A 217ª camisa de futebol do site mais uma vez representa uma equipe do interior paulista, o Comercial Futebol Clube de Tietê e foi presente do amigo Nélson.
O Comercial FC foi fundado em junho de 1920 e participou de várias ediç˜ões do futebol profissional, depois passou um tempo licenciado e nos últimos anos tem caminhado para este retorno às competições profissionais.
Já escrevemos sobre o Comercialde Tietê e detalhamos um pouco da história do time em suas participações nos Campeonatos oficiais (clique aqui e veja).
O Comercial Futebol Clube manda seus jogos no Estádio José Ferreira Alves, em Tietê.
Estivemos em Tietê assistindo Comercial de Tietê x Rezende de Piracicaba / União Tambaú, pela Paulista Cup sub 20, veja aqui como foi!
Se tudo der certo, o Comercial FC deve estar de volta ao profissionalismo em 2025, torcemos por isso!
O post de hoje é em homenagem ao Ademir Medici, outro apaixonado pela história do Grande ABC que além de escrever uma coluna sobre a memória da região no Diário do Grande ABC, ainda editou vários livros sobre os principais clubes da região, entre eles, o São Caetano Esporte Clube. O livro “Uma história de campeões” foi a principal fonte utilizada hoje.
Outra fonte importante para esse trabalho foi o livro “Os esquecidos“, realizado pelo DataToro / RedBull, com pesquisas de Antonio Ielo, Fernando Martinez, Júlio Diogo e Marcio Javaroni e editado pelo Rodolfo Kussarev.
O São Caetano Esporte Clube nasceu em 1º de Maio de 1914, da fusão do Rio Branco (que alguns dizem EC, enquanto outros FC) e do Clube dos Amigos. Nos seus primeiros anos, participou de vários campeonatos locais e amistosos, inclusive fazendo algumas viagens pra jogar de visitante.
Não encontrei registros fotográficos do primeiro campo do São Caetano EC, mas ele ficava em uma área da família Roveri, antes usada pelo Clube dos Amigos, onde a Fábrica de Louças Adelina se instalaria. O campo não oferecia condições de disputar jogos oficiais e por isso, era comum jogar em campos emprestados. Aqui, algumas imagens da fábrica:
O segundo campo (também não encontrei nenhuma foto, até porque estamos falando das primeiras décadas do século XX) ficava na rua Heloísca Pamplona, e foi usado até 1920, quando o local passou a abrigar o Grupo Escolar Senador Fláquer.
O terceiro campo, conhecido como “O Estádio da Rua 28 de Julho” marcou época.
Possuia arquibancadas em madeira, inclusive uma pequena parte coberta. Ficava no terreno de uma firma de montagem de pontes, e o São Caetano EC pode mandar seus jogos ali por um bom tempo, até que no início dos anos 30, as Indústrias Matarazzo requereram o terreno.
As arquibancadas em madeira, com uma área central coberta e todo cercado, o que dava um charme único! Aqui uma outra foto, também do livro do Ademir Medici!
Aqui dá pra se ter ideia de como era o outro lado do estádio:
Em 1919, o time passa a disputar o Campeonato Municipal organizado pela APSA, que equivale à série A3 do Paulista atualmente.
Jogaria a A3 também em 1920, 1922 (quando chegou à segunda eliminatória, perdendo para a AA Ordem e Progresso), 1923 (também foi até a segunda eliminatória, desta vez perdendo para a AA Estrela de Ouro), 1924 e 1925. Esse, o time de 1926, que só jogou amistosos e torneios locais:
Em 1927, disputa pela primeira vez o Campeonato Paulista do Interior, pela APEA.
Em 1928, por falta de condições de seu estádio, mandou seus jogos pelo Campeonato do Interior em Santo André (no campo do Primeiro de Maio FC) e em São Paulo (no campo do Silex e do Ipiranga), mas isso não impediu o São Caetano Esporte Clube de se tornar Campeão do Interior!
Com o título do Interior de 1928, em 1929 o São Caetano Esporte Clube volta a disputar a série A3 do Campeonato Paulista pela APEA (nessa época, chamada de 2a divisão, ficando abaixo da primeira e da especial).
