Abril de 2023. Depois de 11 anos, voltamos à Mogi Mirim para rever o Estádio Vail Chaves, a casa do Mogi Mirim EC (essa foi a parte 1 deste post, confira aqui como foi).
Mas ainda havia mais futebol em Mogi! Talvez poucos se lembrem, mas a cidade teve um outro time que também se aventurou no futebol profissional, o Clube Atlético Mogiano, fundado em 4 de janeiro de 1978.
O time nasceu para disputar logo de cara a Terceira Divisão de 1978 (o quinto nível do Campeonato Paulista), o que permitiu o primeiro (e até então único) dérbi no Estádio Municipal Angelo Rotoli, o “Tucurão“.
O time terminou à frente do rival citadino Mogi Mirim EC, mas o time acabou extinto.
E é claro que fomos até lá para conhecer e registrar o Estádio Angelo Rotoli, o “Tucurão“!
Claro que o Tucurão não nasceu para apenas receber as partidas do CA Mogiano por um ano, ele é muito mais antigo, é a casa da tradicionalíssima Associação Atlética Tucurense, fundada em 1919.
Conhecida pelo apelido de “Veterana”, a AA Tucurense já foi chamada de Tucura Futebol Clube.
Logo na entrada do Estádio você já é apresentado ao Alvinegro da Zona Norte!
O estádio possui um belo lance de arquibancadas em uma de suas laterais.
Existem dois espaços para a transmissão das partidas, um na lateral da arquibancada…
E um segundo na outra lateral:
Aqui, o meio campo, com vista para a arquibancada e o sistema de iluminação:
O gol da esquerda, com o ginásio ao fundo:
E o da direita:
Opa! Vale registrar a presença em mais um templo sagrado do futebol!
Mas não há espaço para a torcida na outra lateral.
Gramado bem cuidado, o zelador tem feito um bom trabalho!
A arquibancada também parece bem cuidada!
Olha aí que legal a camisa retrô que a Aktion lançou:
Agradecemos aos deuses do futebol mais uma oportunidade!
Abril de 2023. Lá se vão 11 anos da final do Troféu do Interior Paulista de 2012 no Estádio Vail Chaves, a casa do Mogi Mirim EC. Vale relembrar algumas imagens..
Há séculos, Mogi Mirim foi o território de indígenas de diferentes etnias, principalmente da etnia Kayapó, (do grupo Jê, os “tapuias”) que segundo o livro Indígenas em São Paulo, de Benedito Prezia, chegaram a atacar a cidade de Jundiaí no início do século XVII. O próprio nome é de origem indígena (tupi) e significa Pequeno Rio das Cobras. Aqui, atuais Kaiapós do interior paulista (foto de uma matéria da Revide).
Mas, assim como várias cidades, a região foi invadida por portugueses e por seus filhos, muitos deles frutos das relações com as indígenas. No século XVIII ergue-se a Igreja Matriz de São José e logo a região se torna Freguesia de São José de Mogi Mirim, depois Vila até chegar a Município, em 1769, desmembrado da antiga vila de Jundiaí.
Mas, para nós, o verdadeiro templo sagrado da cidade é o Estádio Vail Chaves, a casa do Mogi Mirim EC.
Já falamos da camisa e da história do Mogi Mirim (veja aqui como foi).
Como disse no início do post, também estivemos lá vendo a conquista do Troféu do Interior em 2012 – veja aqui como foi.
A história do Mogi Mirim Esporte Clube é riquíssima! Fundado oficialmente em 1º de fevereiro de 1932, mas com uma grande polêmica que diz que esta data foi apenas uma “reorganização” do então Mogy-Mirim Sport Club, fundado em de outubro de 1903. Enfim… o Sapão tem muita história!
O time começou disputando partidas amistosas e em 1943, fez sua estreia no Campeonato Amador do Interior, na 6a região (uma das mais difíceis!).
Jogou ainda outras edições, como em 1944 e 45. Se profissionaliza em 1954, estreando na recém-criada Terceira Divisão. Estreou chamando a atenção, classificando-se para a segunda fase, tendo que vencer a Itapirense em um jogo desempate.
A segunda fase apresentou adversários ainda mais difíceis e acabou não chegando a final.
Em 1955, terminou em último lugar na primeira fase e em 1956, abandonou a competição antes mesmo do seu início. Em 1957 retorna ao Campeonato, mas termina em terceiro, sem se classificar, mesma posição de 1958, quando abandonou o profissionalismo. Retorna ao terceiro nível do futebol paulista em 1970, fazendo uma campanha incrível na primeira fase, com apenas uma derrota em 18 jogos!
Aí acontece aquelas coisas que a gente nunca entende… Ao invés de dois jogos semifinais, a sequência é uma semi final em jogo único, e campo neutro (Araraquara) contra o Sertãozinho, que bate o Mogi por 1×0.
