Nosso rolê pela parte leste do estado de São Paulo, não podia deixar de passar por Taubaté. Mas dessa vez, a idéia não era visitar o Estádio Joaquim de Morais Filho, como já fizemos tantas vezes (relembre aqui a incrível conquista da série A2 de 2015)… A ideia era registrar um outro estádio, que também tem grande importância no futebol local. Ficamos no Hotel Baobá, mesmo local de 2015, quando encontramos ali hospedados o time do Votuporanguense e acabamos acordados no meio da madrugada pelos fogos da torcida local (não quer mesmo clicar aqui e relembrar a história?). Antes de seguirmos para o nosso objetivo, um pulinho sempre bom, para relembrar a estação ferroviária, que além de histórica é linda! E um outro ponto essencial para entendermos o time de hoje, o antigo prédio da Companhia Taubaté Industrial (CTI): A Companhia Taubaté Industrial (CTI) nasceu ainda no século XIX (fundada em 4 de maio de 1891 por Félix Guisard, prefeito de Taubaté) e foi precursora do desenvolvimento industrial do Vale do Paraíba e uma das maiores tecelagens da América Latina, produzindo camisas e meias. Embora a CTI tenha fechado suas portas, deixou de presente para a cidade um marco arquitetônica incrível conhecido como “Edifício Félix Guisard”, uma torre com 12 andares e um relógio no topo, que se tornou símbolo da cidade. Veja que linda foto da torre, disponibilizada na web pelo Jornal O Vale: A indústria funcionou de janeiro de 1893 (na época com 170 funcionários) até 1983 e seu prédio abriga hoje o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Unitau. A torre do relógio foi tombada pelo Condephaat. A Fábrica fez tanto sucesso junto à população local que conseguiu montar um time de futebol, o Clube Atlético Ceteiense (distintivo disponibilizado pelo site História do Futebol): Vale lembrar que outro time da região que existiu graças à indústria do Tecidos foi o Teci Guará (veja aqui nossa visita ao seu estádio). Outra prova de quão importante foi a produção de tecidos em Taubaté, basta assistir a cena abaixo:
A torcida do Taubaté tem até uma faixa lembrando dessa homenagem:
O CA Ceteiense foi fundado em 4 de maio de 1941, por funcionários da indústria, como forma de lazer. Na época, seu nome era Clube Náutico C.T.I. e depois, CTI Clube. O time conquistou o primeiro Campeonato da Liga Municipal de Futebol de Taubaté, em 1945 (iria demorar mais 10 anos pra conquistá-lo novamente). Mas o CA Ceteiense entrou pra história do futebol profissional ao disputar o equivalente à série A2 de 1952: Depois disputou a competição equivalente à série A3 de 1954. Encontrei poucas informações sobre essa competição, mas aparentemente o CA Ceteiense disputou a primeira fase na Série F: Pesquisando no arquivo da Folha de São Paulo, o time se classificou para uma segunda etapa, jogando o Segundo grupo. Lá, encontrei até o resultado de um dos jogos contra o time do Rigeza FC: Aparentemente sua participação terminou nessa fase. E depois dessas duas aventuras, o CA Ceteiense nunca mais retornou ao profissionalismo. Pra piorar, em 1983, a fábrica fechou suas portas e o Ceteiense encerrou sua história. Assim, nossa missão foi registrar o Estádio Municipal Félix Guisard, a casa do CA Ceteiense. Ele ocupa todo um quarteirão e fica bem perto do Estádio Joaquinzão: Até uma pequena bilheteria ele ainda preserva: O Estádio Municipal Félix Guisard foi inaugurado em 4 de dezembro de 1943 (num amistoso entre o time da Fábrica Nova 4×2 Fábrica Velha) e fica numa área bem bacana, cheia de árvores. O Estádio atualmente serve de base para a equipe feminina do EC Taubaté, além de oferecer uma série de equipamentos para a prática do atletismo. Suas arquibancadas de cimento possibilitam a presença de pouco mais de 3 mil torcedores. O terreno pertencia à própria CTI, o que facilitou bastante. O projeto foi elaborado por Ícaro de Castro Mello, o mesmo que projetou o Ginásio do Ibirapuera. Vamos dar uma olhada:Olhando da arquibancada, ali ao fundo temos o gol da esquerda:
