Há pouco mais de 130 km da capital paulista está a cidade de Santa Bárbara d’Oeste, muito conhecida por ter sido o primeiro município brasileiro fundado por uma mulher, Margarida da Graça Martins,
Foi ela quem doou o terreno para a construção da Igreja matriz, que deu origem à cidade.
Mas Santa Bárbara d’Oeste também tem grande importância quando falamos do futebol profissional, afinal foram 4 times participando das competições oficiais da Federação Paulista:
Já falamos da história do UA Barbarense (veja aqui como foi) e agora vamos para o 2º post dedicado à cidade e nosso ponto de partida é a antiga Usina Santa Bárbara.
Aqui, uma imagem do Google Maps para se ter ideia da área geral da antiga usina, ela bem próxima à área urbana da cidade:
Foi na Usina Santa Bárbara que nasceu o CAUSB – Clube Atlético Usina Santa Bárbara!
A Usina Santa Bárbara surgiu em 1877, quando o Major João Frederico Rehder comprou a Fazenda São Pedro (que já possuía uma equipe – o 7 de Setembro) e passou a cultivar a cana-de-açúcar.
Se você nunca esteve andando em uma usina, dê uma volta no nosso Mobi:
Existe um marco próximo à entrada que identifica a Usina e que, espero, permaneça por lá por muito tempo, ao menos para fazer lembrar de uma parte importante do passado da cidade.
Essa é a atual aparência do cenário da Usina Santa Bárbara. Bonito, não?
A Usina desenvolveu sua estrutura para que seus trabalhadores tivessem autossuficiência, e por isso havia mais do que edificações industrial e administrativa em torno do Engenho.
Assim, se construiram as casas onde moravam os trabalhadores, além de toda infraestrutura necessária como escola, mercadinhos, igreja, farmácia e até mesmo um cinema
Provavelmente essa era a casa do chefão…
Mas, a estrutura que nos levou até a Usina Santa Bárbara foi o Estádio Cel Luiz Alves de Almeida, que infelizmente não existe mais…
Mas vem comigo dar uma olhada na área onde ficava o “Estádio Cel Luiz Alves de Almeida,também chamado de Estádio “Luizinho Alves” .
Tudo fica na “suposição”, já que não encontrei registros oficiais que garantam o que de fato existia ali. Mas… Por um momento fiquei pensando que essa pequena construção talvez servisse de bilheteria no passado…
Aqui é a entrada do que seria o campo, e respeitando a placa, apenas fotografamos do lado de fora.
Essa seria a área do campo. Será que ali à direita estava a arquibancada?
Haveria outra arquibancada do lado esquerdo?
O que recentemente foi uma espécie de borracharia… teria sido um vestiário?
Aqui dá pra ter ideia do campo como um todo. Seu nome era homenagem ao proprietário da fazenda, o “Coronel” Luiz Alves de Almeida.
No início do século XX, haviam várias fazendas na região e era comum os times de futebol de cada uma delas se enfrentarem. Mas essas disputas atrapalhavam o bom andamento da sociedade, e foi decidido que na Fazenda São Pedro haveria apenas um time para unir todos os trabalhadores. Assim, em 2 de janeiro de 1936, nasce o Clube Atlético Usina Santa Bárbara, o tricolor usineiro.
Porém o CAUSB só foi oficializado em 14 de fevereiro de 1942, quando disputou o Campeonato do Interior daquele ano ao lado de outros times de Santa Bárbara d’Oeste.
Esse foi o time daquela disputa:
Aqui o time da Tecelagem e Fiação Santa Bárbara FC:
Em 1943, sagrou-se campeão da 15a região, mas no mata mata contra o Guarani, uma derrota por 4×1 em casa e outra por incríveis 9×2 em Campinas eliminaram o CAUSB.
Em 1945, nova participação:
O time segue nas disputas amadoras com grandes conquistas (como o bicampeonato do setor em 1951/1952, até que em 1961 fez sua estreia no profissionalismo disputando a Terceira Divisão, o quarto nível do campeonato paulista, um campeonato todo estranho, com dois grupos. O CAUSB liderou o dele, a “Série Presidente Jânio Quadros”:
O outro grupo classificou o GRE Cultura para a final e para definir o classificado da série houve uma decisão entre os 2 primeiros colocados:
Assim, o CAUSB chega a final contra o o GRE Cultura de Mirassol e perde no segundo jogo extra, com uma arbitragem bem esquisita.
Assim, o GRE Cultura de Mirassol sagrou-se campeão!
Esse foi o time de 1961 do CAUSB, e olha aí ao fundo o Estádio “Coronel” Luiz Alves de Almeida:
Em 1962, mais uma campanha incrível, liderando a primeira fase:
Uma foto do Estádio “Zezinho” (o”Coronel” Luiz Alves de Almeida) neste ano:
A fase final reuniu os melhores times dos 4 grupos e o CAUSB terminou em primeiro, sagrando-se campeão da Terceira Divisão do Campeonato Paulista de 1962.
Esse é o time campeão:
Assim, em 1963, o CAUSB passou a disputar a Segunda Divisão, o terceiro nível do futebol paulista.
Esse era o time de 1964:
O time permaneceu nessa divisão até 1967, sempre com campanhas medianas, quando se despediu do futebol profissional, com a campanha abaixo:
Sábado, 10 de setembro de 2022, 9hs da manhã. Em um horário quase “escolar”, fomos até o Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães registrar a molecada do UA Barbarense e do Grêmio Novorizontino pela terceira fase do Campeonato Paulista sub 15 da Federação Paulista de Futebol.
Dessa vez, aproveitei pra dar um pulo na entrada do clube que fica ali ao lado do Estádio.
E 10 anos depois, o Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães segue por lá… E, de verdade, revê-lo foi o principal motivo para ter vindo até Santa Bárbara d’Oeste.
O UA Barbarense vem numa fase difícil, licenciado das competições profissionais desde 2021, disputando apenas as categorias de base. Mas nem sempre foi assim, e torço pra que o futuro seja melhor! E essas glórias e histórias justificam a identificação do time com a cidade.
Emocionante registrar o Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães recebendo dois importantes times para uma partida que apresenta as futuras peças para ambos!
Aí o time do Grêmio Novorizontino:
E aqui, os meninos do União Agrícola Barbarense Futebol Clube:
Vou aproveitar esse registro para iniciar uma série de 4 posts sobre a história do futebol em Santa Bárbara d’Oeste, afinal foram 4 times participando das competições oficiais da Federação Paulista:
Assim, começamos pelo União Agrícola Barbarense, fundado em 22 de novembro de 1914, sob o nome de União Foot-Ball Club, conhecido como Leão da 13 já que o Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães fica localizado na rua 13 de maio, em Santa Bárbara d’ Oeste.
Em 1918, o time adotou o nome de Athlético Barbarense Foot-Ball Club, já em 1919, Sport Club Athlético Barbarense e em 1920 após fusão com o 7 de Setembro da Fazenda São Pedro adotou o nome Sport Club União Agrícola Barbarense. Mas no fim de 1920, o time adota o nome atual União Agrícola Barbarense Futebol Clube. Para saber mais sobre o time, acesse o link da Fundação Romi.
A partir de 1921, o União Barbarense se associa à APSA (Associação Paulista de Sports Athléticos) e passa a disputar a Divisão do Interior daquele mesmo ano.
Em 1922, novamente disputa a Divisão do Interior com uma campanha mediana.
Em 1923, também não se classifica para a fase seguinte.
Ausenta-se em 1924, e em 1925, nova participação na Divisão do Interior agora da APEA.
Em 1927, lá estava no agora Campeonato do Interior da APEA:
Apenas em 1930, uma nova participação, ao lado dos rivais regionais.
Além do Campeonato do Interior, também havia o foco na LBF (Liga Barbarense de Futebol). Mas em 1942, já pela Federação Paulista de Futebol, o União Barbarense disputou o maior dos grupos (a 15ª região) do Campeonato do Interior (o campeão do grupo foi o XV de Piracicaba), ao lado de outros times da cidade: O CA Usina Santa Bárbara, a Fiação e Tecelagem Santa Bárbara FC, o Usina Furlan FC e o Cillos FC.
