Feriado de 15 de novembro de 2024. Além de visitarmos a cidade e o Estádio de Campo Limpo Paulista, também fomos conhecer Várzea Paulista, uma cidade jovem, nascida no século XIX graças à Ferrovia Santos Jundiaí. A estação local foi inaugurada em 1891 e como a estrada passava por uma várzea campesina, surgiu o nome do povoado…
Mas, muito antes, estas terras eram ocupadas possivelmente pelo povo Tupi Guarani e seus parentes (Tupiniquim, M’byá entre outros). Foi a chegada dos portugueses que mudou drasticamente esta realidade.
A ocupação começou com pequenas olarias, cerâmicas, destilarias até chegarmos no café, que impulsionou o desenvolvimento da região, infelizmente bastante baseado no uso de mão de obra escravizada. (A foto abaixo apenas ilustra o triste fato, com uma plantaçào de café do Rio de Janeiro)
Em 21 de março de 1965, mobilizações populares fizeram com que o distrito fosse elevado a município de Várzea Paulista, onde vivem atualmente, quase 110 mil pessoas.
No momento de desenvolvimento industrial da cidade, em 1952 foi fundada a Promeca S/A, Progresso Mecânico do Brasil, que produzia tornos mecânicos de alta qualidade, como mostra a Matéria do Correio Paulistano daquele ano:
Uma imagem de um torno da Promeca:
E é dos funcionários da empresa que nasceu o bairro da Promeca, com o primeiro conjunto habitacional de Várzea e um time de futebol: a Associação Esportiva Promeca!
A AE Promeca foi fundada em 21 de abril de 1955, quando Várzea Paulista ainda era um distrito de Jundiaí, por isso, a dúvida sobre a cidade de origem do time. Pra piorar, o time mandou seus jogos mais importantes no Campo do Nacional de Jundiaí, um pouco distante da Vila Promeca, em Várzea Paulista.
Aqui, um registro de um amistoso de 1957, contra o CA Legionário de Bragança Paulista:
Ainda naquele ano, a AE Promeca sagrou-se campeã da Taça Cidade de Jundiaí.
Em 1958, disputou o Campeonato do Interior sempre mandando seus jogos no Estádio do Nacional:
Dá até pra conhecer a escalação da AE Promeca daquele ano:
Encontrei uma nota sobre um amistoso contra um time misto do Santos, em 1961:
Em 1962, fez sua estreia no profissionalismo disputando o Campeonato da 3ª Divisão (o 4º nível do futebol Paulista) e classificou-se como líder na 1ª série.
Na fase final, a AE Promeca surpreendeu e terminou como vice campeão paulista da 3ª divisão de 1962!
Dessa forma, a AE Promeca consegue o acesso para a 2ª Divisão de 1963 (que equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). Abaixo a campanha desta equipe na competição: 8/9- Estrela de Piquete 1×1 Promeca 15/9– Promeca 3×2 Cerâmica São Caetano 22/9- Promeca 2×1 Hepacaré (Lorena) 29/9- Volkswagen (São Bernardo do Campo) 0x1 Promeca 05/10- Promeca 3×2 Ituano 13/10- Nitroquímica (São Miguel Paulista) 0x1 Promeca 20/10- Promeca 4×0 Corinthians (Votorantim) 03/11- Cerâmica (São Caetano) 2×1 Promeca 10/11- Promeca 4×3 Estrela (Piquete) 17/11- Corinthians (Votorantim) 1×1 Promeca 24/11- Ituano 0x1 Promeca 01/12- Promeca 2×1 Volkswagen (São Bernardo do Campo) 08/12- Hepacaré 2×1 Promeca 15/12- Promeca 3×0 Nitroquímica (São Miguel Paulista)
Na segunda fase, acabou eliminado, mas fez uma campanha bacana!
