Novo rolê por Americana – parte 1 de 2

ATENÇÃO! Dividimos esse post em 2 partes: uma teórica sobre a história dos times (este post) e outra prática sobre os estádios utilizados por estes times (clique aqui e veja cada fotona!!).

Já estivemos muitas vezes por Americana, a maior parte delas para ver o time do Rio Branco (veja aqui, o título de 2012 ou clique aqui e leia sobre um jogo decisivo pela Bezinha de 2019) mas também já viemos para conhecer o Estádio Victório Scuro (clique aqui e veja como foi).

E você pode perguntar… “Mas por quê tantas visitas???” É que o futebol profissional (e o amador também) é riquíssimo!!! Foram 7 times disputando os campeonatos das Federações (nesse caso é no plural porque o CA Paulistano disputou o campeonato da LAF, e os demais da FPF):

E isso porque eu não incluí na lista nem o Guaratinguetá, que em 2010 mudou de nome para Americana Futebol e disputou a série A1 de 2011 na cidade e nem o SC Atibaia que adotou a cidade como sede até 2021, quando mudou de sede e nome para Leme.

Diferente da maioria das cidades que visitamos, Americana não nasceu só da tradicional mistura dos moradores originais – os indígenas – com os europeus e africanos. Quer dizer, até rolou isso lá no século XVIII, com a ocupação das sesmarias doadas por Portugal, mas teve um outro capítulo no mínimo polêmico e que tem a ver com o nome da cidade: a imigração dos confederados, o povo que vivia no sul dos EUA, conhecidos por serem escravocratas a ponto de entrarem em guerra (a guerra civil americana) para defender a manutenção da escravidão. Por isso o nome do povoado se tornou “Villa dos americanos” e depois “Villa Americana”. Um triste começo para uma cidade que hoje é bastante acolhedora! Vale ler a matéria: da Hypeness (clique aqui) sobre como a cidade vizinha – Santa Bárbara do Oeste – ainda não conseguiu se livrar desta história.

Outro fato fundamental para o surgimento da cidade foi a chegada da ferrovia em 1875 (foto do site Estações de Trem):

Graças à ferrovia, chegaram outras famílias para viver onde antes só haviam sitiantes americanos. Assim, aos poucos a região foi crescendo e chegaram as fábricas, principalmente ligadas aos tecidos. Em torno delas surgiu uma outra Vila que leva o nome de uma das fábricas: a Villa operária de Carioba! (fotos do site da Associação dos Permissionários de Carioba)

Com o desenvolvimento, a Villa Americana passou a lutar pela emancipação e em 1924 foi criado o Município de Villa Americana (que reunia as vilas Americana e a Carioba). Em 1938, muda seu nome para apenas “Americana“. Com tantas indústrias têxteis fica conhecida como a capital do tecido. Mas a crise do setor têxtil quebrou boa parte das indústrias locais, obrigando a cidade a diversificar sua economia para sobreviver até os dias atuais. (Foto do Blog do Chico Sardelli).

Enfim… esse é um super hiper resumo só pra contextualizar a cidade representada pelos 7 clubes apresentados acima. Vamos tentar falar deles em ordem cronológica, começando pelo time mais antigo e mais tradicional, o Rio Branco Esporte Clube.

O Rio Branco foi fundado em 4 de Agosto de 1913, sob o nome Sport Club Arromba. Em 1917, passou a levar o nome da cidade (na época “Villa Americana Foot Ball Club“), mas ainda no mesmo ano, definiu-se, o nome de Rio Branco Football Club.

Dizem que o Rio Branco foi o primeiro time a adotar um tigre como mascote!

Dentre suas conquistas iniciais, destacam-se os dois títulos do Campeonato do Interior em 1922 (Sanjoanense foi a vice) e 1923 ( Sorocabano foi o vice). Naquele tempo, o campeão do interior disputava a “Taça Competência” com o campeão da 1a divisão e assim tivemos um Corinthians 5×0, em 3/5/1923 e Corinthians 2×1 em 30/3/1924. Esse foi o time bicampeão:

No Campeonato do Interior de 1925, em 28 de junho tivemos o primeiro derbi oficial de Americana: Rio Branco 1×0 CRS Carioba, no 1o turno (no 2o turno nova vitória do Rio Branco: 1×0, jogando no campo do Carioba).

