A 151ª camisas de futebol do blog representa novamente a força do interior de São Paulo e foi presente do amigo Daniel, que trabalha na Heinz Brasil. O time defende as cores e a cultura da cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, que já tivemos o prazer de visitar e que tem, uma história futebolística muito interessante, remetendo ao início do século XX (maiores informações, podem ser encontradas no excelente site: www.satoprado.com.br).
O time em questão é a Associação Esportiva Santacruzense, fundado em 1935, por funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana. Sim, mais um time que tem seu coração ligado aos trilhos dos trens que cortam o estado de São Paulo.
Graças a este início “ferroviário”, o time tem o apelido de “Locomotiva“, e seu mascote também nasce dessa história.
De 1935 até o início dos anos 50, o time se concentrou na disputa de campeonatos amadores. Aqui, uma foto de 1936:
Esse é o time de 1948, em frente à “Maria Fumaça” da época:
Em 1954, fez sua estreia no profissionalismo, disputando o Campeonato Paulista da Terceira Divisão, e já em 1956, chegou ao vicecampeonato, com o time abaixo:
O time passou alguns anos afastado do profissionalismo, e só retornou, em 1962, na Segunda Divisão (equivalente à atual A3), onde sagrou-se campeão, com o time abaixo.
Com essa conquista, passou a disputar, a segunda divisão. Encontrei essa foto de um jogo contra a Ferroviária, em 1963:
Ficou na segunda divisão até 1967, quando novamente ficou longe dos gramados. Isso seria uma constante na vida do time. Esse é o elenco de 1964:
Em 1969, voltou para disputar a Segunda Divisão, mas novamente parou suas atividades, retornando apenas em 1979, na Quinta Divisão estadual. A década de 80 foi marcada por novas paralisações. Mas montou times que marcaram a cidade!
Em 86, 88 e 89 disputou o Campeonato Paulista da Terceira Divisão. Em 1991, voltou a disputar as competições oficiais e em 1994 chegou à série A2. Mas novamente se licenciou até 2004, quando voltou para a disputa da então chamada série B2. Em 2010, conseguiu o acesso à série A3.
Em 2013, tive a oportunidade de assistir ao jogo da Esportiva Santacruzense, contra o Santo André, algumas fotos podem ser vistas no link: FOTOS.
O time manda seus jogos no Estádio Leônidas Camarinha. Estivemos lá e uma das coisas mais legais, é sua entrada estreita, tão comum nos campos do interior antigamente.
A capacidade do Estádio é de mais de 10.000 torcedores.
O estádio foi inaugurado em 1950, com o nome de Estádio Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo.
O jogo inaugural foi entre o Santos e a Santacruzense. O placar é daqueles bem tradicionais…
Um pacato e tranquilo fim de semana em julho de 2010, me deu a chance de pegar a estrada e (re)visitar o lado oeste do estado e escrever um pouco sobre o futebol em algumas cidades da região.
Começamos pela cidade de Santa Cruz do Rio Pardo.
A cidade conta com um time bastante tradicional, a Esportiva Santacruzense, que vem bem na série B do Campeonato Paulista.
Com a ajuda do nosso GPS, chegamos rapidamente ao Estádio Leônidas Camarinha, com sua entrada estreita, tão comum nos campos do interior antigamente.
A capacidade do Estádio é de mais de 10.000 torcedores.
Até conseguimos falar com algumas pessoas ligadas ao time, na busca por uma camisa, mas voltamos de mãos vazias, ao menos pudemos adentrar ao campo…
O estádio foi inaugurado em 1950, com o nome de Estádio Municipal de Santa Cruz o Rio Pardo.
O jogo inaugural foi entre o Santos e a Santacruzense. O placar é daqueles manuais, bem tradicionais…
Após entrar no campo e pisar na grama local, era hora de seguir viagem, afinal, não tínhamos muito tempo, para tantos planos.
Nossa próxima parada era a cidade de Ourinhos, para a visita do CAO (Clube Atlético Ourinhense).
