquela que costumava jogar.

Começa o campeonato de 1969 e o Palmital AC simplesmente desiste da competição e se licencia do futebol profissional.
Durante quase 10 anos o time se ausenta e só retorna na Quinta Divisão de 1978, quando faz uma campanha terrível…

Disputa ainda a Quinta Divisão de 1979, com o time abaixo:

Mais uma campanha fraca:

Em 1980, a Federação resolve diminuir o número de divisões e com isso o Palmital FC volta à Terceira e mais uma campanha fraca…

Mais uma vez o time se licencia e só retorna em 1985 na terceira divisão, e faz uma campanha intermediária, assim como em 1986. Mas em 1987, sagra-se campeão do seu grupo na primeira fase…

E na fase final, chegamos a dois grupos, onde a Esportiva Sanjoanense venceu um (e acabou sendo considerada campeã da Terceira Divisão) e o Palmital AC venceu o outro.

Esse foi o time de 1987:

Porém, com a reformulação do Campeonato Paulista, o Palmital AC não recebe o acesso à segundona (nem a campeã Sanjoanense) e segue na terceira em 1988, se ausentando do profissionalismo em 1989.

Volta à Terceira Divisão em 1991, mas seu Estádio Mário Leão Rego encontra-se em condições ruins e para apoiar, o município reforma o Estádio Miguel Assad Taraia.

E lá fomos nós conhecer o segundo estádio do PAC!

Dá uma olhada como os dois estádios até que são próximos (o Miguel Taraia é o do canto esquerdo superior e o Mário Leão o da direita inferior) :

O Estádio Miguel Assad Taraia fica no final da cidade, já próximo às áreas rurais, mas é sem dúvida um lindo estádio.

Olha que linda a parte coberta da arquibancada:

Os bancos de reserva compõe um lindo cenário a frente da arquibancada.

Vamos dar um role pelo estádio:

Pra quem olha da arquibancada, esse é o gol da esquerda:

Esse é o meio campo:

E aqui o gol da direita, nessa foto fica mais fácil ver que existe um lance grande de arquibancada que acompanha o campo:

Junto da outra arquibancada existe um painel homenageando o time.

Aliás, os painéis espalhados pelo Estádio Miguel Assad Taraia dão um caráter informativo e único ao local.

É sem dúvida o estádio que receberia os jogos de um time que fosse disputar o profissional, hoje.

E ali ao fundo existe o ginásio municipal, tornando o lugar o pólo esportivo da cidade.

Mas, voltemos no tempo à nossa história, quando em 1991 o PAC não passou da primeira fase, assim como em 92 e 93. Somando os maus resultados a uma nova mudança na configuração do Campeonato Paulista e temos o Palmital AC na Sexta Divisão (a série B2). Pra piorar, o time abandona o campeonato pouco antes do seu início.

O retorno se dá em 97, na Quinta Divisão, em uma campanha decepcionante que selou a participação do time e da cidade no futebol profissional, pelo menos até hoje (2022).

Pra piorar, em 2004, um incêndio destruiu a sede social, que acabou desapropriada pela Prefeitura em 2012. O prédio foi demolido dando lugar à Farmácia Municipal em 2014.

Tanto o Estádio Manoel Leão Rego quanto o Estádio Miguel Assad Taraia seguem em ordem para competições amadoras.

Será que um dia Palmital voltará ao profissional?

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O Estádio Romeirão e o futebol em Ribeirão do Sul

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu-MS.
Veja os posts já feitos sobre as 5 primeiras cidades dessa viagem:
1) Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo
2) Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju
3) Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos
4) Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes, em Ipaussu
5) Estádio do Clube Atlético Ourinhense e o Estádio Djalma Baia em Ourinhos.

Agora é a hora de dividir um pouco sobre o futebol de Ribeirão do Sul!

A cidade surgiu de um povoado no entorno do rio Novo (afluente do Rio Paranapanema) conhecido no início do século XX como Ribeirão dos Pintos. Uma capela de madeira foi erguida em 1929, e logo foram surgindo novas famílias para trabalharem nas terras. Aliás, até os dias atuais, a agricultura é grande fonte de renda e emprego.

Em 1964, emancipou-se com o nome de Ribeirão do Sul. Como estávamos em Ourinhos, a BR-153 nos levou até a cidade. A rodovia também é conhecida como Transbrasiliana ou ainda Belém-Brasília.

A Transbrasiliana é a quinta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (PA) ao município de Aceguá (RS), totalizando 3.585 quilômetros de extensão.

Peguei essa imagem do Google Maps porque achei curioso a rotatória no fim de uma baixada na estrada que me pareceu quase uma armadilha pra quem chega meio desatento hehehe.

A cidade guarda um ar de tranquilidade típico do interior.

Nosso objetivo na cidade era conhecer e registrar o Estádio Municipal Romeirão!

O Estádio Romeirão foi a casa do Grêmio Esportivo Ribeirão do Sul (o distintivo abaixo veio do incrível site Escudos Gino).

O time tem pouquíssimos registros sobre sua história e a coincidência da inauguração do estádio com o ano de fundação do clube (21 de março de 1986) leva a acreditar que provavelmente foi uma iniciativa da Prefeitura pra celebrar um ano esportivo.

Seja como for, naquele mesmo ano, o GE Ribeirão do Sul participou do futebol profissional, levando ao Estádio Municipal Romeirão a Terceira Divisão do Campeonato Paulista.

Ainda que não tenha realizado uma grande campanha, vários jogos devem ter sido inesquecíveis.

O time terminou nas últimas posições e abandonou o profissionalismo.

Hora de conhecer mais um palco do futebol profissional.

Aqui é a visão do meio campo do Romeirão:

Aqui, o gol da direita:

E aqui, o gol da esquerda:

E aí a sempre charmosa arquibancada coberta:

Vale ressaltar que naquele dia da nossa visita, mais uma vez o futebol amador da cidade faria do Romeirão o seu palco. E aí fiquei pensando se as pessoas que iriam jogar dali a pouco ainda se lembravam daquele 1986 mágico, onde a cidade se viu em meio ao Campeonato Paulista.

Bom, enquanto a gente tiver oportunidade (e grana) pra visitar e registrar estádios como esse, prometo que a gente vai tentar manter a história viva!

Pra isso, a estratégia é simples e está ali no banco de reservas:

Pra terminar, um presente da natureza que lembra como é bom a liberdade… Um carcará pousou ali ao lado do carro.

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O futebol profissional em Ourinhos

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu-MS.
Veja os posts já feitos sobre essa viagem:
1) Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo
2) Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju
3) Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos
4) Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes, em Ipaussu

Agora é a hora de dividir um pouco sobre o futebol de Ourinhos!

Diferente dos posts anteriores, Ourinhos é uma cidade de maior porte, com mais de 115 mil habitantes. Surgiu na década de 1910 e seu nome é uma referência ao antigo município de Ourinho (atual Jacarezinho, no Paraná).

Ourinhos tem sua história muito próxima das demais cidades da região: até o fim do século XIX era habitada por indígenas kaingangues que de repente viram seus piores pesadelos se tornar viram realidade: foram invadidos pelos produtores de café e algodão.

A cidade também teve grande influencia da estrada de ferro (chegou em 1908), e mais uma vez apresento uma imagem da Estação do site Estações Ferroviárias

Atualmente, a cidade conta com um forte comércio e se tornou uma referência regional.

Assim como em outras cidades, também se encontram construções antigas que reforçam seu passado ferroviário.

Aliás, aproveitaram parte dos antigos galpões da ferrovia para construção de um espaço turístico com museu, uma locomotiva antiga aberta à visitação e assim um ambiente bem legal. Pena que no feriado a cidade estava mais vazia e essa estrutura fechada 🙁

Desce daí, garoto!

Falando um pouco do futebol da cidade, além de várias importantes equipes no futebol amador, Ourinhos teve 4 times disputando o futebol profissional:

Comecemos falando do mais tradicional: o Clube Atlético Ourinhense.

Dos times que disputaram o profissional, o Clube Atlético Ourinhense é o mais antigo, tendo sido fundado em 5 de junho de 1919, e há algumas décadas tem seu lindo estádio junto ao clube social.

Já estivemos por lá há 12 anos atrás (veja aqui como foi…):

Dessa vez, a primeira coisa a fazer foi registrar o pórtico de entrada do estádio, que esquecemos de fotografar na outra visita…

Infelizmente, parece que o clube social teve graves problemas financeiros piorados com a pandemia do Corona e … Não existe mais…. Restou apenas o campo, e com ele as lembranças …

Que sorte! Não apenas estava rolando um jogo como era do próprio CA Ourinhense!!!

O CA Ourinhense começou disputando tinha uma série de partidas amistosas (os times aproveitavam da estrada de ferro sorocabana para facilmente chegar à cidade) e o Campeonato Municipal (do qual seria campeão em 1942, 43, 48, 50 e 51). Veja a lista de jogos de 1939:

Divido algumas fotos que o blog “Ourinhos” apresenta como sendo dos anos iniciais do time:

A partir de 1942, o CA Ourinhense disputa o Campeonato do Interior, na 14ª região (Piraju), sendo campeão do grupo e sendo eliminado na fase seguinte pela Ferroviária de Botucatu (4×1, em Botucatu).

Em 1943, viu o outro time local participar do Campeonato, mas novamente sagrou-se campeão do grupo e perdeu a fase seguinte pra a Ferroviária de Botucatu (1×1, 1×1 e 2×0 no jogo desempate).

Neste ano, o Corinthians da capital veio a Ourinhos inaugurar uma sub sede e disputou um amistoso (com seus atletas amadores) do qual venceu por 2×0.

Não disputa a edição de 1944, e em 1945 vê o CA Farturense sagra-se campeão do grupo.

Em 46, também não se classificou para os mata-matas.

E novamente em 1947, não consegue ser o campeão do grupo.

A partir da edição de 1948, o Campeonato do Interior passa a ser amador, já que surge a segunda divisão, mas o CA Ourinhense segue disputando.

Em 1950, um amistoso com o XV de Piracicaba:

Em 1951, o CAO inaugura o seu estádio (antes dele, mandava seus jogos em um campo que ficava próximo do atual camelódromo da cidade):

Em 1952, um ato de grande ousadia de sua diretoria, o CAO se credencia a disputar a Segunda Divisão do Campeonato Paulista, mas faz uma campanha fraca. Alguns resultados encontrados:
31/8- Bauru AC 3×3 CA Ourinhense
14/9- CA Ourinhense 0x1 São Bento
28/9– AA Ferroviária (Assis) 5×1 CA Ourinhense
12/10- CA Ourinhense 2×2 Noroeste
19/10- Garça EC 1×0 CA Ourinhense
2/11- CA Ourinhense 3×1 AA Ferroviária (Botucatu)
9/11- CA Ourinhense 4×1 Corinthians PP
23/11- CA Ourinhense 1×0 Bauru AC
7/12- São Bento 5×0 CA Ourinhense
21/12- CA Ourinhense 6×2 AA Ferroviária (Assis)
3/1- Noroeste 1×0 CA Ourinhense
11/1- CA Ourinhense 0x3 Garça EC
25/1- AA Ferroviária (Botucatu) 2×1 CA Ourinhense
1/2- Corinthians PP 2×5 CA Ourinhense

Ainda em 1952, o time recebeu o São Paulo em um amistoso perdendo por 4×0 (ainda que todos os gols tenham saído apenas no segundo tempo):

Em 53, o CAO não disputa o profissional, mas faz um amistoso com o Palmeiras, sendo derrotado pelos visitantes por 2×1:

Ainda em 53, incrível vitória contra o Fluminense em um quadrangular que constava ainda com Jacarezinho (venceu o CAO por 2×1) e com o Cambaraense.

O CA Ourinhense permanece nas disputas do amador do interior, e até ensaia um retorno à Terceira Divisão em 1955, mas acaba desistindo e só em disputa em 1961, fazendo uma boa primeira fase (série pecuária):

Já na fase dois, o time da Usina São João falou mais alto…

Em 1962, mais uma boa primeira fase:

A segunda fase foi levada pelos vizinhos de Santa Cruz do Rio Pardo…

Em 1963, mais uma primeira fase terminada na liderança!

Novamente o time da Usina São João levou a segunda fase…

Em 64 e 65 bate na trave e não se classifica para a segunda fase.

Em 1966, volta a se classificar na liderança do seu grupo.

A segunda fase foi, mais uma vez, decepcionante…

Em 1967 desiste do profissionalismo e desde então apenas utiliza seu lindo estádio para as competições amadoras, como essa que estava rolando no momento da nossa visita.

Ali no chão, encontrei uma pequena lembrança do dia-a-dia do clube. Hoje pode ser apenas um pedaço de papel, mas logo se tornará lembrança.

O Estádio está sem grandes cuidados, com exceção ao campo, que tem a grama bem aparada. Essa é o gol da esquerda, tendo ao fundo a linda arquibancada coberta:

Aqui, o meio campo. Vale lembrar que antigamente aquela arquibancada era beeeem vermelhinha e tinha o distintivo do clube pintado no meio dela.

E aqui o gol da direita, olha onde a arquibancada termina. Ali atrás, ficava o clube social, ainda mais para a direita.

Aqui é a lateral de onde eu estava, e dá pra ver um pouco do clube social à frente e à direita:

Aqui o banco de reservas.

A passarela ligava a entrada do clube social a vários salões (olha que linda a inscrição do inesquecível CAO!) e servia de arquibancada local.

Se fora de campo o futuro do CA Ourinhense parece tenebroso, em campo sua camisa segue sendo usada com respeito e orgulho pelo time dos veteranos.

Um detalhe que poderia passar desapercebido… A bandeira de escanteio!

Os tuneis para os vestiários parecem um pouco mais esquecidos…

E no céu, o sol… Na verdade é só o flash do celular porque fiz essa última foto já dentro do carro hehehehe

Seguindo pela idade, o segundo time mais antigo de Ourinhos é o EC Operário (o site História do Futebol produziu os antigos distintivos do time):

Segundo Euclides Rossignoli, no livro Ourinhos, Histórias e Memórias, o campo do Operário ficava entre as Ruas Duque de Caxias e Dr Antonio Prado, em frente o camelódromo.

Interessante que, atualmente, ao lado esquerdo existe um grande campo de futebol.

Antes do estádio atual, o campo do CA Ourinhense ficava bem próximo do campo do Operário. O site contratempo fez uma imagem mostrando os dois rivais nos anos 40:

Essa arquibancada foi inaugurada em 1926, mas caiu durante um vendaval nos anos cinquenta.

O nascimento do EC Operário foi quase uma resposta das camadas menos favorecidas da cidade (a turma que morava pro lado debaixo da linha do trem) ao surgimento do CA Ourinhense, a própria ideia do nome, remete à essa ideia.

E assim, logo começam os derbis, aqui, um noticiado em 1922:

O futebol tinha uma grande força local, na cidade mesmo, por isso os primeiros anos foram marcados por campeonatos locais. Já em 1939, os times da região passam a ser os adversários.

Esta e outras fotos podem ser encontradas no site do Jornal Biz.

Em 1943, faz sua estreia no Campeonato do Interior, no mesmo grupo do CA Ourinhense (que saiu campeão, como vimos antes), e em 1944, sagra-se campeão do grupo (perderia o primeiro mata-mata da Ferroviária de Botucatu).

