O futebol em Ribeirão Pires
Sempre tive uma relação especial com a cidade de Ribeirão Pires. Desde a época em que estudava na ETE Lauro Gomes, depois com o rolê punk e atualmente graças a essa figura chamada Nélson, um grande amigo de arquibancada e da vida que nos convidou para registrar o Estádio Felício Laurito , a casa do Ribeirão Pires FC!
Ribeirão Pires é mais um território que teve grande presença indígena e provável palco dos encontros dos portugueses com João Ramalho e os tupiniquins. Quando da fundação de São Paulo, a cidade de Santo André acabou abandonada e assim a região em geral acabou meio esquecida, limitando-se a ponto de passagem.
Somente no século XVII, a região do ABC volta a se desenvolver, Ribeirão era denominada de Caaguaçu (“mata alta” em tupi guarani). O futuro nome da cidade foi homenagem à família de Antonio Pires de Avila, que chegou à região no início do século XVIII, 2 anos depois da construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
Se pelo interior do estado, o café transformou as paisagens com suas grandes plantações, Ribeirão Pires teve uma influência indireta: no século XIX, para escoar o café para o porto de Santos, foi construída a ferrovia São Paulo Railway passando pela região dando origem a uma série de madeireiras e olarias. Em 1885 surge a pequena estação de Ribeirão Pires.
Somente em 1896, foi criado o distrito de Ribeirão Pires, aqui uma imagem de 1905:
Em 1953, Ribeirão Pires se emancipou tornando-se município autônomo. Atualmente é uma estância turística e tem se desenvolvido de modo diferente da história industrial que caracteriza a região.
Mas, como não poderia ser diferente, a cidade possui uma grande paixão futebolística: o Ribeirão Pires FC.
Na verdade, o primeiro time da cidade foi o CA Internacional fundado em 8 de julho de 1911, mas que acabou mudando de nome para Ribeirão Pires Futebol Clube, em 19 de maio de 1912.
Aqui, o time que defendeu a camisa do Ribeirão Pires FC em 1918:
Embora o trabalho inicial fosse focado na constituição do clube, em 1919, o Ribeirão Pires FC entra para a história ao disputar o primeiro campeonato da região, ao lado de: Serrano, Brasil, AA São Bernardo, São Caetano EC, Primeiro de Maio FC (que jogou como União Team por estar filiado à APEA naquele ano) e do Corinthians FC que sagrou-se campeão, recebendo Taça Senador Fláquer.
Esse foi o time que jogou o campeonato de 1919:
A partir daí, o RIbeirão Pires FC passou a disputar vários jogos e campeonatos importantes não só na região, como partidas na capital e em Santos e como o futebol ganhava visibilidade, em março de 1923 começa a ser construído um novo campo de futebol, nas proximidades da rua Major Cardim.
Esse era o time de 1923:
Em 1926 filia-se à Liga de Amadores de Futebol em 1927 debuta em competições oficiais jogando a Série Principal da Divisão Santista da LAF, mas abandonou a competição e acabou desclassificado.
Alguns dos resultados dessa competição:
- 10/4 – Palestra Itália de Santos 1×3 Ribeirão Pires FC
- 3/5 – A. Santista Extra 0x1 Ribeirão Pires FC
- 3/7 – Ribeirão Pires FC 0x2 Brasil FC
Em 1927, disputa um amistoso contra a A. Portuguesa, como registrou a página de “sports” do Correio Paulistano de 4 de junho daquele ano:
Em 5 de agosto de 1934 vai até Bragança Paulista enfrentar o EC Bragantino, com o time abaixo:
Em 1936, um levantamento feito neste ano mostra que o time jogou 556 partidas, com 352 vitórias e 136 empates. E esse foi o time:
Em 1940, o Ribeirão Pires FC mandava seus jogos no campo situado ao lado da Rua Capitão José Galo, ao lado do prédio do Fórum. É ali que, em 1943, disputa o Campeonato Paulista do Interior. O time que fez história é esse:
Aí está o grupo da 26a região, onde estava o Ribeirão Pires FC:
Aqui, alguns dos atacantes deste time histórico: Pinheiro, Caetano, Tuiti, João e Turelli:
Se até então as sedes se mostraram sempre provisórias, em imóveis emprestados, em 1947 foi comprado a área onde atualmente está o Ribeirão Pires FC e que só seria inaugurada em 1978:
Em 1949, sagra-se campeão invicto da Liga Santoandreense, mas o início dos anos 50 foram dedicado à construção do Estádio Felício Laurito, inaugurado em 15 de novembro de 1956 em um jogo contra o Palmeiras. A equipe paulistana venceu por 4 x 2, mas o dia foi de festas, como se vê na foto abaixo:
Aqui, uma imagem do dia do jogo:
Por um período, logo após a construção do Estádio Felício Laurito (na foto abaixo, do lado direito), os dois campos de futebol continuaram em atividade, enquanto o “campo velho” era usado pra treino e emprestado para outros clubes, o novo Estádio era reservado para os jogos do Ribeirão Pires FC.
Em 1960, o Ribeirão Pires FC sagrou-se campeão municipal invicto!
As fotos acima foram retiradas do incrível livro: “Sob a luz de um lampião nasceu o Ribeirão”, de Roberto Bottacin (aqui nesse link da estante virtual até hoje cedo, ainda havia um por meros R$ 9,90!!!)
Encontrei algumas imagens, que confesso ter perdido a fonte (se você for o dono, me avisa e eu dou o crédito) que registram outros esquadrões:
Essa é do Jornal Mais Notícias e apresenta o time juvenil de 1965:
Enfim, depois de tanta teoria, vamos à prática! Um rolê pelo Estádio Felício Laurito ao lado dos amigos Gó e Nelsão!
Então é hora da nossa tradicional imagem do estádio, começando pelo meio campo:
O gol da direita:
E o gol da esquerda:
E um olhar geral sobre esse lindo Estádio!
O Estádio está literalmente dentro do clube, então tem uma série de cuidados que normalmente não veríamos em outros campos, como esses bancos de onde se pode assistir os jogos:
Junto ao campo há também uma pista de atletismo:
Lááá do outro lado, estão os bancos de reserva.
Esta é a arquibancada de onde tirei as fotos do campo.
Olhando lá do outro lado, as imagens “invertidas”, esse é o gol da direita (atrás dele está o ginásio do RPFC).
O meio campo, tendo as arquibancadas como destaque:
E o gol da esquerda com o salão social ao fundo.
E aí os 3 patetas…
O entorno do estádio possui vários detalhes e muitos cuidados dando um ar todo especial ao lugar…
Encontrei até uma versão antiga do distintivo antigo em uma das portas:
Olha aí um adesivo declarando o amor ao clube…
E o que dizer dessa sala de troféus? Quanta história está aí registrada?
Aproveitamos ainda para dar uma olhada na quadra de futsal.
O futsal é bastante valorizado no RPFC!
Arquibancadas em dia!
E assim, com mais um estádio registrado, voltamos para casa com a certeza da missão cumprida!