O futebol profissional em Presidente Venceslau

No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu-MS.
Veja os posts já feitos sobre as primeiras cidades dessa viagem:
1) Estádio Municipal Tonico Lobeiro, na cidade de Óleo
2) Estádio Gilberto Moraes Lopes, em Piraju
3) Estádio Municipal Clube Ferroviário em Bernardino de Campos
4) Estádio Municipal Arnaldo Borba de Moraes, em Ipaussu
5) Estádio do Clube Atlético Ourinhense e o Estádio Djalma Baia, em Ourinhos
6) Estádio Romeirão, em Ribeirão do Sul
7) Estádio Manoel Leão Rego e Estádio Miguel Assad Taraia, em Palmital
8) Estádio Francisco Guímaro, “O Pirangueiro“, em Presidente Epitácio
9) Estádio Municipal “João Pereira de Souza”, em Bataguassu (MS)

Vamos mostrar como foi o caminho de volta, começando pelo Estádio Municipal José Francisco Abegão, em Presidente Venceslau.

Presidente Venceslau é uma cidade do interior de São Paulo, distante 600 km da capital e com cerca de 40 mil habitantes.

Foi ocupada por muitos anos (talvez milhares) por indígenas Kaingangues, dizimados, primeiro pelos bandeirantes e depois pela estrada de ferro e a agricultura.

Nunca entendi porque depois de dizimar os indígenas locais as cidades decidem homenageá-los … Por muito tempo chamou-se o povoado de “Coroados” (um outro jeito de chamar o povo kaingangue), em memória ao povo que ali viveu. Também foi chamado de Perobal, por causa das grandes árvores de Peroba que existiam e que foram transformadas em trilhos para a Ferrovia Sorocabana.

Por fim… O nome da cidade acabou sendo homenagem a um dos presidentes do país: Wenceslau Brás, em 1921.

A cidade foi emancipada de Presidente Prudente ainda na década de 1920 e recebeu imigrantes alemães, depois italianos e espanhóis, mais tarde, japoneses, que desenvolveram a lavoura.
A Estrada de Ferro Sorocabana foi fundada em 1872, mas apenas em 1922 chegou ao rio Paraná, passando por Presidente Venceslau.

A cidade tem crescido, mas mantém muitas casas antigas como verdadeiro registro histórico.

E sim… Tá lá a igreja matriz!

Mas, por hora, esqueçam as orações… Nosso objetivo em Presidente Venceslau era registrar o Estádio Municipal José Francisco Abegão, e também relembrar os times que disputaram os Campeonatos Profissionais da Federação Paulista.

Infelizmente o Estádio Municipal José Francisco Abegão não possui mais nenhuma identificação na sua entrada…

Apenas essa inscrição em seu muro lateral.

O Estádio Municipal José Francisco Abegão tem capacidade para 14 mil torcedores.

Hora de dar um rolê e conhecer o campo:

Se atualmente o Estádio Municipal recebe partidas de competições da região, em 1942 ele era chamado de Estádio Antônio J. Andrade e era a casa da Associação Atlética Venceslauense!

A AA Venceslauense nasceu para representar a cidade no reconhecido Campeonato do Interior, que era a competição mais importante para os times do interior. Por ser o time mais antigo, era conhecida como a veterana”.
Aí está o seu grupo em 1942:

Não disputa em 1943, mas retorna em 1944, quando sagra-se campeão da 17ª região (muitos times consideravam isso um título!) e classifica-se para os mata-matas. Pena que logo de cara pega a forte Ferroviária de Assis e perde como visitante por 4×1 e em casa por 2×1:

Em 1945, o FADA (de Santo Anastácio) sagra-se campeão do grupo.

Em 1946, novamente o FADA sagra-se campeão:

Aqui, o grupo de 1947 que teve o Paulista de Álvares Machado como campeão.

A AA Venceslauense segue nas competições do interior, honrando seu manto, como o faz na foto abaixo o atleta “Toco”, Carlos Alberto dos Santos, em 1956!

Até torcida organizada eles tinham!

Em 1957, segundo a Gazeta Esportiva, o Estádio Antônio J. Andrade passou por uma grande reformulação:

Em 1966, a AA Venceslauense faz história e disputa o Campeonato Paulista da 4a divisão, sua única aventura no profissionalismo. 16 partidas inesquecíveis para a torcida local.

A AA Venceslauense volta ao amadorismo e por fim doa o terreno do clube e do então Estádio Antônio Andrade à Prefeitura para ser construído o “Centro Esportivo José Francisco Abegão.
Mas Presidente Venceslau teve outro importante time em sua história: o Esporte Clube Corinthians, fundado em 26 de novembro de 1946.

Claro… O time foi uma homenagem ao seu homônimo da capital, mas mesmo assim fez história, com 9 participações em Campeonatos Estaduais.

Junto à sua sede eles construíram um estádio que também homenageia o Corinthians paulistano: o Parque São Jorge.

O time começou disputando o Campeonato amador do Interior como em 1950:

Em 1957, organizou um torneio quadrangular:

No mesmo ano também houve a construção do. seu estádio:

Em 1965, foi vice campeão do quadrangular da cidade, jogando no Parque São Jorge.

Ainda em 1965, o EC Corinthians estreia na Quarta divisão com uma campanha mediana (5 vitórias, 5 derrotas e 2 empates).

Manteve-se na Quarta Divisão em 1966, quando se licenciou do profissionalismo.

Aqui o time de 77:

Volta ao profissionalismo em 1986, jogando a Terceira Divisão e novamente terminando na sexta colocação.

Na Terceira Divisão de 1987, termina em terceiro lugar do grupo.

E em 1988, joga a Quarta Divisão, classificando-se em terceiro lugar para a segunda fase.

A segunda fase é um triangular de onde apenas um time se classifica e a vaga acaba com o Riolândia.

Em 1989, mais uma vez o Corinthians se classifica para a segunda fase, dessa vez em segundo lugar.

Mais uma vez o time foi mal no triangular da segunda fase:

E eis que chega o momento mágico do time: o ano de 1990! E a primeira fase é mais uma vez ultrapassada, com a seguinte campanha:

1º turno
18 de março: EC Corinthians 0x2 Palmeiras (Franca)
25 de março: São Simão 2×2 EC Corinthians
1º de abril: EC Corinthians 2×1 Ituveravense
8 de abril: Monte Azul 1×4 EC Corinthians
15 de abril: EC Corinthians 0x0 Severínia
22 de abril: Cravinhos 0x2 EC Corinthians
29 de abril: EC Corinthians 1×0 Estrela da Boa Vista
6 de maio: Palmeirinha (Porto Ferreira) 0x1 EC Corinthians
12 de maio: Palmeiras (Franca) 3×1 EC Corinthians
20 de maio: EC Corinthians 1×1 São Simão
27 de maio: Ituveravense 0x1 EC Corinthians
3 de junho: EC Corinthians 1×0 Monte Azul
17 de junho: Severínia 0x0 EC Corinthians
24 de junho: EC Corinthians 2×0 Cravinhos
1 de julho: Estrela da Boa Vista 0x0 EC Corinthians
8 de julho: EC Corinthians 0x0 Palmeirinha (Porto Ferreira)

2º turno:
22 de julho: EC Corinthians 2×0 Nevense
29 de julho: José Bonifácio FC 0x4 EC Corinthians
5 de agosto: EC Corinthians 4×0 São Paulo (Avaré)
12 de agosto: Guariba 1×3 EC Corinthians
19 de agosto: EC Corinthians 1×0 Ranchariense
26 de agosto: Andradina FC 0x1 EC Corinthians
9 de setembro: Nevense 2×0 EC Corinthians
16 de setembro: EC Corinthians 3×0 José Bonifácio EC
23 de setembro: São Paulo (Avaré) 0x2 EC Corinthians
30 de setembro: EC Corinthians 4×0 Guariba
7 de outubro: Ranchariense 2×1 EC Corinthians
14 de outubro: EC Corinthians 2×0 Andradina FC

A segunda fase foi um quadrangular e o EC Corinthians terminou como líder, com a seguinte campanha:

11 de novembro: Palmeirinha (Porto Ferreira) 0x2 EC Corinthians
15 de novembro: EC Corinthians 3×2 Monte Azul
18 de novembro: São Paulo (Avaré) 1×0 EC Corinthians
24 de novembro: EC Corinthians 2×0 São Paulo Avaré)
2 de dezembro: Monte Azul 0x0 EC Corinthians
9 de dezembro: EC Corinthians 2×1 Palmeirinha (Porto Ferreira)

O Campeonato daquele ano não teve final, foram somados os pontos das duas fases e o líder (o EC Corinthians) sagrou-se campeão

Aí está o time campeão!

Com o título, em 1991 voltou para a Terceira Divisão, mas a diferença de nível técnico ficou clara e o time terminou em último lugar.

Por fim, faz sua última participação na Terceira Divisão em 1992, com uma campanha mediana, abandonando o profissionalismo.

Em 1994, até se anima para voltar ao profissional, mas desiste da 4a divisão antes do início do campeonato deixando o Estádio Municipal José Francisco Abegão com suas portas abertas apenas ao futebol amador…

Os bancos de reserva…

E aí, a visão do meio campo:

O gol da direita:

E o gol da esquerda:

E a linda (e receptiva) arquibancada:

A arquibancada coberta:

Sempre bom reforçar quando temos arquibancada atrás do gol.

E o grande charme do dia: a coruja que vive em pleno campo!

Um último registro do campo e….

Calmaaaa! Antes de nos despedirmos de Presidente Venceslau, vale a menção a um terceiro time que embora não tenha chegado ao profissional, mexeu com a cidade nos anos 60: a Sociedade Esportiva Mariana.

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

2 comentários em “O futebol profissional em Presidente Venceslau”

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