O gol da direita, com novos empreendimentos imobiliários já se fazendo crescer no horizonte e prometendo valorizar a área nos próximos anos… E o meio campo: O fim da fábrica e do time, culminou obviamente com grande preocupação em relação ao estádio e demais equipamentos esportivos ali presentes. A solução foi incorporá-lo ao patrimônio público de Taubaté, sob responsabilidade da Prefeitura. Atualmente, além de sede das meninas do EC Taubaté, recebe jogos do futebol amador da cidade. Mais um lindo registro de um estádio utilizado no futebol profissional! Não podemos esquecer que a cidade de Taubaté teve ainda um outro time profissional, o Corinthians Futebol Clube do Vale do Paraíba, fundado em 10 de Agosto de 1998 Mas, como o amigo Bruno lembrou, o Corinthians FC era uma verdadeira salada: distintivo do “Vale do Paraíba”, chamado de “Corinthians Taubaté”, tinha sede em Tremembé, e mandava seus jogos na cidade vizinha: Caçapava, Estádio municipal Satiro de Oliveira (fotos da fan page “Fotos Antigas Caçapava”): Seja como for, o time entrou pra história ao jogar o profissional, disputand o quinto nível do Campeonato Paulista em 1999 (a série B1B), com uma campanha bem interessante, pena que perdeu o gás no final do segundo turno (como e pode ver abaixo graças aos dados levantados pelo RSSSF Brasil): Jogou ainda em 2000, quando a divisão muda de nome para série B2 e reúne 40 times para a disputa. Segundo o site RSSS Brasil, a campanha do Corinthians Taubaté naquele ano foi assim: Asim, o Corinthians Taubaté terminou em 4º lugar, classificando-se para o mata-mata. Em 2000, ainda representou Caçapava como equipe da cidade na Copa São Paulo de Futebol Jr, não se classificando para a segunda fase, vencendo apenas a equipe do Lagartense por 2×1. Porém, no mata mata pegou a forte equipe do Guaratinguetá e empatou o primeiro jogo em casa e perdeu de 3×0 o segundo, eliminando-se da competição e licenciando-se do futebol. Algumas pessoas ligadas ao esporte local, disseram que o Corinthians FC chegou a usar um outro estádio em Taubaté para treinos, o Estádio da Associação Desportiva Classista da Ford, e fomos até lá, conferir: Infelizmente, como tantos estádios e clubes relacionados à indústrias, o campo da ADC Ford não sobreviveu aos tempos atuais, e foi vendido para a iniciativa privada para a futura construção de um condomínio de prédios. Mas, em outubro de 2020, o campo ainda estava por lá. Ainda que com uma cerca literalmente dividindo o estádio no meio campo. Dê uma olhada: Sua arquibancada embora quase sumindo em meio à vegetação, segue por lá também. Ao redor e ao fundo do campo. Do outro lado, ainda estamos falando de uma área rural. A área do que foram os vestiários já foram demolidas, restando apenas escombros… Triste fim de uma era, mas que faz parte do tipo de vida que escolhemos como sociedade em tempos atuais. Antes de irmos embora, uma rápida olhada na pela fachada do Estádio Luiz Bento do Couto. O Estádio é a casa da União Operária Futebol Clube, mais uma vez o Site História do Futebol trouxe o distintivo do clube: O União Operária Futebol Clube foi fundado em 1 de março de 1933, e é um grande campeão do campeonato municipal de Taubaté. Pra terminar, algumas imagens do Estádio Joaquim de Morais Filho, pra torcida do Taubaté não reclamar…. Elas são do jogo de 2016 entre o Santo André x Taubaté, num feriado de páscoa, quando o Burro ganhou da gente de 2×0 🙁 Um ano em que o Taubaté fez uma excelente campanha, sendo eliminado nas quartas de final.Pra quem não conhece, recomendo uma visita ao Estádio Joaquim de Morais Filho, carinhosamente chamado de Joaquinzão, um estádio com capacidade atual para quase 10 mil torcedores.
Vale lembrar que antes do Joaquinzão, o EC Taubaté mandava seus jogos no Estádio Praça Monsenhor Silva Barros, “O Campo do Bosque“. Vale uma olhada na linda foto disponível na Fanpage Taubaté – SP (foto Rezende Taubaté):
Para a construção do Joaquinzão houve uma grande campanha de arrecadação de tijolos e um grande empenho de toda a cidade. Em 14 de janeiro de 1968, o estádio foi inaugurado, com o amistoso São Paulo FC 2×1 EC Taubaté.
O recorde de público do estádio aconteceu em 1980 no jogo contra o Corinthians: 21.272 torcedores pagantes. Além das arquibancadas, o estádio também possui uma parte coberta.
Recentemente o estádio teve problemas por conta da chuva, que fez uma parte do estádio ser destruída, mas pelo que vi no portal do Globoesporte, as obras já foram feitas pra recuperá-lo.
Quando estivemos por lá, em 2016, ocupamos o agradável setor dos visitantes, com direito a uma aprazível sombra.
Ah, esse é o portão de visitantes do Estádio:
Existe uma relação de respeito e até amizade entre as torcidas organizadas…
E também entre as pessoas, fica aí nosso abraço pro Ronaldo e pra Talita!
E um abraço a todos que ainda amam o futebol em Taubaté e mantém viva a chama !!
Abraço pro Kiko, aqui de Santo André também!