Imagine entrar em um ambiente e apenas olhando ao redor recordar inúmeros momentos que o seu time viveu… E se esse lugar fosse dentro da sua própria casa? Impossível?? Se for, avise o Joel, porque ele comprou essa ideia e criou o “Museu do Ramalhão“.
São fotos, bandeiras, camisas, miniaturas e vários objetos criados especialmente para esse ambiente (que tem até uma iluminaç˜ão especial em azul) para deixar qualquer torcedor do EC Santo André com lágrimas nos olhos…
Aproveitei a visita ao Museu do Ramalhão para estrear um novo formato envolvendo o As Mil Camisas: um podcast (inicialmente apenas em vídeo) para poder ir um pouco mais a fundo nos nossos registros sobre o futebol. Então, com vocês… Aí está o primeiro episódio:
Para esse post contei com a ajuda de várias pessoas, em especial do amigo e historiador do Ramalhão, Alexandre Bachega! Valeu, Ale!
O Estádio Municipal de Santo André foi construído pela Júlio Neves (até hoje eles citam o projeto no site deles) e inaugurado em 15 de novembro de 1969, com um amistoso entre o Santo André FC e o Palmeiras (na época, o campeão da Taça Roberto Gomes Pedrosa).
O Santo André FC, na época apelidade de “Canarinho” por conta de seu uniforme, prometia uma partida defensiva!
Olha aí a cor do uniforme:
O resultado não foi lá muito favorável para o time local, mas a festa valeu a pena!
Pra quem gosta de fichas técnicas, segue a desta partida, com 3.034 pagantes, embora muitos convidados entraram sem pagar…
Na preliminar deste jogo, houve uma partida entre duas forças do futebol amador da região: SE Humaitá 1×0 Vila Bela, com gol de João Carlos, o responsável pelo primeiro gol no Brunão.
A primeira parte a ser entregue foram as arquibancadas cobertas.
Ainda hoje, o bairro ao redor do estádio tem poucos prédios, mas, na foto abaixo é de uma época em que eram 100% casas!
Nunca houve um consenso sobre a capacidade exata do setor das numeradas do Brunão, porque além das cadeiras existiam alguns espaço comuns que em épocas de pouco controle, poderiam ser ocupados…
Mas na época da inauguração, a capacidade oficial era estimada em 6 mil torcedores.
Somente em 10 de outubro de 1973, o estádio mudaria seu nome, como homenagem a Bruno José Daniel, que foi goleiro do Primeiro de Maio FC, depois vereador e Prefeito de Santo André e que faleceu jovem, aos 51 anos, menos de um mês após a inauguração do estádio.
O passo seguinte para a ampliação do Estádio Municipal Bruno José Daniel foi a construção da imponente arquibancada descoberta!
Começaram a ser construídas em 1976 e foram inauguradas em 1977 em um amistoso entre o Santo André e a Seleção da Bulgária, que terminou em 0x0.
Um resumo das atuações na partida:
Mais do que o resultado dentro do campo, o que foi bom mesmo foia arquibancada…. Veja, que linda!
Não tive acesso a nenhum documneto oficial que comprove a capacidade da arquibancada descoberta, mas estima-se que suportava 16 mil pessoas na época. Dessa forma, a capacidade total do Estádio Bruno José Daniel era de 22 mil torcedores.
Mas, essa informação varia para mais (há quem diga em 24 mil) e para menos. Fato é que o recorde de público presente aconteceria em setembro de 1983, num 0x0 contra o Corinthians (último jogo de Zé Maria pelo alvinegro).
Foram 19.189 pagantes oficialmente, mas houve mais de 4 mil pessoas (entre menores e outros) que não pagaram ingresso totalizando um público de mais de 23 mil pessoas. Novamente a Placar, em uma edição de 1987, cita o tema:
Em 1980, veio a inauguração dos refletores do Estádio, num amistoso que perdemos de 2×1 para o Santos. Nesse jogo o Ramalhão contou com um grande reforço: o craque Ademir da Guia disputou o início da partida com a camisa Ramalhina!
O jornalista e torcedor do Ramalhão, Vladimir Bianchini fez uma entrevista com o “divino” sobre o fato:
O Santo André jogou com Milton; Zé Carlos, Luiz Cesar, Alemão e Roberto; Ademir da Guia (Mazolinha), Arnaldinho e Cunha (Neco); Volnei, Zezinho e Bona.Técnico: Luiz Carlos Fescina.
Dessa forma, o Estádio passou por um longo período sem grandes obras e acabou se tornando conhecido e querido não só pela torcida local como pelos visitantes.
Porém, nem o mais entusiasmado torcedor daqueles já distantes anos 80, iriam acreditar, mas em 2004, com a conquista da Copa do Brasil, o EC Santo André confirmava pela primeira vez na história sua participação na Copa Libertadores de América, como se pode ver nessa linda foto da Gazeta Press:
E fez se do Brunão, um caldeirão!
Mas para poder receber a disputa, o “Brunão” (o Estádio Bruno José Daniel já se fazia íntimo do torcedor há tempos) ganhou, temporariamente um aumento da sua capacidade. Na época, o amigo Thiago Fabri foi até o estádio assim que as arquibancadas ficaram prontas e fez essas fotos pros Ramalhonautas.
