Você já teve algum momento na vida em que pensou: “Ah, que bom seria se o tempo parasse…”?
Pois é, descendo do ônibus da Flixbus , no dia 23 de dezembro de 2016, tive exatamente esta sensação…
O Santo André havia subido de divisão, eu estava de férias e como num sonho, acabava de descer em Liubliana, a capital da Eslovênia… Não tem aquele papo de “Eu era feliz e não sabia”, eu sabia que um rolê desses talvez não se repetisse tão cedo e eu tinha que aproveitar cada segundo!
A Eslovênia é um pequeno país do Leste Europeu, limitado a norte pela Áustria, a leste pela Hungria, a leste e a sul pela Croácia e a oeste pela Itália e pelo mar Adriático.
Durante o inverno chega a nevar, mas ainda que o tempo estivesse no nível “frio congelante”, passamos dias incríveis caminhando pelas ruas da cidade.
A cidade foi (e ainda é) muito influenciada pelo punk. Dos adesivos espalhados pela rua até os diversos Squats espalhados pela cidade.
É mais uma dessas oportunidades de se conhecer um lugar em que passado e presente se misturam.
Comemos tanta coisa gostosa e diferente que só de lembrar me dá água na boca! A começar por esse restaurante “Meditarea”.
E tinha uma doceria que ficava às margens do rio, que só de lembrar me dá vontade de voltar e gastar tudo o que tenho em tortas de amora…
A língua é fácil. Parece muito com o português, só que não….
Uma coisa que chama a atenção na cidade é o seu “mascote”, o dragão verde que, segundo a lenda aterrorizava a cidade, em 1144, cuspindo fogo em todos que se aproximavam dele. Tal comportamento o levou a uma vida de solidão, até que se apaixonou por uma dragão fêmea e desse amor nasceu um dragão que não queria mais atacar as pessoas e sim divertir o pessoal.
As outras as criaturas mágicas da cidade acharam aquilo tão lindo que o levaram para dormir no fundo do rio, onde ele descansa até os dias de hoje.
O rio que a lenda cita é o Liublianica que tem um visual lindo e divide a cidade!
De um lado da margem fica o Castelo de Liubliana, no estilo medieval e localizado no topo da colina, do outro lado está a parte comercial, as residências e a cidade em si. Aqui duas fotos feitas na gélida tarde em que subimos até o castelo:
Aliás, pra quem nunca viajou pra lugares frios assim, vale frisar que, embora seja bonito, acaba estragando um pouco o passeio, já que escurece cedo e é sempre mais difícil lidar com tanto frio.
Como disse, lá no início, Liubliana é uma cidade bem punk. Okupas, vários exemplos de coletivos e espaços autogeridos… Tudo isso faz parte da sua realidade, e pudemos comprovar visitando alguns locais como a antiga fábrica de bicicletas Rog, um Squat ocupado desde 2006. O prédio estava abandonado desde 1991.
A fábrica de Rog foi inaugurada em 1953 e ocupava uma área de 7 mil metros quadrados, e agora dá lugar a vários coletivos e espaços relacionados à arte, skate, além de um centro para apoio aos refugiados, vários locais para shows e uma oficina de bicicletas.
Vale a pena conferir o documentário sobre a ROG:
A cidade guarda ainda uma mostra permanente sobre o início do movimento punk na Eslovênia, no Museu de Arte Contemporânea.
Mesmo com seu valor, o pessoal punk local reclama que a arte (principalmente a punk) não deveria estar “trancada”…
Pra fechar o lado punk da cidade, um rolê pelo Centro Cultural Autônomo da Cidade de Metelkova, bem no centro de Ljubljana, onde antes ficava o quartel-general militar do Exército Nacional Iugoslavo.
Todos os quartéis militares foram convertidos em pubs, estúdios de música ou tatuagem, tão logo os militares desocuparam a cidade, em 1991, com o fim da República Federal Socialista da Jugoslávia.
Liubliana ainda não sabe bem como lidar com este espaço, e chegou a tentar demolí-lo para criação de uma área residencial, o que foi impedido pelos punks locais.
E em Ljubliana, a cerveja que dá as cartas é a Laško!
Hoje em dia, muitos artistas têm seus ateliês em Metelkova, assim como os escritórios de algumas ONGs e associações LGBT, e exposições de arte, performances, shows e atividades.
Graças a estas e outras iniciativas, em 1997, Ljubljana foi designada como Capital Europeia da Cultura.
No centro, a praça do poeta nacional, France Prešeren (1800-1849) estava decorada por conta do natal.
Atualmente, em Liubliana vivem cerca de 270 mil pessoas. A história local não é tão simples e tranquila: o país fez parte de diversos impérios: Romano, Bizantino, República de Veneza, Ducado de Carantânia, Sacro Império Romano-Germânico, da Monarquia de Habsburgo, Império Austríaco, do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (depois Reino da Iugoslávia) e da República Socialista Federativa da Iugoslávia de 1945 a 1991, quando finalmente conquistaram sua independência, de maneira tranquila, sem guerras, diferente do que houve com outros países da Iugoslávia.
Tantas influências diferentes fazem a cultura local fervilhar, com livrarias oferecendo livros de diversos idiomas.
E um monte de lojas de disco vendendo os clássicos rocks da Yuguslávia e colares estranhos que a Mari adora!
Falando um pouco do futebol na cidade, a época de natal deixou tudo mais desanimado, mas o time mais importante da cidade é o Olimpija Ljubljana.
O nome oficial do time é Nogometni Klub Olimpija Ljubljana e ele foi fundado em 2005 com o nome de NK Bežigrad.
O time acabou sendo “entendido” localmente como o sucessor do Olimpija Ljubljana, extinto em 2004, embora na realidade não o seja, apenas possuem o mesmo nome.
O NKOlimpija mandou seus jogos no ŽŠD Stadion até 2010, quando o estádio foi remodelado e entregue ao futebol local como Estádio Športni Park Stožice.
Demos um pulo pra ver como é a cara dele, pelo menos do lado de fora
O nome do estádio vem do local em que está localizado, mas eles estão em busca de um naming rights para o quanto antes.
Ele foi construído em 14 meses, inaugurado em 11 2010 no amistoso da Eslovênia com a Austrália (2×0), e tem capacidade para quase 17 mil torcedores.
Também fomos conhecer o incrível Bežigrad Stadium, o antigo estádio do NK Olimpija original.
Também era chamado de Bežigrad Central Stadium e é o mais antigo de Ljubljana.
A construção do Estádio Bežigrad começou em 1925, tendo sido projetado pelo arquiteto Jože Plečnik.
Seu nome vem do distrito de Bežigrad, em Ljubljana, onde está localizado.
O Estádio Bežigrad era predominantemente usado para jogos locais e foi a casa do NK Olimpija Ljubljana até a dissolução do clube em 2005.
O então recém-criado, NK Bežigrad jogou no estádio entre 2005 e 2007.
Desde 2008 ele está fechado.
Não pudemos entrar…
Mas conseguimos fazer algumas fotos pelas “entranhas” do muro:
Olha aí a bilheteria agora estilizada por algum artista de rua::
Bonito ver os detalhes arquitetônicos!
Aqui, um olhar pela parte de traz do estádio e láááá no fundo pode se ver a entrada do estádio.
Aqui, uma foto dessa entrada, da wikipedia (crédito na legenda):
E assim, depois dessa singela visita, seguimos para um rolê pelas ruas e pontes encantadas desta fria cidade!
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