223- Camisa do Bangu Atlético Clube

A 223ª camisa de futebol do nosso site vem do Rio de Janeiro e foi presente de um grande amigo, também torcedor do Ramalhão: Sérgio Luiz Gisoldi, um dos maiores vexilologistas que já conheci.

Como já ficou claro na foto, a camisa pertence à tradicionalíssima equipe do Bangu Atlético Clube!

A história do Bangu Atlético Clube está diretamente ligada à industrialização do Rio de Janeiro já que o time nasceu dentro da Fábrica Bangu, a “Companhia Progresso Industrial do Brasil”, fundada em 6 de fevereiro de 1889.

O bairro de Bangu surgiu por volta de 1673, com a partir de uma fazenda que produzia café, algodão e cana, utilizando mão de obra escravizada para obter lucro. Colecionei algumas matérias de jornais do século XIX que mostra alguns que se rebelaram contra esta injustiça:

Dizem que os escravizados fugiam para o morro entre Bangu e Nova Iguaçu e habitaram a região próxima à nascente do Rio Pecador e como mostra desse processo histórico existe até hoje, no bairro, uma comunidade Quilombola chamada Guandu-Mirim, também conhecida como Quilombola dos Pecadores.
Antes da fazenda, possivelmente, a área era ocupada pelo povo tamoio (os “avós”) da grande nação tupinambá os responsáveis pela Confederação dos Tamoios, um movimento de resistência aliados com os franceses contra os colonizadores portugueses, entre 1554 e 1567.
Recomendo o livro “Duas viagens ao Brasil” de Hans Staden para conhecer melhor a realidade desses povos.

Voltando à antiga Fábrica Bangu, além de produzir tecidos, os operários também criaram muita cultura e esporte.
Em 1904, é fundado o Bangu Athletic Club, do qual falaremos mais hoje, mas ali ainda nasceu, em 1905, o Esperança Football Club, também pelas mãos dos operários do Bairro.

O Bangu AC começou jogando em uma área dentro da Fábrica, mas para participar de seu primeiro campeonato carioca, foi necessário construir um novo campo.
E olha como ficava próximo da fábrica, a “Cancha encantada da Rua Ferrer“:

Pra quem gosta da ligação da história com o futebol, e nesse caso tem muuuuita coisa a se dizer, recomendo o livro do amigo Gustavo Santos da Silva, hincha do Bangu e historiador:

Em 2005, a fábrica foi vendida e em 2007 inaugurou-se em seu lugar o Bangu Shopping, e no lugar do campo, hoje está o estacionamento…

Alguns itens, além da arquitetura preservada ajudam a manter a memória da fábrica…

O jogo de estreia de seu estádio ocorreu em 13 de maio de 1906, com vitória por 2×0 em amistoso com o Riachuelo.
Na semana seguinte, o Bangu estreou no Campeonato Carioca contra o Football and Athletic.

Em 1907, a proibição de “pessoas de cor”(SIC) na Liga Metropolitana de Football, fez o Bangu abandonar o campeonato.
Ao retornar, o Bangu sagrou-se Campeão Carioca da Segunda Divisão em 1911, com vários atletas negros e operários da fábrica compondo o elenco.

Em 1914, conquista o segundo título estadual da segunda divisão e em 1933, a LCF (Liga Carioca de Football) organizou seu primeiro campeonato tendo o Bangu como campeão desta competição!

Mas a atual Federação Carioca reconhece o Botafogo como campeão daquele ano já que o time venceu o campeonato da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). Vale lembrar que a Viação Excelsior conquistou a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT) daquele ano.

Seu primeiro campo foi usado até 1943, sobrevivendo até a um incêndio em suas arquibancadas (em 1936) mas em 1944 o time foi proibido de jogar ali pois a Fábrica iria vender a área. Construiu-se então um novo campo: o Estádio Proletário Guilherme da Silveira Filho, também conhecido como o Estádio de Moça Bonita.

Sua inauguração acabou se atrasando para 1947, o que obrigou o time a disputar todo o campeonato de 1946 como visitante.
Veja nas fotos do site Subúrbio, como está atualmente este lindo estádio:

Com o estádio imponente, a paixão dada fábrica acabou se multiplicando pelo bairro nos anos 50.

Um dos craques do time desta época era Zizinho:

Mas outros craques como Ademir da Guia já vestiram a camisa do Bangu.

Em 1959, foi vice-campeão carioca.

A boa fase levou o Bangu a um vôo ainda mais alto: em 1960, venceu a primeira edição da International Soccer League, disputado em Nova York.

