Essas últimas semanas temos visitado várias exposições e sempre encontro uma pitada de futebol nelas. Acabei me lembrando de quando o amigo Danilo “Mandioca” me apresentou esse cara da foto acima: Francisco Rebolo Gonsales, conhecido como “Rebolo“, nascido num já longínquo 22 de agosto de 1902 e falecido em 10 de julho de 1980. Francisco Rebolo começou sua carreira como atleta na Associação Atlética São Bento em 1917 e em 1922, foi para o Sport Club Corinthians Paulista. Em 1934 encerrou a carreira jogando pelo Ypiranga para dedicar-se mais intensamente à carreira de pintor e entre um monte de trabalhos legais, fez esse ícone que retrata não apenas o futebol paulista e brasileiro mas toca diretamente na questão do racismo ao retratar o negro como um dos protagonistas da cena retratada!
Rebolo fez parte do grupo conhecido como “artistas proletários”, dentro do movimento modernista. E sua ligação com o futebol e em especial com o SC Corinthians foi ainda mais profunda, já que no início dos anos 30 ele desenhou o escudo do Sport Club Corinthians Paulista, usado até hoje.
Hoje, sua obras são gerida pelo Instituto Rebolo, já que Rebolo morreu de infarto em 10 de julho de 1980. Quem disse que arte e futebol não podem andar junto?
A pandemia da Covid 19 fez com que as viagens de 2020 e mesmo 2021 fossem canceladas, o que foi essencial para a saúde coletiva. Assim, só no fim do ano conseguimos fazer uma viagem mais longa, passando a virada para 2022 na histórica cidade de Recife.
Terra que teve como primeiro donatário Duarte Coelho…
Mas, muito antes de Duarte Coelho e demais portugueses (e holandeses), ali viveram diversas etnias indígenas, como os Caetés, conhecidos como “inimigos da civilização” e que acabaram exterminados, depois de serem suspeitos de terem devorado o bispo Sardinha e terem se levantado após a fundação de Olinda. Não existem registros imagéticos dos Caetés, mas sim dos Tarairiú que junto dos Caetés e dos Cariri ocupavam a região de Pernambuco.
É incrível como o Brasil é rico em opções de passeios maravilhosos… Uma pena que tudo seja tão caro… Mas fiquei muito feliz de poder conhecer algumas das praias de Recife e da região.
Mas Recife é muito mais do que um destino pra curtir praias, é uma baita cidade com uma história incrível, vários museus e muita coisa gostosa de se viver.
Mas, além de praias, rios, museus e um pouquinho da história, também fomos visitar os 3 estádios mais importantes de Recife e comecemos falando do Estádio dos Aflitos, a casa do Clube Náutico Capibaribe!
Diferente de muitos estádios, fomos super bem recebidos nos Aflitos! Um abraço para o amigo que trabalha lá na portaria (que eu acabei esquecendo o nome) que nos acompanhou pelo role.
Falando um pouco sobre o “Aflitos”, o nome oficial do Estádio é Eládio de Barros Carvalho, e tem esse apelido porque fica no bairro dos Aflitos.
O Estádio foi arrendado pela Federação Pernambucana em 1917 para os jogos do campeonato pernambucano, e só anos depois o Náutico adquiriu o local e acabou construindo ali sua sede.
Pra mim, foi uma grande emoção poder visitar o Aflitos, afinal, o conheci visualmente ainda nas figurinhas, depois nas partidas pela TV e pela Internet. Faltava esse olhar “ao vivo”. Linda e única a arquitetura do prédio da frente, que abriga a loja!
Agora, é hora de finalmente adentrar ao estádio…
E aí está sua linda arquibancada, que tem como recorde de lotação 31.613 torcedores, em 1970 no jogo Náutico 1×0 Santa Cruz, pelo campeonato pernambucano.
A inauguração do estádio ocorreu em 25 de junho de 1939 em um Clássico dos Clássicos (Náutico 5×2 Sport) valendo a decisão do segundo turno do Campeonato Pernambucano.
Aqui, o gol da esquerda, perceba quantos prédios já existem ao redor do campo:
Embora os recordes de público sejam superiores aos 30 mil lugares, esta foi sua capacidade oficial até 2002, quando houve um redimensionamento no espaço exigido por torcedor (por segurança) baixando sua capacidade para 22.856 torcedores. E este é o gol da direita:
Em 1953, o estádio ganhou o nome de “Eládio de Barros Carvalho” em homenagem ao histórico presidente do Náutico.
A partir de 2016, com a construção da Arena Pernambuco, começa a se cogitar sua demolição (!!!) para dar lugar a um centro comercial. Um verdadeiro crime ao patrimônio e à história não apenas do Náutico, mas do futebol pernambucano e, por que não, brasileiro… Olha só essas lindas cadeiras cobertas:
Porém, além de longe, a Arena de Pernambuco é aquele típico estádio “neutro” que não cria um clima de alçapão e pra piorar, jogar lá ainda custava caro… Assim, uma Assembleia Geral dos associados decidiu que o Náutico deveria voltar a jogar nos Aflitos, dando origem à campanha Voltando Pra Casa.
A previsão era reabrir em abril de 2018, porém, por conta das dificuldades somente em dezembro, em um amistoso contra o Newell’s Old Boys, com vitória pro Náutico por 1 x 0.
Em 2019, foi o palco do acesso à série B do Brasileiro, com direito a muita emoção e gol aos 49 minutos do segundo tempo!!
Mas nem só de alegrias se faz um time e um estádio. Em 2005, o Aflitos foi palco da história mais louca da série B, mas nesse caso com um final triste para o Náutico, na chamada “Batalha dos Aflitos”:
Por isso, pra mim, estar aqui significa fazer parte por alguns minutos de todas essas histórias!
O Estádio dos Aflitos soube fazer de si mesmo um recordo a parte dessas histórias, como nos nomes dos seus setores:
No dia da nossa visita, o “Dragão” era o grande parceiro do time e ilustrava todo o campo.
Mesmo com tantas coisas legais, um litoral lindo com direito até a tubarões, a vontade de sair dali era muito pequena… Fora o sonho de poder assistir uma partida ali…
Mais uma vez agradeço ao pessoal do estádio, da loja e do próprio clube por ter liberado o nosso rolê por esse estádio incrível…