O futebol em São João da Boa Vista parte 2: o Palmeiras FC
Este post é a segunda parte das nossas aventuras por São João da Boa Vista, a primeira parte falou sobre a Sociedade Esportiva Sanjoanense (veja aqui como foi).
Mas hoje, é hora de falarmos sobre a história, a sede e o Estádio do Palmeiras FC.
A primeira coisa interessante é que o Palmeiras de São João da Boa Vista não é uma homenagem ao homônimo da capital.
O time foi fundado em 12 de janeiro de 1924, quando o alviverde paulista ainda era o “Palestra Itália”.
Outra curiosidade é que seu distintivo tem as cores menos esperadas para um “Palmeiras“: preto e branco.
Uma das origens do nome do time é o antigo Largo das Palmeiras (atual Praça Coronel José Pires), onde se reuniram os atletas que não se encaixavam em nenhum dos times da cidade e decidiram fundar o Palmeiras FC, tendo sua sede construída na mesma avenida.
Até hoje mantém duas palmeiras em frente o lindo prédio (só o tempo estava com uma carona de chuva kkkk).
Sua sede é imponente e chama a atenção até os dias de hoje.
Segundo o amigo Dawison Rodrigues Romeiro o clube tem uma cessão de comodato com a Unifeob (uma universidade da cidade) e mantém uma diretoria eleita com sócios patrimoniais do clube, ou seja, o patrimônio ainda é do clube.
Assim, o Palmeiras FC começa a disputar as competições locais, amistosos e torneios, tornando-se cada dia mais conhecido.
Aqui, o time de 1938, ainda no campo da Vila Manoel Cecílio:
A partir de 1942, passa a disputar o Campeonato do Interior, competição de grande prestígio e importância. Utilizamos o livro “Os Esquecidos – Arquivos do Futebol Paulista” para levantar os dados dessa competição de 1942 a 1947.
O livro apresenta o grupo da 7ª região, onde estava o Palmeiras FC.
Em 1943, mais uma vez participou da disputa.
O que eu mais amo nesse livro é a possibilidade de conhecer outras equipes que em alguns casos sequer chegaram a participar de edições do Campeonato Paulista (com direito a conhecer seus escudos).
O Campeonato de 1944 traz como novidades outros times de São João da Boa Vista: o Clube Atlético Prata e o Comercial EC.
Aqui, o grupo de 1945:
Em 1946, mais uma disputa!
Em 1947, esse foi o grupo do Campeonato do Interior:
Sua rotina de fazer história no Campeonato do Interior segue, até que em 1950 sagra-se campeão! Pena que no poster abaixo não dá pra ler a campanha…
Em 1955 inaugura seu estádio contra o Guarani, mas após empatar em 1×1 no primeiro tempo, acaba derrotado pelo onze campineiro por 5×1.
O time segue evoluindo e em 1955 novamente sai campeão do seu setor no Campeonato do Interior!
Em 1956, disputa um amistoso com o SC Corinthians da capital (o alvinegro paulistano vence por 4×2) em 13 de maio. O público é considerado recorde do estádio!
Ainda em 1956, faz sua estreia na Terceira Divisão do futebol paulista, classificando-se em primeiro no seu grupo, a “série C”:
Na segunda fase, acabou caindo de produção e o Elvira chegou à final.
O time abandona o Paulista mas em 1957 faz incrível campanha no Campeonato do Interior, conquistando o título do seu setor:
Aqui, uma linda imagem do derby contra a Sanjoanense, válido pelo 1º turno.
Em 1958, inaugura as arquibancadas do seu estádio:
No mesmo ano (1958) vence o setor 36 da zona 23 do Campeonato do Interior tornando-se tetra campeão.
Em 7 de janeiro de 1961, o Palmeiras FC inaugura os refletores do Estádio Getúlio Vargas Filho novamente contra o Guarani. Outra vitória dos campineiros (2×0).
Em 1962, retorna ao profissionalismo disputando a Segunda Divisão Profissional (o terceiro nível do futebol paulista), terminando na 6ª colocação da série João Havelange.
Em 1963, apresenta-se como um adversário difícil de ser batido! E assim, classifica-se em 2º lugar do grupo.
Na segunda fase, novamente classifica-se em 2º, dessa vez para a fase final.
Na fase final, termina em um honroso 4º lugar.
Em 1964, termina em 3º lugar e não se classifica para a fase seguinte.
Em 1965, termina em 2º no seu grupo (apenas a AA Orlândia se classifica para a fase final).
Em 1966 vence o seu grupo, na primeira fase.
Na segunda fase acabou desclassificado, ainda que tenha terminado em 3º lugar.
Em 1967 foi convidado a disputar o segundo nível do Campeonato Paulista, mas vai mal na competição, terminando a primeira fase em 6º lugar.
