15 de fevereiro de 2024. Quinta feira pós carnaval e lá vamos nós de volta pra estrada pra mais uma noite de paixão pelo nosso time, o Santo André e ao mesmo tempo pra curtir um rolê em um dos estádios mais importantes do interior paulista: o Brinco de Ouro da Princesa, a casa do Guarani FC.
Desta vez a jornada se fez ao lado dos amigos Furlan e Rico, ambos torcedores do Ramalhão!
Não havia trânsito na cidade de São Paulo então acabamos chegando bem cedo, o que nos permitiu um rápido rolê pelo Estádio Cerecamp (o Estádio da Mogiana) e pelo Moisés Lucarelli pra viver um pouco do futebol de Campinas. Ainda não eram 19hs quando chegamos às bilheterias destinadas aos visitantes, no caso, nós!
O Guarani, assim com o Santo André, vem em uma fase difícil, transformando a partida em uma verdadeira decisão contra o rebaixamento.
O público de quase todos os times se comporta da mesma maneira. Na fase em que mais precisam deles, os torcedores preferem assistir o jogo de casa, e tentando evitar que o estádio ficasse com um visual de vazio, a diretoria do Guarani fechou o tobogã, concentrando a torcida local nas demais arquibancadas.
Do nosso lado, fizemos o possível para apoiar em busca de um resultado positivo.
Os times entram em campo para o aguardado embate. 3 pontos fariam a diferença para os dois times, afastando-os da zona da degola.
O jogo começa e surpreende pela presença ofensiva de ambas as equipes. Tanto o time local quanto o Ramalhão levam perigo ao gol em jogadas pelas laterais.
Aos poucos foram chegando outros torcedores do Ramalhão…
Mas a festa só ganhou força mesmo com a chegada das organizadas (Fúria e Esquadrão) que decidiram se unir em prol do time nesta partida.
Aos 25 minutos do primeiro tempo, quando o Santo André estava atuando com boa segurança, o árbitro marca penalty para o time local. Pablo Thomaz bateu e marcou: Guarani 1×0.
Sinta o clima de se assistir uma partida como visitante no Estádio Brinco de Ouro.
A turma volta a olhar a tabela e analisar a nossa difícil colocação na tabela…
Do outro lado, nas arquibancadas alviverdes sem dúvida que a sensação era de alívio…
Tem momentos na vida de um torcedor que ele se pergunta se realmente vale a pena toda essa loucura… A gente olha pro céu, tenta incentivar o time, sabe que aquilo é só um jogo, mas não consegue deixar de sentir por dentro que a derrota é sua também. Assim, com a cabeça quente vi Régis, aos 36 do primeiro tempo fazer 2×0… Desespero total para a torcida do Santo André.
O intervalo chegou e muita gente pegou no pé dos jogadores do Santo André, afinal… A derrota significava um pé na série A2 de 2025.
Mas, quem ama não desiste e o segundo tempo foi rolando e aos poucos algumas chances foram surgindo e no fundo o que mais queríamos era um motivo pra seguir apoiando.
Assim, aos 37 minutos do segundo tempo, foi a vez de Lohan marcar de penalty e diminuir: Guarani 2×1 Santo André.
A torcida do Guarani parecia sentir que algo estava errado e muitos passaram a xingar e a demonstrar o medo de perder a oportunidade de fazer 3 pontos. E o que eles temiam, se tornou nossa felicidade… E respondeu aos que se perguntavam… Será que vale a pena? Vale!
Wellington Reis empatou o jogo no último minuto do jogo levando o lado azul do estádio ao êxtase!
Não… Ainda não estamos livres do rebaixamento, ao contrário… O empate não ajudou em nada nessa luta, já que os demais concorrentes a estas vagas (Lusa, Ituano e o próprio Bugre) também empataram… Mas, deu um gostinho bom empatar um jogo que parecia perdido e ouvir dos jogadores ao final da partida que eles contam conosco e que vão lutar até o fim pra nos manter na série A1…
O Estádio foi inaugurado em 31 de maio de 1953 e é a casa do Guarani Futebol Clube e possui uma arquitetura linda e vários detalhes, como esse grafite que mistura heavy metal e o futebol (obrigado ao pessoal do Memórias de Arquibancada por fazer a foto pra nós!).
Outro detalhe incrível é o busto em homenagem a Carlos Alberto Silva, relembrando sua passagem como treinador do time em 1978.
Pra quem não lembra, esse foi o esquadrão comandando por Carlos Alberto Silva que conquistou o Campeonato Brasileiro daquele ano.
Sim, senhores e senhoras… Aí estamos nós em mais um estádio brasileiro!
Hora de dar um giro pra dividir a experiência com quem nunca esteve aqui:
As arquibancadas e o estádio como um todo tem um design diferente, obra de dois arquitetos modernistas: Oswaldo Corrêa Gonçalves e Ícaro de Castro Mello. Será que eles imaginavam, o quanto um projeto deles seria importante para tantas pessoas?