Aqui, um dos times do início dos anos 40:

A questão de se chamar “Operário” sempre foi colocada como certo ruído entre time e a população de Ourinhos, por isso, em 1944, o time passa a adotar o nome de EC Olímpico e adota um novo escudo:

Assim, como EC Olímpico, disputa o Campeonato do Interior de 1945 (a Farturense ganha o grupo).

Em 1946, vence a “zona” (o grupo) mas perde as finais da região para a Botucatuense, que venceu a zona vizinha. Era tudo uma grande zona kkk

O dérbi daquele ano nem chega a terminar pelo quebra quebra em campo.

Em 1947, mais uma vez o EC Olímpico sagra-se campeão da sua zona:

Assim, vai disputar com os campeões de outras zonas próximas (AA Botucatuense, AA Ferroviária de Assis, A Prudentina de EA e Paulista FC de Álvaro Machado), e quem sai campeão é a AA Botucatuense.

Aqui, o time de 1949, com uma faixa de campeão, mas não encontrei a confirmação de qual campeonato seria:

Em 1950, os gestores do clube decidem retornar ao nome tradicional. Alguns anos depois, em 1954, o time se inscreve no futebol profissional e disputa a Terceira Divisão.

O time volta ao amadorismo por 3 anos e retorna à Terceira divisão em 1958.

Esse foi o time daquele ano.

Depois dessas atuações no profissional, o EC Operário volta ao amadorismo e… Desaparece…
Falemos então do terceiro time da cidade em ordem cronológica: o Esporte Clube Gazeta.

O time foi fundado em 7 de setembro de 1948 como homenagem a equipe de futebol do jornal A Gazeta Esportiva de São Paulo que foi até Ourinhos disputar uma partida amistosa com o E. C. Operário. Tomaz Mazoni (diretor da Gazeta Esportiva) topou colaborar com os uniformes do novo time com a condição de que o nome da equipe fosse “Esporte Clube Gazeta Esportiva” em homenagem ao jornal.

O time é conhecido como “O Líder das Excursões” graças às partidas disputadas fora de casa. Aqui, o time de 56:

Esse é o time de 1958:

Mas com a saída do Clube Atlético Ourinhense, do Esporte Clube Operário e do Esporte Clube União Barra Funda (já vamos falar deles abaixo) do profissionalismo, coube ao EC Gazeta disputar o Campeonato Paulista e em 1979, fez sua estreia na 5a divisão.

O time classifica-se para a fase seguinte, mas acaba eliminado nas quartas de final para a Jalesense.

Com a reorganização do futebol paulista passou a jogar a terceira divisão em 1980, mas não se classifica para a próxima fase:

Não se classifica também em 1981 nem em 82 e se licencia do profissionalismo. Volta apenas em 2000, na 5a divisão (série B2). Em 2001 e 2002, joga a 6a (série B3) com péssimas campanhas, afastando-se definitivamente do futebol profissional.

Por fim, o último time a ser fundado: o Esporte Clube União Barra Funda, fundado em 23 de março de 1972.

O time disputa o amador mas em 1978, disputa a 5a divisão do Campeonato Paulista.

Por fim, menção especial ao novo time da cidade, o Grêmio Esporte Clube de Ourinhos, fundado em 1 de Agosto de 2015.

O time jogou a Taça Paulista de Futebol, tem um perfil sempre atualizado no Insttagram (veja aqui) e tem trabalhado bem as categorias de base.

O Grêmio Esporte Clube de Ourinhos tem mandado alguns de seus jogos no Estádio Municipal Djalma Baía.

O nome é uma homenagem ao jogador nascido na cidade e que acabou indo para Portuguesa, e que faleceu em um acidente de carro, jovem ainda.

Esse já é um estádio mais novo, do início dos anos 90 e que além do Grêmio, tem atendido ao futebol amador da cidade.

Ainda que seja mais acanhado, tem uma ótima estrutura, esse é o gol do lado direito.

A arquibancada deste lado de onde faço as fotos é descoberta mas tem lindas árvores (entre elas uma mangueira) oferecendo boa sombra.

Aqui o lado esquerdo da arquibancada e o gol ao fundo.

E lá no meio campo, está a arquibancada coberta.

Fomos até lá pra também registrar mais este espaço.

Olhando lá da arquibancada coberta, esse é o gol da esquerda:

O meio campo:

E o gol da direita.

Até uma pequena cabine de rádio existe no estádio.

Ufa…. Quanta história, quanto futebol… Espero que o futuro possa desenhar novidades para o futebol de Ourinhos…

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O Estádio Arnaldo Borba de Moraes e o futebol em Ipaussu

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.

Depois de registrar o Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo, o Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju e o Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos, é a vez de contar nossas aventuras por Ipaussu para registrar o Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes.

Sempre ouvi meu irmão, Marcel, falar sobre as “praias de rio” de Ipaussu, como sendo as mais lindas do estado, e estava animado para enfim conhecer a cidade.

A região possui no rio Paranapanema seu maior atrativo, que também deve ter impulsionado a população indígena nos séculos anteriores à chegada dos Portugueses. Ali, até o século XIX, haviam aldeias dos chamados “coroados” (os kaingangs).

O “desaparecimento” dos indígenas se deu com a chegada dos europeus, ocupando as terras e estabelecendo o novo povoado, que daria origem à Ipaussu. E mais uma vez, a chegada da Estrada de Ferro (1908) deu grande apoio para o desenvolvimento local. A foto da estação é do mágico site Estações Ferroviárias.

Para decepção do meu irmão, não foi dessa vez que fomos conhecer a praia, mas acabei dando uma pesquisada pra ver umas imagens. Caso você queira ver mais, acesse o site da prefeitura de Ipaussu e conheça o incrível camping pra passar um tempo lá!

Atualmente, quase 14 mil pessoas vivem em Ipaussu, e embora não exista nenhum time disputando os campeonatos profissionais, a cidade possui um lindo espaço para o futebol: o Estádio Arnaldo Borba de Moraes.

Dando uma olhada em uma visita que o pessoal do Jogos Perdidos fez até Ipaussu, encontrei o antigo (e na minha opinião, muito mais charmoso) pórtico de entrada:

Após conferir essa suntuosa entrada, fomos conferir a parte interna do Estádio.

Assim como vimos no Estádio do Clube Ferroviário de Bernardino de Campos, olha aí os trilhos da extinta estrada de ferro sendo usados para segurar os alambrados:

Aqui, o meio campo (lá ao fundo a estrada que liga a cidade à Raposo Tavares):

O gol da esquerda:

Veja como logo após o gol já existe uma casa, impossibilitando qualquer ampliação daquela área.

E o gol da direita, com uma bela caixa d’água aparecendo lá ao fundo:

A arquibancada coberta é simples, mas dá uma beleza única ao Estádio Arnaldo Borba de Moraes.

Encontrei uma foto da banda da cidade posando na arquibancada em 1956, olha como era diferente:

Ali, ao fundo, no muro dos vestiários, percebe-se a sigla do clube que por anos defendeu (e pelo visto, ainda defende) as cores e o nome da cidade: o Clube Atlético Ipauçuense.

O Clube Atlético Ipauçuense foi fundado em 25 de março de 1938.

O time começou disputando amistosos e campeonatos amadores. A partir de 1944, o CA Ipauçuense passa a disputar o Campeonato do Interior.

Em 1949, o São Paulo FC foi até Ipauçu para um amistoso e venceu por 3×0.

E o CA Ipauçuense seguiu na disputa do Campeonato do Interior daquele ano goleando o CA Ourinhense.

Em 1956, a Gazeta Esportiva trouxe um especial sobre o time e o título da região:

Em 1957, o CA Ipauçuense dá um passo ousado e passa a disputar o futebol profissional e faz uma ótima estreia, terminando a primeira fase em primeiro lugar!

