A 116ª camisa de futebol do nosso blog é bastante curiosa. Embora venha de um time aqui da América do Sul, ela defende as cores de um povo do Oriente Médio, que atualmente tem sido bastante coagido em sua própria terra natal. Trata-se da camisa do Club Deportivo Palestino, do Chile.
O Palestino nasceu em 1920, na cidade de Osorno, de onde sairam atletas de outras modalidades, também, como se pode ver…
Foi fundado por um grupo de imigrantes, defendendo as cores e cultura da comunidade palestina no Chile. A partir de 1952, o Palestino começa a disputar o futebol profissional, pela segunda divisão chilena, com o time abaixo:
E logo no seu primeiro ano, sagrou-se campeão, conquistando o acesso à primeirona!
E 3 anos depois, em 1955, o clube conquistou seu primeiro campeonato nacional, com o time abaixo:
Por começar a atrair muitos craques no elenco, o time ganhou o apelido de milionário. Em 1970, o clube volta para a segunda divisão. O clube retornaria em 1972, com o título da segunda divisão. Aqui, o time de 1975:
Em 1977 viria um novo título da Copa Chile.
E em 1978, viria o seguindo título numa campanha marcada pelo recorde em número de jogos invictos, com o time:
A década de 70 se encerrou bem, afinal o time conseguiu disputar 3 edições da libertadores (76,78 e 79) sendo que em 79, o Palestino chegou até a semifinal, sendo eliminado pelo campeão Olímpia.
A década de 80 levou novamente o time a um “passeio” pela segunda divisão, de onde retornou rapidamente.
Em 2006, o time enfrentou sua pior fase, tendo que disputar com o time Fernandez Vial para manter-se na primeira divisão.
Em 2008, chegou a final, perdendo para o Colo-Colo.
O time de 2010, que chegou à semifinal da Copa Chile e nas posições intermediárias do nacional. O time manda seus jogos no Estádio Municipal de La Cisterna, com capacidade para 12 mil pessoas. Estivemos lá em fevereiro de 2011 (veja aqui como foi):
Fomos até lá conferir um jogo sub-20 do time contra o Colo-Colo:
Esta é a torcida local:
O time ainda conta com a torcida do vocalista da banda MISERABLES, como pode se comprovar neste clip, onde ele canta usando a camisa do time:
Quem acompanha o blog sabe que todo carnaval, após juntar grana o ano todo, a gente escapa do Brasil e vai desbravar o futebol da América do Sul, com o projeto “Futebol Rompendo Fronteiras“, em parceria com os blogs www.expulsosdecampo.blogspot.com e o www.fototorcida.com.br .
Esse ano não foi diferente, e pela primeira vez fomos ao Chile.
O aeroporto de Guarulhos foi nosso ponto de partida!
Já no aeroporto, começamos nosso intercâmbio futeboleiro, com um simpático casal de africanos.
Após algumas horas de viagem, chegamos à Santiago e fizemos um city tour com o ônibus da Turistik, empresa local que oferece ótimas opções para se conhecer a capital e suas proximidades.
O legal desses ônibus é que você pode descer onde quer e depois pegar outro ônibus e assim, pudemos andar bastante por bairros bem distantes de onde estávamos.
E foi após muita caminhada que chegamos a um local que a Mari vinha se programando há tempo para conhecer, o Museu da Moda (mais detalhes veja no blog da Mari quando ela postar).
Já cansados pelos cerca de 14 km caminhados, ainda no primeiro dia, fizemos um último esforço pois eu tinha certeza que estávamos perto do Estádio do Audax Italiano.
Mas só após conversar com o pessoal do estádio é que descobri que tratava-se do Estádio da comunidade italiana de Santiago.
Falando um pouco da cidade, Santiago passa por grandes mudanças estruturais e assim como o resto do mundo está se verticalizando dia após dia.
Mas, o que mais chama a atenção de quem está ali pela primeira vez, são as montanhas e cerros que cercam a cidade, em especial a Cordilheira dos Andes, que mostra sua força, energia e grandeza a todo instante.
Outra coisa que chama muito a atenção é a limpeza da cidade. O fato de não ter um papel pelo chão é até imaginável, o que chega a intrigar é como uma cidade tão arborizada não tem sequer folhas pelas ruas do centro da cidade… (na periferia a coisa muda um pouco).
Talvez pela arborização, a cidade possua também um grande número de pássaros que voam e caminham tranquilamente pelos bairros.
E ali estávamos nós, um casal punk boleiro para andar e deixar rastro de coturno pela cidade…
Ah, sobre a gastronomia local, nota dez!
Muitas opções para vegetarianos, local ideal para amantes de bons vinhos, mas também para quem gosta de comidinhas do dia a dia com sabores diferentes…
E muitos sucos deliciosos!
Santiago é uma cidade com muitas equipes de futebol e infelizmente tivemos que selecionar algumas poucas nessa primeira viagem à capital chilena, já que não tínhamos muito tempo.
Assim, nossa primeira escolha foi conhecer o Estádio Municipal de La Cisterna, casa do Club Desportivo Palestino, time que defende as cores dos imigrantes palestinos.
Situado no bairro Cisterna, um pouco afastado do centro, o Estádio possui uma pequena arquibancada coberta e um lance de arquibancada descoberta que envolve todo o campo.
Ao fundo do estádio pode se ver o início das Cordilheiras, dando um visual único ao campo!
Tivemos sorte e bem na hora da nossa visita, estava rolando uma partida sub-17 entre o Palestino e o tradicional Colo-Colo.
Assim como no Brasil, as categorias de base não são muito apoiadas pelas torcidas, e por isso, nas arquibancadas do Estádio Palestino ao invés dos “Barra Bravas” estavam presentes parentes e amigos dos atletas, de ambas as equipes.
Ah, claro, e nós, em busca de mais um sonho de futebol…
O entorno da arquibancada é meio estranho, cheio de pedras e aparentemente em obras, mas o estádio é bem simpático!
Não se pode negar que a simples existência do time e do estádio representam um forte ato político, colaborando com o orgulho do sofrido povo palestino, para nós foi uma grande honra estar ali!
E o orgulho de ser Palestino está por todo lado, esse cachecol estava dentro de um carro, no estacionamento.
Ah, claro e já que falamos em sonhos, fica aí mais um sonhador como nós. Trata-se do jovem Tomás que iria disputar uma partida pelo infantil do Palestino, no campo secundário.
Já este outro sonhador, pensava em como seria montar a “Barra do Bloco J”…
E do sonho à realidade. Mais um estádio cheio de magia entra na lista do blog!
Aproveitamos que estávamos próximos e fomos conhecer também o centro desportivo e o estádio do time da Universidad do Chile, que fica há poucas quadras, na mesma avenida.
O time da “La U” conta com vários campos neste local.
Infelizmente, o segurança não nos deixou passar até o campo principal, onde o time chegou a mandar alguns jogos. Atualmente, eles jogam no estádio nacional.
Ao menos, pudemos mais uma vez acompanhar um jogo da categoria sub-17.
Ainda que não seja um estádio muito usado pelo time principal, mais uma vez valeu o rolê!
Mesmo no campo secundário, só pudemos ficar por alguns instantes… Mas deu pra fazer essas fotos.
Fim do rolê, de volta ao metrô!
Santiago também é a cidade onde vive o pessoal da banda “Los Miserables “, que tem um disco todo dedicado ao futebol, com destaque para o tema “El crack”:
Como já tínhamos um contato com os caras, fomos assistir um ensaio da banda que mistura punk rock, harcore, rap e até percussão, sempre com letras muito inteligentes!
Outro rolê legal foi conhecer as lojas da galeria, do calçadão Ahumada. Destaque para a loja “Hooligans – Rebel Music” que vende material rockeiro e boleiro:
E também para a loja Mercado Futbol, que comercializa camisas novas e usadas de todos os times que você possa imaginar…
Andando por Santiago, é impossível não ver o rio Mapocho, que nasce nas cordilheiras e corta toda a cidade.
Mesmo com tantas mudanças e crescimento, a cidade soube preservar sua memória e história, principalmente na arquitetura dos prédios do centro.
Como em toda grande cidade, não dá pra visitar Santiago e não dar uma passada pelo mercadão!
Se acha de quase tudo ali.
Até uma… Lhama… Mas essa, é só pra se fotografar.
Outra coisa que se nota caminhando pelas ruas é a relação do povo Chileno com os símbolos nacionais.
Existem muitas bandeiras pela cidade, seja nos monumentos, ou mesmo no comércio e na casa das pessoas. A relação das pessoas com o país é de um patriotismo carinhoso, difícil de explicar.
Não que isso impeça a existência do pensamento e manifestações anarquistas…
Voltando ao mundo do futebol, conseguimos ir ao jogo da Universidad do Chile contra o time do Unión San Felipe, no Estádio Nacional.
O jogo contou com um bom público da “La U“, um dos grandes times do Chile.
O grandioso e belíssimo Estádio Nacional não estava com seus 55 mil lugares ocupados, mas ainda assim era uma bonita vista, concorda?
O Estádio segue o modelo tradicional, com boa parte da área descoberta e uma área central coberta.
Embora estivemos ali num momento de festa, vale lembrar que o Estádio foi outrora usado pelo ditador Pinochet como campo de concentração durante o período de ditadura no Chile.
Ao fundo pode se ver o iluminado placar do estádio. Tão iluminado que não dá nem pra ler na foto… Ali embaixo fica a Barra Brava do time.
Deliciosos sandubas podem ser comprados e consumidos durante o jogo….
As diversas lanchonetes tem grande capacidade de atendimento, e o preço não é assim tão salgado como é aqui no Brasil.
Como era nossa primeira vez no estádio fizemos um rolê por outros setores para conhecer melhor cada lugar.
Trapos e faixas espalhados por todas as grades e áreas… Isso é uma das coisas que mais sinto falta no Brasil…
O gramado em ótimas condições não impediu a equipe local (La U) de perder o jogo e a chance de subir para as primeiras posições no campeonato chileno.
Mas nem mesmo a derrota nos tirou o orgulho e felicidade em conhecer mais um templo do futebol latino.
Mas nem só de futebol foi nosso rolê. Subimos a cordilheira dos Andes, para pela primeira vez na vida vermos gelo (ainda que há distância, já que estávamos no verão).
Após 61 curvas de 180 graus dentro de um ônibus, finalmente estávamos a mais de 3 mil metros de altitude, começando a sentir a diferença da temperatura e pressão…
As imagens são tão loucas que até parecem montagens, mas acredite, é tudo real…
A nossa base lá em cima foi a estação de ski Valle Nevado, e confesso que fiquei com muita vontade de voltar na época do frio, para ver o gelo.
Mas a volta do passeio nos desanimou um pouco, já que o ônibus da Turistik quebrou e nos fez esperar por quase duas horas em plena montanha, fazendo nos perder o jogo do Colo-Colo…
Outro passeio fantástico e que não poderíamos perder era conhecer as praias próximas à Santiago.
Assim fomos primeiro conhecer Valparaíso, uma cidade portuária, com forte presença cultural.
Engraçado, mas na minha cabeça o que mais eu ouvi falar de lé é que é um lugar onde haviam muitos skinheads.
O time do Deportes Santiago Wanderers defende as cores da cidade!
Entretanto, o estádio do time fica bem longe de onde estávamos e acabamos não o vistando.
Os claustrofóbicos (assim como eu) sofrerão um pouco ao descer pelos elevadores da cidade, mas vale a pena, e nem é tão sofrido assim…
A praia não é tão bonita, e no Chile praia não é sinônimo de calor, mas é um passeio que tem que ser feito para quem está em Santiago, é menos de 2h de viagem.
Depois fomos a Vina del Mar, famosa pela sua praia e pelo seu relógio de flores…
Vina del Mar é a casa do Everton.
O time manda seus jogos no Estádio
Assim como a vizinha Valparaíso, Vina del Mar também possui grande importância na produção cultural chilena.
Mas o grande barato do rolê foi ter pisado no Oceano Pacífico, pela primeira vez em minha vida. Pode parecer besteira, mas é uma sensação muito loca!
Até porque nem só de futebol a gente vive, o rolê tem que ser completo!
Recomendo a viagem ao Chile, em especial à Santiago. Um lugar de muita história, marcado por bons e maus momentos.
Antes de irmos embora ainda conseguimos subir o Cerro Santa Lúcia para ver Santiago lá de cima.
Assim, tivemos uma visão mais completa da capital, antes de nos despedirmos do Chile.
Esperamos poder voltar um dia e conhecer mais sobre sua cultura e seu povo.
Levamos na lembrança imagens, cheiros, sons e muitos cds, dvds, fotos…
Assim, acabamos nosso rolê pelo Chile e rumamos a Montevidéo.