A 5a parte do nosso rolê em busca de estádios é sem dúvida um momento especial.
Após registrarmos os estádios de Pirassununga, Descalvado, Santa Rita do Passa Quatro e Tambaú, agora é a vez de falar sobre nossa passagem por Santa Rosa de Viterbo.
A região era habitada por tribos de índios caiapós, até se tornar “Capitania Hereditária de São Tomé” e a partir de 1883 começou a receber um maior volume de pessoas, com a chegada da estrada de ferro Mogiana e com a Capela de Rosa de Viterbo, que viria a dar nome à cidade.
Atualmente, sua população está em torno de 26 mil pessoas.
Nosso foco nessa visita era conhecer a Fazenda Amália, que surgiu quando Henrique Dumont (pai de Santos Dumont e um dos “reis do café”) comprou suas primeiras terras na região.
Nascia ali um grande complexo agroindustrial, batizado de Fazenda Amália em homenagem à sua esposa. Dizem que pagou barato por estas terras que no seu apogeu chegaram a possuir 96 km de ferrovias por onde passavam 7 locomotivas para escoar sua produção.
A fazenda Amália se transformaria em uma potência ainda maior, com su compra feita pela família Matarazzo. O conde Francisco Matarazzo Júnior reforçou a produção de cana-de-açúcar e também ampliou seu complexo industrial com uma grande fábrica de papel e ácido cítrico.
Santa Rosa de Viterbo acabou se desenvolvendo graças aos empregos gerados e serviços demandados pela Fazenda Amália.
Na década de 1940, seriam inaugurados o Hospital Santo André (o primeiro da cidade), o cinema Don Juanico (ainda está lá o salão),a Igreja São Francisco e o Estádio de Futebol Ermelino Matarazzo, foco da nossa visita à cidade.
Ah, aqui a foto de uma das estações de trem presentes na fazenda.
O “Grande Império Industrial” da Família Matarazzo duraria quatro década sendo durante muito tempo o maior complexo industrial da América Latina, porém… como já diria o SKA-P... Todo império cairá um dia!
Assim, no início dos anos 1980, o Império dos Matarazzo ruiu nas mão da filha do conde, Maria Pia Matarazzo com dívidas absurdas, levando a usina a ser arrendada. Após 113 anos em funcionamento, a Usina Amália parou diante um impasse no arrendamento entre família Matarazzo e Biagi.
Na nossa visita fomos informados que a parte onde fica o Estádio tornou-se um condomínio particular.
Enfim… É muita história. Vale a pena assistir o vídeo abaixo pra conhecer um pouco ou, ler o vasto material disponibilizado na Internet. Basta usar o Google como partida.
Voltemos então ao foco futebolistico de nossa viagem, o Estádio Ermelino Matarazzo, onde o time da fazenda, a Associação Amália de Desportos Atléticos (AADA) mandava seus jogos.
A AADA foi “oficialmente” fundada em 1o de janeiro de 1940, embora muitos colaboradores da Fazenda tenham confirmado que desde o início dos anos 30 já existia o time.
Era um jeito de reunir empregados e empregadores da Sociedade Agrícola Fazenda Amália, promovendo a prática esportiva, principalmente o futebol.
Aqui, o time nos anos 40:
O time era subordinado ao Departamento de Serviço Social da empresa.
Dá uma sensação curiosa ver o distintivo com um “A” em um círculo, parecendo muito um time de anarquistas hehehehe.
A AADA participou da quarta divisão em 1966 e da terceira em 1967 e 68.
O AADA ainda teve um segundo distintivo, aproximando-se da marca da Fazenda (retirado do Almanaque do Futebol Paulista):
Mas, voltemos a falar do Estádio Dr Ermelino Matarazzo.
Ele começou como um campo cercado de folhas de zinco e acabou reformado graças aos esforços de Ermelino Matarazzo, um apaixonado pelo futebol, que chegou a ser goleiro da AADA (e depois do Palmeiras e do Botafogo).
Suas arquibancadas eram na verdade a varanda do casarão que ficava ao lado do campo.
Vamos dar uma olhada?
O casarão ao lado abriga (ou abrigava) o Cinema Dom Juanico.
Infelizmente fomos super mal recebidos pelos seguranças locais, que a todo instante repetiam para irmos embora que aquela área era particular e que ninguém nos daria permissão para adentrar ao campo. (perceba que as fotos foram feitas do lado externo).
Pudemos assim fazer algumas fotos do campo por cima do muro:
Olha o casarão, que coisa linda!
Antes de disputar a terceira e a quarta divisão, a Associação teve o direito de disputar o Campeonato Amador do Interior, e assim o fez. Em 1957, a AADA venceu o Campeonato do Interior, garantindo uma vaga na Terceira Divisão.
O tempo passou. O império caiu. O ambiente é inóspito a visitantes. Mas o campo ainda está ali. Este é o gol da direita:
Aqui o gol da esquerda:
Até os bancos de reserva seguem ali!
Mas mesmo com o campo ainda existindo, sabemos que é praticamente impossível a volta de um time como a AADA… Vale o registro do outro time, que embora não tenha chegado ao profissional, defende as cores da cidade no futebol amador até os dias atuais: o Santa Rosa FC!
Enfim, longa vida ao futebol de Santa Rosa de Viterbo!
Hora de voltar à estrada e dar sequência à viagem e aos sonhos.
Eae pessoal!
Aproveitamos o feriado de 7 de setembro de 2018 para realizar mais um rolê em busca de estádios.
Foram mais de 1.540km, cruzando o estado de SP rumo à cidade de Uberaba em Minas Gerais.
Dá pra se ter uma ideia do roteiro no mapa abaixo:
Conseguimos conhecer e registrar 28 estádios em 21 cidades, tendo a estrada como verdadeira terapia para dias cada vez mais difíceis em um país que tenta se levantar.
Saímos de Santo André na quinta feira, 6/9 à noite e fomos ate Cosmópolis, onde passamos a noite.
Na sexta 7/9, saímos as 7 hs e fomos visitar 4 estádios em Pirassununga, depois passamos por Descalvado, Santa Rita do Passa Quatro, Tambaú, Santa Rosa de Viterbo, Santa Cruz das Palmeiras, Vargem Grande do Sul, São José do Rio Pardo, Cajuru, até chegarmos em Batatais, onde fizemos a parada pra dormir.
No sábado saímos cedo e passamos por Orlândia (onde a área do estádio local foi comprada e em breve será demolido), São Joaquim da Barra e Igarapava até chegarmos em Uberaba-MG. Aí começamos a voltar, passando por Guaíra, Miguelópolis e Ituverava, até chegarmos em Franca, onde dormimos.
No nosso último dia, saímos de Franca, passamos por São Simão, Altinópolis e Casa Branca, antes de voltar à Santo André.
Em breve começaremos a postar sobre cada cidade.