Ainda que não tenha sido campeão, o CA Ipauçuense termina o campeonato de maneira honrosa.

Encontrei algumas fotos supostamente do time que disputou a terceira divisão em 1957:

E essa que registra a “excursão” daquele ano até Monte Aprazível de avião!

Ainda em 57, o Corinthians jogou um amistoso em Ipaussu e perdeu por 7×0:

Em 1958, seu segundo campeonato e mais uma vez classificou-se para a segunda fase:

Porém nesse ano, sua participação na segunda foi bem pior…

O time se licenciou e voltou ao amador. Em 1959, empatou um amistoso com o Olaria do RJ.

Em 1966, uma nova tentativa de disputar o profissional, mas dessa vez sua participação foi muito abaixo do esperado e ali foi o fim do CA Ipauçuense no futebol profissional.

Aqui, uma imagem do time na década de 70:

O time de 1974:

Provavelmente uma criança que seja apaixonada por futebol no ano de 2022 jamais ouviu falar do nome do Clube Atlético Ipauçuense. E talvez não venha a ouvir jamais.
Porém, mesmo que os tempos atuais tentem esquecer o passado, cada foto, cada lembrança e principalmente, enquanto existirem esses estádios espalhados pelas cidades, toda essa história estará de pé.

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O Estádio Municipal Clube Ferroviário e o futebol em Bernardino de Campos

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.

Depois de registrar o Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo e o Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju nossa terceira parada foi em Bernardino de Campos para conhecer o Estádio Municipal Clube Ferroviário !

Bernardino de Campos tornou-se município, legalmente, em 9 de outubro de 1923, mas a história da região também passou pelas diferentes fases com ocupação indígena até a chegada dos portugueses, e depois uma aceleração com a chegada da ferrovia (Foto do site Estações Ferroviárias).

Encontrei esse galpão, achando que foi o que sobrou da estação.

Até o fim do século XIX, o local era um pequeno povoado conhecido como “Douradão”, que depois foi chamado de “Figueira” até finalmente se oficializar como “Bernardino de Campos” em homenagem ao político que presidiu o estado de São Paulo por duas vezes.

Bernardino de Campos tem como base da economia a agricultura e teve início com o café e o algodão, mas com o tempo, grande parte do cultivo foi dedicado a pastagens e canaviais. Atualmente, sua atuação está focada em gado de leite, gado de corte, cana-de-açúcar, milho e soja, além de um pequeno comércio e serviço.

Demos um rolê rápido pela cidade e deu pra sentir que o lugar ainda é bastante tranquilo. Por lá, vivem cerca de 12 mil pessoas.

Estivemos na cidade para conhecer e registrar o atual Estádio Municipal de Bernardino de Campos, que por muitos anos foi conhecido como o Estádio do Esporte Clube Ferroviário.

Fiquei triste de ver a pintura mal cuidada… No passado essa entrada era assim:

O Esporte Clube Ferroviário foi fundado em 16 de agosto de 1947, pelos funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana.

Olha aí a imagem de um goleiro que defendeu o clube no passado.

Como a maioria dos times, o EC Ferroviário começou no futebol amador e nessa fase, seu principal adversário era o outro time da cidade: a Associação Atlética Bernardinense, fundado em 13/08/1925.

Já em 1931, os jornais noticiavam partidas da AA Bernardinense:

A AA Bernardinense disputou o Campeonato Paulista do Interior em 1947:

Aqui, o time juvenil de 1957:

E o principal do mesmo ano:

Em 1956 e 58, rolou o derbi pelo Amador do Estado daquele ano.

E a vitória foi da Associação, mesmo jogando no campo do Ferroviário!

E também no jogo de volta…

O campo da Associação fica na Av da Saudade. O Estádio foi construído no início dos anos 30!

Aqui, uma imagem da torcida do EC Ferroviário no campo da Associação em 1978:

Aqui, uma matéria na Gazeta Esportiva falando sobre um amistoso disputado em Palmital:

Mas, em 1965, desafiando a lógica, o EC Ferroviário fez sua estreia no futebol profissional na 4ª do Campeonato Paulista, terminando a primeira fase de grupos em 8º lugar.

O time manteve no profissional em 1966, novamente com uma campanha muito ruim, terminando na última colocação.

O EC Ferroviário volta às disputas amadoras.

Com a crise na Ferrovia, o clube também passou por problemas e em 1994 a Prefeitura assume a gestão do time e do estádio, mas a sua memória segue por lá, nas paredes…

Vamos dar uma olhada em mais este templo do futebol:

Aparentemente, o time voltou a usar o estádio jogando partidas amadoras.

Suas cores seguem na pintura da arquibancada.

E nos olhos sonhadores da molecada que segue frequentando o campo e jogando bola lá, sonhando em quem sabe ser um jogador, ou simplesmente curtir os seus 90 minutos de craque local.

A pequena arquibancada segue lá, na lateral do campo. Dá pra ver que ela é feita em tijolos, uma construção para durar muito tempo.

O gramado cresce bonito aproveitando os nutrientes da famosa “terra roxa”.

Antes de ir embora, o registro do meio campo, com destaque para um detalhe que eu aprendi a observar com o historiador “seo” Adalberto, aqui de Santo André: perceba o que está sendo usado para segurar o alambrado.

Veja aqui, o gol da direita enquanto eu te respondo o que são esses “falsos” postes: na verdade são pedaços de trilhos, que provavelmente sobraram nos depósitos da época da Ferrovia.

E o gol da esquerda:

Um grande orgulho poder pisar e registrar o Estádio do Clube Ferroviário e de ter conhecido a bela e pacata cidade de Bernardino de Campos.

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O Estádio Gilberto Moraes Lopes e o futebol em Piraju

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.

Depois de registrar o Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo nossa segunda parada foi a cidade de Piraju!

Pirajú

Estivemos em Piraju em 2017 (veja aqui como foi) e deu pra curtir um pouco da cidade, uma estância turística que tem no rio Paranapanema seu maior atrativo. Dá uma olhada na chamada “garganta do diabo“, que lindo visual:

O nome Piraju tem origem tupi guarani e significa peixe (pira) amarelo (ju ou juva), por conta dos dourados encontrados no rio. O território indígena logo recebeu a visita dos europeus buscando terras para o café e em 1859, chega à região, a família que daria origem ao povoado: os Arruda. Somente em 1891, a cidade recebeu o nome de Piraju.

Em 1906, foi inaugurado o ramal ferroviário bancado pelos cafeicultores, o charmoso prédio foi construído por Ramos de Azevedo. Fotos do site Estações Ferroviárias:

A geada de 1975 arrasou o cafezal da cidade fez com que a cidade passasse a diversificar sua produção. Almoçamos por lá e aproveitamos para registrar algumas construções da época de ouro dos cafeicultores:

Em 2017 não conseguimos entrar no Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes

Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes

Pior que nesta visita de 2022, os cadeados no portão pareciam oferecer o mesmo destino…

O Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes foi a casa do Piraju FC, que durante sua existência teve 3 brasões em seu uniforme:

distintivo do piraju

O Piraju Futebol Clube foi fundado em 30 de junho de 1957 e em seu primeiro ano fez 21 jogos:

Vale reforçar que antes do Piraju FC, outros clubes fizeram sucesso na cidade como o A. A Timburiense, o Dom Bosco e o Comercial FC, que chegou a jogar o Campeonato do Interior de 1942 a 45.