Em 1971 e 72, campanhas pífias. Em 1973, novamente se classifica para a segunda fase.
A fase seguinte é um quadrangular, onde o time termina em terceiro.
Em 1974, mais uma campanha fraca, e em 1975, a Terceira Divisão não chega ao fim, desanimando o Mogi que só volta a jogar, agora o quarto nível do Campeonato, em 1977, mas ainda assim com mais uma campanha fraca.
Em 1978e 79 também fez campanhas fracas sem se classificar para a fase seguinte. Em 1980 faz uma campanha bacana, mas apenas um time dos 17 times do grupo se classificou para a fase final.
Em 1981, Wilson Fernandes de Barros passa a fazer parte do comando administrativo do clube, e com seus investimentos, a equipe se torna mais competitiva!
Já no mesmo ano, os resultados começaram a aparecer, o time foi campeão do primeiro turno:
O 2o turno fico com o Guaçuano, e na decisão o time de Mogi Guaçu levou a melhor e se classificou para a fase final de 81.
A boa campanha levou o Mogi Mirim à segunda divisão de 82, onde fez mais uma boa campanha, chegando até a fase final de grupos. Em 1983 e 84, a segunda divisão foi longa e confusa, o Mogi Mirim novamente teve boa campanha mas sem chegar à fase final. Até que chegamos em 1985.
Um primeiro turno inacreditável: 24 jogos e 2 derrotas apenas, fazendo com que o time se classificasse em 1º!
A segunda fase foi um quadrangular e dessa vez: nenhuma derrota! Vamos à fase final!
A última fase também se tornou inesquecível!! Com uma campanha irretocável o Mogi Mirim sagrou-se campeão da segunda divisão, classificando-se para a primeira divisão!
Sua estreia na Primeira Divisão em 1986foi mediana, mas o suficiente para manter-se na elite para mais um ano.
As campanhas de 1987 e 88 mantiveram esse perfil mediano, mas em 1989, disputou a primeira fase no Grupo 1 (sem os times da capital) e pela primeira vez classificou-se para o quadrangular final em 1ºlugar!
Mas a fase seguinte foi um triangular ao lado de Santos e Corinthians, e ele acabou desclassificado. Em 1990, fez uma campanha similar e em 1991 termina em último do seu grupo. Em 1992, mais uma vez terminou a primeira fase em primeiro lugar e termina eliminado no quadrangular final.
Mas este time entrou pra história com um esquema tática trabalhado pelo saudoso treinador Osvaldo Alvarez, o Vadão.
Esse time ficou conhecido como o “Carrossel Caipira”! Em 2010, este time foi tema do documentário “Carrossel Caipira: o fenômeno tático do interior“.
Ainda em 1992, conquistou a “Copa 90 Anos da Federação Paulista de Futebol”.
Em 1993, jogando no grupo dos times da capital, o Mogi não conseguiu obter a classificação para a segunda fase.
O Mogi Mirim EC foi onde o craque Rivaldo apareceu pro mundo do futebol. Se liga na torcida ao fundo, em especial às bandeiras da Mancha Vermelha!
Em 1994, termina em 14º e acaba rebaixado para a 2a divisão. Em 1995, conquista novamente o campeonato e volta à primeira divisão, onde faz campanhas medianas de 1996 a 98. Em 1999, classifica-se para a segunda fase, como líder do seu grupo.
Mas não conseguiu se classificar à fase final.
Em 2000, outra campanha mediana. Em 2001, volta a ser rebaixado para a série A2, mas a mudança na fórmula do campeonato mantém o time na A1 de 2002. Entre 2003 a 2005 segue com campanha frágeis, até que em 2006 acaba rebaixado para a A2. Em seu ano do retorno faz uma boa campanha, classificando-se em 3º na primeira fase…
E terminando em segundo na fase semifinal da A2 de 2008, conquistando o acesso à série A1!
De volta à série A1, as campanhas seguem medianas, entre 2009 e 2011, mas em 2012 conquista o Troféu do Interior. Estivemos em Mogi naquela noite, veja aqui como foi!
Em 2013, mais um momento histórico, o Mogi Mirim classifica-se às quartas de final em 2º lugar!
Nas quartas, bate o Botafogo-SP por 6 a 0 e acaba eliminado nos pênaltis pelo Santos, na semifinal!
Outra boa notícia em 2013, foi o título do campeonato paulista sub-20!
Em 2014 foi mal no Paulista, mas disputando a série C do brasileiro, conquista a vaga à Série B.
Em 2015, uma campanha sem grandes surpresas no paulista, mas na Série B, termina na última colocação e foi rebaixado à Série C.
E aí começa o tormento do torcedor do Mogi… Em 2016, o Mogi Mirim foi rebaixado mais uma vez para a Série A2. Em 2017, cai pra Série A3 e no Brasileiro acaba rebaixado para a Série D. Em 2018, o Estádio Vail Chaves foi interditado e o Mogi mandou seus jogos em Itapira. Assim, acaba caindo para a 4ª divisão do Paulistão. Em 2019, se licenciou de competições profissionais. Em 2021, retornou ao futebol profissional, na Quarta Divisão, mas termina na última colocação, levando o time a se licenciar novamente em 2022, e agora, em 2023, onde estreou com derrota.
Ufa… Tanta história faz por merecer uma nova visita ao Estádio Vail Chaves!
O Estádio Vail Chaves já teve momentos mais poderosos… Veja a quantidade de bilheterias:
Existe uma loja no próprio Estádio, o Shopping Mogi!
O espaço dedicado à lanchonete também está por lá:
E ali fica a secretaria:
Hora de dar um rolê pelo estádio, vamos lá?
Atualmente, o Estádio tem capacidade para 19.900 torcedores.
O nome homenageia Vail Chaves, que ajudou a adquirir o terreno do estádio, nos anos 30.
Mas o campo só foi inaugurado em 7 de julho de 1981, na vitória do Mogi por 4 a 2 sobre o Palmeiras.
O nome durou até 1999, quando o então presidente Wilson Fernandes de Barros achou justo uma homenagem rebatizando o estádio com seu nome, afinal ele havia investido muita grana no time e até mesmo construído novas arquibancadas de concreto, nos anos 80.
Se a auto homenagem já foi esdrúxula, a mudança seguinte foi ainda mais esquisita: Wilson teve mulher e filha sequestradas, e prometeu que, caso as duas fossem devolvidas, chamaria o estádio de Papa João Paulo II. E elas foram libertadas.
Estive lá também nessa época registrando uma foto do nome:
A última troca aconteceu assim que Rivaldo assumiu a presidência do Mogi Mirim, em 2011. O craque decidiu homenagear o pai e batizou o estádio de Romildo Vitor Gomes Ferreira. A mudança irritou torcedores e causou um distanciamento entre cidade e clube.
Em 2016, o estádio voltou ao seu nome original.
O título que acompanhamos em 2012, hoje está registrado no próprio estádio!
Graças à sua estrutura, o Estádio Vail Chaves foi utilizado várias vezes por outros times, como em 2005, com União São João de Araras 1×6 Corinthians e Santos 0x0 São Paulo. Em 2007, recebeu São Paulo 2×2 Marília e em 2011, o clássico San-São pela última rodada do Brasileirão (São Paulo 4×1 Santos):
Por fim, um abraço ao pessoal da Mancha Vermelha que segue no apoio incondicional ao time!
O time é conhecido como “Sapão” devido às características da região, que possuía muitos brejos na época da fundação da cidade, e consequentemente tinha os sapos como animais recorrentes.
O clube foi fundado em 1 de fevereiro de 1932, sendo o primeiro time de futebol da cidade.
Se profissionalizou em 1954 e só atingiu seu maior reconhecimento na década de 90, quando o técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, montou o “Carrossel Caipira“.
O time contava com um meio campo de se respeitar com Valber, Rivaldo e Leto sendo as principais estrelas. Era um 3-5-2 que lembrava a Holanda na Copa de 1974, e o Mogi quase alcançou a final do torneio. Este grupo ainda seria campeão da Copa 90 anos da Federação Paulista de Futebol em 1992 e do Torneio Ricardo Teixeira em 1993.
Contudo, em 1994, a equipe perdeu suas estrelas para grandes clubes, deslizou e caiu para a segunda divisão, se reerguendo no ano seguinte com o título da segundona. Desde então, o Mogi fez campanhas intermediárias no Paulistão.
O Mogi Mirim possui um grande e bonito estádio, com um ótimo gramado, o Papa João Paulo II (já chamado de Wilson de Barros, entre outros nomes), com capacidade para 19 mil pessoas (outrora com capacidade para 30 mil)
Nos dias atuais, dentro de campo, o Mogi Mirim tem como principal nome o meia Giovanni, que brilhou pelo Santos em 1995 e foi companheiro de Rivaldo nos tempos de Barcelona e Olympiakos.
E fora dele, é Rivaldo quem reapareceu, assumindo a presidência do Sapão, no início de outubro de 2008.
Por unanimidade, o craque foi eleito pelos conselheiros da equipe como o novo presidente, e ainda trouxe o ex-volante César Sampaio e o ex-zagueiro Cleber, com os quais atuou no Palmeiras, na década de 1990, para serem respectivamente consultor do time e gerente de futebol.
Veja a entrevista do “presidente”:
Por fim, vale lembrar um belo gol que o próprio Rivaldo marcou a frente do Mogi: