
O texto abaixo é de autoria do amigo Guilherme Falleiros, Doutor em Antropologia Social pela USP. O email dele é gljf@usp.br
Os Xavante vestem a camisa do Santo André
Muito já foi falado e escrito sobre o futebol jogado pelos índios Xavante, do Mato Grosso, pelo meu grande colega Fernando Vianna em “Os Boleiros do Serrado”.

Mas, assim como o futebol em geral, o futebol xavante também é uma caixinha de surpresas.
Em minha estadia antropológica nas aldeias Abelhinha e Belém aprendi muito sobre sua disciplina nos treinos de madrugada e seu gosto por jogar horas e horas sem parar, debaixo do sol, demonstrando sua força para a comunidade.
Jogando até com duas bolas ao mesmo tempo!

Eu estava na aldeia Belém no dia do fatídico jogo entre Santo André e Santos pela final do Paulistão de 2010, no qual nosso Ramalhão foi derrotado pela malícia e perfídia da péssima arbitragem, sendo para muitos o campeão de honra.
Neste dia, a TV da aldeia estava ligada e todos torceram pelo Santo André, demonstrando sua amizade a mim e ao time da minha terra.
Na Abelhinha, levei de presente para o time juvenil da aldeia, dos quais sou padrinho, 10 camisas amarelas do glorioso Ramalhão.
Mas como os índios não são de acumular, as camisas acabaram sendo distribuídas e poucas restaram.
Mesmo assim, eles gostaram tanto que agora me pedem um jogo completo de uniforme do Santo André. Será que vou conseguir? Se você puder ajudar de alguma forma, eu e os Xavante ficaremos muito gratos!
Os Xavante gostam de vestir a camisa e jogar com garra, transformando seu espírito guerreiro em jogo de corpo. E ai de quem queira dar uma canelada nas suas pernas duras como toras! Eles não caem nem pedem falta – só se for por querer!
E também não temem os times grandes, mostrando que sua força vem das bases, das raízes guerreiras e da fome de bola, perseguindo-a como caçadores.
É assim que o futebol e o Ramalhão rompem fronteiras, tornando-se símbolos do diálogo entre diferentes povos.]]>
A primeira foto é do time Tsada’ro e deve ter sido tirada pelo Fernando Vianna!
Grande história, Guilherme e Mau!
É o Ramalhão rompendo fronteiras e etnias ehehe
Abraço!
Luiz Henrique
Estou voltando do Mato Grosso com mais histórias, imagens e desejos dos Xavantes!
Muito bom o texto.
Conheço pouco sobre o futebol indígena, mas certamente é um tema atraente.
Grde abraço
Vamos aguardar as novidades trazidas pelo “quase índio” Guilherme, que comentou acima…