O Clube Recreativo e Sportivo Carioba foi fundado lá na fábrica que falamos no início do post, em 9 de julho de 1914, mas somente em 1925 estreou no Campeonato do Interior fazendo uma campanha interessante (o Rio Branco se classificou pra fase final e terminou em 4o lugar, o campeão foi o Velo Clube).

No Campeonato do Interior, em 1926, houve uma debandada dos times de Americana para a LAF (Liga dos Amadores de Futebol) e naquele mesmo ano o Carioba disputa a eliminatória para a primeira divisão da LAF e também o Campeonato do Interior da LAF. Olha aí algumas fotos de times do Carioba do início do século XX:

O CRS Carioba disputaria várias edições do Campeonato do Interior, mas anos mais tarde arriscou um passo ainda mais ousado disputando o Campeonato Paulista da Terceira Divisão (o quarto nível do campeonato) de 1968, surpreendendo a todos com uma incrível campanha na primeira fase, pela 2a série!

Pena que na fase final, o Carioba não conseguiu repetir o bom desempenho…

Em 1969, infelizmente vários problemas atrapalharam o time que acabou desistindo do Campeonato ainda no primeiro turno:

Mas, voltemos a 1926 para registrar uma surpresa que alegrou ainda mais Americana, a cidade tinha um novo time participando do Campeonato do Interior da LAF, o Clube Atlético Paulistano!

O CA Paulistano foi fundado em 1925, teve essa única aventura no Campeonato Interior e depois sumiu, deixando o futebol na cidade com a dupla Carioba e Rio Branco. O Tigre chegou a disputar a segunda divisão de 1947 a 1949, quando decide abandonar o futebol profissional. Essa foi a classificação de 1949, quando ele terminou em 5o:

Já disputando apenas o amador, em 1961, o Rio Branco assume o nome que defende até hoje em dia: Rio Branco Esporte Clube.

Mas sua ausência no profissional, faz com que um outro time da cidade assuma o protagonismo: o Esporte Clube Vasco da Gama!

O EC Vasco da Gama, também conhecido como Vasquinho, foi fundado em 24 de abril de 1950 e se você quiser conhecer mais sobre o time, vale a pena conhecer o blog “O Vasquinho de Americana“, do Gabriel Pitor, de onde veio essa foto do time dos fundadores:

Em 1966, o Vasquinho decidiu se profissionalizar e disputar a Terceira Divisão (o quarto nível) do Campeonato Paulista. (foto do blog O Vasquinho de Americana).

Em 1968, o Vasquinho “ganhou um acesso” e disputou a chamada “Segunda Divisão” (que equivalia à Terceira Divisão) e começou bem, classificando-se em segundo na primeira fase:

Na segunda fase, terminou empatado com o Oeste, obrigando a realizarem um jogo desempate para ver quem iria à final. E após um 3×3 no tempo normal, o Vasco conseguiu segurar a prorrogação e o empate lhe deu a classificação.

Na final, em jogo único em Bauru, o Vasco venceu o Municipal de Paraguaçu Paulista por 2×0 e conseguiu o título e mais um acesso, jogando assim o segundo nível do Campeonato Paulista de 1969. Se você quiser ler mais sobre a história do título, leia aqui no incrível site feito pelo Gabriel Pitor!

Mas precisamos abrir mais um capítulo nessa história. É que no Campeonato da Terceira Divisão de 1967 (4º nível do futebol paulista), ocorreu um dos mais impensáveis dérbi do futebol paulista graças a uma nova equipe que passou a disputar o profissional:

Isso porque em 1943 surge um novo time na cidade: o Flamengo Futebol Clube mais conhecido como Flamengo de Americana (muitos consideram a sua data de fundação o dia 5 de janeiro de 1958, mas segundo o livro Flamengo Futebol Clube, de Santo Dean, o ano é mesmo 1943).

O time disputou muitas competições amadoras, entre elas o Campeonato Municipal e com os bons resultados decidiu arriscar-se no profissional, assim, em 1967 tivemos um “dérbi carioca” em Americana: Flamengo x Vasco! Assim terminou aquele campeonato:

Como o futebol profissional, já era caro mesmo naquela época, eles não conseguiram se manter e voltaram para o profissional ao fim de 1968, quando disputaram novamente a Terceira Divisão. E fizeram uma baita campanha, disputando um outro derbi pela cidade, dessa vez com o time que ficou com a vaga para a próxima fase: o CRS Carioba!