19/1- Promeca 1×0 Cerâmica (Mogi Guaçu) 26/1- Hepacaré (Lorena) 1×1 Promeca 02/2- Cerâmica São Caetano 1×0 Promeca 16/2- Promeca 1×1 Palmeiras (São João da Boa Vista) 23/2- Internacional (Limeira) 2×0 Promeca 01/3- Promeca 1×0 Cerâmica São Caetano 08/3- Palmeiras (São João da Boa Vista) 8×2 Promeca 15/3- Promeca 2×1 Internacional (Limeira) 22/3- Cerâmica (Mogi Guaçu) 4×2 Promeca 29/3- Promeca 2×2 Hepacaré (Lorena)
Infelizmente em 1964, o time se licenciou e passou a disputar apenas as competições amadoras. Aqui, o time de 1966:
Outros times sem a identificação da época:
O time acabou se licenciando do profissionalismo e acabou sumindo até mesmo das disputas amadoras. Para tentar sentir um pouco do que foi a sua trajetória fomos até a vizinha Jundiaí para registrar o Estádio onde a AE Promeca mandava seus jogos.
O campo do Nacional, que fica ali bem em frente à estação de trem!
A estação é a última parada do trem Jundiaí-Rio Grande da Serra e é bem movimentada!
Bacana terem preservado um pouco do passado bem ali em frente à estação!
Do outro lado da avenida e alguns quarteirões à frente fica a sede e o Estádio do Nacional Atlético Clube, funcionando quase como a sede do time da capital.
Sendo assim, o campo do Nacional acabou utilizado por outros times em disputas oficiais, como fez a AE Promeca!
Olha aí os bancos de reservas embaixo dos coqueiros que seguem a linha lateral do campo.
Ao fundo, a cidade que não para de crescer. Aqui, o meio campo:
Aqui, o gol do lado esquerdo:
E o gol do lado direito:
O sol quente nem fazia lembrar da chuva que caiu horas atrás…
E aí estamos em mais uma aventura futebolística!
Atualmente, só existem arquibancadas atrás do gol, onde está a estrutura do clube.
A parte interna do clube é bem bonita, uma pena que aparentemente o clube não tenha mais tanto glamour como no passado…
Fiquei em dúvida se essa informação presente em uma das paredes refere-se ao estádio ou ao clube…
E tudo isso, em território Jundiaiense…
Só nos restou curtir um pouco da cidade antes de ir embora, almoçando no Mercadão dos Ferroviários…
Olha as placas que eles mantiveram por lá:
E depois ainda fomos até o Museu Ferroviário da cidade:
Olha quye placa bacana sobre a CIA PAulista de Vias Férreas:
Uma pena que estas locomotivas estão aí se degradando a céu aberto…
As construções pelo menos estão super bem mantidas!
Dentro do Museu, até uma camisa do Paulista está presente!
Ao lado dela uma foto do estádio antigo do Paulista, na Av Prof Luis Rosa:
Existe uma relação bastante complicada entre indígenas e a ferrovia…
E essa placa do século XIX??
Estou pensando em comprar essa locomotiva pra ir até os estádios, que tal?
Essa abaixo é uma miniatura, que, segundo a moça que trabalha no museu, tem planos para transportar crianças pela área externa…
O Estádio Municipal de Santo André foi construído pela Júlio Neves (até hoje eles citam o projeto no site deles) e inaugurado em 15 de novembro de 1969, com um amistoso entre o Santo André FC e o Palmeiras, mas, até então, o Estádio possuía apenas sua arquibancada coberta:
A construção da tradicional arquibancada descoberta, de pé até os dias atuais, se iniciou em 1976, e somente no ano seguinte foi finalizada.
Assim, em 1977 um novo amistoso foi agendado para inauguração das suas arquibancadas e o jogo foi simplesmente entre o Santo André e a Seleção da Bulgária!!!
No dia da partida, 30 de janeiro, mais uma vez a torcida Ramalhina compareceu, desta vez para conhecer sua nova arquibancada e apresentar a ela nossas bandeiras!
O time foi para o jogo com o goleiro Paulo, César Cachiumbo (improvisado na lateral direita), Tito, Santana e Antonio Carlos na outra lateral; Fernandinho, Souza e a foto com Miguel (nosso eterno massagista), Santana, Tito, Souza, Vicente (Bona) e Mazzola; Tulica (Ribamar) e Bugre (Arnaldo, ele mesmo, o Arnaldinho estreando pelo profissional), destaque na foto abaixo para os dois mascotes (quem serão??) e para o massagista Miguel de Oliveira.
A Seleção Búlgara entrou com Krastev, Tchalev, Dezenov, Samatoviks e Delev; Nikolov e Rainov; Simonov (Kostev), Grigorov (Kabranov), Petrov e Ivanpetrov (Kirakov). O treinador era Stoyan Ormandzhiev. Foi bacana todo o cerimonial antes da partida, com direito a hino nacional e tudo o que vale!
A partida terminou em 0x0 e foi marcada pela forte marcação de ambos os times.
Esta foi a seleção que disputou o mundial daquele ano, aparentemente não eram os mesmos que vieram a Santo André:
E se o presente e o passado pudessem se encontrar em um impensável dérbi? E se o jogo fosse em um estádio que atualmente serve apenas o futebol amador, mas que ainda mantém viva a emoção de todo um bairro? Foi o que aconteceu em 2019, no Estádio do Grêmio Taboão: dois times que fizeram história no futebol profissional em períodos diferentes se enfrentaram em um amistoso pra lá de histórico! Quem nos conta essa história, com base em suas pesquisas é o Victor Nadal, torcedor do Tigre!
O Grêmio Taboão completou 50 anos de história em janeiro de 2019 e convidou o São Bernardo FC para um amistoso em seu campo, para comemorar essa data e se preparar para a estreia da especial da cidade, que seria em março, contra o Orquídeas.
Além da falta de calendário, pelo amistoso acontecer durante a A2, o Tigre estava em uma péssima temporada com 4 derrotas e 4 empates no campeonato e mandou a garotada do Sub20 para o jogo festivo. Conduzido pelo eterno árbitro Coca, figura carimbada na várzea de São Bernardo do Campo e em amistosos do Tigre, e que veio a falecer em julho desse mesmo ano, o jogo acabou com vitória aurinegra por 2 a 1, com gols de Sandrinho e Mangolim.
Ficha técnica: GRÊMIO TABOÃO 1×2 SÃO BERNARDO Competição: Amistoso Quinquagenário do Taboão Local: Campo do G. E. Taboão, São Bernardo do Campo (SP) Data: 24/02/2019 Árbitro: Cosme Aprigio de Araújo Público: Portões Abertos Renda: R$ 0,00 Gols: Grêmio Taboão: Lulu / São Bernardo: Sandrinho e Mangolim GRÊMIO TABOÃO*: Guilherme Marques (Lucas Pereira), Juninho, Ney, Danilo Odair, Caio Roberto, Elton Luis (Matheus Mendes), Douglas Paulino (Vagner Correia), Antonio Carlos, Cleverson (Leandro Ventura), Italo e Lulu. Técnico: Manta SÃO BERNARDO FC: Matheus Biguetti (Gabriel Souza), Matheus Mendes, Felipe Santana (Yan), João Ribeiro, Rodrigo Rodas (Luis Almeida), Billy, Jefferson Fernandes, Roberto Cruz, Guilherme Robinho, Mangolin (Botucatu) e Sandrinho. Técnico: Cléber Ferreira *O time do Taboão foi montado através de relatos de quem acompanhou e jogou a partida, não temos documento oficial com os envolvidos.
Agora é a hora de dividir um pouco sobre o futebol de Ourinhos!
Diferente dos posts anteriores, Ourinhos é uma cidade de maior porte, com mais de 115 mil habitantes. Surgiu na década de 1910 e seu nome é uma referência ao antigo município de Ourinho (atual Jacarezinho, no Paraná).
Ourinhos tem sua história muito próxima das demais cidades da região: até o fim do século XIX era habitada por indígenas kaingangues que de repente viram seus piores pesadelos se tornar viram realidade: foram invadidos pelos produtores de café e algodão.
A cidade também teve grande influencia da estrada de ferro (chegou em 1908), e mais uma vez apresento uma imagem da Estação do site Estações Ferroviárias
Atualmente, a cidade conta com um forte comércio e se tornou uma referência regional.
Assim como em outras cidades, também se encontram construções antigas que reforçam seu passado ferroviário.
Aliás, aproveitaram parte dos antigos galpões da ferrovia para construção de um espaço turístico com museu, uma locomotiva antiga aberta à visitação e assim um ambiente bem legal. Pena que no feriado a cidade estava mais vazia e essa estrutura fechada 🙁
Desce daí, garoto!