O CA Ourinhense foi fundado em 5 de junho de 1919 e disputou uma edição da série A2, em 1952 e seis da série A3, de 1961 a 1966.
O Estádio fica dentro do próprio clube, bem próximo da Raposo Tavares e da linha do trem.
Aqui, a entrada do clube social que abriga o estádio:
O distintivo do CAO é daqueles antigos, que trazem consigo tradição e história.
O campo mantém também a essência de uma época áurea que infelizmente não deve voltar.
Eu e a Mari fizemos questão de marcar nossa presença em mais um estádio antológico do futebol paulista.
Ao fundo, um primeiro prédio mostra o que pode ser o futuro da cidade: a verticalização.
Por ficar numa área abaixo da cidade, o Estádio ficou conhecido como “Estádio da baixada“.
Ourinhos já teve outros times jogando o profissional, como o EC Gazeta:
O Esporte Clube Gazeta foi fundado em 7 de setembro de 1948, com o fim do CA Ourinhense. O Gazeta ficou conhecido como “O Líder das Excursões” e levou a cidade de volta ao futebol profissional ao disputar a 5a divisão de 1979 e depois a série A3 de 1980 a 82. O time voltou a jogar o profissionalismo a partir de 2000, quando jogou a série B2 em 2000, caindo pra B3 onde jogou até 2002. Aqui, o time de 2001, foto do Site “O curioso do futebol“:
Outro time que disputou o profissional foi o Esporte Clube Operário.
O EC Operário foi fundado em 16 de junho de 1920 e disputou 2 edições da série A3, em 1954 e 1958. Esse foi o time de 1949:
O quarto clube a disputar o profissionalismo pela cidade foi o EC União Barra Funda.
O Esporte Clube União Barra Funda foi fundado em 23 de Março de 1972 e entrou pra história ao disputar o Campeonato Paulista da Quinta Divisão de 1978, com o time abaixo:
Veja maiores informações sobre o futebol em Ourinhos clicando neste link.
Saindo de Ourinhos, nossa parada agora era Palmital, cidade do extinto Palmital Atlético Clube.
O Estádio visitado foi o Manoel Leão Rego, onde o Palmital Atlético Clube mandou a maior parte de de seus jogos.
O Pamital Atlético Clube nasceu em substituição do Operário Futebol Clube:
Mas o grande sonho viria a ser realizado a partir de 1964 com a disputa do Campeonato Paulista Profissional, jogando a quarta divisão (na época chamada de “Terceira Divisão), quando sagrou-se campeão de seu grupo, com o time abaixo:
Em 1966, o time foi vice campeão da quarta divisão, conquistando o acesso à divisão equivalente à atual A3 do Campeonato Paulista.
E para conquistar maior empatia com o torcedor local, decidiu-se mudar o nome do time para Palmital Futebol Clube, mantendo as cores do Operário FC.
O Palmital FC mandou seus jogos no “Estádio dos Eucaliptos“, que viria a mudar de nome para Estádio “Manoel Leão Rego”, e depois no Estádio Municipal Miguel Assad Taraia . Fomos até o Estádio “Manoel Leão Rego” registrá-lo!
O Palmital FC disputaria diversas edições do Campeonato Paulista entre a terceira e quinta divisão, com destaque para a incrível conquista da série A3 de 1987.
E pensar que esse campo viu toda essa história acontecer!
Imagino as arquibancadas lotadas a empurrar o time!
Atualmente, o Estádio “Manoel Leão Rego” tem atendido ao futebol amador local.
Vamos dar uma olhada:
Ao fundo, pode se ver que a cidade está cada vez mais perto.
As arquibancadas já tem o telhado deteriorado… Para mim, estes estádios deveriam ser tombados como patrimônio histórico da cidade…
Em 1991 o Palmital AC voltou a disputar a série A3, jogando até 93. Depois, em 97, jogou a quinta divisão do Campeonato Paulista (chamada na época de série B1-B), fazendo uma campanha bastante irregular e marcando, ao menos temporariamente o fim do futebol profissional do Palmital FC, e seu o belo estádio só é usado nas partidas amadoras. Bom, mas já era hora de ir embora… A estrada chama por nós!
