1938: Quando os jogadores operários de Santo André enfrentaram os fascistas no futebol

guerra mundial estourar, os movimentos nacionalistas de extrema direita tentavam se espalhar como uma reação às crises que assolavam o mundo. 2a guerra mundial Em 1925 os Fascistas Italianos desenvolveram uma ação para ampliar o alcance da ideologia de Mussolini: uma organização recreativa para os trabalhadores chamada Opera Nazionale Dopolavoro (OND), algo como “Obra Nacional depois do Trabalho”. Opera Nazionale Dopolavoro A OND supostamente buscava promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral da população, nos horários após o trabalho. Essa ideia atravessou o oceano e veio dar as caras aqui no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e em 1938, a recém criada  LFESP (Liga de Futebol do Estado de São Paulo) convidou o Opera Nazionale Dopolavoro de São Paulo para disputar a Divisão Intermediária, equivalente à série A2 do Campeonato Paulista. Para a disputa, foram obrigados a mudar seu nome para Orgnização Nacional Desportiva (mantendo sua sigla OND). Os fascistas brasileiros prometiam demonstrar suas proezas em campos paulistas, e assim, como dois times da nossa região também jogavam a divisão intermediária, Santo André (que na época fazia parte do município de São Bernardo, que englobava a área do que hoje é o grande ABC)  receberia em campo o time dos fascistas. Fico me perguntando se esse fato gerou algum tipo de repercussão entre a torcida local, formada em boa parte por operários, muitos deles imigrantes italianos simpáticos ao anarquismo e comunismo, que fizeram história na região com as primeiras greves, já em 1906 (essa em específico, na tecelagem Ypiranguinha, num local próximo ao que seria anos mais tarde o Estádio do Corinthians de Santo André). O ABC vivia uma grande mistura de ideologias, com crescimento do Partido Comunista Brasileiro, além da reorganização da União Operária fazer surgir um novo sindicato. Enfim, chega o esperado domingo, 9 de outubro de 1938 a capa da página de esportes do Correio Paulistano destacava o primeiro embate: Correio Paulistano 1938 Organização Esportiva Nacional Os fachos chegaram em Santo André para a disputa da partida contra o Primeiro de Maio FC. Primeiro de Maio FC x Opera Nazionale Dopolavoro O local da partida era o Mítico Estádio da Rua Brás Cubas, e como sempre acontecia, ele provavelmente estava apinhado de torcedores naquele dia. Será que algum torcedor visitante esteve presente? Em campo, um nome de peso para a política e para o esporte de Santo André: o goleiro Bruno José Daniel (que anos depois daria nome ao Estádio Municipal). Essa é uma imagem do campo naquela época, que mostra de fato como era forte a presença da torcida local: Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André Presente nas arquibancadas, os anarquistas e comunistas da região empurraram os “flechas verdes“, ao ataque. O Primeiro de Maio não apenas jogou como se impôs diante dos fascistas que sequer esboçaram reação. O caldeirão da Brás Cubas ferveu por quatro vezes, terminando com a vitória arrasadora por 4×1. Fico imaginando a cena e pensando se gritos de “Não passarão!!!” teriam vindo das arquibancadas. Os fascistas deixaram a cidade com a cabeça quente, prometendo vingança… Se não existia a possibilidade de um novo jogo contra o Primeiro de Maio, os fascistas prometiam descontar sua raiva contra outra equipe operária: o Corinthians FC, o “Galo Preto da Vila Alzira”.  A partida estava marcada para o dia 13 de novembro, no Estádio do Corinthians, e se o Primeiro de Maio já levava torcida, o “Corintinha” era ainda mais imponente. Veja a imagens da arquibancada local na época, em um derbi contra o Primeiro de Maio (time perfilado): Estadio do Corinthinas O time que enfrentou a Organização Nacional Desportiva: Corinthians SA E mais uma vez, estampada nos jornais, o desafio entre operários do ABC e os fascistas: Corinthians FX x Dopolavoro (fascistas) E, nessa nova visita… Mais uma vitória fazendo a alegria dos operários anarquistas e comunistas de Santo André! Corinthians SA x Opera Nazionale Dopolavoro de São Paulo O Corinthinhas venceu por 2×1, no dia 13/11 contribuindo com que os fascistas desistissem de se aventurar no futebol profissional de São Paulo e deixando claro que nem no futebol nem na política havia espaço para esse tipo de pensamento.

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O Estádio da Rua Brás Cubas, a casa do Primeiro de Maio FC

