Especial As Mil Camisas no Piauí – parte 9: o futebol em Campo Maior

Este é o último post sobre o mágico rolê que fizemos em julho de 2025 pelo Piauí.
Até o momento descrevemos o rolê em 8 posts:
1) O Estádio Albertão,
2) O Estádio Lindolfo Monteiro,
3) O CT do River AC e a Loja do Clube Atlético Piauiense,
4) O Estádio Felipão, onde nasceu a AA Altos,
5) O Estádio Ytacoatiara, em Piripiri, a casa do 4 de Julho EC,
6) O Estádio Municipal Doca Ribeiro e o Parque Nacional Sete Cidades em Piracuruca,
7) O Estádio Municipal Manoel Freitas Soares, o Duduzão, em Luís Correia.
8) O Estádio Petrônio Portela e o Estádio Municipal Pedro Alelaf, em Parnaíba.
Fizemos um vídeo para cada um desses posts, tipo esse:

Agora, com um misto de missão cumprida e até de certa tristeza por ser o post final, falaremos sobre o futebol de Campo Maior.

Assim que chegamos à cidade, ficamos encantados pelo açude e pelo lindo cenário ao fundo!

Do outro lado do açude está Yemanjá.

A cidade de Campo Maior foi palco da Batalha do Jenipapo, importante confronto pela Independência do Brasil e também é reconhecida como a “capital da carne de sol” no Piauí.
Ao chegar na cidade, é possível avistar carnes estendidas para secagem e diversos estabelecimentos especializados na sua produção

Mas a cidade também tem uma grande tradição quando falamos de futebol.
Isso porque além de diversos times amadores, Campo Maior possui dois times no profissional.
O primeiro deles, o Comercial Atlético Clube, fundado em 21 de abril de 1945.

Seu mascote é o bode!

A partir de 1950, o Comercial AC passa a disputar as competições profissionais do Piauí. No campeonato estadual, o grande destaque é para o título de campeão de 2010.

No ano seguinte, o time quase conquista o bicampeonato, após vencer o primeiro turno do Campeonato e perder a final para o vencedor do segundo turno, o 4 de Julho de Piripiri.

O time ainda possui dois títulos da série B estadual, em 2004 e 2022.

Em 2011, faz sua estreia em competições nacionais ao disputar a Copa do Brasil (logo contra o Palmeiras) e a Série D.
Em 2023, o time foi muito citado por ter apostado no treinador iraniano Koosha Delshad, mas que comandou a equipe em apenas um jogo, contra o River, onde após ser goleado sofreu ofensas xenófobas, sendo chamado de “terrorista”.

Em 2025, ano da nossa visita, o time disputa a série B do Campeonato Piauiense.

E na tabela acima pode se ver que o Campeonato também contará com a participação do outro time da cidade, o Caiçara Esporte Clube, fundado em 20 de janeiro de 1954.


O chamado “Leão da Terra dos Carnaubais” nasceu do bom momento da cidade de Campo Maior nos anos 50, principalmente por conta do comércio da cera de carnaúba via a Casa Morais, que possui muitos trabalhadores vindos da Casa Inglesa e que tinham conexão com o Comercial Atlético Clube.
Logo, essas pessoas decidiram fundar um novo time de futebol para a cidade: o Caiçara Esporte Clube.

Por muito tempo, a Casa Morais bancava o time quase como uma “pré SAF” no século passado, e ainda tem gente que acha que o futebol piauiense é atrasado.

O time é o campeão da segunda divisão de 1963, foto do site Zéduarte futebol antigo:

Além disso, por 2 vezes, o time terminou o Campeonato Piauiense da primeira divisão com o vice campeonato: em 1990 e 1995 e um vice da segunda divisão em 2007.

E ambos estes times mandam seus jogos no histórico Estádio Deusdeth Melo:

Assim, aproveitamos esse rolê para conhecer e registrar a casa do futebol em Campo Maior, que homenageia o homem que levou o futebol no início do século XX para Campo Maior.

