No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu-MS.
Veja os posts já feitos sobre as 6 primeiras cidades dessa viagem:
1) Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo
2) Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju
3) Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos
4) Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes, em Ipaussu
5) Estádio do Clube Atlético Ourinhense e o Estádio Djalma Baia, em Ourinhos
6) Estádio Romeirão, em Ribeirão do Sul
Agora é a vez de dividir a nossa passagem por Palmital, mas vale lembrar que já estivemos lá em 2010. Veja aqui como foi!
Vamos conhecer um pouco da cidade !
Durante muito tempo, a região do Paranapanema foi ocupada por indígenas Coroados, Cayuás, Xavantes e Kaingangues.
Vi uma publicação que descreve a descida do rio do Peixe, de onde tirei a imagem do xavante abaixo, leia mais clicando aqui.
No século XVII, chegam os bandeirantes para escravizar indígenas e só 2 séculos depois, começa a se estabelecer um povoado, pra isso, muito sangue indígena foi derramado.
Surgem cidades como Santa Cruz do Rio Pardo (1876) e Piraju (1880), com foco na plantação de café e cana de açúcar, no início do século XX, a chegada da Estrada de Ferro Sorocabana ajudou a criar uma segunda onda de cidades como Ipauçu (1915), Assis (1917) e Palmital (1919).
Em 18 de dezembro de 1919, Palmital foi elevado à categoria de Município.
Nesses 101 anos, muita coisa mudou, mas ainda existe tempo pra um joguinho de dominó na praça da cidade…
A cidade ainda tem no agronegócio seu maior motor econômico, mas aos poucos se vê obrigada a investir na diversificação de serviços para seguir oferecendo possibilidades de emprego à sua população.
Hoje, Palmital tem várias possibilidades de lazer na região, mas por muito tempo, o xodó da cidade foi o futebol, e esse amor ganhou cara em 19 de dezembro de 1929, com a fundação do Operário Futebol Clube:
O Operário Futebol Clube incluiu a cidade nas competições que já incendiavam a região naquela época.
Em 1930, a diretoria comprou o terreno onde seria construído o Estádio Manoel Leão Rego.
A partir de 1942, o Operário FC passou a disputar o Campeonato do Interior, e disputou ainda em 44, 45 e 46.
O time de 1946 que jogou em Paraguaçu Paulista, contra o ABC:
Também disputou em 1949 e 50, mas em 1954, a cidade mal pode acreditar na notícia…
O Operário FC se inscreveu para a disputa da Terceira Divisão!!!
Ainda que não tenha sido uma campanha exemplar, valeu pela experiência de estrear no profissional.
O time acabou não disputando as edições seguintes, mas nesse período sagrou-se campeão amador regional em 1957 e 1959 e voltou à Terceira Divisão em 1958, com uma campanha próxima da realizada em 54.
A Gazeta Esportiva apresentou o time daquele ano:
Novamente o Operário FC se licencia do profissionalismo e passa a disputar os campeonatos amadores.
As partidas se transformam em uma verdadeira mobilização da cidade: a turma se reunia na sede social e caminhava até o estádio, sendo que os próprios jogadores tomavam parte da brincadeira, uniformizados em meio aos torcedores.
Em 1960, o primeiro portal de entrada do estádio foi inaugurado, na gestão de Miguel Assad Taraia (que daria nome ao futuro estádio).
Ainda no início dos anos 60, o estádio foi batizado de Manoel Leão Rego, prefeito daquela época, que dizem haver perdoado uma dívida do clube com ele, referente a um empréstimo para a construção da sede social. Vamos dar uma olhada na fachada nos dias de hoje:
É sempre bom poder estar em um lugar com tanta história e se conectar com isso diretamente.
Em uma das laterais, uma arquibancada descoberta.
Será que no passado ela foi maior?
Aparentemente o gramado está muito bem cuidado.
Aqui pode se ver as duas arquibancadas:
Voltando aos anos 60, o Operário FC volta ao profissionalismo em 1964 para a disputa da 4ª divisão do Campeonato Paulista e terminou a primeira fase como líder do seu grupo:
Na segunda fase terminou em terceiro no seu grupo e acabou eliminado das finais (o EC São José fez a final com a Associação Bancária de Esportes de Fernandópolis e foi campeão).