Esse era o grupo da 14a região do Campeonato do interior de 1945, no qual o Comercial FC teve sua última participação:

Pra quem gosta de livros sobre futebol, vale ir atrás do livro “Os Anos Dourados do Futebol Pirajuense“:

Em 1958 seguinte, a Gazeta Esportiva noticiava a construção do novo campo do Piraju FC:

Aqui, o time de 1958:

Depois de aprontar no futebol amador, o Piraju FC se profissionalizou e em 1962 estreou na Terceira Divisão. Este ano ainda teve outro grande momento, quando o Piraju FC venceu por 2 a 1 um time misto do São Paulo FC, levando mais de 6 mil pessoas ao estádio!.

piraju fc 1962

Em 1964, foi a vez do Coritiba levar uma sapecada ao disputar um amistoso: 5×1 pro Piraju FC.

Ainda naquele ano o time fez uma excelente primeira fase na Terceira Divisão, terminando o grupo chamado de “3a série” na primeira colocação:

Fez ainda uma excelente campanha na fase final, sagrando-se vice campeão (empatado em número de pontos com o time da Volkswagen):

Esse foi o time daquele ano:

O Piraju FC permaneceu na Terceira Divisão até 1968, quando se licenciou do profissionalismo, mas ainda fez mais uma campanha bacana, em 1966, quando classificou-se em segundo na primeira fase:

Mas na fase final, parece que o time se perdeu…

Depois de passar toda a década de 70, o Piraju FC volta à disputa da Terceira Divisão em 1980, onde permanece até 1982, com três campanhas bastante fracas. Esse é o time de 1981:

Os maus resultados devem ter desanimado a turma de Piraju, pois ficam de fora da edição de 1983, retornando em 1984, terminando em 4º lugar no grupo “Hideraldo Luís Bellini“.

Novamente faz uma péssima segunda fase (dessa vez termina em último lugar) e acaba ficando de fora do campeonato seguinte (em 1985), retornando em 1986 e 1987, com campanhas bastante fracas.
Esse é o time de 1986:

Faz sua última participação no profissional disputando a Quarta Divisão em 1991 (que na verdade era um torneio seletivo para a segunda divisão de 1992) e … o time fez uma excelente primeira fase:

Veio a segunda fase e… Novamente terminou na liderança!

Assim, o Piraju mobiliza a cidade chegando `as semifinais contra o Beira Rio de Presidente Epitácio! Após uma derrota como visitantes (2×1), o time goleia em casa (4×1) e chega a final contra o José Bonifácio.

Infelizmente duas derrotas (1×0 em casa e 4×0 em José Bonifácio) acabaram com o sonho de gritar “É campeão!!“.

A partir daí, o Piraju FC voltou a disputar competições amadoras chegando nos dias de hoje. E lá estamos nós, frente a um incrível estádio, cheio de histórias e novamente trancado…
Já estava quase desistindo quando passou uma molecada que percebeu o que eu queria e me ensinou como a turma local entra no estádio tradicionalmente…
E lá fomos nós!

Ahhhh Finalmente, aí está a tão sonhada arquibancada coberta!

Como vimos na notícia da Gazeta Esportiva, o Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes foi construído em 1958.

O gramado segue bem cuidado e as árvores ao fundo do gol dão aquele visual de estádio do interior.

Aqui, o gol do lado esquerdo:

O meio campo:

E o gol da direita:

Quantas alegrias já foram vividas nessa arquibancada?

Olha aí a estrela do estádio… O gol!

Como sempre gosto de reforçar, a presença, mesmo que em tão pouco tempo, em um estádio como esse mexe com a ideia do passado e do futebol, ao mesmo tempo que questionam como será nossa sociedade do futuro, como o futebol se incluirá nela…

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O Estádio Municipal Tonico Lobeiro, em Óleo-SP

No feriado de 15 de novembro de 2022, tivemos a oportunidade de fazer um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, pudemos registrar 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.

A primeira delas foi um município paulista pouco conhecido, com uma pequena população e de nome curioso: Óleo!

Óleo é um município da Microrregião de Ourinhos, à 300 km da capital paulista.

Em 2023, estivemos lá novamente e atualizamos algumas fotos como esta:

É formado pela sede, pelo distrito de Batista Botelho e pelo povoado de Mandaguari. Essa é a sua prefeitura:

A história da cidade se inicia por volta de 1888, com viajantes que acampavam sob a sombra de uma grande árvore de “Óleo“, dando origem à “pousada do óleo”. Essa é uma árvore daquele tipo:

Com o tempo, a pousada se tornou o povoado do Óleo e, logo foi erguida a igreja matriz:

E logo surgiram as primeiras famílias… (A foto abaixo é da fanpage Amigos de Óleo):

A cidade evoluiu bastante nas últimas décadas, mas manteve algumas construções dos anos 40 e 50.

Algumas pequenas coisas ainda entregam o caráter de pequena cidade do interior, como os bancos espalhados pela cidade…

A cidade se formou graças à agricultura, em especial das plantações de café. Foi de fazendas como a Niágara de onde saíram as primeiras sacas para exportação:

Essas imagens são da sede da cidade, que possui boa estrutura urbana, mas vale lembrar que a cidade de Óleo também é conhecida por suas fazendas, aliás, esse também é um dos motivos de termos parado aí… Afinal minha vó e meu tio nasceram na Fazenda Niágara, por isso, ele esteve aí com meu pai e minha tia agora em 2023:

E nas fazendas surgiram grandes times, como estes dois, da própria Fazenda Niágara:

E falando em futebol, o outro motivo que nos levou até Óleo foi registrar o Estádio Municipal Tonico Lobeiro.

O Estádio parece bastante novo, ou talvez tenha passado por alguma reforma.

E tem uma boa identificação:

Em 2023, voltamos lá e olha que lindo o mural que foi pintado no muro:

Dê uma olhada no entorno do estádio:

A cidade nunca teve um time nas competições profissionais nem tampouco nos Campeonatos do Interior, mas teve diversas equipes defendendo o nome da cidade como o Óleo FC:

Mas outro time fez história na cidade: o Clube Esportivo Oleense, o CEO!

Em 1942, disputou a Taça Cidade de Óleo contra a Associação Atlética Manduri:

Em 1946, a torcida oleense foi arrumar encrencas nas vizinhanças…

Em 1958, o Clube Esportivo Oleense defendeu as cores e o nome da cidade no Campeonato amador do Interior:

Encontrei outras fotos na incrível fanpage “Clube de Amigos de Óleo” (enviadas pelo Nelsinho e pelo Salim), mas sem identificação de qual equipe seria:

Não consegui confirmar se esses times haviam mandado seus jogos no Estádio Municipal… Mas vamos dividir um pouco do seu visual, começando com sua bela arquibancada coberta!

Em 2023 voltamos lá para registrar o campo finalmente estando na parte interna do Estádio, aqui o meio campo:

Gol da direita:

Gol da esquerda:

Um pateta na arquibancada:

Um olhar do outro lado do campo:

Olha o gol!

Arquibancada ao fundo:

Outro fato ligado ao futebol é que ex zagueiro (jogou no meu Ramalhão!) e atual treinador Sérgio Baresi é natural da cidade de Óleo.

Mas voltando ao Estádio Tonico Lobeiro, que tal uma olhada no campo como um todo:

Deixamos a cidade, felizes por ter registrado mais um estádio, e visitado um local que tem a ver com a origem da minha família. A segunda parada foi em Piraju para registrar o Estádio Gilberto Moraes Lopes.

Uma última curiosidade é essa notícia sobre um triste fato que ocorreu em Óleo em uma longínqua e fatídica tarde dos anos 40 e que chocou a região…

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Role pelo oeste – Feriado de 15/11/22

A partir de hoje, começo a dividir os frutos do rolê que fizemos no feriado de 15 de novembro, em comemoração à proclamação da República. Mas antes disso, vale a pena lembrar como foi esse episódio da história brasileira, e nada melhor que o Peninha explicar para você:

Foram 4 dias de viagem, seguindo o seguinte roteiro:

Dia 1
Saímos de Santo André pela manhã e fomos até a cidade de Óleo, registrar o Estadio Municipal Tonico Lobeiro.
Depois, fomos para Pirajú, para finalmente registrar a parte interna do Estadio Municipal Giberto Moraes Lopes (veja aqui nossa última visita quando não conseguimos adentrar)
A próxima parada foi Bernardino de Campos para conhecer o Estádio Clube Ferroviário.
Sem desistir, rumamos a Ipaussu para fotografar o simpático Estádio Arnaldo Borba de Moraes e enfim, chegamos a Ourinhos.
Se quiser repetir o rolê, gastando uns 20 minutos em cada estádio e uma hora para almoçar, são necessárias umas 8 horas de viagem. Veja abaixo no mapa o percurso realizado:

Dia 2
Aproveitamos a manhã para curtir a cidade e registrar o Estádio Municipal Djalma Baia, vulgo “Monstrinho”. Com muita tristeza, fomos também conferir o abandono da parte social do Clube Atlético OurinhenseEstivemos por lá em 2010 e ainda tinha esperança da volta do time ao profissionalismo. Mas o campo segue funcionando e demos sorte de pegar um jogo do senior do CA Ourinhense.
Saímos de Ourinhos e fizemos uma parada em Ribeirão do sul para o registro do Estádio Romeirão.
A próxima parada também foi uma revisita gerada por um comentário no nosso vídeo feito em Palmital em 2010, que dizia que na verdade não havíamos visitado o Estádio Manoel Leão Rego e sim o Estádio Miguel Assad Taraia. Isso me tirou o sono por anos já que eu nunca consegui ter certeza se havíamos errado mesmo. E a visita aos dois estádios comprovou que sim, havíamos visitado o Estádio Manoel Leão Rego.
Saímos de Palmital e aproveitei para rever a minha família que mora em Assis. Assim como meu pai, a turma toda é super ligada ao futebol citadino, seja por terem visto nascer o VOCEM literalmente na frente de casa (minha vó morava frenta à igreja do bairro Operário, onde vivia o Padre Aloísio Bellini, fundador do time), seja por causa da Ferroviária ou do Diesel (forte equipe amadora). Não deu tempo pra ouvir nem parte das histórias que eles têm pra contar, mas valeu o lanche e o reencontro com tias, tio, primos e todos!
Saímos de Assis com planos para tentar registrar melhor o Estádio Municipal Dr. Mário Marcondes dos Reis em Regente Feijó, mas a chuva acabou nos obrigando a mudar de ideia, de qualquer forma, já estivemos lá no passado, confira aqui.
Assim, rumamos direto à Presidente Epitácio, onde passamos a segunda noite na beirinha do rio Paraná. Caso você queira fazer este rolê, parando uns 20 minutos por estádio, vai precisar de umas 6 horas:

Dia 3
Jantamos um hamburguer vegetariano incrível e fomos descansar. Por volta de uma da manhã, fomos acordados por uma tremenda tempestade que prometia acabar com o mundo, mas… na manhã seguinte, tudo estava normal e pudemos aproveitar para registrar, ainda em Presidente Epitácio o Estádio Municipal Pirangueiro e curtir a orla do rio Paraná para pegar umas rochas, já que agora estou estudando Geografia.
Cruzamos os quase 3 km de ponte sobre o rio Paraná e adentramos em Mato Grosso do Sul, pelo distrito do porto XV de Novembro até chegar em Bataguassu, para registrar o Estádio Municipal “João Pereira de Souza”. Voltamos para Presidente Epitácio, onde almoçamos e seguimos viagem para Presidente Venceslau, registrar o Estádio José Francisco Abegão.
Na sequência, passamos por Santo Anastácio (onde nasceu o meu pai), para registrar a casa do FADA FC, o Estádio Municipal José Spaus da Silva.
Seguimos pela estrada até Presidente Bernardes, para registrar o Estádio Municipal Arthur Ramos, a casa da AA Bernardense.
Como iríamos dormir em Presidente Prudente e alguns anos atrás (veja aqui) já registramos os estádio de lá, deu tempo de fazer uma última parada no distrito de Álvares Machado e registrar o Estádio do Paulista.
Pra refazer esse rolê e dedicar 20 minutos para cada estádio, você precisará de umas 5 horas de dedicação.

O último dia foi o mais difícil… Primeiro porque já era hora de despedir da estrada, segundo porque a distância era longa, terceiro porque ainda tínhamos 5 estádios para visitar e quarto porque em sendo volta de feriado, pegaríamos trânsito na chegada a São Paulo. Tentando nos precaver, saímos as 7h30 de Presidente Prudente rumo a Indiana para registrar o atual Estádio Municipal Amadeu Poleto e também o que resta do Estádio Capitão Whitaker, antiga casa do CA Indiana.
A cidade vizinha era Martinópolis, e fomos registrar o Estádio Coronel João Bento Martins.
Próxima parada: o lindo Estádio Municipal João Boim, em João Ramalho.
Na sequência, registramos o Estádio Municipal de Quatá, na cidade vizinha.
Nosso último estádio foi o Estádio Municipal Clemente Alberto de Sousa, em Echaporã e confesso que foi a primeira vez que senti cansaço… A cidade não chegava, o sinal de GPS era ruim e haviam 2 caminhos possíveis, sendo que um eram quase 10km de estrada de terra. Fomos parar para almoçar em Pardinho. Estávamos quase escapando do trânsito mas um acidente em Jandira nos tomou quase 40 minutos a mais… Mas, por fim, chegamos a Santo André! Exaustos, mas plenos! Pra repetir essa parte da viagem, em condições normais, você precisará de 10 horas de dedicação… Aqui, apenas a parte do mapa que mostra os estádios visitados e o caminho até Assis (dali ainda são quase 500 km até chegarmos em casa:

Em breve começam os posts sobre cada estádio.

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O futebol em Itu – Parte 2: o Estádio da Baixada

Em homenagem ao time e à torcida do Ituano FC, pela linda campanha na série B de 2022, o nosso último post foi sobre a história do time, suas antigas denominações (AA Sorocabana e Ferroviário) e o estádio Dr. Novelli Junior.

Mas, além da conhecida casa do Ituano FC, a cidade de Itu possui outro estádio bastante importante para a história do futebol profissional e também do amador: o Estádio Municipal Dr Álvaro de Souza Lima, também conhecido como o Estádio da Baixada.

Assim, aproveitamos a nossa visita à cidade para assistir ao jogo decisivo entre Ituano x Vasco (veja aqui como foi) para visitar e registrar o Estádio Dr. Álvaro de Souza Lima, que acabou municipalizado após sua fase de ouro, quando pertencia à Companhia Ferroviária.

O Estádio da Baixada foi inaugurado em 8 de junho de 1952 e no momento de nossa visita, em 2022 completou 70 anos!.

O Estádio Souza Lima foi construído para ser a casa da Associação Atlética Sorocabana, mas também recebeu jogos de outros times da cidade, como o CA Ituano e o Produtos Cachoeira.

O Estádio foi construído em uma área cedida pela própria companhia ferroviária para uso em comodato pelo time.

Aqui, os bancos de reservas do Estádio da baixada, que fica no Jardim Padre Bento. Nessa parte atrás do banco existe uma grande área e lá embaixo passava a linha do trem.

E essa singela arquibancada coberta no meio do campo? Quantas alegrias devem ter sido vividas pelos torcedores locais, décadas atrás…

Aqui, o gol da direita:

O gol da esquerda:

Um destaque da linda arquibancada coberta:

Ao fundo alguma casas, em um bairro tranquilo da cidade de Itu.

Mais um registro da nossa presença em um palco importante pro futebol paulista.