O Estádio Deusdeth de Melo foi construído em 1947 e desde então é um ponto importante de concentração para a população local. Mas, ano após ano passa por problemas na hora de retornar às disputas oficiais.
Desta vez, não foi muito diferente.
Quando estivemos lá, o mato havia tomado conta do que outrora foi o campo…

A parte menos prejudicada é a arquibancada. O bom e velho cimentão pintado só precisa de uma leve capinada pra ficar novinho em folha.

Mas, olhando para o gol, me pergunto se realmente dá pra se recuperar o campo na velocidade necessária para o início do Campeonato Piauiense da segunda divisão…

Do ponto de vista estrutural, está tudo ali… O banco de resevas…

Até um mini gerador alimentado por energia solar…

A arquibancada do outro lado é muito bonita e conta com duas cabines ou camarotes uma em cada extremo.

Ao fundo a cidade ainda demonstra um aspecto pouco urbano…

Espero que a casa dos dois times de Campo Maior na segundona do Piauiense esteja em dia na hora da estreia…

Como nas demais partes desse rolê, fizemos um vídeo editando um pouco do todo que foi o rolê pela cidade e pelo estádio, confira como ficou:

E assim, terminamos os posts sobre o nosso inesquecível rolê pelo Piauí, como sempre, agradecendo a cada uma das pessoas que fizeram essa tour possível e que de um jeito ou de outro acabou participando dessa vivência mágica.
Obrigado Piauí, e obrigado piauienses.
Esperamos um dia poder voltar!

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Especial As Mil Camisas no Piauí – parte 8: o futebol em Parnaíba

Em julho de 2025 viajamos até o Piauí e foi incrível.
Até o momento descrevemos o rolê em 7 posts:
1) O Estádio Albertão,
2) O Estádio Lindolfo Monteiro,
3) O CT do River AC e a Loja do Clube Atlético Piauiense,
4) O Estádio Felipão, onde nasceu a AA Altos,
5) O Estádio Ytacoatiara, em Piripiri, a casa do 4 de Julho EC,
6) O Estádio Municipal Doca Ribeiro e o Parque Nacional Sete Cidades em Piracuruca,
7) O Estádio Municipal Manoel Freitas Soares, o Duduzão, em Luís Correia.
Fizemos um vídeo para cada um desses posts, tipo esse:

Ainda no litoral piauiense, depois de termos curtido as lindas praias de Luis Correia, fomos conhecer Parnaíba, a segunda maior cidade do estado, e talvez uma das mais conhecidas por conta do delta do rio Parnaíba.

Embora seja um local maravilhoso, a gente não fez esse passeio, mas sem dúvidas é uma das razões para voltarmos ao Piauí, afinal este é o terceiro maior delta em mar aberto do mundo, apenas o Nilo (Egito) e Mekong (Vietnã) estão a frente.

Passeamos pela cidade, mas nos deliciamos mesmo foi na lagoa do portinho que fica na divisa de Parnaíba com Luís Correia. São de lá, essas imagens:

A região também é conhecida como os lençóis piauienses, combinando sutilmente as dunas com a lagoa.

Água quentinha e perfeita pra passar algumas horas tomando banho…

E a lagoa é bem grande, tem inclusive um certo movimento náutico por ali.

Agora, falando do bom e velho futebol, nossa primeira parada foi o antigo e mágico Estádio Petrônio Portela.

Mágico porque na minha cabeça só isso explica um estádio ainda estar ali mais de 100 anos depois de sua construção. O que mais ao seu redor ainda tem o mesmo uso há mais de um século?
Sua construção se deu pela força do futebol local, impulsionado pelos ingleses que moravam em Parnaíba e formaram dois times: o Camisa Azul, homenagem ao Everton, de onde nasceria o Parnahyba Sport Club, fundado em 1913, sendo o mais antigo clube ainda em atividade no Piauí…

… e o Camisa Vermelha, homenagem ao Liverpool e que daria origem ao International Athletic Club oficialmente fundado em 1917. Distintivos vindos do Site Escudos Gino:

O Estádio Petrônio Portela foi construído na década de 1920 pela Casa Inglesa (um conglomerado econômico daquela época que atuava em diferentes frentes comerciais) e foi inaugurado com o nome de Estádio Internacional, atendendo o time homônimo citado acima.