Dando sequência aos estádios do ABC, vamos falar do extinto Estádio do Primeiro de Maio FC (já falamos sobre o time, clique aqui pra ler), também conhecido como o Estádio da Rua Brás Cubas, na cidade de Santo André. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Lembrando que o futebol do ABC tem outros times, estádios e histórias, caso queira conhecer mais, veja aqui o Mapa do Futebol no ABC, desenhado pelo Victor Nadal. Pra falarmos do histórico Estádio da Rua Brás Cubas é preciso voltar à Santo André dos anos 20… E pra isso, vamos contar com a ajuda do Grupo Santo André Ontem e Hoje, relembrando alguns visuais daquela época, como a “Venda da Menotta Domenica DellAntonia“, mãe de Pedro DellAntonia. largo do Ipiranguinha, onde ficava a "Venda da Menotta Domenica DellAntonia", mãe de Pedro DellAntonia Outro importante ponto da época era Fabrica Kowarick, onde hoje fica o Assaí atacadista. Fabrica Kowarick, Aquele era um tempo de grandes esperanças. Tudo era novo, o futuro estava a ser escrito e se as indústrias começaram a se tornar a principal característica da região. Logo, os operários encontraram no futebol uma das formas preferidas de diversão e a cidade de Santo André via surgir grandes times, entre eles o Primeiro de Maio FC. Para quem se interessar, vale a leitura do livro “História do Futebol em Santo André” (clique aqui e compre na Estante Virtual): Livro - História do Futebol em Santo André E em 1º de maio de 1923, o Primeiro de Maio FC inaugurava o seu estádio, na Rua Brás Cubas, a poucos passos de onde hoje está a Catedral do Carmo, na época ainda em construção. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Para maiores informações sobre o estádio e sobre o próprio time, recomendo outro livro: Os flechas Verdes (clique aqui e compre direto da estante virtual), escrito por Ademir Médici: Livro - Os flechas Verdes - A história do 1o de maio FC Para a inauguração, foi convidado o time do Paulistano, que na época era um baita time e foi muito legal em topar vir inaugurar o Estádio. Podiam ter pego mais leve no campo…. Venceram o jogo por sonoros 5×2. Essa é a foto do dia do jogo, do dois times juntos: Estádio Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC As poucas fotos que consegui resgatar do Estádio da Rua Brás Cubas vem do livro do Ademir Medici e mostram ao fundo um centro de Santo André ainda bem diferente do que conhecemos atualmente. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Poucas casas, no máximo uns sobrados. Os prédios ainda demorariam décadas até chegar a nossa cidade. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC A foto abaixo, de 1939, quando foi disputada uma partida em apoio às vítimas do terremoto no Chile. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Além de ser usado pelo time principal, o campo também era usado em outros momentos pelos sócios do clube. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC O Primeiro de Maio FC não só fez história no futebol como viu a história da nossa cidade acabar com a natureza e também com o seu campo. O centro ficou muito “urbano” para conter um estádio, e o futebol acabou deixando de ser uma prioridade para o clube. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Mas a sede do Primeiro de Maio FC segue no centro da cidade, e pelo menos mantém na memória imagens como essas, que nunca…. nunca mais voltarão… Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC Enfim, com muita tristeza, num domingo, em 9 de junho de 1940, o Primeiro de Maio FC fez sua estreia no Campeonato Intermediário da Liga de Futebol do Estado de São Paulo, contra o time do Tramway da Cantareira FC (o “Estrada de Ferro Cantareira“). AA Tramway Cantareira O placar foi de festa! 5×2 para o Primeiro de Maio FC, para a festa da torcida, mas… Aquele ficaria marcado como o última ano do time no Estádio da Rua Brás Cubas… 17 anos de história que tiveram que dar lugar à expansão da cidade. Ainda em 1940, em abril, já com a notícia certa da perda da área do estádio, o time recebeu o São Paulo e levou uma goleada de 8×0… Mas para não terminar a história no Estádio da Rua Brás Cubas de forma melancólica, o juvenil do Primeiro de Maio FC recebeu, em outubro, o Juventus da Mooca e deixou um 10×1 de presente. O campeonato daquele ano terminaria seria jogado no Estádio do Corinthians de Santo André. Estádio da Rua Brás Cubas - Santo André - Primeiro de Maio FC

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Os Estádios do São Caetano Esporte Clube

Distintivo do Esporte Clube São Caetano

Dando sequência aos posts sobre os Estádios do Grande ABC, é hora de falar da casa do São Caetano Esporte Clube.

Estádio do São Caetano EC

Mas o futebol do ABC tem outros times e outras histórias, caso queira conhecer mais, veja aqui o Mapa do Futebol no ABC, desenhado pelo Victor Nadal.

O post de hoje é em homenagem ao Ademir Medici, outro apaixonado pela história do Grande ABC que além de escrever uma coluna sobre a memória da região no Diário do Grande ABC, ainda editou vários livros sobre os principais clubes da região, entre eles, o São Caetano Esporte Clube. O livro “Uma história de campeões” foi a principal fonte utilizada hoje.

Livro Uma história de Campeões - São Caetano Esporte Clube

Outra fonte importante para esse trabalho foi o livro “Os esquecidos“, realizado pelo DataToro / RedBull, com pesquisas de Antonio Ielo, Fernando Martinez, Júlio Diogo e Marcio Javaroni e editado pelo Rodolfo Kussarev.

Livro - Os esquecidos

O São Caetano Esporte Clube nasceu em 1º de Maio de 1914, da fusão do Rio Branco (que alguns dizem EC, enquanto outros FC) e do Clube dos Amigos. Nos seus primeiros anos, participou de vários campeonatos locais e amistosos, inclusive fazendo algumas viagens pra jogar de visitante.

São Caetano Esporte Clube

Não encontrei registros fotográficos do primeiro campo do São Caetano EC, mas ele ficava em uma área da família Roveri, antes usada pelo Clube dos Amigos, onde a Fábrica de Louças Adelina se instalaria. O campo não oferecia condições de disputar jogos oficiais e por isso, era comum jogar em campos emprestados. Aqui, algumas imagens da fábrica:

Fábrica de Louças Adelinas
Fábrica de Louças Adelinas

O segundo campo (também não encontrei nenhuma foto, até porque estamos falando das primeiras décadas do século XX) ficava na rua Heloísca Pamplona, e foi usado até 1920, quando o local passou a abrigar o Grupo Escolar Senador Fláquer.

Grupo Escolar Senador Fláquer

O terceiro campo, conhecido como “O Estádio da Rua 28 de Julho” marcou época.

Possuia arquibancadas em madeira, inclusive uma pequena parte coberta. Ficava no terreno de uma firma de montagem de pontes, e o São Caetano EC pode mandar seus jogos ali por um bom tempo, até que no início dos anos 30, as Indústrias Matarazzo requereram o terreno.

Estádio do EC São Caetano - campo da 28 de julho

As arquibancadas em madeira, com uma área central coberta e todo cercado, o que dava um charme único! Aqui uma outra foto, também do livro do Ademir Medici!

Estádio da rua 28 de Julho - São Caetano

Aqui dá pra se ter ideia de como era o outro lado do estádio:

Estádio Conde Francisco Matarazzo - São Caetano EC
Estádio Conde Francisco Matarazzo - São Caetano EC

Em 1919, o time passa a disputar o Campeonato Municipal organizado pela APSA, que equivale à série A3 do Paulista atualmente.

Jogaria a A3 também em 1920, 1922 (quando chegou à segunda eliminatória, perdendo para a AA Ordem e Progresso), 1923 (também foi até a segunda eliminatória, desta vez perdendo para a AA Estrela de Ouro), 1924 e 1925. Esse, o time de 1926, que só jogou amistosos e torneios locais:

São Caetano Esporte Clube

Em 1927, disputa pela primeira vez o Campeonato Paulista do Interior, pela APEA.

Em 1928, por falta de condições de seu estádio, mandou seus jogos  pelo Campeonato do Interior em Santo André (no campo do Primeiro de Maio FC) e em São Paulo (no campo do Silex e do Ipiranga), mas isso não impediu o São Caetano Esporte Clube de se tornar Campeão do Interior!