O Estádio da Rua 28 de Julho passa por uma reforma para poder receber os jogos desta competição e logo de cara, o São Caetano Esporte Clube conquista o vice campeonato.
O campeão de 1929 seria a AA Ordem e Progresso (que havia sido campeão da Divisão Municipal da APEA em 1928).
Olha o time deles, em 1935:
Mas, em 1930 chega a hora da celebração maior! O São Caetano Esporte Clube se torna campeão da série A3 e assim passa a disputar a A2!
O time sofreu uma única derrota no campeonato!
Em 1931, disputou a série A2 e por 3 pontos não saiu campeão.
A partir de 1932, o time passou a adotar o seu distintivo, já que até então, era apenas um uniforme preto e branco.
A série A2 de 1932 foi mais enxuta e perdeu um pouco da força porque a APEA criou dois novos Campeonatos: o do Interior – Divisão Campineira (onde o Guarani foi campeão) e o do Interior – Divisão Santista (a Briosa levou o título). Foram apenas 7 jogos e uma campanha apenas regular.
Em 1933, surge a Federação Paulista de Futebol e com ela, o profissionalismo começa a surgir no futebol paulista.
O São Caetano EC segue no campeonato da APEA, na série A2, que ese ano era dividido em 2 grupos, onde os melhores de cada um fariam a final.
Jogando no grupo “Série 1”, termina empatado em primeiro lugar com o time das Fábricas Orion, mas perde a partida de desempate e assim fica de fora da final.
O Fábricas Orion foi pra final e levantou o título de campeão.
É o time desta fábrica:
Que embora tenha se mudado de endereço, segue dando nome ao prédio, agora abandonado, na esquina das ruas Joaquim Carlos e Behring, no bairro do Belenzinho…
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Orion acolheu muitos imigrantes alemães de origem judaica, que fugiram da Europa por causa de perseguições.
O São Caetano EC ainda disputou vários amistosos nesse ano, dos quais dois merecem destaque: um contra o Primeiro de Maio que terminou em pancadaria (a ponto dos times combinarem não realizar o jogo de volta) e outro contra a Portuguesa, da qual se tem esse registro (a Lusa venceu por 3×2):
Chegamos a 1934, e agora haviam 2 campeonatos, um pela APEA e outro pela Federação Paulista (do qual o CA Fiorentino – que nada mais era do que o Juventus, que se lincenciou das demais competições, momentaneamente- saiu campeão da série A1).
O São Caetano EC fez uma boa campanha e terminou em 3olugar (de novo a AA Ordem e Progresso levou).
Naquele ano, o time disputou um amistoso com o Palestra Itália, no Estádio da rua 28 de julho. Esse foi o time daquele jogo:
Em 1935 é um momento especial para o São Caetano EC: o clube adquire um terreno entre as ruas Paraíba e Major Carlo Del Prete, uma vez que a área do Estadio da Rua 28 de Julho é requerida pelas indústrias Matarazzo. Como o clube não tinha recursos, foi necessário muitas ações e parcerias para a realização desse sonho. Mas estava lançada a pedra fundamental do que seria o “Estádio da Rua Paraíba“.
A outra boa notícia é o convite feito pela APEA para que o São Caetano EC dispute a sua série A1 de 1935. O time termina em 4olugar e ainda vence a Taça Bellard contra outros times da região.
A despedida do velho Estádio da Rua 28 de Julho se faz na partida contra a AA Ordem e Progresso, na primeira rodada do campeonato ( o time joga de visitante praticamente todos os jogos).
Em 1936, dois campeonatos paulistas são disputados: um pela LPF (Liga Paulista de Futebol), do qual o Palmeiras (Palestra Itália, então) sagra-se campeão, jogando contra as equipes mais fortes do estado, como Corinthians, São Paulo, Santos, Juventus entre outros times. O São Caetano EC segue fiel à APEA, que começa a apresentar sinais de decadência e melhora sua performance, alcançando o 3olugar.
O destaque fica para a goleada de 6×1 contra o Ordem e Progresso (até eu já peguei birra desse time de tanto jogo contra ele kkkkk) e para o “derby regional” com o Primeiro de Maio, tendo o São Caetano EC vencido as duas partidas.
Esse foi o time de 1936, que teve que jogar quase todos os jogos como visitantes, uma vez que o Estádio da Rua Paraíba não foi finalizado.