Encontrei no Portal PHB uma foto do estádio naquela época:

A pouco mais de 1 quilômetro dali, foi construído um estádio bastante parecido ao Estádio Internacional, para o Parnahyba SC (no local onde atualmente fica o Colégio São Luiz Gonzaga).
Veja no Google Maps como eles ficavam próximos:

Encontrei no incrível site História do Futebol uma foto que mostra o antigo Estádio do Parnahyba SC com arquibancada em madeira.

Em 1973, o governo estadual adquiriu e doou o estádio Internacional para o Parnahyba Sport Club, gerando muito ciúme nos demais times do estado.
Pergunta aos pesquisadores piauienses: com a doação, o Parnahyba ficou com dois estádios? Ou o Estádio Internacional foi substituído?
Em 2008, iniciou-se um projeto de restauração e ampliação, transformando-o em Centro de Treinamentos para as categorias profissional e de base do clube.
Atualmente as obras continuam, agora no muro da frente.

Atualmente, o estádio funciona como Centro de Treinamento do time e foi nessa condição que a gente fez a nossa visita!

O local ainda carece de melhorias mas ao menos está funcionando para o seu propósito e mantém vivo por ali o centenário sonho do futebol…

Por uma daquelas incríveis coincidências, o treinador do Parnahyba SC é o professor Betinho, ex atleta que teve importantes passagens pelo futebol paulista, no Juventus, Palmeiras, Portuguesa e em especial pelo Santo André!

Assim, aproveitamos para bater um papo rápido com o professor que teria uma tarde cheia de trabalhos com o time para uma partida decisiva pela série D contra o Sampaio Correia.

Dando uma olhada geral, o gramado parece em boas condições como se pode conferir olhando para o gol da direita.

Aqui, o meio campo, onde se pode perceber que ainda existem torres de iluminação, quem sabe garantindo partidas noturnas:

E o gol da esquerda:

Ali ao fundo, sem muito glamour e meio deixada de lado, encontra-se um vestígio da história incrível: parte da arquibancada original que por tantas décadas serviu ao futebol parnaibano profissional e também aos times amadores!

Além do valor histórico que encontramos com a visita, confesso que o mais legal foi estar ali e ver aquele clima de jogo, com os atletas presentes se preparando para mais uma tarde de treinamentos pensando na partida decisiva…

Quantas faltas foram ensaiadas com esta barreira?

Aqui, imagem do site PhBemNota que apresenta a cabine de rádio do Estádio Petrônio Portela em jogo de 1962:

O Estádio Petrônio Portela foi bastante usado até a construção do estádio “Mão Santa”, o atual Pedro Alelaf e por isso a segunda parte do nosso rolê boleiro por Parnaíba nos levou ao atual campo onde o Parnahyba SC manda suas partidas.

O Estádio tem como alcunha o “Maior Estádio da Planície Litorânea” e por ter sido construído pelo governador Mão Santa, também é reconhecido por este nome.

É difícil explicar a sensação de visitar um Estádio com tanta história e principalmente com tanta coisa acontecendo no presente, pela primeira vez.
Tem tanta coisa pra olhar, tantas possibilidades…

Estando do lado de fora, ainda existe todo aquele receio de não conseguir entrar e perder uma oportunidade que talvez demore anos pra se repetir…

Enfim… São muitas emoções compartilhadas.
E o momento mais legal, sem dúvida é a hora de entrar!
Aliás, ao invés de segmentar em vários filmes, eu juntei tudo em um vídeo maior, que estará lá no fim do post.

E olha que bonita a arquibancada coberta.
São apenas 7 degraus, mas tem o seu charme!

O campo estava sendo muito cuidado para receber a partida com o Sampaio Correia.
Aí, o gol da direita:

O gol da esquerda:

E o meio campo:

Presença registrada em um estádio a cada dia mais importante, com a presença do Parnahyba na série D do Brasileiro!

Dali do campo, olha como fica linda a arquibancada coberta!