São Caetano Campeão do Interior 1928
São Caetano Esporte Clube - campeão do interior 1928
Diploma APEA 1928

Com o título do Interior de 1928, em 1929 o São Caetano Esporte Clube volta a disputar a série A3 do Campeonato Paulista pela APEA (nessa época, chamada de 2a divisão, ficando abaixo da primeira e da especial).

O Estádio da Rua 28 de Julho passa por uma reforma para poder receber os jogos desta competição e logo de cara, o São Caetano Esporte Clube conquista o vice campeonato.

Série A2 - 1928

O campeão de 1929 seria a AA Ordem e Progresso (que havia sido campeão da Divisão Municipal da APEA em 1928).

AA Ordem e Progresso

Olha o time deles, em 1935:

AA Ordem e Progresso

Mas, em 1930 chega a hora da celebração maior! O São Caetano Esporte Clube se torna campeão da série A3 e assim passa a disputar a A2!

São Caetano Esporte Clube 1930

O time sofreu uma única derrota no campeonato!

Série A3 - 1930
Classificação a3 1930

Em 1931, disputou a série A2 e por 3 pontos não saiu campeão.

Tabela do Campeonato Paulista série A2 - 1931
Tabela paulista a2 - 1931

A partir de 1932, o time passou a adotar o seu distintivo, já que até então, era apenas um uniforme preto e branco.

A série A2 de 1932 foi mais enxuta e perdeu um pouco da força porque a APEA criou dois novos Campeonatos: o do Interior – Divisão Campineira (onde o Guarani foi campeão) e o do Interior – Divisão Santista (a Briosa levou o título). Foram apenas 7 jogos e uma campanha apenas regular.

Paulista A2 - 1932
Classificação série A2 - 1932

Em 1933, surge a Federação Paulista de Futebol e com ela, o profissionalismo começa a surgir no futebol paulista.

O São Caetano EC  segue no campeonato da APEA, na série A2, que ese ano era dividido em 2 grupos, onde os melhores de cada um fariam a final.

Jogando no grupo “Série 1”, termina empatado em primeiro lugar com o time das Fábricas Orion, mas perde a partida de desempate e assim fica de fora da final.

A2 - 1933
Classificação Grupo 1 - Paulista série A2 - 1933

O Fábricas Orion foi pra final e levantou o título de campeão.

Clube Esportivo Fábricas Orion

É o time desta fábrica:

Fábrica Orion

Que embora tenha se mudado de endereço, segue dando nome ao prédio, agora abandonado, na esquina das ruas Joaquim Carlos e Behring, no bairro do Belenzinho…

Orion

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Orion acolheu muitos imigrantes alemães de origem judaica, que fugiram da Europa por causa de perseguições.

Fábrica Orion

O São Caetano EC ainda disputou vários amistosos nesse ano, dos quais dois merecem destaque: um contra o Primeiro de Maio que terminou em pancadaria (a ponto dos times combinarem não realizar o jogo de volta) e outro contra a Portuguesa, da qual se tem esse registro (a Lusa venceu por 3×2):

Portuguesa x São Caetano EC

Chegamos a 1934, e agora haviam 2 campeonatos, um pela APEA e outro pela Federação Paulista (do qual o CA Fiorentino – que nada mais era do que o Juventus, que se lincenciou das demais competições, momentaneamente- saiu campeão da série A1).

CA Fiorentino

O São Caetano EC fez uma boa campanha e terminou em 3o lugar (de novo a AA Ordem e Progresso levou).

Série A2 - 1934
Classificação 1934 - série A2
Ordem e Progresso campeão 1937

Naquele ano, o time disputou um amistoso com o Palestra Itália, no Estádio da rua 28 de julho. Esse foi o time daquele jogo:

São Caetano EC - 1934

Em 1935 é um momento especial para o São Caetano EC: o clube adquire um terreno entre as ruas Paraíba e Major Carlo Del Prete, uma vez que a área do Estadio da Rua 28 de Julho é requerida pelas indústrias Matarazzo. Como o clube não tinha recursos, foi necessário muitas ações e parcerias para a realização desse sonho. Mas estava lançada a pedra fundamental do que seria o “Estádio da Rua Paraíba“.

A outra boa notícia é o convite feito pela APEA para que o São Caetano EC dispute a sua série A1 de 1935. O time termina em 4o lugar e ainda vence a Taça Bellard contra outros times da região.

A despedida do velho Estádio da Rua 28 de Julho se faz na partida contra a AA Ordem e Progresso, na primeira rodada do campeonato ( o time joga de visitante praticamente todos os jogos).

Campeonato Paulista 1935
Campeonato Paulista série A1 - 1935

Em 1936, dois campeonatos paulistas são disputados: um pela LPF (Liga Paulista de Futebol), do qual o Palmeiras (Palestra Itália, então) sagra-se campeão, jogando contra as equipes mais fortes do estado, como Corinthians, São Paulo, Santos, Juventus entre outros times. O São Caetano EC segue fiel à APEA, que começa a apresentar sinais de decadência e melhora sua performance, alcançando o 3o  lugar.

O destaque fica para a goleada de 6×1 contra o Ordem e Progresso (até eu já peguei birra desse time de tanto jogo contra ele kkkkk) e para o “derby regional” com o Primeiro de Maio, tendo o São Caetano EC vencido as duas partidas.

Classificação série A1 - 1936
Série A1 - 1936 - Classificação

Esse foi o time de 1936, que teve que jogar quase todos os jogos como visitantes, uma vez que o Estádio da Rua Paraíba não foi finalizado.

São Caetano EC - 1936

Chegamos a 1937 com uma grande notícia: o Estádio da Rua Paraíba finalmente está pronto, e recebe o nome de Estádio Conde Francisco Matarazzo, sendo inaugurado em 1/5/1937.

Essa é uma foto do dia da inauguração, que contou com um grande festival que teve como ponto principal um jogo entre o São Caetano EC e um selecionado da APEA (4×1 para os donos da casa):

Estádio da rua Paraíba - São Caetano EC

A entrada principal era na Rua Paraíba, onde ficavam as bilheterias além de um escritório para controle das carterinhas dos sócios.

Ao lado esquerdo (onde ficava um dos gols), estava a Rua Margarido Pires (a atual Av Goiás), à direita, a indústria Brasiltex e logo adiante a Rua Baraldi.