Ao fim do campeonato, o Palmeiras FC abandona o profissionalismo, retornando apenas em 1971, ainda na segunda divisão, terminando em 4º e não se classificando para as fases finais.
Em 1972, novamente não disputa, mas mantém-se na segunda divisão de 1973 quando também não avança à fase seguinte.
Em 1974, desiste da competição antes do seu início, retornando em 1975, quando classifica-se para a segunda fase, mas não chega à final.
Em 1976 faz uma má campanha e passa a jogar o terceiro nível do futebol paulista a partir de 1977.
Em 1978, joga a Primeira Divisão Profissional (o equivalente à terceira divisão do Campeonato Paulista), classificando-se para a segunda fase.
Na segunda fase, consegue se impor frente a difíceis adversários e classifica-se para a terceira fase, quando é eliminado da final.
Em 1979, faz história! Classifica-se para a segunda fase com uma campanha um pouco irregular…
Mas na fase final, vence 11 dos 12 jogos e torna-se campeão da 3ª divisão!!!
O Facebook do amigo Manolinho Gonzales (grande pesquisador do futebol do interior paulista) apresenta uma incrível foto do time que garantiu o acesso à segunda divisão!
Na foto abaixo, o capitão Gaúcho Lima e o presidente Dr. Antenor José Bernardes recebem o troféu!
Aí a foto do time com a faixa de campeão:
Naquele ano, o Palmeiras F.C. enfrentou a Ponte Preta celebrando a transferência do atacante Mirandinha Newcastle para São João da Boa Vista.
Em 1980 volta à segunda divisão e faz uma campanha mediana, terminando em 6º lugar na primeira fase e em 3º na segunda fase.
Em 1981, um campeonato longo viu um Palmeiras FC bastante maduro, terminando a 1ª etapa da 1ª fase em 2º lugar.
Na 2ª etapa da 1ª fase, termina em 5º lugar.
Na 2ª fase, termina um honroso 3º lugar.
Assim, classifica-se para a fase final, quando termina em último do seu grupo.
Em 82, 83 e 84 consegue bons resultados mas o Palmeiras FC não chega na fase final.
Em 1985 tem uma campanha mais fraca, terminando a fase inicial em 7º lugar.
Em 1986 e 87, volta a apresentar bons resultados mas sem chegar à fase final.
O time de 1988 acabou se tornando emblemático porque vários daqueles jogadores vieram para o Santo André no ano seguinte, casos de Luciano, Rizza, Chaléu, Preta e Rildo. Mas na prática o time foi mal e não passou da 1ª fase…
Em 1989, embora tenha sido eliminado na primeira fase da chamada “Divisão Especial”, disputou em 3 de setembro de 1989 um amistoso contra o Corinthians no Estádio Octávio da Silva Bastos (CIC).
Não disputa o paulista de 1990, mas em 91 mantém se na segunda divisão, terminando a primeira fase em 5º lugar.
Em 92, uma campanha ruim, terminando na última posição de seu grupo.
Em 93, novamente termina em último. Com a reorganização do campeonato paulista, o Palmeiras FC joga a 4ª divisão, mas o time perdera sua força e termina em penúltimo.
Em 1995, joga a série B1B e termina em 6º lugar, licenciando-se do futebol.
Volta para o último suspiro, na 5ª divisão de 98, quando abandona o profissionalismo até os dias atuais.
Com tanta história, ficamos animados de poder conhecer e registrar o Estádio Getúlio Vargas Filho!
Em meio à tradicional arquibancada, existe uma cabine de imprensa que homenageia o narrador Luis Roberto de Múcio, natural da cidade de São João da Boa Vista.
Quem será o atleta retratado na parede ao fundo da arquibancada?
O estádio conta com sistema de iluminação até os dias de hoje.
Um olhar mais de perto da arquibancada…
O estádio fica literalmente colado à estrada de ferro.
Olha aí o portão 2:
Aqui, dá pra ter uma ideia geral do estádio e do campo:
É um verdadeiro alçapão!
Dá pra sentir no ar uma certa nostalgia de dias em que milhares de torcedores ocupavam suas arquibancadas para vibrar com o Palmeiras local!
Até uma pequena arquibancada coberta existe ali do outro lado:
E claro, registro minha presença em mais um templo do futebol!
Alguns degraus de cimento em torno de um gramado… Tem algo mais simples e mais romântico?
Lá ao fundo, é onde passa a linha do trem.
Achou que faltava o nome do Estádio? Aí está ele!
Até ali atrás do gol existe um pequeno espaço para torcedores.
Agradeço a vizinha que permitiu fotografar o estádio de cima do seu quintal!
Encontrei essa linda camisa exposta em um bar local!
E assim como a ferrovia coloca tudo em movimento, sigamos em busca de novas aventuras!