12 de Fevereiro de 2021, em outros tempos estaríamos nos preparando para algum role aproveitando o carnaval, mas, o Coronavírus nos tirou grana e segurança pra fazer isso… Acabamos indo passar o fim de semana em Cosmópolis e pra não passar em branco, demos uma parada em Franco da Rocha pra entender um pouco da história do futebol profissional da cidade! Franco da Rocha também está na situada “Região Metropolitana de São Paulo” que tem sido nosso foco nesses tempos de Corona… Aliás, espero visitar as cidades vizinhas, nos próximos meses. A história da região começa em 1627, com a doação das terras conhecidas como “Campos do Juquey” pelo rei de Portugal a Amador Bueno da Ribeira para a produção agrícola, tornando-a nos séculos seguintes uma parada para os bandeirantes a caminho de Minas Gerais, como ilustra a pintura de Benedito Calixto abaixo: O final do século XIX trouxe ao lugarejo a Estrada de Ferro São Paulo Railway, em fevereiro de 1888, nascia a Estação do Juquery (foto do site Estações Ferroviarias), que seria importantíssima para a primeira atividade industrial da região: a extração de pedras. Porém, ainda no século XIX um fato mudaria a história da região para sempre: a instalação do polêmico Hospital Psiquiátrico do Juquery (nome da região até então). Já falamos disso no post sobre Mairiporã, lembra?
Em 1896, o Doutor Francisco Franco da Rocha foi designado pelo Governo para administrar o Hospital. Daí viria o nome da cidade. O século XX viu a ocupação crescer em torno desses primeiros elementos. Foram construídas a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, bem como escolas e outras melhorias na urbanização que ajudaram a vila a ser elevada a distrito de Mairiporã, em 1934, adotando como nome Franco da Rocha, homenageando o Doutor recém falecido. Em 1944, Franco da Rocha tornou-se uma cidade autônoma, separando-se da então “Juquery” (que viria a se tornar Mairiporã), com seus desafios, como a constante luta contra as inundações… E as belezas do Parque do Juquery… E assim chegamos à cidade aos dias de hoje! Mesmo antes de ganhar sua autonomia como município, a cidade viu no futebol, um exemplo do amor a Franco da Rocha, e assim começaram a surgir os times na cidade. O primeiro deles, quando a região ainda tinha uma ligação muito forte com o nome “Juquery”, surgiu a Associação Atlética Juquery (distintivo toscamente fotografado do incrível livro “Os esquecidos”). O time foi o primeiro da cidade a disputar o Campeonato Amador do Interior em 1943, na 26a região, que teve o Corinthians FC (de Santo André) como campeão do grupo. Em 1944, novamente na 26a região, que teve o São Caetano EC como campeão do grupo: No campeonato de 1945,aparece um novo time representando a cidade no Campeonato Amador: a AA Franco da Rocha. Poucos anos antes, em 24 de julho de 1942, nascia outro time na cidade: o Clube Atlético Expedicionários. E em 1946 foi sua vez de estreiar no Campeonato Amador do Interior, ocupando o lugar deixado pela Associação Atlética Juqueri, dessa vez jogando na 3a zona da 4a região, que teve o São João FC (Jundiaí) como campeão. Em 1947, apenas o CA Expedicionários representou a cidade no Campeonato Amador, no Setor 6 da Zona 2. Em 1948, surge outro time a representar a cidade: o Esporte Clube Flamengo, carinhosamente chamado de Flamenguinho, que nasceu de um pessoal que costumava se juntar pra jogar futebol sob o nome de Vilas Unidas, que unia moradores da Vila Ramos e do bairro Pouso Alegre. Um dos diretores, o Sr. Gino Morelato conseguiu a área para um novo campo em regime de comodato, junto ao Hospital Juquery. Os próprios pacientes do hospital ajudaram a limpar a área que ficaria conhecido como “Peladão”. É nesse momento que o “Vilas Unidas” se divide em dois grupos. O pessoal da Vila Ramos, liderado pelo Sr.Gino Morelato, em 12 de Junho de 1948, adotou o novo campo e fundou o Esporte Clube Flamengo (distintivo mais uma vez veio do excelente site Escudos Gino): O outro grupo, liderado pelo Sr. Antonio Faria, decidiu fundar um clube no outro bairro e assim, em 3 de janeiro de 1953, surgiu o Esporte Club Corinthians de Pouso Alegre. Os três times começaram disputando partidas amistosas, mas logo passaram a representar a cidade no Campeonato Amador do Interior. É muito difícil conseguir todas as edições dessa competição, mas encontrei duas edições interessantes, a de 1956: E a de 1958: O pessoal do Jogos Perdidos chegou a acompanhar uma partida amistosa entre o Flamenguinho e o CA Expedicionários, clique aqui e veja como foi! Por hora, babe em duas fotos que eles fizeram: Em 1960 foi campeão do setor 13 do Campeonato Amador do Estado (foto da Fanpage do EC Flamengo): Embora tenha demorado um pouco mais pra passar a jogar as competições oficiais, o EC Flamengo foi o que chegou mais longe, mas