Em 1943, nova participação no grupo que teve como campeão o outro time da cidade: o Clube Atlético Usina Santa Bárbara – CAUSB.
Aqui, o grupo de 1944:
E em 1945, com mais três times de Santa Bárbara d’Oeste no grupo: o CAUSB, o Cillos FC e o time da Usina FurlanFC:
Esse é o time do Cillos FC:
Assim, o União Barbarense seguiu na disputa do Campeonato Paulista do Interior até que em 1964 fez sua estreia no profissionalismo jogando a 3ª divisão (que equivalia ao quarto nível do futebol). O primeiro jogo foi uma derrota de 3×0 frente à Associação Atlética Alumínio. Mesmo assim, terminou em 3º lugar (o Palmeiras da Usina Furlan foi o líder).
Em 1965, seu grupo teve também outros dois times da cidade: o Palmeiras da Usina Furlan e a Internacional, mas não conseguiu se classificar para a segunda fase.
Em 1966, o time classifica-se para a segunda etapa, ao terminar em 3º lugar do grupo:
Na fase seguinte, embora tenha terminado na segunda colocação, não se classificam para o hexagonal final.
Em 1967, liderou seu grupo na primeira fase, sofrendo apenas 2 derrotas.
Segundo o livro “125 anos de Futebol” da Federação Paulista, a fase final teve apenas jogos de ida, onde o União Agrícola Barbarense sagrou-se campeão da Segunda Divisão Profissional,!o terceiro nível do futebol paulista.
Estes foram os campeões:
Assim, a partir de 1968, passa a disputar a Primeira Divisão Profissional (que equivalia à atual série A2 do Campeonato Paulista). Em 1971, vem a primeira campanha de destaque, classificando-se para a segunda fase.
Mas na segunda fase, não fez uma boa campanha.
Não disputa o profissional de 72, e permanece na Primeira Divisão de Profissionais até 1976, com destaque para a campanha de 1975, quando termina a primeira fase em segundo lugar.
Na segunda fase, o time perde a chance de chegar na final nos critérios de desempate… Lembrando que naquele ano não houve acesso.
O time se licencia e só retorna em 1979 para jogar a Terceira Divisão (equivalente ao 5º nível do futebol) classificando-se para a segunda fase:
Na segunda fase o time acaba desclassificado nos critérios de desempate…
A partir de 1980 o União Barbarense disputa a Segunda Divisão, com destaque para o time de 1983 que por um ponto não chega na fase final do campeonato, com este time:
Em 1984, lidera seu grupo nas duas primeiras fases… Mas caí no quadrangular final…
Esse foi o time daquele ano:
Em 85 sequer passa de fase e em 1986 mais uma vez só é eliminado no quadrangular final…
A fraca campanha de 87 leva o time ao terceiro nível do futebol em 1988, a “Segunda Divisão”, e por pouco o acesso não vem logo no ano de volta. O time para na penúltima fase do campeonato.
O Barbarense repete a campanha em 89, não chegando ao triangular final, mas em 1990, conquista o acesso após classificar-se em 2º no seu grupo.
E liderar seu grupo na fase final! Só perde o título para o Jaboticabal porque naquele ano o time de melhor campanha foi declarado campeão
De volta ao segundo nível do futebol paulista, agora denominado Divisão Intermediária, disputa a edição de 1991 e 92 sem grande sucesso, mas em 93 chega ao quadrangular final e pela diferença de 1 ponto perde o título para o Paraguaçuense!
A partir de 1994 disputa a série A3, sem grandes campanhas até 97, quando após liderar seu grupo na primeira fase…
O Barbarense chega à última partida precisando vencer o Mirassol, em casa, para sagrar-se campeão, mas perde o jogo por 1×0 e vê o título dizer adeus…
Passa a disputar a série A2 em 1998, e logo na sua estreia, classifica-se para o quadrangular final…
E no quadrangular final deixa pra traz outros times importantes e sagra-se campeão paulista da série A2!