Close na área dedicada às cabines de imprensa:

Olha o gol!

Taí o filme mostrando o rolê pelos dois estádios:

Ah, vale reforçar que além do Parnahyba SC a cidade tem outro clube de futebol profissional, o Ferroviário Atlético Clube (FAC). Distintivos vindos do sempre incrível Escudos Gino.

Chamado de “Ferrão do Delta” foi fundado em 1946 por funcionários da então Estrada de Ferro Central do Piauí. Em 2025 disputam novamente a segunda divisão estadual!

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Especial As Mil Camisas no Piauí – parte 6: o Estádio Municipal Doca Ribeiro em Piracuruca

Em julho de 2025 viajamos até o Piauí e foi incrível.
Começamos o rolê pela capital Teresina, onde visitamos o Estádio Albertão, o Estádio Lindolfo Monteiro, o CT do River AC e a Loja do Clube Atlético Piauiense.
Na sequência, fomos até Altos, ver o Estádio Felipão, onde nasceu a AA Altos, e passamos por Piripiri pra ver a casa do time 4 de Julho EC, onde fizemos até esse vídeo :

Antes de falar da cidade de Piracuruca, é importante mostrar um pouco do que é o Parque Nacional Sete Cidades, que tem parte dele em seu território e é uma das coisas mais legais desse país.

O lugar é lindo, cheio de surpresas e um verdadeiro museu a céu aberto.

As formações rochosas são um espetáculo natural…

Mas o parque, com toda a estrutura que foi criada para tornar possível o passeio vai além…

A vegetação deixa o ambiente com uma sensação gostosa…

O ponto alto na minha opinião são as pinturas rupestres, datadas em até 11 mil anos!!!

Os historiadores e especialistas que analisaram as pinturas, dizem que elas representam cenas da vida cotidiana, momentos de pesca, de caça, a coleta de frutos, além de apresentar animais, plantas e até figuras míticas.

O parque é considerado um dos maiores e mais importantes complexos de arte rupestre do mundo

Diversos répteis como o Calangos aí, nos acompanharam pela trilha.

Falando sobre a cidade, demos a sorte de dormir uma única noite por lá e ser exatamente na data da festa da padroeira local.

Aproveitamos a festa a noite e de manhã fomos dar um rolê pra conhecer essa ponte ferroviária muito comentada na cidade.

Falando sobre futebol, fomos registrar o Estádio Municipal Doca Ribeiro!

Pelo que consegui apurar, o Estádio Municipal Doca Ribeiro é utilizado principalmente para receber jogos de futebol amador e seleções municipais, como nos torneios da Taça Norte de Futebol Amador e o Campeonato Piracuruquense.

O Estádio Municipal Doca Ribeiro é um espaço esportivo simples, mas cheio de significado para Piracuruca e sua comunidade.

Com arquibancadas modestas e um gramado que já recebeu muitas histórias, ele é o ponto de encontro para quem ama o futebol local.

É lá que as seleções municipais e equipes amadoras se reúnem para disputar campeonatos e amistosos, sempre embalados pelo calor humano da torcida.

A estrutura do estádio, embora modesta, cumpre bem o papel de abrigar competições regionais onde o clima é de festa com as famílias ocupando as arquibancadas, vendedores circulam com seus carrinhos e a paixão pelo futebol se misturando ao sentimento de pertencimento à cidade.

O Doca Ribeiro acaba se tornando um espaço de convivência social.
Os jogos, eventos comunitários, reunindo moradores de diferentes bairros e até cidades vizinhas.

É nesse espírito que o estádio se mantém vivo, resistindo ao tempo e às dificuldades, como símbolo da ligação entre esporte e identidade local.

Visitar o Estádio Municipal Doca Ribeiro é vivenciar o futebol em sua essência mais pura.

Um patrimônio que merece ser preservado e valorizado!

Aqui, o tradicional registro do meio campo:

Gol da esquerda:

Gol da direita:

Enfim, missão cumprida em Piracuruca!

Fizemos um vídeo especial sobre esse rolê, veja:

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