Deixamos a cidade e rumamos à Assis, nossa base nessa viagem, já que minha família por parte de pai mora lá. A cidade acabara de fazer aniversário e haviam várias festas em comemoração, por isso o palco ali atrás.
Aliás, nosso guia na cidade foi meu tio Zé, o “Alemão” que não apenas torce como já jogou por quase todos os times da cidade. Abaixo meu pai, o tio Zé, eu e a Mari.
O supermercado Amigão possui uma série de fotos históricas nos caixas, e dentre delas, uma da Ferroviária, com o Alemão (o 4º agachado da esquerda para direita):
Assis ainda mantém várias casas feitas em madeira, o que dá um ar muito diferente à cidade, principalmente para quem está acostumado a realidade cinza das grandes cidades (a maioria dessas casas foi construída em sistema de cooperação pelos funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana).
Mas, falando de futebol, nosso primeira estádio na cidade foi o Estádio Dr. Adhemar de Barros, onde a Vermelhinha da Rua Brasil (apelido da Ferroviária) mandava seus jogos.
A arquibancada vermelha sobrevive, como as histórias do time que ali jogou e que até hoje são contadas pela região. Muitas dessas histórias meu pai conta até hoje na época em que ele e meu avô (funcionário da Ferrovia) acompanhavam a vermelhinha!
Mais uma vez, eu e a Mari registramos nossa passagem por um estádio clássico!
E uma foto com meu pai, que também jogou e torceu bastante pelos times de Assis. Ele e meu avô eram presença fiel no estádio, para ver a Ferroviária.
Sem dúvida um belo estádio…
As arquibancadas começam a sofrer com a ação do tempo, assim como a iluminação do campo que foi levada embora.
Ainda assim, os detalhes do estádio e das bancadas são únicos!
Por coincidência, ao irmos embora, encontrei o atual gestor do time do VOCEM (na verdade, uma academia que disputa campeonatos infantis). Olha que linda camisa…
Ele não conseguiu me arruma nenhuma, mas felizmente o craque Bolão (outro que jogou em diversos times da região) conseguiu uma para mim:
Ainda conseguimos bater umas fotos do time sub-15 do VOCEM disputando a final do municipal.
Um sentimento bastante nostálgico ao ver as arquibancadas repletas de torcedores do VOCEM!
Nossa próxima visita foi no campo do DERAC de Assis, o Estádio Aristeu Rocha de Carvalho.
O DERAC teve um grandes times e marcou época no futebol amador da cidade! A foto abaixo também está no Supermercado Amigão.
O campo segue em boas condições de uso, e o distintivo materializado é de fazer inveja a vários grandes times…
O Estádio do DERAC chama-se Aristeu de Carvalho, e fica próximo da fábrica da Malta, cervejaria que por anos patrocinou o Assisense.
O dia estava bonito e decidimos ir para Cândido Mota, cidade vizinha, conhecer e fotografar o Estádio Municipal Benedito Pires.
Era aí que o CAC (Clube Atlético Candidomotense) mandava seus jogos..
Tudo isso com o tio Zé contando histórias sobre o futebol da região nos anos 60, 70 e 80.
Mais um estádio que sofre com a “modernização” do futebol, que a cada dia mata mais os pequenos clubes do interior. Olha como era um jogo no campo em 1987:
Só pra lembrar, o CAC foi fundado em 10 de Junho de 1957, sendo o primeiro time da cidade a disputar uma competição oficial da Federação Paulista, em 1963. Depois dessa, o time ainda disputou mais 11 campeonatos.
Outro time da cidade que disputou o profissional foi a União Atlética Ferroviaria Candidomotense fundada em 15 de novembro de 1949 por operários da Estrada de Ferro Sorocabana. O distintivo do time é bem curioso (e por isso o time era chamado de canarinho), encontrei esse no site História do Futebol:
Time de 1961:
Aqui, o time de 1962:
Mas também existe esse outro distintivo:
Por dois anos -1964 e 1965- o CAC e a Ferroviária se enfrentaram até as duas equipes desistirem do profissionalismo.