Fechemos este capítulo, e voltemos a falar do Vasco. Depois de conquistar a Segunda Divisão (o terceiro nível do futebol paulista) o time jogou a Primeira Divisão (que equivalia ao segundo nível) em 1969, 70 e 71, sem grandes campanhas, mas em 1972 o time chegou à segunda fase, como vice líder da Série Belford Duarte.

Mas faltou um pouquinho para chegar à final…

Em 1973, 74 e 75 novamente campanhas medianas. O time precisava de mais apoio e uma das ideias foi mudar o nome do time para Americana Esporte Clube.

Mas em campo essa mudança não gerou grandes novidades: as campanhas de 1976, 77 e 78 seguiram abaixo da média. Pra piorar, o Estádio Victório Scuro não atendia às demandas da Federação Paulista e assim, o Vasco vê como caminho, unir-se com o Rio Branco, e assim, o Tigre volta ao Campeonato Paulista profissional em 1979 e já no primeiro ano da fusão, classifica-se para a segunda fase, mas sem chegar a final.

Aproveitamos para abrir o nosso último capítulo e falar sobre o chamado Campeonato Paulista da Segunda Divisão Profissional de 1977 (esse era o nome do quarto nível do futebol paulista), que viu um novo clube de Americana adentrar ao profissionalismo: o Sete de Setembro Futebol Clube.

O Sete de Setembro Futebol Clube foi fundado em 1959. E depois de muitos anos no amador, estreou no profissional de 77 em uma campanha bem frágil, não passando da primeira fase:

Em 1978, mais uma campanha fraca, terminando na última colocação do seu grupo…

Em 1979, um pacto entre os atletas para um ano melhor, para resultados incríveis, vitórias conquistadas nem que fossem na raça e… Não deu… Mais uma vez terminou como último colocado do grupo não avançando para a próxima fase.

Mas, a recompensa por tanta persistência deu resultados… Em 1980, a Federação Paulista reduziu as então 5 divisões par apenas 3, e assim o Sete de Setembro subiu uma divisão passando a disputar a Terceira Divisão (que finalmente equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). E não é que o time foi bem melhor? Confira a classificação:

O Sete de Setembro FC persistiu na Terceirona até 1982, quando não conseguiu dar sequência ao seu projeto no profissionalismo e abandonou o campeonato para a tristeza do seu torcedor. Assim, coube ao Rio Branco, se consolidar como o grande representante da cidade no futebol paulista, passando a disputar a divisão de acesso entre 1979 e 1990, quando termina como vice campeão da “divisão de acesso” (segundo nível do futebol paulista daquele ano).

Assim, em 1991 o Rio Branco leva Americana ao mais alto patamar do futebol paulista: a primeira divisão. Essa e várias fotos da história do time podem ser vistas no site oficial do Rio Branco.

Assim, o Rio Branco se classificou para a segunda fase, como líder do grupo.

Na segunda fase, mais uma vez uma campanha que garantiu a liderança do time, mesmo sofrendo 3 derrotas nos últimos 4 jogos.

A fase final foi um “hexagonal da morte” e embora o Rio Branco não tenha levado o título por um pontinho… Pelo menos conquistou o acesso!

Aí está o time que conquistou esse tão importante e inesquecível acesso!

E o Rio Branco parece ter gostado de estar entre os grandes, pois ficou na serie A1 até 2007, quando acabou rebaixado de volta para a A2.

E a partir daí começa uma terrível gangorra pro time de Americana: em 2009 o vice campeonato da A2, traz o retorno para a A1. Em 2010, é rebaixado para a A2. Em 2011, pela primeira vez na história cai para a A3. Em 2012, sagra-se campeão da A3 (lembra que a gente foi lá ver?) e volta para a A2. Em 2016 nova queda para a A3, até chegarmos ao momento mais baixo da história do futebol em Americana: em 2018, quando o Rio Branco acabou rebaixado da A3 para a série B, o quarto nível do futebol paulista, onde permanece até pelo menos 2022.

Um momento difícil para um futebol tão rico, com tanta história. Que o futuro seja generoso com o Rio Branco. E aqui terminamos essa primeira parte “teórica” sobre o futebol de Americana!

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