No carnaval de 2024, fizemos um rolê pela divisa SP/MG e depois de passarmos por Itobi, chegamos à cidade de Casa Branca, a capital da Jabuticaba!
A cidade possui cerca de 28 mil habitantes e tem grande importância no agronegócio nacional: é a maior produtora de laranja do Brasil, a maior produtora de batatinha de São Paulo, além da jabuticaba, da qual é responsável por quase metade da produção do estado.
A paixão é tanta que Casa Branca tem a jabuticabeira presente até mesmo em seu brasão.
Assim como a vizinha Itobi, Casa Branca fica em uma região cortada pelos rios Moji-Guaçu e Pardo o que induz a imaginarmos que a região foi densamente ocupada há milhares de anos por diferentes povos que buscavam alimentos fornecidos pela presença de tanta água.
Com a chegada dos europeus, a partir do século XVI, tanto estes rios quanto as pessoas que ali viviam passaram a ser incomodadas pelos bandeirantes que os escravizavam, e também pelos representantes da Igreja católica que buscavam novos fieis para suas fileiras.
Essa soma diabólica significou o fim (ou quase isso) para os povos originários da região.
Casa Branca só aparece como povoação em registros datados do fim do século XVIII, citando uma pequena “casa caiada”, que ficava ao lado do pouso dos tropeiros que percorriam a “estrada real”.
Em janeiro de 1878, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro chegou à Casa Branca, já elevada à cidade, desde 1872. Foto do site Estações Ferroviárias, possivelmente dos anos 10:
Neste rolê acabamos cruzando esse lugar… Será que é a estação original?
Vale a pena lembrar que já estivemos lá, veja aqui como foi!
Dessa vez fizemos o rolê com um pouco mais de tempo, mas ainda sem dormir por lá (aliás, alguém sugere um lugar bacana para se hospedar?), deu pra pelo menos curtir os detalhes, como esse simpático lagarto.
Gastamos um tempo curtindo o momento de estar em uma cidade diferente, apenas vivenciando aquele tempo na praça central, que é linda, sem nenhuma grande preocupação. Viajar é isso… Conhecer o novo, passear, estar em ócio…
A arquitetura do início do século XX segue de pé pela região central…
Com destaque para a Igreja Matriz.
A proximidade com MG faz com que as lembranças da nossa guerra civil de 1932 estejam presentes pela cidade…
Destaque também para a loja de fábrica da Laticínios Argenzio, na entrada da cidade:
Ah, e o sorbet de Jabuticaba da Gellu’s ??? Delicioso!!!
Ficou faltando conhecer a Bossoroca gigante que exista na cidade, mas cuja trilha estava muito fechada para se fazer em uma manha ensolarada de forte calor. Trata-se de uma “rachadura” profunda no solo, ocasionada pela erosão, que de tão grande ficaram parecidas a um canion.
Mas nossa missão era voltar onde alguns dos times locais mandaram seus jogos, o “Estádio Municipal João dos Santos Meira“, outrora chamado de “Estádio da Mogiana” e principal campo de futebol da cidade nos dias atuais.
Em nossa última visita reclamávamos que não havia uma sinalização decente…
Olha como era sem graça…
Pelas informação disponíveis no blog “Mclaralira”, o primeiro campo de Casa Grande foi o do Casa Branca Futebol Clube, que depois abrigou o Paulista Futebol Clube e que acabou transformado em uma escola (a atual ETE Dr Francisco Nogueira de Lima).
De volta ao Estádio atual, como o portão estava fechado, demos a volta para entrar pelo portão lateral, chegando ali no gol.
Dessa forma pudemos registrar o outro lado do estádio, aqui o gol da direita:
O meio campo:
E o gol da esquerda:
Ali por onde entramos também existe uma pequena arquibancada lateral.
Aliás, a região do Estádio é meio maluca… Essa parte atrás desta arquibancada é um bairro meio sem saída, enfim… Divertido perder-se por aí!
Mas voltemos à sombreada arquibancada lateral do estádio…
Por mais que eu valorize a prática do atletismo, confesso que esse espaço destinado à pista acaba tirando um espaço importante, e deixa um pouco menos divertido o Estádio.
Olha o vídeo que fizemos lá em 2018 e perceba que pouca coisa mudou.
E como é bonito ver esse monte de árvores ao redor do campo!
Esse é o outro lado, onde estão as arquibancadas menores:
Uma pena que aparentemente será difícil veremos competições oficiais por aqui nos próximos anos…
Que bom que pude filmar um sonho de como seria bater um penalty num estádio cheio de torcedores locais…
Quando falamos do futebol em Casa Branca, o EC Corinthians é o time mais conhecido por ter sido o único que disputou edições do Campeonato Paulista.
O EC Corinthians foi fundado em 7 de março de 1958 e disputou cinco edições da terceira divisão, de 1980 a 84 e duas edições da quinta divisão (1978 e 79).
O time não conseguiu bons resultados em nenhum dos Campeonatos, olha as goleadas que levou na 3ª divisão de 1980:
Em 1981, as coisas parecem não terem melhorado muito…
Entretanto, temos que dar atenção especial também ao EC Mogiana, fundado em 14 de setembro de 1935.
Em 1942 o EC Mogiana disputou o Campeonato do Interior na 7ª região:
O EC Mogiana em 1943, junto da Associação Paulista de Esportes:
E o Campeonato do Interior de 1944:
Campeonato do Interior de 1945:
Olha aí a moral do EC Mogiana em 1956:
E olha o clima da época…
O time de 1957 fez esse amistoso com a Ponte Preta:
Outro clube importante foi o União Casabranquense FC, de 1910, que surgiu da fusão do Clube dos Estudantes, do Tiro de Guerra e do EC Operário (da foto abaixo):
Olha a matéria de 1920:
Esta matéria do Correio Paulistano fala sobre uma partida com o Radium e cita o União como campeão da Liga Mogyana de 1920:
Até um misto do Palmeiras passou por lá para enfrentar o time local.
Em 1958, o União disputou o Campeonato do Interior com o time abaixo:
Aqui, uma foto de 1962 onde podemos ver o uniforme do time:
Além disso ainda houve o Casa Branca FC, time que existiu em dois momentos, o primeiro foi fundado em 1928, tendo entre suas lideranças o Sr Triunfo Vasconcellos (foto do blog MClaraLira):
E o segundo sendo (re) fundado em 1930, tendo em sua liderança o sr Sílvio Furlani.
Aqui, matéria de 1933:
Também merece destaque a Associação Casabranquense de Cultura Phisica e Esporte (ACCPE), fundada em 18 de Setembro de 1926.
Seu estádio é citado em matéria sobre a final do Campeonato Municipal de 1958:
Outros times da cidade: Paulista FC, Lagoa Branca FC, Sadopi (representando a Indústria Sasso/Dorta e Pistelli), entre outros.