Estádio Conde Francisco Matarazzo - São Caetano EC

Aqui outra foto do livro do Ademir Medici, percebe a distância da torcida ao campo (sim, era só essa singela cerca branca que separava a torcida dos jogadores). Esta arquibancada coberta tinha capacidade para 600 torcedores. Ela dava costas à Rua Major Carlo Del Prete, embaixo delas ficavam os vestiários. Pro lado de trás, havia um portão maior para a entrada dos carros e ônibus dos times visitantes.

Estádio Conde Francisco Matarazzo - São Caetano EC

Outros dois jogos, nas duas semanas seguintes fizeram parte das festividades de inauguração do novo estádio: uma derrota de 1×0 para o Ipiranga e outra por 3×1 para a Portuguesa.

O São Caetano EC toma outra decisão importante neste ano: afastar-se da APEA e inscrever-se na Liga Paulista de Futebol (que se tornaria a atual Federação Paulista), mas termina 1937 sem disputar nenhum campeonato, assim como 1938, mas rolam festivais e até um campeonato só com times de São Caetano.

Estádio Conde Francisco Matarazzo

Em 1939, a agora “Liga de Futebol do Estado de São Paulo (LFESP)” decide convidar o São Caetano EC a disputar a Divisão Intermediária, equivalente à série A2 do Paulista.

E esse campeonato foi especial para o Grande ABC: 5 times da região participaram: São Caetano EC, Primeiro de Maio, EC São Bernardo, Cerâmica e Corinthians de Santo André) e 4 terminaram nas primeiras posições, tendo o Corinthians de Santo André como campeão!

Série A2 - 1939
Classificação série A2 - 1939

Aqui, o goleiro Ettore Manilli em ação:

São Caetano EC
São Caetano EC

Chega 1940, e vem a grande conquista da Divisão Intermediária – a série A2 da época!

São Caetano Esporte Clube 1940

Mais uma vez enfrentando vários times do ABC, tendo o Palestra Itália de São Bernardo como novidade.

São Caetano EC campeão da série A2 - 1940
São Caetano EC campeão da série A2 1940

Inacreditavelmente, o time campeão de 1940 não disputa nenhum campeonato em 1941, nem 42 ou 43… Apenas amistosos.

São Caetano EC campeão 1940
São Caetano EC

Em 1944, disputou o Campeonato do Interior, mas acabou eliminado pelo Taubaté, em 45 e 46 não passou da fase regional de grupo (quem se classificou em ambas foi o vizinho CA Rhodia, de Santo André) e em 47 também saiu na segunda fase. Esse é o time de 1945:

São Caetano EC - 1945

Em 1948, uma grande novidade: a disputa do campeonato paulista da Segunda Divisão (a série A2) profissional. Joga a série vermelha e termina empatado em número de pontos com o Rio Pardo. Era só empatar o último jogo contra o Ginásio Pinhalense numa partida cheia de histórias….

Paulista série A2 - 1948

Como apenas um time iria pra fase final, houve uma partida para desempatar e o Rio Pardo FC venceu, em campo neutro, em Limeira, por 5×3. O São Caetano EC jogou com Zinho; Mosca e Neno; Sérgio, Ninim e Escovinha; Suli, Iube, Andó, Wilson e Enzo. Técnico: Francisco Marinotti.

São Caetano EC - 1948

Em 1949, uma participação mediana, em sétimo lugar.

série A2 1949

Duas fotos do time frente ao estádio neste ano:

São Caetano EC
São Caetano EC - 1949

Em 1950, sagrou-se campeão da sua regional, mas acabou desclassificadoo da segunda fase.

série A2 - 1950
Série A2 - 1950

A foto do time campeão da sua série.

São Caetano EC - 1950

Em 1951, mais uma campanha mediana na Segunda Divisão – a série A2 da época- não se classificando para a parte final da competição, o vizinho Corinthians de Santo André classificou-se em primeiro lugar (no jogo em Santo André, deu São Caetano EC 2×1 contra o Galo da Vila Alzira, em 22/7/51):

Série A2 - 1951

Em 1952, é anunciado a construção de um novo estádio que servirá não apenas ao time mas à cidade. Analisando a distância eu me pergunto se realmente era necessário, visto que o Estádio Conde Francisco Matarazzo parecia dar conta do recado, mas alguns depoimentos da época dizem que o estádio já era pequeno para as grandes partidas (além de disputar a A2, foi comum a presença de Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Portuguesa disputando amistosos para casa cheia) e a própria Federação vinha reclamando das acomodações modestas.

O time que entra em campo para a A2 de 1952 é formado por novos rostos, convidados junto à várzea local, o que fez com que o início do campeonato fosse irregular, mas em determinado momento, parece que finalmente deu liga, como se pode notar nos resultados.

São Caetano EC - 1952
São Caetano EC - série A2 - 1952
Classificação 1a fase (5a região)

Como houve empate entre o São Caetano EC e o Taubaté foi marcado uma partida em local neutro (a Rua Javari) na qual o time do ABC bateu o burro da central por 4×2, com 3 gols do ponteiro Rino.

Infelizmente no chamado “Torneio dos finalistas”, o time perdeu a classificação para o CA Linense, que saiu campeão em cima da Ferroviária.

Torneio dos finalistas

Time do CA Linense, campeão e que disputaria a série A1 de 1953:

CA Linense 1952 - Campeão

Nessa época, independente da campanha do ano anterior, existia sempre uma expectativa para saber se o time seria convidado para a disputa da segundona e foi com muita alegria que o São Caetano EC confirmou presença em mais um campeonato, ao lado do vizinho Corinthians de Santo André.

Pra se ter ideia do tamanho do interesse, em 1953 é criada a Terceira Divisão (equivalente à A3 atual).

Aqui, o time de 1953:

São Caetano EC - 1953

Mais uma vez, os times são divididos em grupos e a campanha do São Caetano EC é apenas regular:

Classificação 1a fase série A2 1953

O ano de 1954 se inicia com as primeiras obras do que ser ia o novo estádio da cidade. Mas o que mexeria com as estruturas do futebol na cidade foi a fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC de São Paulo (que jogava a primeira divisão).

Comercial Futebol Clube

Dessa maneira surge a Associação Atlética São Bento, cujo nome e uniforme eram homenagens ao São Bento, clube paulistano campeão estadual em 1914 e 1925).

