Chegamos à Duartina!!! E com ela, a vigésima sétima e última parada do nosso rolê de inverno em busca dos estádios perdidos.
Pra quem não segue o blog, confira por onde passamos antes de chegar aqui: Lençóis Paulista, Agudos, Gália, Garça, Vera Cruz, Oriente, Quintana, Osvaldo Cruz, Rinópolis, Lucélia, Adamantina, Flórida Paulista, Pacaembu, Junqueirópolis, Irapuru, Dracena, Tupi Paulista, Monte Belo, Três Lagoas-MS, Castilho, Andradina, Guaraçaí, Murutinga do Sul e Mirandópolis, Valparaíso e Tupã.
Duartina é uma cidade próxima de Marília, onde vivem pouco mais de 12.500 pessoas.
É uma cidade pequena e que mantém nas suas ruas e praças um gostoso sentimento de tranquilidade.
Ainda é possível encontrar casas construídas em madeira. Lembro que ouvi uma história bonita sobre esse tipo de construção, de que normalmente ela era resultado de obras coletivas feitas pela família que ali iria morar além de trabalhadores da mesma empresa. Espero que esta também assim o seja. É bom poder continuar acreditando no poder da solidariedade.
Duartina soube manter suas áreas verdes, tem até um pequeno lago na cidade.
Na saída da cidade deu até pra conferir um pouco da fauna da região, caminhando tranquilamente pelas rodovias movimentadas.
Era domingo, então não pudemos conferir a força do comércio local…
Mas, nosso objetivo na cidade era conhecer e registrar o Estádio Municipal Teófilo Cordovil.
Foi neste estádio que o Duartina FC mandou seus jogos nas disputas do Campeonato Paulista na terceira e quarta divisão.
O Duartina Futebol Clube foi fundado em dezembro de 1930 e disputou duas edições do campeonato paulista da terceira divisão (1954 e 1955) e quatro da quarta divisão (1966, 67, 68 e 77).
Aqui algumas fotos antigas do time:
O time viveu seu apogeu nas décadas de 60 e 70, quando passou a ser chamado na região como o “Leão da Alta Paulista’’.
É curioso, mas o time chegou a ter um rival local, o EC Vila Duartina, com quem fez alguns derbis no futebol amador, levando até 6 mil pessoas ao Estádio Municipal Teófilo Cordovil.
Nos anos 50, o time contou com um goleiro chamado Toninho Lozano, que ficou conhecido como o goleiro voador.
Se você curtiu o time, saiba que pode ter uma réplica da camisa deles, clique aqui e veja como.
Mas, voltemos ao Estádio Municipal Teófilo Cordovil, em dias atuais…
Temos aí a tradicional bilheteria do estádio que já teve muito trabalho em dias de jogos…
Vamos dar um rolê por dentro do estádio:
O Estádio tem sido a casa do futebol amador na cidade, mas pelo que ouvimos o Duartina FC já não existe mais nem como time amador.
Olha aí o setor das “cadeiras descobertas”:
Estava rolando uma partida no momento da nossa visita.
O banco de reservas parece ter sido pintado em cima de um quadro. A vista é muito bonita.
Essa é a parte do fundo do estádio.
Juizão tava mandando bem na partida hehehehe.
Olhando do fundo, pode se ver o lance de arquibancadas em meio ao gramado.
Do outro lado, a tradicional e charmosa arquibancada coberta.
E o feioso aqui pra marcar presença!
Grama do gol é sempre sagrada!
Nossa visita foi chegando ao fim, embora a bola ainda rolasse, e confesso que chegou a dar um pouco de tristeza por confirmar que o rolê que fizemos por 4 dias também chegava ao fim.
Os nossos dois principais objetivos com esse registro dos estádios das 27 cidades visitadas eram oficializar como memória imagética alguns dos campos que foram palco de partidas do Campeonato Paulista, independente de qual divisão, e ao mesmo tempo reforçar o sentimento de orgulho que a população de cada uma dessas cidade merece ter em relação a isso.
Embora em Duartina, a estrutura do estádio até permita sonhar com a disputa de uma série Bezinha (4a divisão) no futuro, sabemos que outros estádios estão muito mais perto de serem destruídos em nome da especulação imobiliária do que de voltar a receber jogos profissionais.
É triste, porque na nossa visão, o futebol é como a música, a dança, a poesia…
É uma forma de expressão do ser humano, seja jogando ou torcendo.
É um espaço que pode e merece ser ocupado pelas pessoas.
Felizmente a vida melhorou pra quase todas as cidades, nos últimos 30 anos, no que se tange a opções de diversão, lazer e cultura.
As cidades já não tem no futebol sua única possibilidade de extravasar depois de tanto stress.
O lado triste, é que em muitas destas cidades, o futebol acabou minguando, ou não tendo a força necessária para ao menos aventurar-se em disputas semi profissionais. Resta nos a paixão do futebol amador, com a esperança de que seja uma semente de crescimento para tempos futuros.
Que mais times do interior retornem ao profissionalismo, como fez o Andradina, esse ano. Pois nós e muitas outras pessoas estaremos aqui, pronto para apoiar, torcer, acompanhar e se emocionar com mais uma cidade representada pelo futebol.
Aos 41 anos, posso seguir bradando o meu ódio eterno ao futebol moderno, sabendo que boa parte da culpa das mazelas do futebol atual são dos dirigentes e empresários mal intencionados, ou que só usam o esporte pelo dinheiro fácil, mas também dos torcedores que ainda insistem em entregar seu amor a um time da capital, mesmo vivendo a mais de 500 km de lá.
O futebol precisa ser gerido com seriedade (isso não tem a ver com o conceito do “futebol moderno” que tanto critico).
É necessário ser sustentável do ponto de vista econômico e também social.
E depende de cada um de nós para isso.
Da nossa parte, seguimos sonhando e acreditando em um futuro melhor.
Obrigado a quem leu ou ao menos deu uma olhadinha em cada um desses 27 posts, escritos e vividos por este casal que vos escreve.