Chegamos a 1937 com uma grande notícia: o Estádio da Rua Paraíba finalmente está pronto, e recebe o nome de Estádio Conde Francisco Matarazzo, sendo inaugurado em 1/5/1937.
Essa é uma foto do dia da inauguração, que contou com um grande festival que teve como ponto principal um jogo entre o São Caetano EC e um selecionado da APEA (4×1 para os donos da casa):
A entrada principal era na Rua Paraíba, onde ficavam as bilheterias além de um escritório para controle das carterinhas dos sócios.
Ao lado esquerdo (onde ficava um dos gols), estava a Rua Margarido Pires (a atual Av Goiás), à direita, a indústria Brasiltex e logo adiante a Rua Baraldi.
Aqui outra foto do livro do Ademir Medici, percebe a distância da torcida ao campo (sim, era só essa singela cerca branca que separava a torcida dos jogadores). Esta arquibancada coberta tinha capacidade para 600 torcedores. Ela dava costas à Rua Major Carlo Del Prete, embaixo delas ficavam os vestiários. Pro lado de trás, havia um portão maior para a entrada dos carros e ônibus dos times visitantes.
Outros dois jogos, nas duas semanas seguintes fizeram parte das festividades de inauguração do novo estádio: uma derrota de 1×0 para o Ipiranga e outra por 3×1 para a Portuguesa.
O São Caetano EC toma outra decisão importante neste ano: afastar-se da APEA e inscrever-se na Liga Paulista de Futebol (que se tornaria a atual Federação Paulista), mas termina 1937 sem disputar nenhum campeonato, assim como 1938, mas rolam festivais e até um campeonato só com times de São Caetano.
Em 1939, a agora “Liga de Futebol do Estado de São Paulo (LFESP)” decide convidar o São Caetano EC a disputar a Divisão Intermediária, equivalente à série A2 do Paulista.
E esse campeonato foi especial para o Grande ABC: 5 times da região participaram: São Caetano EC, Primeiro de Maio, EC São Bernardo, Cerâmica e Corinthians de Santo André) e 4 terminaram nas primeiras posições, tendo o Corinthians de Santo André como campeão!
Aqui, o goleiro Ettore Manilli em ação:
Chega 1940, e vem a grande conquista da Divisão Intermediária – a série A2 da época!
Inacreditavelmente, o time campeão de 1940 não disputa nenhum campeonato em 1941, nem 42 ou 43… Apenas amistosos.
Em 1944, disputou o Campeonato do Interior, mas acabou eliminado pelo Taubaté, em 45 e 46 não passou da fase regional de grupo (quem se classificou em ambas foi o vizinho CA Rhodia, de Santo André) e em 47 também saiu na segunda fase. Esse é o time de 1945:
Em 1948, uma grande novidade: a disputa do campeonato paulista da Segunda Divisão (a série A2) profissional. Joga a série vermelha e termina empatado em número de pontos com o Rio Pardo. Era só empatar o último jogo contra o Ginásio Pinhalense numa partida cheia de histórias….
Como apenas um time iria pra fase final, houve uma partida para desempatar e o Rio Pardo FC venceu, em campo neutro, em Limeira, por 5×3. O São Caetano EC jogou com Zinho; Mosca e Neno; Sérgio, Ninim e Escovinha; Suli, Iube, Andó, Wilson e Enzo. Técnico: Francisco Marinotti.
Em 1949, uma participação mediana, em sétimo lugar.
Duas fotos do time frente ao estádio neste ano:
Em 1950, sagrou-se campeão da sua regional, mas acabou desclassificadoo da segunda fase.
A foto do time campeão da sua série.
Em 1951, mais uma campanha mediana na Segunda Divisão – a série A2 da época- não se classificando para a parte final da competição, o vizinho Corinthians de Santo André classificou-se em primeiro lugar (no jogo em Santo André, deu São Caetano EC 2×1 contra o Galo da Vila Alzira, em 22/7/51):
Em 1952, é anunciado a construção de um novo estádio que servirá não apenas ao time mas à cidade. Analisando a distância eu me pergunto se realmente era necessário, visto que o Estádio Conde Francisco Matarazzo parecia dar conta do recado, mas alguns depoimentos da época dizem que o estádio já era pequeno para as grandes partidas (além de disputar a A2, foi comum a presença de Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Portuguesa disputando amistosos para casa cheia) e a própria Federação vinha reclamando das acomodações modestas.