Distintivo da AA São Bento - São Caetano
AA São Bento

Como o Comercial já disputava a primeira divisão, a AA São Bento nasce na A1 de 1954!

AA São Bento 1954

Mas, contrariando as expectativas, faz uma campanha bem mediana, correndo até risco de rebaixamento…

Campeonato Paulista - série A1 1954
Classificação do campeonato paulista 1954

Com o time disputando a principal divisão do estado (a série A1), o prefeito Anacleto Campanella se vê na obrigação de agilizar as obras do novo estádio.

Assim, 1955 se inicia de uma forma muito festiva: no dia 2 de janeiro, em um jogo válido ainda pelo campeonato de 1954 (veja na tabela acima) a AA São Bento inaugura o Estádio Anacleto Campanella, vencendo o XV de Piracicaba, por 1×0.

Estádio Anacleto Campanella - AA São Bento - São Caetano

Pra quem nunca foi ao Anacleto, vale lembrar que ele fica num das partes mais elevadas da cidade e ná época não haviam arquibancadas ao seu redor como um todo, por isso, sofria uma grande ação dos ventos e isso rendeu ao estádio o apelido de “O Estádio do Morro dos Ventos Uivantes“.

Estádio Anacleto Campanella - AA São Bento - São Caetano
Estádio Anacleto Campanella - AA São Bento - São Caetano

Em 13 de janeiro, realiza-se uma partida celebrativa para a inauguração do Estádio Anacleto Campanella e o Corinthians é convidado como adversário e vence por 3×2.

E as arquibancadas se entopem de torcedores…

Inauguração do Estádio Municipal Anacleto Campanella - São Caetano

O time disputa toda a série A1 no Estádio Anacleto Campanella, mas nem a fusão nem o novo estádio servem de estímulo para uma campanha considerável no Paulistão de 1955

Campeonato Paulista 1955

O torcedor vê a AA São Bento terminar num modesto 11º lugar…

Classificação série A1 - 1955
AA São Bento

Os maus resultados estimulam as discussões sobre a real efetividade da fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC e a parceira chega em 1956 bastante questionada. Esse foi o time:

Associação Atlética São Bento 1956

O campeonato de 1956 teve uma regra bem diferente, a primeira fase era um “torneio de classificação, onde todos jogavam contra todos num turno único.

Torneio de classificação campeonato paulista a1 - 1956

Desse “torneio” o campeonato se dividiu em duas séries: azul (os 10 primeiros colocados) e branco (os 8 demais), sendo que só o azul disputaria o título. A AA São Bento conseguiu se classificar para a série azul, terminando o tal torneio em 6º lugar…

Campeonato Paulista série A1 - 1956

A torcida até que fez o seu papel, olha quanta gente ia apoiar…

AA São Bento de São Caetano

Porém, frente aos times mais fortes, os resultados não vieram…

Campeonato Paulista 1956

Dessa forma, a AA São Bento terminou a série azul em 1956, em último lugar…

Série Azul - Campeonato Paulista 1956

Mesmo tendo se classificado para essa “série azul”, o fim do campeonato de 1956 gerou ainda mais barulho, principalmente entre os torcedores de São Caetano. Imagina a pressão na cabeça dos dirigentes, que tinham certeza que a fusão criaria um novo “time grande” para o estado. Dessa forma, o campeonato de 1957 se inicia com os nervos a flor da pele.

Mais uma vez tivemos o “Torneio de Classificação”, para dividir os times em dois grupos.

Torneio de classificação 1957

E pra piorar as condições, o time não consegue se classificar na série azul…

Torneio de classificação - Campeonato Paulista 1957

A AA São Bento acabou disputando a série branca, que não concorria ao título do Campeonato Paulista, apenas esse título “simbólico” da série branca, que sequer foi conquistado… O time acabou no 3º lugar…

AA São Bento na série branca 1957

Os resultados decepcionantes fizeram com que o projeto da fusão fosse ao chão… Dia 18 de dezembro de 1957, o conselho do clube se reúne e oficializa o fim da AA São Bento.

O São Caetano EC e o Comercial FC estão de volta, o time do ABC fica com o estádio, o da capital com a maioria dos jogadores. Ambos com dívidas e desconfiança quanto ao futuro.

Pra piorar o São Caetano EC não consegue o direito de seguir jogando a série A1 do Paulista e ainda tem que fazer muito trabalho de bastidor para conseguir sua inscrição na cada vez mais disputada segundona – série A2.

O campeonato dividiu os times em 4 grupos, e o São Caetano EC ficou no Azul, mas sequer se classificou para a segunda fase. Esse é o time de 1958

São Caetano EC 1958

Em 1959, novamente na A2 e mais uma vez, uma campanha fraca, não se classificando em seu grupo, o “João Havalange”, onde ficou em quinto lugar.

Classificação grupo João Havelange - cmpeonato paulista série a2 - 1959
São Caetano EC - Campeonato Paulista séire A2 - 1958

Em 1960, o São Caetano EC fecha definitivamente suas portas para o futebol profissional e passa a se dedicar apenas ao clube social. Uma pena para a cidade, principalmente pra quem vive na região central que foi quem mais se apegou ao time.

Vale destacar outro time que fez história: o Cerâmica FC, fundado em 13 de maio de 1925 por operários da “Cerâmica Privilegiada” famosa pela produção de ladrilhos, telhas e tijolos refratários. O Cerâmica chegou a disputar a Divisão Intermediária da LFESP em 1939.

Time de 1954:

Como sabemos, a cidade ainda veria surgir novos times que chegariam ao profissional, como a TransAuto, o SAAD, a AD São Caetano

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O Estádio Américo Guazzelli – A casa do Corinthians de Santo André

Ainda em quarentena, damos sequência aos posts sobre os Estádios do Grande ABC. Hoje é o dia de falar sobre o Estádio Américo Guazelli.

Estádio Américo Guazelli - Corinthians FC Santo André

Mas o futebol do ABC tem outros times e outras histórias, caso queira conhecer mais, veja aqui o Mapa do Futebol no ABC, desenhado pelo Victor Nadal.

O Estádio é a casa do Corinthians de Santo André.

Corinthinas Futebol Clube de Santo André

Esse post é uma homenagem a dois grandes nomes do futebol de Santo André. O primeiro é o amigo de arquibancada “Seo” Nelson Cerchiari, figura importante na história do Corinthians e até hoje acompanha o futebol local, em especial o nosso Ramalhão.