Estes foram os campeões:
Em 1999, a série A1 só inseria os chamados “grandes” na segunda fase, e o Barbarense até chegou a disputar a segunda fase, mas sem grandes resultados, mas foi considerado o Campeão do Interior.
A mesma coisa ocorreu em 2000:
Em 2001, foi vice-campeão da Copa Federação Paulista de Futebol mas quase caiu para a A2. Em 2002 acabou no meio da tabela, mas em 2003, já disputando a primeira fase com os grandes, classificou-se para as quartas de final mas perdeu para o Corinthians em jogo único por 2×1.
Em 2004, novamente chega aos mata matas mas perde as quartas de final para o Santos.
No mesmo ano, sagrou-se Campeão Brasileiro da Série C, classificando-se em primeiro no grupo inicial.
Depois, o Barbarense eliminou nos mata-matas Portuguesa Santista, Rio Branco e Iraty-PR chegando ao quadrangular final, de onde saiu campeão.
O ano incrível de 2004, desmoronou em 2005 com o time sendo rebaixado para a série A2 do paulista …
E para a série C do Brasileiro.
Em 2006 a queda continuou, agora para a série A3.
Em 2007, ficou em uma posição intermediária, mas em 2008 consegue voltar para a série A2, como vice campeão.
Em 2009 termina a A2 em uma posição intermediária, e em 2010 chega à segunda fase, mas não consegue o acesso.
Em 2011 quase cai para a série A3, mas em 2012, consegue novamente o acesso para a série A1, sendo vice campeão após dois empates contra o time do São Bernardo FC.
Em 2013, foi rebaixado para a Série A2.
Em 2014 e 2015 ficou em posições intermediárias no campeonato, mas em 2016 chegou ao mata-mata, mas perdeu as quartas de final para o Mirassol. Porém, a partir de 2017, o sonho vira pesadelo: o Barbarense cai para a série A3, e no ano seguinte, para a série B. Em 2019 e 20 sequer classifica-se para a segunda fase, levando o time a se licenciar em 2021 e apenas manter-se nas competições das categorias de base, o que nos leva de volta à partida entre o Barbarense e o Novorizontino.
O Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães foi inaugurado em 21 de maio de 1921.
E logo na entrada, vc se depara com o leão da 13!
O estádio passou por várias melhorias e reformas, trocando as antigas arquibancadas de madeira para as de concreto e o lance que hoje pertence as cadeiras numeradas.
Pela proximidade entre as arquibancada e o gramado o estádio é chamado de “jaula do leão” e “caldeirão da 13 de Maio.”
Além disso, existe uma linda área coberta.
Em campo, o time da casa abriu o placar e dominou o primeiro tempo.
A arquibancada atrás do gol é simplesmente incrível!
O outro gol, na entrada do estádio também possui uma arquibancada bem próxima dele.
Aqui, um olhar pelo outro lado.
Ainda que a parte de baixo seja um pouco assustadora …
Por se tratar de uma partida sub 15, o público era pequeno…
Mas o Barbarense possui duas organizadas: a TUSB (Torcida Uniformizada Sangue Barbarense), de 1984 e a Torcida Inferno Barbarense.
O Estádio está muito bem cuidado e com pequenos detalhes que dão orgulho pra qualquer torcedor…
O segundo tempo trouxe más notícias para a torcida local… O Novorizontino virou o jogo para 3×1.
Nosso tradicional olhar do meio campo:
Do gol da direita:
E do gol da esquerda:
Um último olhar antes de nos despedir da casa do União Agrícola Barbarense FC e de toda a história que está enterrada junto desse gramado…
Que os torcedores locais possam continuar enxergando mais do que simples arquibancadas…
Ficar sem seu time nas disputas profissionais significa perder um pouco da cultura do povo de Santa Bárbara d’Oeste a cada dia. É um risco muito alto, ou como o próprio estádio ilustra… perigo de morte!