Novamente o disputa a Quarta Divisão em 1965 e mais uma boa primeira fase:
Na fase final, o Operário FC acabou perdendo a vaga na final por um pontinho…
Chegamos em 1966 e mais uma participação na Quarta Divisão (que era chamada de “Terceira Divisão, já que a primeira era a “Especial”).
Na segunda fase, apenas uma derrota!
Vem a fase final e… O Operário FC acaba sendo vice-campeão da quarta divisão.
Em 9 de maio de 1967, a diretoria decide mudar o nome do clube para Palmital Atlético Clube, homenageando a cidade e assim buscando maior identificação com a população, sendo carinhosamente chamado de “Galo do Planalto” e “PAC“.
Com o vice campeonato do ano anterior, e com seu novo nome, o Palmital AC disputa a Terceira Divisão em 1967, terminando a primeira fase em 4º lugar, sem se classificar para a fase final.
Em 1968, nova campanha ruim na primeira fase, mas há de se considerar que o time agora jogava uma divisão acima daquela que costumava jogar.
Começa o campeonato de 1969 e o Palmital AC simplesmente desiste da competição e se licencia do futebol profissional.
Durante quase 10 anos o time se ausenta e só retorna na Quinta Divisão de 1978, quando faz uma campanha terrível…
Disputa ainda a Quinta Divisão de 1979, com o time abaixo:
Mais uma campanha fraca:
Em 1980, a Federação resolve diminuir o número de divisões e com isso o Palmital FC volta à Terceira e mais uma campanha fraca…
Mais uma vez o time se licencia e só retorna em 1985 na terceira divisão, e faz uma campanha intermediária, assim como em 1986. Mas em 1987, sagra-se campeão do seu grupo na primeira fase…
E na fase final, chegamos a dois grupos, onde a Esportiva Sanjoanense venceu um (e acabou sendo considerada campeã da Terceira Divisão) e o Palmital AC venceu o outro.
Esse foi o time de 1987:
Porém, com a reformulação do Campeonato Paulista, o Palmital AC não recebe o acesso à segundona (nem a campeã Sanjoanense) e segue na terceira em 1988, se ausentando do profissionalismo em 1989.
Volta à Terceira Divisão em 1991, mas seu Estádio Mário Leão Rego encontra-se em condições ruins e para apoiar, o município reforma o Estádio Miguel Assad Taraia.
E lá fomos nós conhecer o segundo estádio do PAC!
Dá uma olhada como os dois estádios até que são próximos (o Miguel Taraia é o do canto esquerdo superior e o Mário Leão o da direita inferior) :
O Estádio Miguel Assad Taraia fica no final da cidade, já próximo à sua área rural, mas é sem dúvida um lindo estádio.
Olha que linda a parte coberta da arquibancada:
Os bancos de reserva compõe um lindo cenário a frente da arquibancada.
Vamos dar um role pelo estádio:
Pra quem olha da arquibancada, esse é o gol da esquerda:
Esse é o meio campo:
E aqui o gol da direita, nessa foto fica mais fácil ver que existe um lance grande de arquibancada que acompanha o campo:
Junto da outra arquibancada existe um painel homenageando o time.
Aliás, os painéis espalhados pelo Estádio Miguel Assad Taraia dão um caráter informativo e único ao local.
É sem dúvida o estádio que receberia os jogos de um time que fosse disputar o profissional, hoje.
E ali ao fundo existe o ginásio municipal, tornando o lugar o pólo esportivo da cidade.
Mas, voltemos no tempo à nossa história, quando em 1991 o PAC não passou da primeira fase, assim como em 92 e 93. Somando os maus resultados a uma nova mudança na configuração do Campeonato Paulista e temos o Palmital AC na Sexta Divisão (a série B2).
Pra piorar, o time abandona o campeonato pouco antes do seu início.
O retorno se dá em 97, na Quinta Divisão, em uma campanha decepcionante que selou a participação do time e da cidade no futebol profissional, pelo menos até hoje (2022).
Pra piorar, em 2004, um incêndio destruiu a sede social, que acabou desapropriada pela Prefeitura em 2012. O prédio foi demolido dando lugar à Farmácia Municipal em 2014.
Tanto o Estádio Manoel Leão Rego quanto o Estádio Miguel Assad Taraia seguem em ordem para competições amadoras.
Será que um dia Palmital voltará ao profissional?