Bom dia! Aperte os cintos de segurança e vamos lá!
A estrada nos leva à oitava parte do nosso rolê.
Depois de fotografar os estádios de Pirassununga, Descalvado, Santa Rita do Passa Quatro, Tambaú, Santa Rosa de Viterbo e Santa Cruz das Palmeiras e Vargem Grande do Sul é hora de falar sobre a cidade de São José do Rio Pardo e seus 2 estádios!
A cidade que no passado foi uma região das mais produtivas do café, com dezenas de fazendas faturando com a produção do chamado “ouro verde”, graças ao uso da mão de obra escravizada no século XIX teve que se reinventar com o passar do tempo.
Primeiro substituindo os escravizados pela mão de obra imigrante (principalmente italiana) e pela própria presença dos estrangeiros como proprietários de novas terras.
Aqui a cidade em 1910:
A religião se mostra presenta na cidade por meio de várias igrejas, conseguimos fotografar a Igreja Matriz de São Roque (estilo romano,segundo a Mari) e inaugurada em 1942. Atualmente abriga os monges da ordem Cistercienses e fica na praça Monsenhor Arnold:
Foi em São José do Rio Pardo que Euclides da Cunha escreveu “Os Sertões“, uma das obras mais importantes sobre a história do nosso país: a sangrenta e trágica Guerra dos Canudos.
Mate sua saudade sobre a história de Antonio Conselheiro e seu povo autogerido:
A cidade foi servida por ferrovia entre 1884 e 1989, quando os trilhos foram retirados e no local foi construído uma avenida, fizemos uma foto de um local em que provavelmente serviu de estação:
Mas, nosso foco futeboleiro era conhecer as casas de dois times da cidade, comecemos pela Associação Atlética Riopardense!
A AA Rioperdense foi fundada em 1º de janeiro de 1930, e a partir de 1948 passou a disputar as competições oficiais da Federação Paulista jogando a segunda divisão até 1951, quando se licenciou.
Aqui, o time de 1943:
Em 1982, o time voltou ao profissionalismo para uma única disputa da terceira divisão.
Desde então, dedica-se ao futebol amador.
Muitas pessoas tratam o estádio apenas de “Estádio da AA Riopardense“.
Mesmo se você buscar pela Internet é difícil achar o nome verdadeiro do Estádio.
Até porque como o estádio fica dentro do clube, as coisas se misturam.
Mas, logo dentro do clube, existe uma placa que esclarece os mistérios e mostra o real nome do local: Estádio Moacyr de Ávila Ribeiro.
O pessoal do clube foi bem bacana em permitir que a gente entrasse pra fazer umas fotos!
A essa altura do campeonato estávamos na estrada há várias horas e o calor era absurdo… Então imagina como ficamos ao ver esse visual…
Mas, há que se manter o foco.
O nosso desafio era registrar o Estádio, que agora sabíamos, se chamar “Moacyr de Ávila Ribeiro“, e pra chegar lá, era necessário atravessar a quadra!
Atravessou? Então vamos lá! É hora de conhecer mais um campo histórico do futebol de São Paulo!
É impossível olhar para esse visual e não sentir uma mágica volta ao tempo… Olha que lindo essa arquibancada coberta!
E olha como tudo começou…
Naquela época, a entrada do estádio era pela rua Mossoró.
Ao fundo, o crescimento da cidade começa a aparecer, com direito até a arranha-céu…
Aqui o time rival da cidade, o Rio Pardo FC, em 1948, posando no campo da Associação:
Olha o “arquitetônico” banco de reservas.
O Estádio possui um sistema de iluminação que permite partidas noturnas (coisa que o meu Ramalhão até 2017 estava sem).
Detalhe para o setor das “cadeiras cobertas” no estádio, denominado “Camarote Tricolor”.
Mas o estádio tem também a ala do rock! Olha só essa parte atrás do gol com menções aos Stones, Marcelo D2, Pink Floyd e até uma foto/grafite do Chorão…
Dá vontade de não ir embora né? Mas a cidade é grande o suficiente para ter um segundo time, então é hora de nos despedimos do Estádio Moacyr de Ávila Ribeiro, a Associação Atlética Riopardense!
Assim, andamos um pouco e logo estávamos em frente ao Rio Pardo Futebol Clube!
O Rio Pardo Futebol Clube foi fundando em 2 de abril de 1909 e entrou pra história ao disputar quatro edições do campeonato paulista da segunda divisão (de 1948 a 51).
Aqui o time de 1951:
Pra quem gosta dessas fotos históricas, tem aí outras imagens de fases diferentes:
Mas o Rio Pardo FC também disputou três edições da quarta divisão (1963, 1964 e 1967) e mandavam seus jogos aqui! Na sede do clube:
Mas assim como no caso da Riopardense, as pessoas constumavam se referir a ele como o “Estádio do Rio Pardo FC”, mas… existe um nome! E ele é… Estádio Lupércio Torres.
No lugar em que esta placa está, parece que existia um tipo de pórtico de entrada:
E aí estamos nós!
Um pouco depois há um outro possível pórtico!
O clube é cercado por um muro e em várias partes dele existe o distintivo pintado na parede.
Aqui é a entrada do clube atualmente:
Vamos dar uma olhada na parte interna pra ficar triste?
É… Chegamos tarde…. As necessidades práticas do clube falaram mais alto que a memória histórica (e é claro que essa é uma decisão válida, uma vez que o clube segue vivo).
Pelo que entendi era aqui que ficava o campo:
Curiosamente, veja essa foto do time rival (Associação Atlética Riopardense) no próprio campo do Rio Pardo FC:
Bom, deu pra conhecer um pouco do estádio. Valeu a pena!
Assim como vale a pena ler a descrição encontrada no site www.cidadelivredoriopardo.com.br a descrição sobre o dia de um derbi:
“O campo da Associação está repleto. Arquibancadas e gerais são redutos discriminatórios. Dois grandes grupos antagônicos se formam. As torcidas não se misturam. Nas arquibancadas e gerais daquele lado espremem-se os apaixonados da Associação, os “estegomias”. Na metade oposta, nos barrancos e laterais, os “bexigas-pretas”, torcedores do Rio Pardo. Gritos ofensivos cruzam o campo vazio. Mulheres, com roupas de festa, são sopranos e contraltos dos coros gritantes das torcidas, com urras, piquepiques, quadrinhas, “slogans”, hinos dos clubes, insultos, vaias…
Guarda-chuvas, sombrinhas e muitos eucaliptos sombreiam o contorno do campo.”
E por aí vai a história, leia lá no http://cidadelivredoriopardo.com.br.
Ah, antes de ir embora ainda deu pra cruzar com o Estádio do time local do Vasco da Gama (limitado ao futebol amador).
O time, embora se limite ao futebol amador, é bastante tradicional!
No caminho para a nossa próxima parada (a cidade de Cajuru) ainda pudemos pirar com o visual do Rio Pardo (eu nem sabia da existência da barragem lá…).
Olha que lindo vídeo da barragem: