É incrível como as pessoas se importam cada vez mais com as aparências e com as glórias ao invés de dar valor à verdadeira felicidade do dia a dia.
É exatamente por isso que as culturas regionais e de menor alcance acabam quase sempre engolidas pelas grandes corporações.
Não me importo. Sigo acreditando que tem mais gente que pensa como eu. Que acredita que as pequenas e sinceras coisas tem tanto ou mais valor do que a cultura vendida pelos meios de comunicação de massa.
Por isso, de volta à Cosmópolis, acho um barato a Mari gastar seu tempo se divertindo com seu projeto de artesanato / design de Abajour…
No interior o tempo corre em outra velocidade. Deu tempo de curtir a manhã e ainda ir até Campinas, comer no Vegetalle, fantástico restaurante vegetariano!
Na saída, uma cena curiosa, um carro da Companhia de Engenharia de Tráfego de Campinas…multado por estacionar sem cartão zona azul… Cobras engolindo cobras.
Outro passeio bem bacana e que merecia maior conhecimento e incentivo pela própria Prefeitura de Cosmópolis é o rolê de bike pelas áreas menos urbanas. Dessa vez fomos até a reformada “Ponte de Ferro” (ponto pra prefeitura), que passa sob o rio Jaguari, que como a placa avsa, cria correnteza e poços profundos… Aliás, tem uma caveira na placa, e segundo o ‘seo’ Madruga, quando tem uma caveira…
Após uma meia hora de bike, chega-se a um belo lugar… Mas se o que você busca é o glamour, melhor descer rumo às das praias do litoral norte de SP.
Como para nós é a beleza da natureza que vale, tá aí mais um registro incrível de um lugar há menos de 130 km de SP e que poucas pessoas conhecem…
Ok, nem tudo são flores… Assim como nas grandes cidades, o role de bike pelo interior tem outros obstáculos… Andar pelo canavial pode fazer você trombar algum cadáver desovado ou algum caminhão da Usina…
O jogo foi contra o Real Parque, outro time local, pelo Campeonato Amador Municipal. Pra quem não conhece Cosmópolis tem algo que é impossível explicar virtualmente. Por causa da Usina Estér, o ar da cidade é doce. É, não tem como explicar, mas a noite, quando a gente tá chegando na cidade, já dá pra se localizar pelo ar…
Haviam poucas pessoas acompanhando o jogo. Uma pena que um time com tanta história não esteja no profissionalismo. É comum encontrar pessoas com a camisa do time andando pelas ruas da cidade.
Aproveito para publicar a entrevista que fiz com duas pessoas ligadas ao time, já a algum tempinho.
A 74ª camisa do site pertence ao time da União Esportiva Funilense, da cidade de Cosmópolis, onde a Mari morava antes de vir pro ABC. Esse post se complementa com o post que escrevemos sobre o Cosmopolitano (veja aqui):
O time foi fundado em 1º de novembro (mesmo dia do meu aniversário) de 1933, sob o nome de o nome de União Funilense de Esportes e foi originado de três outros times que costumavam se enfrentar na Usina, entre eles o da colônia Botafogo.
Recentemente, ganhamos do Gabriel Uchida, uma segunda camisa:
O time passou a disputar os torneios amadores da chamada “Zona Funilense“, do qual sagrou-se campeã, em 1952, com o time abaixo:
E também em 1960:
Anos depois, o nome do time pasou a ser União Esportiva Funilense.
Jogou profissionalmente de 1978 até 1987, desde então, nunca mais voltou ao profissionalismo, atuando somente em partidas e torneios amadores da região.
Em 1978 fez sua estreia na Quinta Divisão Paulista, com o time:
Em 1979 montou um bom elenco, com o time abaixo:
Em 1980, o futebol paulista passou por uma reformulação e assim o clube começou a disputar a Terceira Divisão. A foto abaixo é do time que enfrentaria a A.A. Santarritense, pelo campeonato daquele ano.
Chegou a ser vice campeã da terceirona, em 1982, disputando o quadrangular final com Barra Bonita (Campeã), José Bonifácio e Palmeirinha. Naquele ano, somente o campeão tinha direito ao acesso para a série A2. O time vice campeão é este aqui:
Time de 1983:
Em 1985 fez uma boa campanha pela Terceirona. Na primeira fase teve os seguintes resultados:
Assim, o clube se classificou para a 2a fase, em terceiro lugar, junto do Itapira, Serra Negra e Guapira. Na segunda fase, ficou em último, com a campanha:
Em 1986, fez razoável campanha, tendo ficado em terceiro, mas só os dois primeiros se classificavam:
[27/Jul] Comercial (Tietê) 1×0 Funilense [3/Ago] Funilense 2×0 Estrela [10/Ago] Guarani Saltense 1×1 Funilense [24/Ago] Funilense 2×1 Itapira [31/Ago] União Bom Retiro 1×1 Funilense [7/Set] Funilense 2×0 Ararense [14/Set] Gazeta 1×0 Funilense [21/Set] Funilense 3×1 Iracemopolense [28/Set] Funilense 2×2 Comercial [5/Out] Estrela 2×0 Funilense [12/Out] Funilense 0x0 Guarani Saltense [26/Out] Itapira 0x0 Funilense [2/Nov] Funilense 5×1 União Bom Retiro [9/Nov] Ararense 1×2 Funilense [23/Nov] Funilense 2×1 Gazeta [26/Nov] Iracemopolense 1×1 FunilenseOs classificados foram o Gazeta (de Campinas) e o Comercial (de Tietê).
Em 1987, disputou seu último ano no Campeonato Paulista.
A Funilense mandou seus jogos no, já finado, Estádio Dr. Sergio Luís Coutinho Nogueira, fundado em 1978, e com capacidade para cerca de 500 torcedores. Estamos falando de um estádio único, acredite.
Estive por lá no começo do ano de 2010 para fazer umas fotos e é impressionante…
Pra começar, o estádio fica dentro da Usina Ester, fundada em nada mais, nada menos que… 1898!!
E ela funciona até hoje, aliás, da modesta arquibancada do estádio se vê a fumaça saindo pela chaminé…
No dia em que estivemos lá, a Funilense enfrentava um adversário de Campinas, em seu tradicional campo!
Dá um pouco de tristeza em ver as arquibancadas vazias e deixadas de lado, num local onde outrora tantos torcedores já devem ter estado…
O clima chega a ser sombrio, principalmente se você for lá de manhãzinha, e pegar a neblina que não deixa você ver nada a mais de alguns metros a sua frente…
Mas ao mesmo tempo assistir um jogo no Estádio da Funilense tem um aspecto nostálgico, de um tempo que infelizmente parece não voltar mais.
O Estádio é muito parecido com os tradicionais campos de várzea, onde praticamente não há espaço entre torcida e atletas.
Além disso, o campo fica numa localização única, entre a usina e muito verde.
Fica nosso agradecimento ao pessoal do time, ao Duzão e ao pessoal da The Wall, a confecção que me arrumou a camisa!
Só pra reforçar que ainda visitamos muitas outras vezes o Estádio da Funilense, como quando levamos os amigos Javi & Jose, torcedores da La U, do Chile para conhecer o local…
Infelizmente o estádio foi totalmente demolido em 2019….
APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!
Participe, interaja. O futebol da sua cidade é do tamanho do seu esforço…