Pra se ter ideia, a foto abaixo é lá de Mirassol (pertinho…) onde ele esteve acompanhando o tetra campeonato da A2 em 2016.

Nelson Cerchiari

A segunda homenagem, infelizmente é póstuma. Trata-se de Paschoalino Assumpção, um cara com uma mente a frente do seu tempo, que soube colecionar dados e anotações, que acabaram virando 2 livros incríveis, que serviram de base para a pesquisa de hoje.

Paschoalino Assumpção
Livros Paschoalino Assumpção

O mascote e apelido do time e que dé também nome a um dos livros do Paschoalino é “Galo Preto da Vila Alzira“:

O Galo Preto da Vila Alzira

O time é um verdadeiro marco da história do futebol do ABC, assim como o mitológico Estádio Américo Guazzelli.

Corinthians FC de Snto André
Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André

O nome da equipe de Santo André não é em referência ao homônimo paulistano, mas ao original, o Corinthian Football Club, time inglês que excursionou pelo Brasil há mais de 100 anos atrás.

Distintivo do Corinthinas Casuals

Assim, em 15 de agosto de 1912, nasceu o Corinthians Foot-Ball Club de São Bernardo.

Estádio Américo Guazzelli

Isso porque até 1938 toda a região do ABC era chamada de São Bernardo do Campo.

Corinthinas de São Bernardo

A evolução do distintivo do time é um verdadeiro registro histórico do Grande ABC. Com a emancipação de Santo André, o time passa a se chamar Corinthians Futebol Clube de Santo André, também conhecido carinhosamente como o “Corinthinha“.

Corinthians FC de Santo André

A história do Corinthians se escreveu em paralelo à do futebol paulista, numa época em que as ligas do municipais organizavam campeonatos disputadíssimos, com outros fortes times da região, como o Primeiro de Maio FC, (seu grande rival), o Ribeirão Pires FC, o São Caetano EC, o Pilar (de Mauá), o Palestra, o Meninos e o EC São Bernardo entre outros times classistas como a Pirelli, Volkswagen ou o Clube Atlético Rhodia, dono do esquadrão abaixo, de 1948:

Clube Atlético Rhodia - 1948

Segundo o livro “O galo preto da vila Alzira“, o Corintians começou mandando seus jogos em campos de outros times, primeiro em um que ficava bem no centro, entre as ruas Senador Fláquer, Gertrudes de Lima e a Abílio Soares, somente em 14 de agosto de 1925 adquiriram a área onde seria construído o seu campo, na Vila Alzira, perto do Ipiranguinha. Aliás, olha como era o bairro, antigamente:

Ipiranguinha - Santo André

Existem poucas imagens que registram o estádio Américo Guazzelli do começo do século XX. As que existem são essas fotografias granuladas, com pouca resolução e sem imaginar o tamanho da história que seria escrita nesse gramado.

Estádio Américo Guazzelli - Coritnhians Santo André

Mas o que sobra dessa época são lembranças, histórias e títulos. Olha essa foto do time de 1921 (escrevo esse post em 2020, ou seja… a um ano do centenário dessa foto!!)

Corinthians Santo André - 1921

Em 1921, esse time foi campeão paulista pela FPD, ficando com a Taça Guaraná Espumante formada por times descontentes com a APSA, na época. Participaram também da competição: Antártica FC, AA Barra Funda, AA Estrela de Ouro, EC Jundiahyense, Federação Espanhola FC, Itália FC, Ruggerone FC, União Artística R. Cambucy, União Brasil FC, União Fluminense FC (um dos que provocaram a revolta e a criação do campeonato paralelo), União Lapa FC, Vila Clementino FC.

Em 1923, o Coritnhians FC disputou a Zona São Paulo Railway do torneio do Interior e acabou em 3º lugar. (Paulista de Jundiaí liderou seguido pelo Coritnhians Jundihayense, e depois Atibaiense e o Brasil de Santo André).

Em 1925, mais uma vez disputa o torneio do interior ao lado da Ponte Preta, Guarani, D’alva (Campinas) e do Paulista de Jundiaí, ficando novamente em 3º, atrás do Paulista e da Ponte Preta.

Campeonato do Interior 1925
Campeonato do Interior 1925

Em 1927, o futebol paulista passa por uma divisão em duas entidades: a APEA (Associação Paulista dos Esportes Atléticos, originalmente APSA – Associação Paulista de Sports Athleticos) e a LAF (Liga dos Amadores de Foot-ball), com isso, o Corinthians recebeu uma vaga para jogar a primeira divisão (que teve o Palmeiras – Palestra Itália, até então como campeão) e fez com que o time abandonasse o Campeonato do Interior da APEA:

Fichas técnicas campeonato paulista 1927
Fichas técnicas campeonato paulista 1927
Campeonato Paulista 1927

Em 1928, o time buscou fortalecer-se realizando uma fusão com o maior rival, o Primeiro de Maio FC, dando origem ao Clube Atlético São Bernardo. Olha o time no seu jogo de estreia (6×1 contra a Portuguesa Santista):

CA São Bernardo

Com este nome eles disputaram a “A2” da APEA naquele ano e obtiveram bons resultados e terminando em 3o lugar, mas aparentemente a parceria não deu certo e eles perdendo o último jogo contra a Alpargatas de WO.

Classificação Campeonato Paulista - A2 1928 - APEA

Aqui, o time rival: o Primeiro de Maio FC jogando como visitante no Estádio do Corinthians FC, olha o público que comparecia!!

Primeiro de Maio FC no Estádio Américo Guazzelli - 1930

Em 1932, o time disputa a Segunda Divisão (o quarto nível do estadual). Aqui, o time de 1938:

Corinthians Santo André 1938

Aqui, o time já em 1939 que seria reconhecido pelo título da “Divisão Intermediária“, o equivalente à série A2 do futebol paulista.

Campeonato Paulista - Divisão Intermediária da LFESP 1939

Esse foi o time responsável pela conquista:

Corinthians de Santo André 1939

Em 1940, novamente disputa a “intermediária”, mas termina na sexta colocação.

Classificação divisão intermediária 1940

Em 1943, voltou a disputar o Campeonato do Interior, pela 16ª região, ao lado da AA Juqueri, CA Paulista, União Tietê FC, AA Industrial, Ribeirão Pires FC, EC São Bernardo, Palestra de SBC, São Caetano EC, Primeiro de Maio FC, CA Piratininga e do CA Democrata. Classificou-se para a segunda fase, onde parou no time do Enguaguaçu (2×2 fora de cas ae derrota de 2×1 em casa).