Vale lembrar que Itu é um dos lugares onde o futebol deu seus primeiros passos no Brasil. Segundo essa matéria do UOL, estudantes do Colégio São Luiz, já batiam uma bola em 1897.

O Livro “Os esquecidos – Arquivos do futebol paulista” cita que em 1921, o SC Maranhão, fundado em 1919, disputou a Zona Sorocabana da Divisão do Interior da Associação Paulista de Sports Athleticos (APSA), terminando na segunda colocação do grupo.

Em 1944, surge um novo time em Itu disputando a 23a região do Campeonato do Interior, o Auto FC.

No ano seguinte, dois novos clubes se juntam ao Auto FC na 23a região do Campeonato do Interior: CR São Pedro e o Esporte Clube Oficina Gazzola.

Em 1947, apenas o EC Oficina Gazolla seguiu na disputa, e em 1949, chegou à final da Zona Ituana contra o EC Primavera. O time mandava seus jogos na Praça de Esportes da Rua Domingos Fernandes.

Mas, no início dos anos 50, o time deixou de existir e em seu lugar surge o Clube Atlético Ituano em 15 de maio de 1953.

Mesmo tendo nascido depois da AA Sorocabana, o CA Ituano foi o primeiro da cidade a disputar o profissionalismo e mandava seus jogos no Estádio da baixada.

Sua estreia ocorreu logo no ano seguinte de sua fundação, em 1954, na primeira edição da Terceira Divisão. Jogando pela Série C, sagrou-se campeão do seu grupo, de forma invicta, classificando para a próxima fase.

Na segunda fase, mais uma ótima campanha com o CA Ituano repetindo a liderança!

Assim, o time disputou a final contra o Velo Clube em 3 jogos: CA Ituano 0x0 Velo Clube, Velo Clube 0x2 CA Ituano e CA Ituano 4×2 Velo Clube e sagrou-se campeão paulista da terceira divisão! Mas… Como tudo era novo, não houve consenso sobre acesso e o time seguiu na terceira divisão no ano seguinte.

E em 1955, mais uma vez o “Marechal de Ferro” liderou a primeira fase, jogando o grupo da Série B.

E veio a segunda fase e… Um empate entre as três equipes fez com que a FPF tivesse que criar um “mini torneio” pra selecionar o campeão.

Assim, por sorteio a Ferroviária de Pindamonhangaba enfrentou novamente o Estrada, chegando à decisão contra o CA Ituano. E o time de Itu bateu a Ferroviária e disputou a grande final contra a Santacruzense.

E o CA Ituano torna-se bicampeão, na melhor de três (Santacruzense 2×0 CA Ituano, CA Ituano 1×0 Santacruzense e CA Ituano 1×0 Santacruzense).

O CA Ituano passa a disputar a divisão de acesso a partir de 1956, mas o alto nível da competição fez com que o time de Itu tivesse campanhas mais tímidas. Ainda assim, em 1957 terminou em 3º no seu grupo.

Em 1958, sagra-se campeão do Torneio Santos Dumont.

Em 1960, mudanças na FPF levam o CA Ituano para a Segunda Divisão (que equivalia ao terceiro nível do futebol) e embora classifique-se para a segunda fase, termina em último no grupo final tanto em 1960 quanto em 1962, mas tanto em 63 quanto 64 faz campanhas fracas, já sob dificuldades financeiras, o que o leva a abandonar as competições profissionais em 1965 e logo fecha suas portas.

Em 1961, surge um novo time na cidade: o Esporte Clube Produtos Cachoeira, formado por trabalhadores da Indústria de Bebidas Cachoeira.

Seu brasão e suas cores eram uma homenagem à seleção brasileira.

O EC Produtos Cachoeira passa 2 anos no amador e em 1963, disputa a Terceira Divisão (que equivalia ao quarto nível).

Vale o registro de um 5×0 que o time mandou na AA Portofelicense, já em janeiro de 1964.

Em 4 de fevereiro de 1970, mais uma novidade: surge o Real Esportivo Ituano, o REI de Itu!

E logo em seu primeiro ano, já disputa o profissionalismo: a segunda divisão profissional (que equivalia ao terceiro nível do futebol paulista) de 1970, mas termina na última colocação da 1a série, com apenas 2 vitórias em 18 jogos. No ano seguinte, mais um campeonato terminado em último, abandonando o profissionalismo.

Em 1976, surge mais uma equipe na cidade: o Estrela EC.

Após 10 anos no futebol amador, vendo que o Ferroviário Atlético Ituano fazia sucesso no profissionalismo, o Estrela EC decide disputar a Terceira Divisão de 1986, mandando seus jogos no estádio da Baixada.

Em 87, uma boa campanha na primeira fase:

E também não decepciona na segunda. Mas o acesso fica com a Sanjoanense.

Talvez a sede pelo rápido crescimento do time tenha atrapalhado e como o acesso não veio, em 1990 o Estrela fecha suas portas em Itu. O time ainda faz uma última tentativa mudando-se primeiro para Porto Feliz, onde joga o campeonato de 1991, classificando-se para a segunda fase.

Jogando em Porto Feliz, o Estrela permanece na Terceira Divisão até 1993. A partir de 1994 joga a Série B-1A (quarto nível), em 96 o time decide não participar mais do profissionalismo. Em 1999, ele retorna, agora na quinta divisão estadual. Em 2000, transfere-se para Vinhedo, onde disputa seu último campeonato e depois se licencia até os dias de hoje (2022).

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O futebol em Itu – Parte 1: o Estádio Novelli Júnior

No dia 6 de novembro de 2022, estivemos em Itú, no Estádio Municipal Doutor Novelli Junior, para acompanhar Ituano x Vasco, valendo o acesso à série A do Campeonato Brasileiro (veja aqui como foi).

Ainda que o acesso tenha sido conquistado pelo Vasco, a torcida do Ituano fez uma festa linda no Estádio Dr Novelli Júnior, o “Majestoso da vila Nova”.

Por isso, esse post é uma homenagem a esse time, seu estádio e principalmente sua apaixonada torcida que a cada dia se torna mais presente no cenário do futebol brasileiro.

Na partida contra o Vasco, o Estádio Novelli Júnior recebeu pouco mais de 14 mil pessoas, sendo que sua capacidade é de 18.560 pessoas. Então, dá pra imaginar quão lotado estava!

O Estádio Novelli Júnior foi inaugurado em 25 de maio de 1947 e reinaugurado em 28 de março de 1954 com a partida Ituano 5×2 Batatais (não encontrei a razão dessa reinauguração).

Já estivemos muitas vezes no Novelli Júnior, mas sempre com uma presença de público mais tímida…

Mas pelo menos, deu pra conhecer bem o estádio…

Pena que não existem mais essas placas que antes eu via por lá… Eram um charme bem bacana!

Aqui dá pra ter ideia das 4 bancadas que formam o estádio, esta, em primeiro plano é onde ficam os torcedores visitantes e fica atrás de um dos gols. Ao lado esquerdo, a parte coberta, atrás do outro gol e no lado direito mais 2 grandes lances completam o estádio.

O Estádio Municipal Dr Novelli Júnior é a casa do Ituano Futebol Clube, mas o futebol profissional de Itu é complexo. Além das diferentes denominações que o Ituano teve no passado, ainda existiram outras equipes disputando o profissional.

Neste posts, vamos relembrar um pouco da história do mais tradicional: o Ituano FC, mas fizemos um segundo post falando sobre os outros times e sobre o Estádio da Baixada, o Estádio Municipal Álvaro de Souza Lima.

Em 2023, o Ituano FC vai disputar a 21ª edição seguida da série A1 do Campeonato Paulista. Depois dos 4 gigantes, é o time há mais tempo na primeira divisão!

