O futebol profissional em Buritama!
“Nossa terra tem palmeiras…”. Teria a “canção do exílio” inspirado o brasão e o nome de Buritama? Buri e Buriti são espécies de palmeira, então imagine quão linda devia ser a região para a cidade ganhar esse nome…
A cidade guarda muitas riquezas naturais e também tem um verdadeiro tesouro esportivo: um estádio que recebeu diversas edições do Campeonato Paulista.
Assim, depois de passar por Monte Alto, Guariba, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Severínia, Riolândia, Cardoso, Votuporanga, Fernandópolis, Palmeira d’Oeste, Aparecida d’Oeste, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Auriflama, Araçatuba e Guararapes, chegou a hora de pegar a estrada rumo a “Terra das Palmeiras“.
Mas antes… É hora de responder à polícia o que estamos indo fazer na cidade: fomos parados numa abordagem rotineira em busca de traficantes de materiais ilícitos. Como não tínhamos nada de errado, pudemos seguir!
A divisa da cidade com Brejo Alegre (que pra mim era apenas uma cidade criada por Ruth Rocha em seus contos) é feita por um ser muito importante para todos nós…
O imponente Rio Tietê, que a essa altura do seu percurso está limpo, saudável e lindo! Ao fundo pode se ver a Usina Hidrelétrica Nova Avanhandava, em operação desde 1982 e desde 1991 com suas eclusas de navegação, para vencer o desnível de 29 metros entre o reservatório da usina e o rio.
Claro, na foto acima nem dá pra ver o rio direito (até porque estávamos na ponte e essa mureta atrapalha bastante), mas faça como meu irmão Marcel e dê uma olhada nessa praia que existe logo no início da cidade (Parque Turístico “João Simão Garcia” conhecido popularmente como “Prainha”):
A cidade fica há pouco mais de 545 km da capital, às margens do Rio Tietê. Sua história se inicia ainda no século XIX com a chegada de várias famílias vindas de Minas Gerais, que formaram um núcleo chamado “Palmeiras“. Logo, surge uma capela que acaba emprestando ao loca o seu nome, no caso de Buritama, o novo nome seria “Nossa Senhora do Divino Livramento de Buriti”.
Apenas em 1948 passou a ser Município, sob a jurisdição da comarca de Monte Aprazível, e em 1963 passou a ser Comarca, compreendendo também os Municípios de Turiúba, Planalto, Lourdes e Zacarias.
E dá uma olhada no visual do rio, que coisa linda…
Aqui dá pra ver a outra margem do rio:
E aqui a prainha!
Vale muito a pena voltar um dia para curtir o rio! Aliás, existe um site todo só sobre turismo na cidade, basta clicar aqui pra conferir!
Por conta do rio, a pesca é um outro grande ponto de atração para a cidade!
Como dissemos, o nosso objetivo era registrar o Estádio Municipal Carlos Guerbach, e como a cidade é pequena, é super fácil de achar.
Mesmo que esteja faltando uma “mão de tinta”, só a identificação e esse portal na entrada já dão uma baita cara legal pro estádio!
Antes que você se pergunte, Carlos Guerbach foi um vereador dos anos 50, em Buritama.
E o B.F.C., refere-se ao Buritama Futebol Clube, o último nome do clube a representar a cidade. Mas o antigo nome também estaria presente na sigla, já que antes, o Buritama FC se chamava Brasil FC.
Com o portão principal fechado, o jeito foi pensar em alternativas para entrar no estádio, e enquanto eu avalio se pular o muro seria muito difícil, vamos falar um pouco sobre o futebol na cidade de Buritama.
Como eu disse anteriormente, o primeiro time a disputar uma competição profissional na cidade foi o Brasil Futebol Clube, fundado em 7 de setembro de 1955. O distintivo está no excelente site Escudos Gino.
Na fanpage “Amigos de Buritama” encontrei algumas imagens do time, muitas delas sem identificação da data.
Essa consta até os nomes dos jogadores e do cabo Nivaldo.
Esta é dos primeiros times formados pelo Brasil FC, identificada na fanpage como sendo de 1957 ou 58:
Esta parece ser da mesma época:
Esta consta identificação na própria foto, da época das competições amadoras.
O Brasil Futebol Clube disputou 5 edições do Campeonato Paulista. Sua estreia foi na Quinta divisão de 1978, onde fez uma campanha interessante por ser seu primeiro ano, terminando na 6a colocação:
Veja a campanha de 1978:
A partir de 1980, o Campeonato Paulista passa a ter apenas 3 níveis e assim, o Brasil FC passa a disputar a “Terceira Divisão“. O time faz campanhas fracas até 1982, quando se licencia e no final do ano, muda seu nome para Buritama FC., sob o novo distintivo.
Essa mudança de nomes consta no livro “A enciclopédia do futebol paulista“, como tendo ocorrida em 1982, porém muitos sites consideram que a mudança se deu em 1986, e essa confusão se faz porque somente em 1986 a cidade voltou a receber jogos profissionais com a participação do Buritama FC na 3a divisão de 1986, quando terminou em 7º lugar do seu grupo:
No ano seguinte, além de uma péssima campanha, ainda inscreveu jogadores irregulares e perdeu pontos, terminando na última colocação, desanimando os seus gestores que licenciaram mais uma vez o time. E dessa vez já se vão mais de 3 décadas sem futebol profissional na cidade, para a tristeza do Estádio Carlos Guerbach.
Por falar no estádio, decidimos que melhor do que pular o muro seria conversar com o vizinho pra ver se conseguiríamos entrar e…. bingo!
Aí estamos nós em mais um templo mágico do futebol paulista, olha a arquibancada coberta lá atrás, que sensacional!
Provavelmente aqui ficava a imagem do distintivo pintada nesse cimentão, que acabou perdendo a cor e sendo aos poucos cobertos pelo mato e pelas folhas secas…
Bem ali, ao lado das bandeiras da cidade, do Brasil e do clube!
Chegando mais perto pude ver que a arquibancada coberta é cheia de lindos detalhes… Ainda está com as cores bem vivas!
A sua direita temos um dos gols com a região central da cidade ao fundo:
E a esquerda o gol que tem ao fundo as franjas de Buritama.
Olha aí o banco de reservas que lindo!
As árvores fazem um fechamento no estádio único!
Atrás da arquibancada existe um empreendimento da própria prefeitura, que parece ser uma área de armazenamento… Coisa estranha… Ainda mais estranho quando ao dar uma fuçada na Internet e encontrei esse documento (tá no próprio site da Prefeitura, veja aqui) dizendo que o Buritama FC doou o seu patrimônio à própria Prefeitura.
Assim como as árvores secam e no seu tempo correto voltam à vida, quem sabe o futebol profissional na cidade não volte algum dia às divisões de acesso do Campeonato Paulista?
Apenas nos cabe agradecer pela oportunidade de estar aqui, nesse solo sagrado!
Antes que você esqueça, olha como é lindo o rio Tietê..