Em 1947, ganhou o título da Copa Inter-Corinthians.

Na sequência, o time disputou mais 8 edições da série A2 do Campeonato Paulista. Primeiro de 1949 a 1953, onde chegou a ser campeão da zona sul em 1951, com o time abaixo:

Corinthinas de Santo André - 1951 - Campeão da Zona Sul
1951

Em 1952, o estádio recebe melhorias e visando aumentar o público e consequentemente as rendas dos jogos do campeonato da segunda divisão foi construído um lance de Gerais e a inauguração se deu no dia 27 de julho com o amistoso contra o Palmeiras da capital. Esta, do lado da rua Cel Seabra.

Estádio Américo Guazzelli - Corinthinas Santo André

E estas do lado da rua Manaus. e o Corinthians ganhou por 2 a 0, como mostra o outro livro de Paschoalino Assumpção “História do futebol em Santo André”.

Estádio Américo Guazzelli - Corinthinas Santo André

Em 52, ainda empatou na Vila Belmiro contra o Santos FC.

No dia 14 de dezembro de 1953 a assembleia aprovou a denominação de Estádio Américo Guazelli em homenagem ao seu ex-presidente.

Muita gente fala sobre as “cadeiras cobertas” e eu encontrei algumas fotos bacanas que as retratam, uma do livro “Industrial de Mauá”, e é o registro de 1966, no torneio de saudade:

Industrial de Mauá - Campo do Corinthians 196

A outra foi postada pelo Ozires, na fanpage “Casa Branca FC“, onde ele sempre publica fotos de times do ABC. É, curiosamente, o time do Palmeirinhas no campo do Corinthians…

Palmeirinhas de Santo André

A terceira foi enviada pelo Ovídio (torcedor fanático do Ramalhão e que acompanhou a época de ouro desse estádio).

E essa de quando o Humaitá (time amador de Santo André) jogou por lá!

Aqui, o time do “Vila Húngara” presente no tradicional Estádio:

Outro fato que ajudou o Corinthians a ser reconhecido mundialmente no universo do futebol é que  no dia 7 de setembro de 1956, o time recebeu no Estádio Américo Guazzelli o Santos FC e entre os jogadores visitantes estava um de apelido “Gasolina”, que entrou e marcou seu primeiro gol. Aquele que logo se tornaria um dos maiores jogadores do mundo: Pelé. E lembram no seo Cerchiari, lá do começo do post? Pois foi ele quem anotou o gol na súmula!

Corinthians de Santo André 1x7 Santos (7 de setembro de 1956)

O goleiro do Corinthians era Zaluar, que ficou conhecido localmente por se apresentar com o título “Goleiro que levou o primeiro gol de Pelé”.

Zaluar - goleiro do Coritnhians FC de Santo André
Cartão Zaluar

Olha ele aí no gol do Américo Guazzelli:

Zaluar - goleiro do Coritnhians FC de Santo André

Aqui, uma visão aérea do Estádio Américo Guazzelli, em1958:

Estádio Américo Guazzelli - Corinthinas Santo André

O Corinthinha disputou ainda 3 campeonatos da A2, em 1955, 56 e 1970.

Desta época, o livro do Paschoalino traz uma linda imagem do time de 1958:

Corinthians Santo André - 1958

Jogou também a série A3 do Campeonato Paulista em 1957 e 1961, retornando ao amadorismo em 62, com o time abaixo:

Corinthians Santo Andre 1962

Aqui, o time de 1965:

Corinthians FC de Santo André - 1965

E esse o time de 1970, com vários jogadores do Santo André FC (que decidiu não disputar o campeonato aquele ano abrindo a vaga para o Corinthians FC) entre eles o goleiro Carlão, que arrumou a foto:

Corinthians Santo André 1970

Falando sobre outros times que mandaram seus jogos lá, em 1957, o CA Ypiranga apresentou a proposta de uma fusão para juntos disputarem a série A1. Embora a fusão não tenha dado certo (muito devido à pressão da imprensa e torcida local), o Ypiranga mandou seus jogos no Estádio Américo Guazzelli.

Estáio Américo Guazzelli - 1958

Essa foto acima e esta abaixo são da preparação do estádio para uma partida do CA Ypiranga contra o Corinthians da capital e quem as encontrou em uma Gazeta Esportiva de 1958, foi o Doug (Daniel Andrade) um aficcionado por fotos e imagens antigas.

Estádio Américo Guazzelli - 1958

Olha o Schank (que jogou no próprio Corinthians de Santo André) jogando pelo Ipiranga no Américo Guazzelli:

Schank

O Corinthians conseguiu enfrentar os 4 grandes de São Paulo no Estádio Américo Guazelli, além do Botafogo, CA Ypiranga, Ponte Preta, Portuguesa e o que se via era um estádio sempre cheio!

Em 1967, foi a vez do time Irmãos Romanos mandarem seus jogos no campo do Corinthians.

Distintivo da Sociedade Esportiva Irmãos Romano

Esse era o time deles, alguns anos antes, em 1964 (foto do site História do Futebol):

Sociedade Esportvia Irmãos Romano

Outro que fez do estádio sua casa foi o Santo André FC.

Santo André FC

O primeiro jogo oficial do clube ocorreu na comemoração do aniversário da cidade (8 de abril) de 1968, em um amistoso contra o Santos.

E aqui, eu homenageio outro grande pesquisador do futebol de Santo André, Marcelo Bellotti, já falecido, que conseguiu as cópias das fotos do Diário do Grande ABC, desta partida.

Santo André FC x Santos F (1o jogo do Santo André) 8 de abril de 1968
Santo André FC x Santos F (1o jogo do Santo André) Santo André FC x Santos F (1o jogo do Santo André) 8 de abril de 1968

Outra partida inesquecível do Canarinho (na época era este o apelido do Santo André FC, por conta do seu uniforme amarelo) foi um amistoso contra a seleção do Congo:

Estádio Américo Guazzelli - Santo André FC x Congo

Mas vários outros jogos foram disputados ali até a inauguração do Estádio Municipal Bruno José Daniel.