O cálculo da capacidade do Estádio nesse momento era difícil, porque haviam sido alterados os padrões e a capacidade inicial havia sido reduzida para 18 mil, estima-se que com as duas arquibancadas, chegou-se novamente a 20 mil lugares.
Essas arquibancadas nunca foram utilizadas. Foram feitas só pra cumprir uma obrigação.
Assim que o Santo André saiu da Libertadores, as arquibancadas tubulares foram desmontadas, voltando ao “padrão” que todos haviam se acostumado.
Tudo estava em paz até que em 2011 um burocrata teve uma ideia: Vamos derrubar aquela marquise, porque aquilo deve estar perigo…
O então Prefeito de Santo André, Dr. Aidan Ravin (PTB), anunciou uma “grande reforma do Brunão”. E assim, começou o inferno da nossa torcida.
Nunca ficou provado que era tecnicamente necessária a demolição da marquise. Estivemos lá às escondidas para registrar a demolição e recolher alguns pedaços de recordação…
O Santo André precisou atuar em cidades vizinhas como: São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Mauá e até em Araras e dentro de campo as coisas também foram mal… seguidos rebaixamentos no campeonato brasileiro e no estadual.
A resposta do torcedor foi dada nas urnas, e Aidan, que vinha com grandes chances de se reeleger viu sua carreira política ruir, como ruiram nossas arquibancadas.
Até música o Visitantes (a banda rockeira do Santo André) fez sobre esse difícil momento:
Somente em 2013, o novo prefeito (Carlos Grana / PPT) reabre o estádio com a presença dos seus torcedores.
Aos poucos as obras trouxeram um novo Bruno José Daniel, no lugar da antiga e vistosa marquise, em 2015 conhecemos uma nova arquibancada descoberta.
Em abril de 2017, voltamos a ter um sistema de iluminação.
Agora, podemos ter jogos noturnos novamente!
Por fim, o último movimento do Estádio foi receber as tendas da Prefeitura e transformar-se em um hospital de Campanha durante a pandemia do Covid 19.
Pode se dizer que o Estádio Municipal Bruno José Daniel fez mais do que a sua parte na vida dos andreenses…
Atualização: após a pandemia, o Estádio Municipal Bruno José Daniel recebeu uma grande mudança: a troca do gramado natural por artificial. Dê uma olhada em como foi a época das obras:
Mais um jogo do Ramalhão pela série A2, desta vez contra o Capivariano, equipe recém subida da série A3 e B do Paulista, que nós tanto acompanhamos.
A torcida do Santo André presente em número razoável. Novamente mais de 2 mil pessoas. Destaque para as novas bandeiras da Esquadrão Andreense.
Pra quem acha que a série A2 é moleza, esse jogo serviu de exemplo, O Capivariano atacou o tempo todo, e só não venceu o jogo porque o goleiro do Santo André defendeu um penalty, no lance abaixo.
A torcida Ramalhina ainda não se convenceu do time. Mas, frequentar o Estádio continua sendo um ótimo programa para quem ainda acredita numa vida mais sociável entre as pessoas de uma cidade.
E tivemos a chance de comemorar um golzinho… Até deu pra animar…
Encontrar os amigos e vizinho para ver futebol do time da minha cidade. É só isso que eu peço…
O sol do primeiro tempo foi embora e deu lugar a um tempo nublado que ameaçava chuva…
Enquanto isso, no intervalo, a torcida fazia a festa embaixo das arquibancadas.
Nas arquibancadas, a chuva judiava dos torcedores tanto quanto o próprio time.
Um abraço ao pessoal da Rádio 98,7 FM, de Capivari, que veio do interior para cobrir o jogo.
Terceiro jogo em 7 dias! Pra quem ficou tanto tempo sem ver o time, nada melhor do que uma overdose de futebol!
Jogo ainda sob o clima da tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul, na boate Kiss. Bandeiras a meio pau…
Outro jogo numa quarta feira a tarde, o que prejudica o público… Dessa vez, pouco mais de 500 torcedores estiveram no Estádio Bruno José Daniel.
É mais um jogo do Ramalhão, o time da minha cidade!
O Santo André fez 1×0 no segundo tempo… Gol de Leandrinho após boa jogada do atacante William.
Nesse jogo, levei o meu cachecol do Rayo Vallecano, em homenagem ao time espanhol do bairro de Vallecas e sua torcida!
As duas organizadas tem colorido o Estádio. A que fica na parte central é a Fúria Andreense. A que fica na lateral, levando os tirantes é a Esquadrão Andreense.
Para os andreenses que abandonaram o nosso time, fica nosso convite. Assistir ao Ramalhão é uma festa regional, sem violência, que reúne amigos de diferentes idades. Vale a pena apoiar!
Aqui, a rapaziada da Fúria BDC no pós jogo!
Em campo, o jogo não estava tão difícil, mas o juiz anulou dois gols ramalhinos e ainda encheu o time de cartões amarelos.
Pra piorar, a Santacruzense empatou o jogo…. 1×1.
Um resultado que só atrapalha o time e a volta do torcedor ao estádio…
Mas, como insisto em dizer, o resultado é só um número. Frequentar o Estádio do Santo André é um prazer, que precisa ser experimentado pelos moradores da nossa cidade.