A história do Ituano está ligada diretamente à Estrada de Ferro Sorocabana que um dia cortou a cidade. Eu curto muito o site Estações Ferroviárias e lá, encontrei essa foto da estação de Itu (Ytu, na época) em 1900…

Foram os funcionários da ferrovia que fundaram o time em 24 de maio de 1947, sob o nome de Associação Atlética Sorocabana, também chamada de “Expressinho de Aço“.

Depois de 9 anos disputando competições amadoras, a Associação Atlética Sorocabana estreou no profissionalismo em 1956, na Terceira Divisão, com uma campanha tímida.

Vale reforçar que uso como base de pesquisa das campanhas o livro “125 anos de história -A Enciclopédia do Futebol Paulista“.

A Associação Atlética Sorocabana disputou a Terceira divisão até a edição de 1959, com campanhas medianas sem conseguir se classificar para as fases seguintes, mas com destaque para o derbi de 1957 contra o forte Clube Atlético Ituano, bicampeão da terceira divisão em 1954 e 55 (veremos sua história no próximo post) valendo o titulo da Taça Cidade de Itu.

Mesmo perdendo, ficou para a história que o time brigou como um galo, e assim, nasceu o mascote que acompanha o time até os tempos atuais.

Aqui a campanha de 59:

Em 1960, se licencia das disputas até 1963 quando volta à Terceira Divisão (que agora equivalia ao 4º nível do futebol paulista), com uma campanha até bacana.

Mais uma vez o time não disputa os campeonatos profissionais e em 1966, com a estatização da Ferrovia, acaba mudando seu nome para Ferroviário Atlético Ituano, carinhosamente chamado de FAI. O incrível site Escudos Gino, traz os escudos utilizados pelo time:

Em 1966, o Ferroviário Atlético Ituano fez sua estreia na Terceira Divisão (o quarto nível do futebol profissional), mas já no ano seguinte afasta-se das competições da Federação Paulista e somente em 1978, volta ao profissionalismo, agora no quinto nível.

Nesse campeonato, abandonou as cores de origem (azul, vermelho e branco) assumindo-se rubro-negro, como o Clube Atlético Ituano, que havia encerrado suas atividades. Esse era seu distintivo:

Se em 1978 a campanha foi fraca, em 1979, o time classifica-se para a segunda fase como líder do grupo D.

Na segunda fase, apenas os dois primeiros se classificavam e o Ferroviário Ituano acabou parando por aí.

Em 1982, a FPF remodelou os níveis do campeonato estadual e o Ferroviário Atlético Ituano passa a jogar a Segunda Divisão. Em 1984, volta a classificar-se para a segunda fase.

Na segunda fase, o Paulista ficou com a vaga do grupo para as finais.

O Ferroviário era agora o orgulho da cidade!!

A mesma coisa ocorreu em 1986:

A vaga nas finais ficou com o tradicional Cachorrão do ABC:

Em 1987, o mesmo desempenho: classificação na primeira fase…

E eliminação na segunda fase:

O Blog Zé Duarte traz uma foto desse time (olha o Biro-biro que jogou no Bragantino e no Santo André):

Adivinha como foi 1988? Classificação da primeira fase:

E a segunda fase…

Chega o campeonato de 1989 e tudo parece igual… O Ferroviário Atlético Ituano classifica-se na liderança da primeira fase:

Mas, temos algo de novo… Na segunda fase, uma ótima campanha classifica o Galo Ituano para as semifinais!!

No jogo de ida, em Franca, o time de Itu venceu por 1×0, frente a 21 mil torcedores. E no jogo da volta, mais de 10 mil torcedores viram o Galo golear por 5×1. E olha que preciosidade o vídeo com o primeiro tempo de jogo (reparem que ainda não havia a arquibancada atrás do gol de entrada:

Aí, o time campeão de 89:

A final acabou sendo contra a Ponte Preta. Primeiro jogo vencido pela macaca por 3×1 e o segundo em casa: 2×0 pro Ferroviário, dando o título ao time de Itu.

Encontrei osite do professor Teixeira, onde ele apresenta algumas relíquias daquele campeonato:

Assim, em 1990 o time estreou na primeira divisão, substituindo o nome do time por Ituano FC, desconectando seu passado ferroviário até porque a própria ferrovia havia sido retirada da cidade, nascia ali o Ituano, que domingo passado jogou contra o Vasco!

A primeira divisão paulista é uma campeonato extremamente forte mas mesmo assim, logo no ano de estreia o Ituano se classifica em 4º lugar no Grupo II (aquele grupo sem os 4 grandes) e termina a segunda fase em 5º no grupo com Corinthians e Santos.

A partir de 1991, as campanhas foram piorando, até que em 1994, o Ituano voltou à segunda divisão (agora série A2).

Em sua volta à série A2, fez uma campanha ruim em 1995, quase caindo para a série A3, mas em 1996, termina a 1a fase em 3º e a segunda fase em 2º, o que faz com que termine em 1º lugar na classificação geral.

Chega então 97… Eu tinha 20 anos e acompanhei cada rodada da série A2 com grande entusiasmo, pois foi um baita ano pro Santo André. No grupo 1, classificaram-se Santo André e Ituano. No grupo 2, a Matonense (com grande apoio do falecido Luciano do Vale) e p Novorizontino.

A última rodada do quadrangular final, começou com a Matonense (com Ferreira, o rei do acesso, como técnico) com 10 pontos, o Ituano com 7, e Santo André e Novorizontino com 5. O Santo André saiu perdendo em casa, mas empatou levando o drama até o fim do jogo, mas o resultado acabou dando o acesso ao time de Itu, que empatou com a Matonense.

O acesso reacendeu a chama do time de Itu! E em 98, a primeira fase do Campeonato Paulista não envolvia os 4 grandes e o Ituano liderou a primeira fase.

E acabou eliminado na segunda fase.

Em 1999, o time do Ituano não se encaixou e acabou rebaixado à Série A-2. A volta para a série A1 se daria apenas em 2002, quando uma mudança no futebol paulista (os 4 grandes não disputaram o Paulista, para jogar o Rio-SP e o “super paulistão”), levou os 5 primeiros times da A2 de 2001 para a A1.

O Ituano não quis nem saber e papou seu primeiro Campeonato Paulista!! Vale citar que o Ituano ainda chegou na final do Super Campeonato Paulista perdendo a final para o São Paulo.

No ano seguinte, ainda que o Galo de Itu tenha feito uma campanha fraca no Paulista, sagrou-se campeão brasileiro da série C.

Esse foi mais um campeonato que eu acompanhei bem de perto, já que o Santo André também conquistou o acesso, em um quadrangular final emocionante ao lado do Campinense e do Botafogo da Paraíba e do próprio Ituano.

Entre 2004 e 2013, o Ituano se firmou na série A1, com campanhas regulares, mas mediana. Em 2007, acabou rebaixado do Campeonato Brasileiro da Série B.

Mas em 2014, mais uma estrela para seu brasão, o Ituano torna-se bicampeão paulista!

Em 2019, conseguiu chegar às quartas de final mas acabou derrotado pelo São Paulo.

Em 2021, conquista novamente o acesso à série B do brasileiro.

Em 2022, mais uma vez chega às quartas de final sendo derrotado em jogo único pelo Palmeiras (2×0). Além disso, fez história chegando muito perto do acesso à série A do brasileiro, na partida que estivemos presentes contra o Vasco.

Antes de nos despedirmos, não dá pra falar da torcida do Ituano sem lembrar da Galoucura:

Além da Galoucura, o Movimento Ferroviários 89 criado em 2018, visa resgatar a alegria sentida pelos torcedores nos gloriosos tempos do FAI.

Mas é importante reforçar que além dos grupos organizados existe muita gente que apoia o time e que mantém a identidade da cidade por meio do seu time de futebol.

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

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