Falando um pouco do futebol da cidade, além de várias importantes equipes no futebol amador, Ourinhos teve 4 times disputando o futebol profissional:
Comecemos falando do mais tradicional: o Clube Atlético Ourinhense.
Dos times que disputaram o profissional, o Clube Atlético Ourinhense é o mais antigo, tendo sido fundado em 5 de junho de 1919, e há algumas décadas tem seu lindo estádio junto ao clube social.
Dessa vez, a primeira coisa a fazer foi registrar o pórtico de entrada do estádio, que esquecemos de fotografar na outra visita…
Infelizmente, parece que o clube social teve graves problemas financeiros piorados com a pandemia do Corona e … Não existe mais…. Restou apenas o campo, e com ele as lembranças …
Que sorte! Não apenas estava rolando um jogo como era do próprio CA Ourinhense!!!
O CA Ourinhense começou disputando tinha uma série de partidas amistosas (os times aproveitavam da estrada de ferro sorocabana para facilmente chegar à cidade) e o Campeonato Municipal (do qual seria campeão em 1942, 43, 48, 50 e 51). Veja a lista de jogos de 1939:
Divido algumas fotos que o blog “Ourinhos” apresenta como sendo dos anos iniciais do time:
A partir de 1942, o CA Ourinhense disputa o Campeonato do Interior, na 14ª região (Piraju), sendo campeão do grupo e sendo eliminado na fase seguinte pela Ferroviária de Botucatu (4×1, em Botucatu).
Em 1943, viu o outro time local participar do Campeonato, mas novamente sagrou-se campeão do grupo e perdeu a fase seguinte pra a Ferroviária de Botucatu (1×1, 1×1 e 2×0 no jogo desempate).
Neste ano, o Corinthians da capital veio a Ourinhos inaugurar uma sub sede e disputou um amistoso (com seus atletas amadores) do qual venceu por 2×0.
Não disputa a edição de 1944, e em 1945 vê o CA Farturense sagra-se campeão do grupo.
Em 46, também não se classificou para os mata-matas.
E novamente em 1947, não consegue ser o campeão do grupo.
A partir da edição de 1948, o Campeonato do Interior passa a ser amador, já que surge a segunda divisão, mas o CA Ourinhense segue disputando.
Em 1950, um amistoso com o XV de Piracicaba:
Em 1951, o CAO inaugura o seu estádio (antes dele, mandava seus jogos em um campo que ficava próximo do atual camelódromo da cidade):
Em 1952, um ato de grande ousadia de sua diretoria, o CAO se credencia a disputar a Segunda Divisão do Campeonato Paulista, mas faz uma campanha fraca. Alguns resultados encontrados: 31/8- Bauru AC 3×3 CA Ourinhense 14/9- CA Ourinhense 0x1 São Bento 28/9– AA Ferroviária (Assis) 5×1 CA Ourinhense 12/10- CA Ourinhense 2×2 Noroeste 19/10- Garça EC 1×0 CA Ourinhense 2/11- CA Ourinhense 3×1 AA Ferroviária (Botucatu) 9/11- CA Ourinhense 4×1 Corinthians PP 23/11- CA Ourinhense 1×0 Bauru AC 7/12- São Bento 5×0 CA Ourinhense 21/12-CA Ourinhense 6×2 AA Ferroviária (Assis) 3/1- Noroeste 1×0 CA Ourinhense 11/1- CA Ourinhense 0x3 Garça EC 25/1- AA Ferroviária (Botucatu) 2×1 CA Ourinhense 1/2- Corinthians PP 2×5 CA Ourinhense
Ainda em 1952, o time recebeu o São Paulo em um amistoso perdendo por 4×0 (ainda que todos os gols tenham saído apenas no segundo tempo):
Em 53, o CAO não disputa o profissional, mas faz um amistoso com o Palmeiras, sendo derrotado pelos visitantes por 2×1:
Ainda em 53, incrível vitória contra o Fluminense em um quadrangular que constava ainda com Jacarezinho (venceu o CAO por 2×1) e com o Cambaraense.