Em 1980, o CAC ainda viria disputar a Terceira Divisão, subindo para a segunda divisão até 1988, quando retorna à Terceira Divisão e em 1989, desativa seu departamento profissional.
Ou seja, falamos de um estádio com muita história.
Quer dar uma olhada no estádio? Veja:
E eu e a Mari oficializamos a presença em mais um campo!
O que é mais legal nos campos do interior é a quantidade de árvores em volta. Mais parecem parques!
Voltamos para Assis e já era tarde. Após comer na 10ª Festa do Milho, fomos dormir. No dia seguinte, logo de manhã fomos à Paraguaçu Paulista, reencontrar o tradicionalíssimo Estádio Municipal Carlos Affini, campo do Paraguaçuense. (Disntintivos do site Escudos Gino)
Aqui, para quem como nós é torcedor do Santo André é um lugar pra se guardar na memória, graças aos confrontos emocionantes entre Parguaçuense e o Ramalhão.
O Paraguaçuense subiu de divisões rapidamente, mesmo tendo, segundo os torcedores, a administração da Federação da época (Farah) como adversário maior.
A Federação tentou proibir o acesso à série A2 devido às arquibanadas não comportarem 15 mil lugares, como manda a regra. O resultado? Uma campanha entre torcedores da cidade e da região construiu o que foi preciso num tempo recorde!
A cidade na época não tinha sequer 40 mil habitantes e um estádio onde cabiam 15 mil pessoas!
Quer conhecer mais? Veja nosso tradicional vídeo!
E que fique eternizado nosso respeito a história de um time que fez tremer grandes potências do interior!
Torço para que um dia esse estádio volte a receber clássicos contra as equipes da região!
Uma última olhada do lado oposto, enquanto nos preparamos para ire embora para a última parte de nosso rolê boleiro…
Saímos de Paraguaçú Paulista e voltamos à Assis a tempo de assistir o jogo entre o Assisense e Ilha Solteira, no Estádio Antonio Viana da Silva, o Tonicão.
Já escrevi sobre a camisa do Assisense, mas esta é a primeira partida do time, que vejo pessoalmente e por isso nem me importei com o preço do ingresso.
O Estádio fica perto do parque Buracão (nome dado devido à erosão típica do local, que gerou um buraco que engoliu de casas à arvores antes de ser transformado em parque), e pode se dizer que o Estádio também é um buracão, já que você entra pela parte alta e o campo fica lá embaixo.
Tudo estava perfeito! Dois times que nunca vi jogar, um estádio incrível…
Mas aí, veio a notícia que abalaria os 10 torcedores presentes…
Nem toda beleza e grandiosidade do Estádio foram suficientes para convencer o time adversário a sair de Ilha Solteira e vir pra Assis…
Estávamos presenciando um W.O….
Demorei pra acreditar, mas… Infelizmente meu passeio durou pouco mais de meia hora, tempo suficiente pra se dar o jogo como encerrado…
Desci até o campo para tirar umas fotos de ângulos diferentes…
Se não teria jogo, ao menos fotografar os jogadores do Assisense em campo…
Os próprios atletas ficaram surpresos (embora esse fosse o segundo W.O. seguido do time do Ilha Solteira).
Aproveitei que estava lá embaixo e fotografei um dos jogadores de perto pra mostrar a nova camisa, num tom azul mais claro.
Também aproveitei e tirei uma foto com um dos diretores do time, o Vilela:
Uma última olhada no estádio, antes de irmos embora. Acabei não ficando tão triste em perder o jogo, já que pelo menos pude visitar vários estádios e cidades.
Ufa… Sei que o post foi longo, mas achei melhor publicar tudo de uma vez, do que ficar dividindo em várias partes, que parecem nunca ter fim.
O que ficou para nós após tantos estádios, é o mesmo que temos repetido no blog e nas ruas…