O time que entra em campo para a A2 de 1952 é formado por novos rostos, convidados junto à várzea local, o que fez com que o início do campeonato fosse irregular, mas em determinado momento, parece que finalmente deu liga, como se pode notar nos resultados.
Como houve empate entre o São Caetano EC e o Taubaté foi marcado uma partida em local neutro (a Rua Javari) na qual o time do ABC bateu o burro da central por 4×2, com 3 gols do ponteiro Rino.
Infelizmente no chamado “Torneio dos finalistas”, o time perdeu a classificação para o CA Linense, que saiu campeão em cima da Ferroviária.
Time do CA Linense, campeão e que disputaria a série A1 de 1953:
Nessa época, independente da campanha do ano anterior, existia sempre uma expectativa para saber se o time seria convidado para a disputa da segundona e foi com muita alegria que o São Caetano EC confirmou presença em mais um campeonato, ao lado do vizinho Corinthians de Santo André.
Pra se ter ideia do tamanho do interesse, em 1953 é criada a Terceira Divisão (equivalente à A3 atual).
Aqui, o time de 1953:
Mais uma vez, os times são divididos em grupos e a campanha do São Caetano EC é apenas regular:
O ano de 1954 se inicia com as primeiras obras do que ser ia o novo estádio da cidade. Mas o que mexeria com as estruturas do futebol na cidade foi a fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC de São Paulo (que jogava a primeira divisão).
Dessa maneira surge a Associação Atlética São Bento, cujo nome e uniforme eram homenagens ao São Bento, clube paulistano campeão estadual em 1914 e 1925).
Como o Comercial já disputava a primeira divisão, a AA São Bento nasce na A1 de 1954!
Mas, contrariando as expectativas, faz uma campanha bem mediana, correndo até risco de rebaixamento…
Com o time disputando a principal divisão do estado (a série A1), o prefeito Anacleto Campanella se vê na obrigação de agilizar as obras do novo estádio.
Assim, 1955 se inicia de uma forma muito festiva: no dia 2 de janeiro, em um jogo válido ainda pelo campeonato de 1954 (veja na tabela acima) a AA São Bento inaugura o Estádio Anacleto Campanella, vencendo o XV de Piracicaba, por 1×0.
Pra quem nunca foi ao Anacleto, vale lembrar que ele fica num das partes mais elevadas da cidade e ná época não haviam arquibancadas ao seu redor como um todo, por isso, sofria uma grande ação dos ventos e isso rendeu ao estádio o apelido de “O Estádio do Morro dos Ventos Uivantes“.
Em 13 de janeiro, realiza-se uma partida celebrativa para a inauguração do Estádio Anacleto Campanella e o Corinthians é convidado como adversário e vence por 3×2.
E as arquibancadas se entopem de torcedores…
O time disputa toda a série A1 no Estádio Anacleto Campanella, mas nem a fusão nem o novo estádio servem de estímulo para uma campanha considerável no Paulistão de 1955…
O torcedor vê a AA São Bento terminar num modesto 11º lugar…
Os maus resultados estimulam as discussões sobre a real efetividade da fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC e a parceira chega em 1956 bastante questionada. Esse foi o time:
O campeonato de 1956 teve uma regra bem diferente, a primeira fase era um “torneio de classificação, onde todos jogavam contra todos num turno único.
Desse “torneio” o campeonato se dividiu em duas séries: azul (os 10 primeiros colocados) e branco (os 8 demais), sendo que só o azul disputaria o título. A AA São Bento conseguiu se classificar para a série azul, terminando o tal torneio em 6º lugar…
A torcida até que fez o seu papel, olha quanta gente ia apoiar…
Porém, frente aos times mais fortes, os resultados não vieram…
Dessa forma, a AA São Bento terminou a série azul em 1956, em último lugar…
Mesmo tendo se classificado para essa “série azul”, o fim do campeonato de 1956 gerou ainda mais barulho, principalmente entre os torcedores de São Caetano. Imagina a pressão na cabeça dos dirigentes, que tinham certeza que a fusão criaria um novo “time grande” para o estado. Dessa forma, o campeonato de 1957 se inicia com os nervos a flor da pele.