Muitos consideram este, um título de campeonato mundial, se liga na campanha:
4/7/1960 – Bangu 4×0 Sampdoria
10/7/1960 – Bangu 3×2 Rapid Wien
16/7/1960 – Bangu 5 x 1 Sporting
20/7/1960 – Bangu 0x0 IFK Norrköping
31/7/1960 – Bangu 2×0 Estrela Vermelha de Belgrado

Em jogo único, em 6 de agosto de 1960, o Bangu venceu por 2×0 os escoceses do Kilmarnock na final do torneio.

Em 1966, vêm um segundo título, esse reconhecido pela atual Federação carioca.

O Bangu fez 3×0 (gols de Ocimar, Aladim e Paulo Borges) quando Almir Pernambuquinho perdeu a linha e transformou um bate boca em briga.

O presidente do Bangu entre 1963 e 1969 foi Eusébio de Andrade.
Sua saída calhou com uma década marcada por campanhas fracas e como resposta a esta má fase, abrem-se as portas para seu filho, ninguém menos que Castor Gonçalves de Andrade e Silva, ou apenas, Castor de Andrade que se torna presidente (e financiador) do time.

O polêmico Castor de Andrade (ligado ao jogo do bicho, tráfico de armas e drogas) trouxe resultados rápidos para o Bangu e em 1985, o Brasil parou para assistir a final do Brasileiro, a Taça de Ouro, contra o Coritiba.
Se você era muito novo na época ou simplesmente não se lembra, veja como foi:

Saudades de ver o Maracanã antigo e entupindo de torcedores, né?
Com o vice campeonato o Bangu conquistou o direito de disputar a Libertadores da América de 1986, mas fez uma campanha muito fraca…

Em 1987, mais um ano de conquistas: primeiro, o título da Taça Rio daquele ano, com Mauro Galvão, Paulinho Criciúma, Marinho e companhia.

Na sequência, a competi瘘ão nacional dividida em dois módulos, onde os finalistas decidiam o título. A “Copa União” teve o Bangu como 3º colocado do módulo amarelo onde o Sport foi o campeão.
Como o Flamengo não quis disputar a final contra o time pernambucano, o Sport sagrou-se campeão brasileiro daquele ano.

A partir daí, o Bangu entrou em uma fase de certo ostracismo nas décadas de 90 e 2000, caindo para a segunda divisão estadual em 2004, justo no seu centenário…
Para comemorar, só o título da segunda divisão carioca de 2008.

Em 2010, vem o vice campeonato da Copa Rio.
Em 2019, termina no 3º lugar do Campeonato Carioca.
Pra terminar, vale acompanhar a incrível matéria do Canto das Torcidas:

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Rolê Independência & Bola! Estádio em Miguelópolis (Parte 16 de 21)

Hoje vamos mostrar um pouco do Estádio da cidade de Miguelópolis.
Antes de passarmos aqui, já registramos os estádios de Pirassununga, Descalvado, Santa Rita do Passa Quatro, Tambaú, Santa Rosa de Viterbo, Santa Cruz das Palmeiras, Vargem Grande do Sul, São José do Rio Pardo, Cajuru, Batatais, Orlândia, São Joaquim da Barra, IgarapavaUberaba e Guaíra.

Miguelópolis
Miguelópolis

As cerca de 20 mil pessoas que vivem em Miguelópolis tem na agricultura e nos serviços decorrentes sua principal riqueza.

Miguelópolis
Miguelópolis

Ainda dá pra encontrar o pessoal tranquilo, curtindo o feriado sentado na calçada, sem a agitação que estamos acostumados aqui no ABC.

Miguelópolis

Mas, quando falamos de futebol, a agitação é a mesma!

E por isso, vamos mostrar um pouco do Estádio Waldemar de Freitas.

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

Acreditávamos que o estádio fora a casa da Associação Esportiva Miguelópolis, na sua única participação em competições oficiais da Federação Paulista, em 1964, pela quarta divisão.

Associação Esportvia Miguelópolis

A Associação Esportiva Miguelópolis nasceu diretamente no futebol profissional, mas para isso usou de base o Miguelópolis FC, antigo time amador da cidade.

Distintivo Miguelópolis

Voltemos assim para o Estádio Waldemar de Freitas!

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis
Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

O Estádio estava fechado e o dia acabando…

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

Já estava me conformando em só registrar a parte externa do estádio.

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis
Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

Ao menos dava pra ver uma placa celebrativa. Mas ela só me deixou em dúvida. A placa não diz se é sobre a inauguração, mas sua data é de 1982… O que me leva a perguntar se existiu um outro estádio na época do profissionalismo, ou se a placa é apenas de alguma reforma…

Conversei com um ex jogador que fez parte do time que jogou a terceira divisão, chamado Fábio Ribeiro (tio do amigo Paulo) e ele confirmou que não foi neste estádio que o Miguelópolis mandou suas partidas.
E mais, ele garante que o time que jogou era o Miguelópolis FC e não a AE Miguelópolis.

Estávamos quase indo embora quando cruzamos com o amigo Valdomiro Pinheiro que mora literalmente colado ao estádio, e adivinhe onde o quintal da casa dele termina…

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

Assim, após cruzar a casa do Valdomiro…

E assim, tendo o sol como companheiro, adentramos ao Estádio Waldemar de Freitas.

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

O belo gramado mesmo no gol é para poucos…

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

Ao fundo a arquibancada coberta.

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis
Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis

O alambrado cerca o campo todo!

Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis
Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis

As árvores atrás do gol completam o charme local!

Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis

Não existem arquibancadas nas laterais, além da coberta.

Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis
Estádio Waldemar de Freitas - AE Miguelópolis - Miguelópolis

E assim, mais um capítulo da nossa aventura chega ao fim, graças ao amigo Valdomiro.

Estádio Waldemar de Freitas - Miguelópolis

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Audax x Noroeste – Mais um capítulo do embate "Futebol Moderno x Tradição"

Domingo, 25 de novembro de 2012.

Final da Copa Paulista: Audax x Noroeste, em pleno Estádio Nicolau Alayon.

E lá estávamos nós, depois de tanto tempo sem assistir a uma partida, pelo trauma do rebaixamento do Santo André para a série D.

E quem diria, as arquibancadas do Estádio do Nacional estavam repletas. Do lado coberto, a torcida do Audax.

Do lado oposto, a torcida do Noroeste promoveu uma verdadeira invasão à capital!

Foi bacana ver tantos torcedores do Noroeste em plena São Paulo…

Mais do que uma invasão, o que se viu nas bancadas do Nicolau Alayon foi a presença de diversas torcidas de outros times que tem amizade com o pessoal de Baurú, como a Fúria Andreense, do Santo André, a Malucos do Tigre, do Rio Branco, a Sangue Azul, do São Bento, entre outras.

Em campo, jogo difícil, o Audax precisava reverter a derrota que sofreu em Bauru e veio com tudo pra cima do Norusca!

A torcida do Noroeste chegou a ficar preocupada, mas apoiou o tempo todo!

O primeiro tempo virou em 0x0, deixando o título com o time de Bauru, par a alegria da torcida visitante.

E a alegria virou emoção e fez chegar aos campos a energia de quem mantém a fé no time da cidade…

E quando isso acontece, não tem jeito. O Estádio estava contaminado. E logo o Noroeste fez 1×0. Nem a nossa máquina aguentou, a bateria só deu conta de filmar poucos segundos da festa do time e da torcida do interior…

E dá lhe bandeirão!!!

Como sempre expressamos, mais do que assistir a um jogo, mais do que se divertir ao lado de gente amiga e companheira, como o José Roberto Pavanello, da torcida Sangue Rubro (que nos recebeu em nossa visita à Bauru), acompanhar ao vivo uma partida como esta é ter a certeza de que se está vivenciando a história do futebol.

Ah, a Mari fez questão de reforçar a presença feminina na torcida do Noroeste. Parabéns! Lugar de mulher é nos estádios (e onde quiserem…)!

O tempo foi passando e o título da Copa Paulista chegando mais perto, e com ele a vaga na Copa do Brasil 2013. E dá lhe comemoração e festa no lado vermelho das arquibancadas!

Por alguns instantes, a torcida do Noroeste pode esquecer os fantasmas que ameaçaram o time esse ano, especulando sobre a falta de apoio para a sequência do time no futebol.

O grito de campeão veio carregado de sentimentos de comemoração, de orgulho, mas também de revolta contra uma época que valoriza cada vez menos a tradição e o futebol dos times que representam as cidades do interior.

Vencer o Audax e todo o poderio que o time da capital representa (que seja feita justiça, graças à boa gestão, bastante profissional) representa que ainda existe esperança romântica no futebol atual.

Agradeço aos deuses do futebol por me permitirem acompanhar de perto mais uma tarde mágica, de gente simples vindo até São Paulo e voltando feliz ao interior.

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