O CA Ourinhense permanece nas disputas do amador do interior, e até ensaia um retorno à Terceira Divisão em 1955, mas acaba desistindo e só em disputa em 1961, fazendo uma boa primeira fase (série pecuária):
Já na fase dois, o time da Usina São João falou mais alto…
Em 1962, mais uma boa primeira fase:
A segunda fase foi levada pelos vizinhos de Santa Cruz do Rio Pardo…
Em 1963, mais uma primeira fase terminada na liderança!
Novamente o time da Usina São João levou a segunda fase…
Em 64 e 65 bate na trave e não se classifica para a segunda fase.
Em 1966, volta a se classificar na liderança do seu grupo.
A segunda fase foi, mais uma vez, decepcionante…
Em 1967 desiste do profissionalismo e desde então apenas utiliza seu lindo estádio para as competições amadoras, como essa que estava rolando no momento da nossa visita.
Ali no chão, encontrei uma pequena lembrança do dia-a-dia do clube. Hoje pode ser apenas um pedaço de papel, mas logo se tornará lembrança.
O Estádio está sem grandes cuidados, com exceção ao campo, que tem a grama bem aparada. Essa é o gol da esquerda, tendo ao fundo a linda arquibancada coberta:
Aqui, o meio campo. Vale lembrar que antigamente aquela arquibancada era beeeem vermelhinha e tinha o distintivo do clube pintado no meio dela.
E aqui o gol da direita, olha onde a arquibancada termina. Ali atrás, ficava o clube social, ainda mais para a direita.
Aqui é a lateral de onde eu estava, e dá pra ver um pouco do clube social à frente e à direita:
Aqui o banco de reservas.
A passarela ligava a entrada do clube social a vários salões (olha que linda a inscrição do inesquecível CAO!) e servia de arquibancada local.
Se fora de campo o futuro do CA Ourinhense parece tenebroso, em campo sua camisa segue sendo usada com respeito e orgulho pelo time dos veteranos.
Um detalhe que poderia passar desapercebido… A bandeira de escanteio!
Os tuneis para os vestiários parecem um pouco mais esquecidos…
E no céu, o sol… Na verdade é só o flash do celular porque fiz essa última foto já dentro do carro hehehehe
Seguindo pela idade, o segundo time mais antigo de Ourinhos é o EC Operário (o site História do Futebol produziu os antigos distintivos do time):
Segundo Euclides Rossignoli, no livro Ourinhos, Histórias e Memórias, o campo do Operário ficava entre as Ruas Duque de Caxias e Dr Antonio Prado, em frente o camelódromo.
Interessante que, atualmente, ao lado esquerdo existe um grande campo de futebol.
Antes do estádio atual, o campo do CA Ourinhense ficava bem próximo do campo do Operário. O site contratempo fez uma imagem mostrando os dois rivais nos anos 40:
Essa arquibancada foi inaugurada em 1926, mas caiu durante um vendaval nos anos cinquenta.
O nascimento do EC Operário foi quase uma resposta das camadas menos favorecidas da cidade (a turma que morava pro lado debaixo da linha do trem) ao surgimento do CA Ourinhense, a própria ideia do nome, remete à essa ideia.
E assim, logo começam os derbis, aqui, um noticiado em 1922:
O futebol tinha uma grande força local, na cidade mesmo, por isso os primeiros anos foram marcados por campeonatos locais. Já em 1939, os times da região passam a ser os adversários.
Esta e outras fotos podem ser encontradas no site do Jornal Biz.
Em 1943, faz sua estreia no Campeonato do Interior, no mesmo grupo do CA Ourinhense (que saiu campeão, como vimos antes), e em 1944, sagra-se campeão do grupo (perderia o primeiro mata-mata da Ferroviária de Botucatu).
Aqui, um dos times do início dos anos 40:
A questão de se chamar “Operário” sempre foi colocada como certo ruído entre time e a população de Ourinhos, por isso, em 1944, o time passa a adotar o nome de EC Olímpico e adota um novo escudo:
Assim, como EC Olímpico, disputa o Campeonato do Interior de 1945 (a Farturense ganha o grupo).
Em 1946, vence a “zona” (o grupo) mas perde as finais da região para a Botucatuense, que venceu a zona vizinha. Era tudo uma grande zona kkk
O dérbi daquele ano nem chega a terminar pelo quebra quebra em campo.