teve que lutar não só contra os adversários em campo como também com as chuvas, já que seu campo fica às margens do rio Juqueri: Com tamanha valentia, não é a toa que seu mascote é o Popeye! Se você quer saber mais do passado do time, olha cada foto linda disponível na Fanpage do EC Flamengo: Em 1959, o EC Flamengo sagrou-se campeão municipal invicto: Aqui, o goleiro do EC Flamengo em pleno campo! Mais algumas formações do time nos anos 50 e 60: E estas imagens de lances do jogo, simplesmente maravilhosas… A cerca de madeira separa a torcida do campo: E até a imprensa já tinha sua área, que aparentemente é no mesmo lugar do bar atual. O time chegou a fazer um amistoso com o Jabaquara, de Santos vecendo por 2×0, como mostra o Jornal “A Tribuna”, em 1966: Aliás, ainda em 1966, o Flamenguinho participou do Campeonato Paulista da Terceira Divisão (o quarto nível do futebol paulista daquele ano) graças ao apoio do presidente Nilson Morelato, que chegou a bancar do próprio bolso a profissionalização do time. Olha o que teve de time nessa edição: O time jogou também a Terceira Divisão de 67 e depois dessa disputa abandonou o futebol profissional. Em 1971, o Flamenguinho ainda montou um time feminino sendo pioneiro na região. Depois, passou longos anos paralisado reformando a área do campo, aterrando-a alguns metros para evitar que futuras enchentes acabassem com o patrimônio do clube. E assim, lá fomos nós conhecer o seu Estádio, a “Praça de Esportes Gino Morelato“. Olha que entrada mais charmosa!Mais um estádio cheio de história, que faço questão de registrar!
Logo na entrada a sede da secretaria do time. Eles até tem uma outra sede social, mas que está alugada no momento. O gramado está em ótimas condições e é só olhar a foto pra entender o motivo… Muita dedicação das pessoas envolvidas no clube atualmente. Vamos dar uma olhada na parte interna do estádio e admirar um pouco mais a casa do EC Flamengo de Franco da Rocha!Atualmente não há nenhuma estrutura de arquibancadas, afinal, como dissemos antes, o espaço foi todo reformado e o campo era a primeira prioridade, e ficou show!
Mas na lateral do campo, existe uma estrutura de bar e vestiários bem bacana e um lugar de onde se pode acompanhar os jogos.
O bar segue funcionando até pra gerar algum suporte financeiro pro time (Se vc mora em Franco da Rocha, vale a pena prestigiar!). O distintivo do Flamenguinho está lá, estampado as paredes da estrutura do clube. Ao lado dessa estrutura, fica o rio Juqueri. Voltando nossas atenções ao campo, esse é o gol do lado esquerdo: Aqui, o meio campo: E aqui, o gol do lado direito: E olha que lindo os bancos de reservas e a área para o mesário: E se o que vale é gol… Taí o gol, de pertinho! Deixa até eu me eternizar aqui na frente de um gol que já foi defendido (e atacado) no Campeonato Paulista da Terceira Divisão! O “momento ecologia” fica por conta do Quero Quero deitado em pleno campo. Hora de ir embora do Estádio, conhecido como “Praça de Esportes Gino Morelato“, onde tanta coisa aconteceu, e literalmente tanta água já passou… Vale reforçar que o time segue na ativa, aqui uma das formações atuais do time: E caso alguém queira uma réplica da camisa, o site Só Futebol tem uma em sua loja virtual: Assim, agradecemos aos que acompanham o blog, principalmente aos poucos que devem ter conseguido ler até o fim, já que o post ficou bem longo… Mas era necessário jogar um mínimo de luz na história de uma cidade que tem muito amor ao futebol!
Ótima matéria, parabéns pelo excelente trabalho.
Valeu Wilson!
Caro amigo
Obrigada por você ter feito jus a história do meu avô Nilson Morelato. Ele praticamente deu a vida pelo Flamengo de Franco da Rocha. A ideia de levar o time do Flamengo para a terceira divisão, partiu exatamente no dia dessa partida do Flamengo contra o Jabaquara. Na época, o Jabaquara era treinado pelo Baltazar, o cabecinha de Ouro do Corinthians, ele e meu avô eram amigos. Meu avô tinha amizade com quase todo aquele time do Corinthians de 1950 porque também era muito corinthiano e sócio do Parque São Joge. Baltazar viu o time do Flamengo e viu que tinha qualidade, por isso sugeriu ao meu avô que levasse esse time a terceira divisão. Meu avô gastou tudo que tinha! Pagava os salários dos jogadores com o dinheiro do próprio bolso e por isso faliu a Mercearia que tinha.Minha avó cozinhava para os jogadores e lavava todos os uniformes deles. Enfim, hoje nenhum dos dois tiveram seus nomes reconhecidos como deveriam pelo clube. Por isso agradeço o fato que menciona em seu blog. Todas essas fotos que você postou, faziam parte do acervo pessoal do meu avô e antes de morrer, ele doou para o clube.
Vim matar a saudade dessa matéria incrível.
Lembrando que voltamos a ativa, de um pulo no Flamenguinho, será muito bem vindo.
Opa!!! Valeu!