Em mais um rolê pela capital, aproveitei a oportunidade pra conhecer e registrar dois campos históricos, localizados muito próximos, ali no Pari.

O Pari pode não ser tão famoso quanto outros bairros de São Paulo, mas carrega uma história fascinante.
As vezes a gente não se toca que a história da ocupação dos lugares em que vivemos não começou há 10, nem 100, tampouco há 500 anos… região deve ter sido ocupada por muitos povos, por estar entre os rios Tietê e Tamanduateí sendo assim abundante em água e alimento.
No momento da chegada dos europeus, provavelmente era ocupado pelo povo tupiniquins. Pedi pro Chatgpt uma imagem do que seria isso e ele criou a seguinte imagem:

Assim, seguindo o que aconteceu no passado, europeus e mamelucos passaram a ocupar a região dedicando-se à pesca como atividade vital para sua subsistência.
A foto abaixo é de 1930 (do blog Histórias do Pari), mas pode se perceber que era uma outra realidade…

Aliás é da pesca que vem o seu nome: “pary” é o nome em tupi de um tipo de armadilha usada pelos povos indígenas para pescar.
Acredito que seja similar a este abaixo (você sabe dizer se é um outro específico):

Em 1765, o bairro contava com apenas 14 casas e 72 habitantes.
Mais de 100 anos depois, em 1891, chega a ferrovia, com um pátio com linhas para todos os lados, transformando o Pari em um polo operário. A foto abaixo é dos anos 50 e vem do inacreditável site “Estações Ferroviárias“:

No século XX, o Pari passou a ser conhecido como o “bairro doce” por concentrar inúmeras fábricas de biscoitos e guloseimas de empresas como Tostines, Confiança, Bandeirantes, Canola Neuza e Bela Vista, entre outras.


O bairro passou por mais mudanças até chegar a seu cenário atual, com muitas confecções, além de lojas de utilidades geral e restaurantes.
Mais recentemente, muitos imigrantes bolivianos adotaram o bairro, tendo até uma feira típica de produtos da Bolívia todos os domingos. (foi lá que comprei as camisas 2 e 3 que postamos aqui no site).


Assim, chegamos a 2025, para visitar o bairro e registrar dois campos, começando pela casa da Associação Atlética Serra Morena:

Assim como mostra o muro da entrada, a equipe foi fundada em 10 de abril de 1929.

Uma grande discussão envolve o seu distintivo, que parece muito com o do São Paulo FC. Alguns defendem que pela anterioridade de fundação, a AA Serra Morena seria a dona do original.

O time viveu sempre nas disputas amadoras, mas sempre se fez muito presente no futebol da capital, como aqui em 1958:

Pronto pra adentrar ao “CDC AA Serra Morena“? Mas não use a bike aqui dentro…

Vem com a gente!
A sede do time, ali no Pari, é muito bonita e bem cuidada, e tem seu campo bastante utilizada.

Nosso tradicional registro do meio campo:

Gol da esquerda:

E o gol da direita, com um pedacinho do Canindé lá no lado esquerdo!

Olha a cancha de bocha:


Enfim, mais um passeio que você deveria fazer em um fim de semana pela cidade de São Paulo hein…
E se você fizer, faça como nós e emende esse rolê em outro: o campo do Estrela do Pari FC!


O Estrela do Pari FC foi fundado em 1º de janeiro de 1919, inicialmente com o nome União Tiradentes FC, que acabou sendo mudado para o nome atual ainda no primeiro ano por já existir um time com aquele nome.

Já no ano seguinte constava das páginas esportivas dos jornais, como nessa matéria do jornal “O combate!”.

Em 1921, conquista a Taça Yolanda!

É um time que fez história no amador, e que em 1929 disputou o a divisão Municipal do Campeonato organizado pela APEA:


Também disputou o campeonato de 1930.


Chegou no terceiro jogo de acesso à segunda divisão da APEA, mas após eliminar o Parque da Mooca e o Republicano Paulista, acabou eliminado pelo Franco Brasileiro.

A última edição do Campeonato Municipal da APEA acabou valendo por 2 hehehe, porque demorou pra se iniciar e ao invés de ser em 1931 foi em 1931 e 32.
E o Estrela termina empatado em 1º mas perde a partida desempate…

Encontrei uma foto do time de 1954, posado, na Gazeta Esportiva:

Aqui matéria da Gazeta Esportiva de 1955 sobre um derby contra o Luzitano FC:


E também na Gazeta, a imagem do time principal de 1955:

Nas décadas seguintes o futebol perdeu um pouco do espaço para a bocha e as atividades sociais, em especial o carnaval, mas o clube manteve-se ativo e ainda hoje possui um time amador.
Voltando ao seu belo campo, venha conosco conhecê-lo:
Aqui, uma imagem da parte central:

O gol da direita:

E o lado esquerdo do estádio alvi-verde:

Além das bebias e comidinhas, a lanchonete guarda uma série de relíquias e trofeus:



Termino o post com uma imagem de uma das conquistas mais recentes do time: a Copa do Brás 2021!