Em 1947, mais uma vez o EC Olímpico sagra-se campeão da sua zona:
Assim, vai disputar com os campeões de outras zonas próximas (AA Botucatuense, AA Ferroviária de Assis, A Prudentina de EA e Paulista FC de Álvaro Machado), e quem sai campeão é a AA Botucatuense.
Aqui, o time de 1949, com uma faixa de campeão, mas não encontrei a confirmação de qual campeonato seria:
Em 1950, os gestores do clube decidem retornar ao nome tradicional. Alguns anos depois, em 1954, o time se inscreve no futebol profissional e disputa a Terceira Divisão.
O time volta ao amadorismo por 3 anos e retorna à Terceira divisão em 1958.
Esse foi o time daquele ano.
Depois dessas atuações no profissional, o EC Operário volta ao amadorismo e… Desaparece… Falemos então do terceiro time da cidade em ordem cronológica: o Esporte Clube Gazeta.
O time foi fundado em 7 de setembro de 1948 como homenagem a equipe de futebol do jornal A Gazeta Esportiva de São Paulo que foi até Ourinhos disputar uma partida amistosa com o E. C. Operário. Tomaz Mazoni (diretor da Gazeta Esportiva) topou colaborar com os uniformes do novo time com a condição de que o nome da equipe fosse “Esporte Clube Gazeta Esportiva” em homenagem ao jornal.
O time é conhecido como “O Líder das Excursões” graças às partidas disputadas fora de casa. Aqui, o time de 56:
Esse é o time de 1958:
Mas com a saída do Clube Atlético Ourinhense, do Esporte Clube Operário e do Esporte Clube União Barra Funda (já vamos falar deles abaixo) do profissionalismo, coube ao EC Gazeta disputar o Campeonato Paulista e em 1979, fez sua estreia na 5a divisão.
O time classifica-se para a fase seguinte, mas acaba eliminado nas quartas de final para a Jalesense.
Com a reorganização do futebol paulista passou a jogar a terceira divisão em 1980, mas não se classifica para a próxima fase:
Não se classifica também em 1981 nem em 82 e se licencia do profissionalismo. Volta apenas em 2000, na 5a divisão (série B2). Em 2001 e 2002, joga a 6a (série B3) com péssimas campanhas, afastando-se definitivamente do futebol profissional.
Por fim, o último time a ser fundado: o Esporte Clube União Barra Funda, fundado em 23 de março de 1972.
O time disputa o amador mas em 1978, disputa a 5a divisão do Campeonato Paulista.
Por fim, menção especial ao novo time da cidade, o Grêmio Esporte Clube de Ourinhos, fundado em 1 de Agosto de 2015.
O time jogou a Taça Paulista de Futebol, tem um perfil sempre atualizado no Insttagram (veja aqui) e tem trabalhado bem as categorias de base.
O Grêmio Esporte Clube de Ourinhos tem mandado alguns de seus jogos no Estádio Municipal Djalma Baía.
O nome é uma homenagem ao jogador nascido na cidade e que acabou indo para Portuguesa, e que faleceu em um acidente de carro, jovem ainda.
Esse já é um estádio mais novo, do início dos anos 90 e que além do Grêmio, tem atendido ao futebol amador da cidade.
Ainda que seja mais acanhado, tem uma ótima estrutura, esse é o gol do lado direito.
A arquibancada deste lado de onde faço as fotos é descoberta mas tem lindas árvores (entre elas uma mangueira) oferecendo boa sombra.
Aqui o lado esquerdo da arquibancada e o gol ao fundo.
E lá no meio campo, está a arquibancada coberta.
Fomos até lá pra também registrar mais este espaço.
Olhando lá da arquibancada coberta, esse é o gol da esquerda:
O meio campo:
E o gol da direita.
Até uma pequena cabine de rádio existe no estádio.
Ufa…. Quanta história, quanto futebol… Espero que o futuro possa desenhar novidades para o futebol de Ourinhos…
No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.