O Estádio foi inaugurado em 1953, e quem deu sua atual denominação como “Brinco de Ouro da Princesa” foi o jornalista João Caetano Monteiro Filho já que Campinas tinha a alcunha de cidade “Princesa D’Oeste“.
Palmeiras e Fluminense foram os convidados para as partidas de inauguração, em maio de 1953.
Sua capacidade atual segundo a CBF é de 29.130 torcedores, mas no passado o Brinco recebeu muito mais gente. Tanto que o seu recorde de público é de 52.002 presentes no jogo contra o Flamengo em 1982.
Em 1978, o estádio ganhou sua primeira e mais importante melhoria: o Tobogã (a arquibancada superior).
Mesmo com tanta história, em 2015, o estádio passou por um péssimo momento: foi posto a leilão para que o Guarani pagasse suas dividas. Muito se diz que tudo não passou de uma manobra para gerar visibilidade, pois inicialmente não houve compradores, porém, algumas semanas depois de aberto o leilão, o Grupo Zaffari arrematou o estádio por R$ 105 milhões. Desde então, o clube tenta reverter o leilão por considerar o valor muito abaixo do mercado imobiliário.
Estivemos no Brinco de Ouro por várias vezes, como torcida visitante, pelo Santo André.
Aí está a torcida do Guarani nas bancadas do Brinco de Ouro em dia de jogo:
A organizada do Guarani é a Fúria Independente:
Mas o time também possui uma grande parcela de torcedores autônomos, que se identificam exclusivamente com o clube e não pertencem à organizadas.
Olha aí o banco de reservas do bugre!
Aqui, o placar eletrônico do Estádio:
Aqui, o registro de uma falta perigosa para o Guarani…
O Guarani tem também um projeto de sócio torcedor bem bacana:
A cidade tem uma população de cerca de 35 mil pessoas.
Nosso objetivo era conhecer e registrar o Estádio Municipal Antonio Goulart Marmo.
Uma bilheteria a mais em nossa conta! E essa já foi bem utilizada nas décadas de 50 e 60!!
O estádio foi a casa dos times de Adamantina nas disputas das categorias de acesso do Campeonato Paulista, e o primeiro a chegar a uma dessas disputas foi a Assciação Atlética Adamantina.
A A.A. Adamantina foi fundada em março de 1947 e depois de 5 anos disputando campeonatos amadores, em 1952 disputou a segunda divisão do Campeonato Paulista, sua única disputa profissional.
Aqui, algumas imagens do time:
O segundo time da cidade a disputar um Campeonato Paulista foi o Adamantina FC, que nasceu da fusão da AA Adamantina (que havia voltado ao amadorismo) com o Guarani FC (que até então também se limitava ao futebol amador).
O Adamantina FC (que na época do amadorismo era denominado Adamantina EC) disputou 3 edições da terceira divisão, entre 1957 e 1959.
O ano de 1959 foi histórico pois além do Adamantina FC, outro time da cidade disputou a terceira divisão, a Sociedade Esportiva Palmeiras!!
Aqui uma imagem do time do time que nasceu em 15 de novembro de 1952, mas passou 7 anos jogando campeonatos amadores até a disputa do profissional de 1959:
A cidade seguiu respirando futebol, e no ano seguinte (1960), os dois times se uniram para a disputa da quarta divisão do Campeonato Paulista com o novo nome: Clube Atlético Internacional.
Adamantina ficaria 3 anos sem disputas profissionais no Estádio Municipal Antônio Goulart Marmo, mas em 1963, foi a vez do Guarani FC, que, embora tenha sido fundado em Março de 1948, acabou se “reinventando” em agosto de 1961, após a fusão citada acima.
Aqui, alguns elencos que marcaram época nas 15 disputas do Campeonato Paulista que o time participou, a começar pelo de 1966 que conquistou o título de campeão do setor:
Aqui, o time do Guarani, que foi campeão da terceira divisão em 1974:
E o time de 1980:
Enfim, com a história do futebol da cidade (ou ao menos uma parte dela) compreendida, a nossa visita ao estádio ganha muito mais valor…
Segundo a placa informativa, o estádio ganhou uma reforma em 2007:
Vamos dar uma olhada pra ver o que melhorou por dentro do estádio!
O estádio acabou de passar por uma série de obras, e pra visita ficar 100% só faltaram as traves estarem de pé…
A arquibancada coberta está lá, firme e forte, enchendo de charme a cancha Adamantina!
As arquibancadas descobertas também são muito bacanas, e bem próximas do campo (que é separado apenas por um alambrado).
Ainda existe uma área atrás do gol que pode receber mais arquibancadas futuramente.
O estádio ainda possui um sistema de iluminação que permite jogos a noite!
Somando todas as arquibancadas, o estádio tem capacidade para cerca de 2.150 pessoas.