Mais uma vez tivemos o “Torneio de Classificação”, para dividir os times em dois grupos.
E pra piorar as condições, o time não consegue se classificar na série azul…
A AA São Bento acabou disputando a série branca, que não concorria ao título do Campeonato Paulista, apenas esse título “simbólico” da série branca, que sequer foi conquistado… O time acabou no 3º lugar…
Os resultados decepcionantes fizeram com que o projeto da fusão fosse ao chão… Dia 18 de dezembro de 1957, o conselho do clube se reúne e oficializa o fim da AA São Bento.
O São Caetano EC e o Comercial FC estão de volta, o time do ABC fica com o estádio, o da capital com a maioria dos jogadores. Ambos com dívidas e desconfiança quanto ao futuro.
Pra piorar o São Caetano EC não consegue o direito de seguir jogando a série A1 do Paulista e ainda tem que fazer muito trabalho de bastidor para conseguir sua inscrição na cada vez mais disputada segundona – série A2.
O campeonato dividiu os times em 4 grupos, e o São Caetano EC ficou no Azul, mas sequer se classificou para a segunda fase. Esse é o time de 1958
Em 1959, novamente na A2 e mais uma vez, uma campanha fraca, não se classificando em seu grupo, o “João Havalange”, onde ficou em quinto lugar.
Em 1960, o São Caetano EC fecha definitivamente suas portas para o futebol profissional e passa a se dedicar apenas ao clube social. Uma pena para a cidade, principalmente pra quem vive na região central que foi quem mais se apegou ao time.
Vale destacar outro time que fez história: o Cerâmica FC, fundado em 13 de maio de 1925 por operários da “Cerâmica Privilegiada” famosa pela produção de ladrilhos, telhas e tijolos refratários. O Cerâmica chegou a disputar a Divisão Intermediária da LFESP em 1939.
Time de 1954:
Como sabemos, a cidade ainda veria surgir novos times que chegariam ao profissional, como a TransAuto, o SAAD, a AD São Caetano
Bem vindos à Tietê, uma cidade localizada há pouco mais de 100 km de São Paulo, com uma população estimada, em 2018 em pouco mais de 41 mil habitantes e que nasceu às margens do rio Tietê…
Ali, às margens do rio, também podemos encontrar um pouco da história do futebol paulista, afinal praticamente na cabeceira da Ponte Grande, está construído o “Estádio José Ferreira Alves”.
O Comercial Futebol Clube foi fundado em junho de 1920 e por 20 anos mandou seus jogos no estádio localizado em frente à Santa Casa de Misericórdia (atualmente o Educandário “Rosa Mística”), como se pode ver (ou tentar imaginar) nessa foto da década de 20:
Finalmente inaugurou, em 1940, o “Estádio da Ponte Grande“, que viria a se transformar em “Estádio José Ferreira Alves”, em homenagem a um de seus fundadores. Aqui, o pessoal fazendo o nivelamento para o estádio:
O nome do time é uma homenagem ao Comercial de Ribeirão Preto e também a Rua do Comércio, onde nasceu o clube.
A história do time é muito rica, com grandes nomes tendo passado por ali.
Atualmente, o maior nome é o do presidente do clube. Esta é a vaga de estacionamento de ninguém menos que César Sampaio.
O Estádio José Ferreira Alves, apelidado como “Ferreirão” possui capacidade para 4.500 torcedores, mas pode receber melhorias e ampliação caso o plano de César Sampaio, de levar o time de volta ao profissionalismo em 2020, se realize.
Aqui dá pra se ver melhor o campo todo:
Usando como base o livro “Os esquecidos“, a estreia do Comercial FC em competições da Federação Paulista acontece em 1943 no Campeonato do Interior daquele ano, quando jogou o grupo da 23ª região, que teve como campeão a equipe da AA Saltense.
Em 1944, novamente jogou o grupo da 23ª região, que dessa vez teve como campeão o EC São Martinho de Tatuí.
Em 1947, mais uma participação no Campeonato do Interior.
Aqui, o time de 1957:
A estreia do Comercial FC no profissionalismo se deu em 1962, na Terceira Divisão, que equivalia ao quarto nível do futebol, classificando-se para a fase seguinte ao vencer a 2ª série da fase inicial do Campeonato, ao lado do CA Usina Santa Bárbara, Capivariano, Portofelicense e Sorocabana de Mairinque.
Ainda assim, perdeu o título para o CA Usina Santa Bárbara por apenas 2 pontos.
Em 1963, mais uma vez classifica-se para a fase final…
Mas termina em último do grupo final.
Esse foi o time de 1963:
Em 1964, classifica-se para a próxima fase de novo…
Mas não consegue chegar às finais, terminando em 4º lugar.
Em 1965, não passa da primeira fase, mas em 1966, volta a se classificar não apenas para a segunda fase…
…como também para a terceira e final.
Infelizmente e inesperadamente o Comercial FC desiste da disputa na fase final…
O Comercial FC ainda permanece nessa série até 1969, quando se licencia do profissionalismo. Seu retorno ocorre em 1978, em uma terceira divisão que agora representava o 5º nível do futebol paulista. E se em 1978, não se classifica para a segunda divisão, em 1979 mais uma vez chega lá!
Na segunda fase acaba na quinta colocação do grupo.
Em 1980, a Terceira divisão passa a representar o terceiro nível do futebol paulista, e Comercial FC passa a desenvolver campanhas apenas medianas, mas classificando-se para a segunda fase em 1982.
Em 1983, o campeonato estava no Grupo Amarelo e foi campeão do primeiro turno.
Vencendo a Funilense, o Comercial FC classificou-se para a fase final, terminando na 5ª colocação.
Em 84, mas uma bela primeira fase (no grupo onde estava o futuro campeão Capivariano)!
Mas o Comercial FC de Tietê não passou da segunda fase.
Em 1985, o time licencia-se do Campeonato. Em 1986, classificou-se em primeiro no Grupo Vermelho.
Mas, o time de Tietê tem uma má campanha na 2ª fase.
Em 1987, o Comercial FC não passa da fase de grupos, assim como em 1988, quando o terceiro nível passa a se chamar Segunda Divisão. Em 1989, licencia-se do profissionalismo e na década de 90, o time de Tietê disputa apenas as edições de 1990 e 1993, sequer se classificando para a segunda fase, o que novamente o leva a se licenciar. Em 2001, o time retorna ao profissionalismo, jogando a 6ª divisão e faz uma incrível primeira fase!
Mas mais uma vez, faltou gás para o time tornar-se campeão (o título da 6ª divisão de 2001 acabou com o Corinthians B).
Em 2002, mais uma edição da série B3, a 6ª divisão do Campeonato Paulista. Mais uma vez, o time passa da primeira fase e classifica-se para as quartas de final.
Nas quartas de final, o Comercial FC enfrentou o time B da Portuguesa, e perdeu de 4×0 em Tietê e depois ainda conseguiu vencer por 2×1 no Canindé, mas a vaga na semi final era mesmo da lusa. E assim, o time acabou se licenciando até os dias atuais. Esse foi o time de 2002:
Fomos conhecer o Estádio José Ferreira Alves, para tentar ver essa história um pouco mais de perto.
Em 1988, pelo que a placa indica, a Prefeitura realizou algumas melhorias no Estádio.
Tivemos a sorte de encontrar pela cidade um dis diretores que nos falou um pouco sobre o “Projeto Cidadãos do futebol” focado no futebol como instrumento de melhoria da vida dos jovens. Ta aí a camisa!
O campo está muito bem cuidado e pode voltar a receber partidas profissionais.
Só não sei se existe um lado “visitante”… Talvez se existir um projeto de entrada pelo lado do fundo.
Aqui é a visão da entrada do campo.
Os bancos de reserva:
Na lateral do campo, a beleza da mata do entorno do rio…
O mesmo rio que as vezes gera certos prejuízos…
Mas, temos aí mais um exemplo de um estádio que soube se manter ativo mesmo com o passar de tanto tempo, e que pode, bem no centenário do Comercial de Tietê, voltar a receber partidas oficiais.
O time de 2015:
Uma prova de que as coisas podem estar caminhando é o o time sub 17, que disputou os campeonatos em 2018.
E aqui o time de 2021:
Vamos embora, com a esperança de voltar a ver um jogo aqui! Boa sorte!
Novamente na estrada, mais um horizonte que se abre. Uma nova cidade a se conhecer, um estádio a ser registrado, e dessa forma tentamos incentivar as pessoas a se unirem em torno dos times que as representam verdadeiramente. Chegamos à quarta etapa do nosso projeto de 2018: a cidade de Garça!
A cidade fica entre Bauru e Marília e cresceu graças ao cultivo de café, nos séculos passados. Atualmente, 44.582 pessoas vivem na cidade.
Nosso objetivo era conhecer o Estádio Municipal Frederico Platzeck, onde o Garça FC manda seus jogos.
O Garça FC representa o retorno da cidade ao futebol. Pelo que tudo indica, em breve o time disputará a série B do Campeonato Paulista, no Frederico Platzeck!
Até para possibilitar essa disputa, a cidade está correndo para desfazer a interdição do estádio, por isso, o reformaram e pintaram a fachada. Ficou lindo, mas… perdeu a inscrição com o nome do estádio e eu acho isso tão legal… Veja como era:
E como ficou:
Claro, ficou novo, mas… espero que as autoridades locais completem a obra inserindo o nome do estádio no lugar onde costumava ficar.
Falando um pouco da riquíssima história do futebol, o primeiro time da cidade, na década de 20, era o Comercial Futebol Clube, cujo campo ficava em Labienópolis, depois transferido para a Vila Vicentina, onde ficou até 1932, quando enfim foram para o Estádio da Vila Willians. Nesse mesmo ano de 1932 surgiu o Garça Futebol Clube.
Logo, o time ganharia um rival local o: Bandeirantes Futebol Clube.
Nos anos de 1950, surgiu uma outra equipe com o nome Bandeirantes: a Associação Atlética Bandeirantes. Essa equipe disputou o Campeonato Paulista de Futebol da Terceira Divisão em 1956 e em 1958.
Em 1942, houve uma fusão entre o Garça Futebol Clube e Bandeirantes Futebol Clube dando origem ao Clube Atlético Brasil. Mas, já no ano seguinte, o time voltou a se chamar Garça, mas agora “Esporte Clube”. O Garça EC debutou na Segunda Divisão de 1950 até 1960 (ficando de fora em 1953). De 1961 a 1964, afasta-se.
O Garça FC voltaria a ser usado em 1965, permanecendo até os dias atuais, passando por diferentes distintivos entre suas idas e vindas.
No ano seguinte, em 1966, o Estádio Municipal Frederico Platzeck foi inaugurado com um jogo frente ao São Paulo F.C. e veja como ficou cheia a arquibancada:
Em 1969, sagra-se campeão da Terceira Divisão, retornando para a Segundona, o time contava com o goleiro Waldir Perez:
Esse é o time de 1976:
E esse time posado para o jogo contra o Linense, no mesmo ano?
Aqui, o de 1978:
Esse foi Aqui, o time de 1984 que levou o time de volta à A2:
Esse é o time de 1989 que jogou a A2:
Mas… Voltemos ao presente… Ao Estádio Municipal Frederico Platzeck.
Mais uma vez presente em uma bilheteria! Vamos entrar pra conhecer melhor!
Vamos entrar pra conhecer melhor!
Lá dentro, as coisas parecem estar sendo cuidadas, ainda que exista um pouco de mato alto:
Agora é ficar na torcida para que em breve tenhamos times profissionais adentrando ao gramado para mais uma batalha na bezinha!
A arquibancada deve receber mais um trato antes disso…
Mas ele está aí… Mais um templo do futebol paulista com muita história e se tudo der certo, com muito futuro!
As rádios também deverão voltar a narrar a emoção…
Aqui é a parte coberta do estádio:
Mas ainda existe todo o anel em torno do estádio:
E a arquibancada lateral descoberta. Provavelmente vão caber mais de 5 mil torcedores no estádio!
E no gol…
Missão cumprida, hora de ir embora!
Torcendo para podermos voltar e acompanhar uma partida oficial em 2019.
O banco de reservas está aguardando..
Até os mascotes do estádio estão animados…
Pra terminar… Tente não chorar assistindo o documentário sobre o Estádio:
Estádio visitado, hora de almoçar para voltar à estrada para nossa próxima parada!