A foto abaixo foi “recolorida” pelo amigo torcedor Roberto:

Santo André FC 1971

Aqui, outra formação:

Corinthians Santo André

No início dos anos 2000, quem aparece como presidente do Corinthians tentando resgatar o futebol do clube e levá-lo novamente ao profissionalismo? Nelson Cerchiari!!! Ele sonhava em disputar a série B3 do Paulista, com o departamento de futebol profissional tercerizado, mas acabou não dando certo.

Atualmente o Corinthias segue no mesmo endereço: Rua 7 de setembro, 248 – Vila Alzira.

Estádio Américo Guazelli - Corinthians FC Santo André
Corinthians de Santo André
Estádio Américo Guazelli - Corinthians FC Santo André

Como o mundo dá voltas, décadas depois do primeiro gol do Pelé, agora o estádio possui uma escolinha do Santos.

Estádio Américo Guazelli - Corinthians FC Santo André

Mas seu estádio não é o mesmo. Já não possui suas arquibancadas, nem o belo campo onde fez história, mas ainda existe um campo!

Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André
Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André
Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André

Depois de muitas ofertas e negativas a pressão imobiliária venceu e parte do que fora o campo (o local em que Pelé marcou seu primeiro gol) se transformou em um empreendimento imobiliário. Outra parte permitiu ao clube social crescer e manter-se vivo e ativo.

Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André

O futuro deste time centenário, que vivenciou todas as transformações da nossa cidade nos últimos 108 anos? Não sei. Vamos aguardar e ver quais surpresas aguardam o Corinthians de Santo André! Pra terminar uma foto especial com o amigo Mário, outro apaixonado pelo futebol e que me salvou com algumas foto antigas que fizemos em uma visita ao Corinthinha em 2019!

Estádio Américo Guazzelli - Corinthians Santo André

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99- Camisa do Primeiro de Maio

Camisa do Primeiro de Maio FC A 99ª camisa é mais uma que faz parte da história do futebol paulista e tem uma atenção especial por ser da minha cidade, Santo André. O time dono da camisa é o Primeiro de Maio Futebol Clube. Distintivo do Primeiro de Maio FC Apesar de não disputar mais competições profissionais de futebol, o clube mantém sua movimentada sede social e esportiva bem no centro de Santo André. A história do Primeiro de Maio Futebol Clube teve início por meio de um grupo de operários italianos, apaixonados por futebol, que em 1913, reuniram-se nos fundos de um armazém na Rua Cel.Oliveira Lima (o calçadão central da cidade), com o objetivo de fundar um clube de futebol. Como eram todos operários, decidiram homenagear o dia do trabalhador, batizando o time com o nome de Primeiro de Maio Football Club. O primeiro jogo oficial aconteceu no dia de Natal daquele mesmo ano. Em 1914, o time que fez a primeira excursão (para Jundiaí), para enfrentar o Corinthians Jundiayense, com o time abaixo: Primeiro de Maio FC A conquista da primeira taça veio num jogo realizado contra o Serrano Atlétic Club, de Paranapiacaba, em 1916. Em 1917, inscreve-se na APSA (Associação Paulista de Sports Athleticos) tornando-se o primeiro time da região a disputar um campeonato paulista. Jogaria a série A2 até 1926, quando sagrou-se Campeão Paulista da série A2, com o time abaixo: Primeiro de Maio FC Era a primeira vez que um time fora da capital levava esse título e assim, no ano seguinte, em 1927, disputou a primeira divisão com grandes times como o Santos, o Guarani e o Palestra Itália tornando o time conhecido por todo o Estado.  Em 1928, houve a fusão entre o clube e o Corinthians de São Bernardo do Campo, fazendo surgir o Clube Atlético São Bernardo, que duraria apenas dois anos, período marcado mais por crises do que por boas notícias. Assim, em 1930, o Primeiro de Maio FC volta à ativa sozinho. Iniciava a melhor década do clube. Abaixo o time do início da década de 30:

Primeiro de Maio FC

Abaixo, o time que enfrentou a Portuguesa no antigo campo lusitano do Cambuci, em jogo válido pela primeira divisão da APEA, em 1936:

O time ainda disputaria a série A2 em 1938, ano em que disputaria um amistoso contra o Palestra Itália (perdendo para o futuro Palmeiras por 3×1) em partida disputada com o time abaixo:

Aqui, o time que trazia no gol aquele que anos depois daria nome ao stádio Municipal: Bruno José Daniel!

Ainda haveria força para mais dois anos de disputas oficiais em 1939 (quando marcaria a história do futebol municipal ao derrotar o Corinthians de Santo André em seu próprio território) e 1940, quando surgiria o time conhecido como os “Flechas Verdes“.

A partir daí o futebol não seria mais disputado profissionalmente.

Mas haveriam amistosos, como o disputado contra o Rhodia, em 1946, com o time:

Em 1949, o clube se licencia também do campeonato municipal. A década de 50 ficaria marcada no clube pelo surgimento e rápida ascensão do futebol de salão. Os anos 60 e 70 dariam sequência na construção de um forte e bem equipado clube social, enraizado no centro da cidade e reunindo milhares de pessoas em torno de suas atividades. Os anos 80 e 90 democratizaram diversos esportes para os seus sócios, do já tradicional futebol de salão à natação, futebol de areia, boliche e etc. Assim, chegam os anos 2000 e infelizmente já era praticamente impossível encontrar um jovem frequentador do clube que soubesse da história do time do Primeiro de Maio FC disputando campeonatos oficiais de futebol pela federação. O historiador Ademir Médice ainda ajudou a resgatar a história do clube com o livro “Os Flechas Verdes”, que muito me ajudou na confecção deste post: Mas mesmo assim, o clube segue sendo um dos principais agregadores sócio culturais da região, mas não tem jeito, para quem gosta de futebol sempre fica aquele desejo de que os “Flechas Verdes” poderiam se aventurar novamente no futebol profissional… Fica abaixo o hino do clube: “Vinte e cinco ilustres fundadores, operários de visão. Foi então, a forte engrenagem deste clube tradição. Salve, salve o Primeiro de Maio, nosso nome exaltação. De alta voz e brado juvenil cantamos com o coração: de glórias mil, alto e bom tom, te exaltamos com fervor. Oh! Clube bom e popular, que o esporte sempre divulgou. Unidos com muito vigor de verde e branco proclamar: Primeiro de Maio, a tradição familiar”.

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