Estivemos em Piraju em 2017 (veja aqui como foi) e deu pra curtir um pouco da cidade, uma estância turística que tem no rio Paranapanema seu maior atrativo. Dá uma olhada na chamada “garganta do diabo“, que lindo visual:
O nome Piraju tem origem tupi guarani e significa peixe (pira) amarelo (ju ou juva), por conta dos dourados encontrados no rio. O território indígena logo recebeu a visita dos europeus buscando terras para o café e em 1859, chega à região, a família que daria origem ao povoado: os Arruda. Somente em 1891, a cidade recebeu o nome de Piraju.
Em 1906, foi inaugurado o ramal ferroviário bancado pelos cafeicultores, o charmoso prédio foi construído por Ramos de Azevedo. Fotos do site Estações Ferroviárias:
A geada de 1975 arrasou o cafezal da cidade fez com que a cidade passasse a diversificar sua produção. Almoçamos por lá e aproveitamos para registrar algumas construções da época de ouro dos cafeicultores:
Em 2017 não conseguimos entrar no Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes …
Pior que nesta visita de 2022, os cadeados no portão pareciam oferecer o mesmo destino…
O Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes foi a casa do Piraju FC, que durante sua existência teve 3 brasões em seu uniforme:
O Piraju Futebol Clube foi fundado em 30 de junho de 1957 e em seu primeiro ano fez 21 jogos:
Vale reforçar que antes do Piraju FC, outros clubes fizeram sucesso na cidade como o A. A Timburiense, o Dom Bosco e o Comercial FC, que chegou a jogar o Campeonato do Interior de 1942 a 45.
O Comercial manda seus jogos no Estádio Celso Marques de Mattos :
Esse era o grupo da 14a região do Campeonato do interior de 1945, no qual o Comercial FC teve sua última participação:
Pra quem gosta de livros sobre futebol, vale ir atrás do livro “Os Anos Dourados do Futebol Pirajuense“:
Em 1958 seguinte, a Gazeta Esportiva noticiava a construção do novo campo do Piraju FC:
Aqui, o time de 1958:
Depois de aprontar no futebol amador, o Piraju FC se profissionalizou e em 1962 estreou na Terceira Divisão. Este ano ainda teve outro grande momento, quando o Piraju FC venceu por 2 a 1 um time misto do São Paulo FC, levando mais de 6 mil pessoas ao estádio!.
Em 1964, foi a vez do Coritiba levar uma sapecada ao disputar um amistoso: 5×1 pro Piraju FC.
Ainda naquele ano o time fez uma excelente primeira fase na Terceira Divisão, terminando o grupo chamado de “3a série” na primeira colocação:
Fez ainda uma excelente campanha na fase final, sagrando-se vice campeão (empatado em número de pontos com o time da Volkswagen):
Esse foi o time daquele ano:
O Piraju FC permaneceu na Terceira Divisão até 1968, quando se licenciou do profissionalismo, mas ainda fez mais uma campanha bacana, em 1966, quando classificou-se em segundo na primeira fase:
Mas na fase final, parece que o time se perdeu…
Depois de passar toda a década de 70, o Piraju FC volta à disputa da Terceira Divisão em 1980, onde permanece até 1982, com três campanhas bastante fracas. Esse é o time de 1981:
Os maus resultados devem ter desanimado a turma de Piraju, pois ficam de fora da edição de 1983, retornando em 1984, terminando em 4º lugar no grupo “Hideraldo Luís Bellini“.
Novamente faz uma péssima segunda fase, dessa vez termina em último lugar, mas levou boa presença da torcida aos seus jogos. Este era o time de 1984, postado com Orlando, Edinho, Marquinhos, Zé Luiz, Cido e Éder, em pé, e agachados: Pradinho, Almir, Tarugo, Joãozinho e Zezito:
Acaba ficando de fora do campeonato seguinte (em 1985), retornando em 1986 e 1987, com campanhas bastante fracas. Esse é o time de 1986:
Faz sua última participação no profissional disputando a Quarta Divisão em 1991 (que na verdade era um torneio seletivo para a segunda divisão de 1992) e … o time fez uma excelente primeira fase:
Veio a segunda fase e… Novamente terminou na liderança!
Assim, o Piraju mobiliza a cidade chegando `as semifinais contra o Beira Rio de Presidente Epitácio! Após uma derrota como visitantes (2×1), o time goleia em casa (4×1) e chega a final contra o José Bonifácio.
Infelizmente duas derrotas (1×0 em casa e 4×0 em José Bonifácio) acabaram com o sonho de gritar “É campeão!!“.
A partir daí, o Piraju FC voltou a disputar competições amadoras chegando nos dias de hoje. E lá estamos nós, frente a um incrível estádio, cheio de histórias e novamente trancado… Já estava quase desistindo quando passou uma molecada que percebeu o que eu queria e me ensinou como a turma local entra no estádio tradicionalmente… E lá fomos nós!
Ahhhh Finalmente, aí está a tão sonhada arquibancada coberta!
Como vimos na notícia da Gazeta Esportiva, o Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes foi construído em 1958.
O gramado segue bem cuidado e as árvores ao fundo do gol dão aquele visual de estádio do interior.
Aqui, o gol do lado esquerdo:
O meio campo:
E o gol da direita:
Quantas alegrias já foram vividas nessa arquibancada?
Olha aí a estrela do estádio… O gol!
Como sempre gosto de reforçar, a presença, mesmo que em tão pouco tempo, em um estádio como esse mexe com a ideia do passado e do futebol, ao mesmo tempo que questionam como será nossa sociedade do futuro, como o futebol se incluirá nela…
Mais uma história que escrevo graças à lembrança e ao acervo do amigo Amarildo, que poucos meses atrás ajudou o EC Paraguaçuense a trazer para casa o Troféu da série A2, conquistado em 1993 (veja aqui como foi essa história).
O desafio dessa vez foi lançado a ele graças a uma lembrança de uma história contada pelo meu tio Zé (conhecido como “Alemão” em seus tempos de Ferroviária de Assis). Olha ele aí com a gente assistindo um jogo do CA Assisense em 2011 (lembre aqui como foi esse rolê):
O tio Zé contava (ele já faleceu, infelizmente) que em meados dos anos 60, o time do ABC – Atlético Brasil Clube de Paraguaçu Paulista desafiar o poderoso time do Santos FC para um amistoso, e que foi montada uma verdadeira seleção da região e que ele havia participado do elenco.
Longe de mim querer desconfiar da história dele, mas… como historiador em formação, eu queria encontrar algum documento ou mesmo uma fonte para me relembrar essa história, e aí lembrei do amigo Amarildo (que também já trombamos em um jogo em Assis, em 2014. Veja aqui como foi):
E com o Amarildo, missão dada é missão cumprida! No mesmo dia que eu comentei com ele, chegaram fotos do jornal “A SEMANA“, da época do jogo, que comprova a história, com a data de 31/5/1964:
O jornal “A SEMANA” (que foi fundado em 1953 e existe até os dias de hoje) deixa claro que o time contou mesmo com atletas de outras equipes da região, em uma época em que cidades como Assis, Rancharia, Presidente Prudente e mesmo Paraguaçu Paulista contava com muitos jogadores de qualidade.
Ganhar daquele Santos não era nem cogitado pela equipe local, mesmo o Santos jogando sem Pelé, assim o placar de 4×1 para a equipe praiana foi até festejado pelo time local!
O ABC chegou a faze 1×1 para a festa nas arquibancadas, que, segundo o jornal local, contava com público de diversas cidades e até do Paraná.
Segundo o jornal “A SEMANA”, a equipe local jogou com Jardim, Baco, Gavião e Jaime; Nide e Dráuzio; Bolão (Betinho), Tarzino, Bene, Osvaldo e Colavite. O técnico era Tonico. Ainda falta saber se entre os jogadores que não jogaram, estava ou não o Alemão… o Tio Zé!
Essa história acabou indo parar nas páginas do livro “No meu tempo… Em Paraguaçu Paulista”, obra de Anizio Canola.
Tem até a foto do time que disputou aquela partida:
Mas a história que o tio Zé contava não termina aí. Ele diz que depois desse jogo houve um convite a ele e outros atletas para um teste no Santos FC, mas quem disse que o seo Tonico (pai dele, e consequentemente, meu avô) deixou…
Só pra não perder a oportunidade, segue matéria da Gazeta Esportiva de 9 de julho de 1957, de quando o ABC de Paraguaçu foi campeão do setor 45 do Campeonato amador do Estado