18 de fevereiro de 2024. Domingo de manhã, e nosso destino é a Mooca, mais especificamente o Estádio Conde Rodolfo Crespi, o campo da Rua Javari.
Não é preciso explicar a importância da Rua Javari para o futebol dos dias atuais. Por mais que exista um monte de turistas aproveitando a tal onda do “futebol raiz”, os torcedores tradicionais do Juventus vem mantendo há décadas um clima bem bacana em suas bancadas.
Esse clima, com muita influência das barras argentinas, tem como principal responsável, o pessoal da Setor 2.
Mas sem dúvidas a Ju Jovem também tem sua parte nessa história, fazendo-se presente há ainda mais tempo, nas bancadas da Javari.
E claro, o povão que comparece e fica ali nas cadeiras cobertas também tem seu valor.
Mas, mesmo distante mais de 350 quilômetros da capital, a torcida do Atlético Monte Azul se fez presente e até estava animada no início do jogo:
Também tem o pessoal que é de Monte Azul e atualmente vive em São Paulo e pode matar a saudade do time!
Se ainda não tinham vivido a experiência de uma partida com tamanha proximidade do jogo, essa rapaziada do Atlético Monte Azul se divertiu bastante pressionando o bandeira.
Em campo, um começo de jogo parelho. Olha que boa chance de falta para o Juventus:
Mas o time do Atlético Monte Azul também criou chances durante o primeiro tempo:
Enfim, um estádio histórico, duas torcidas apaixonadas e um bom jogo em campo. É tudo o que é preciso para uma agradável manhã de futebol!
Mas o Juventus deixou de lado a preocupação em ser um bom anfitrião e a partir dos 20 minutos do primeiro tempo passou a destratar sua visita. 22″e Thiago Rubin fez 1×0 para a festa grená!
Então, com o placar já aberto vamos dividir um pouco do rolê na parte Visitante da Javari, !
Ainda no primeiro tempo, o Juventus chegou ao segundo gol, com Rayne de cabeça!
Com 2 gols e um forte mormaço (com direito a breves momentos de garoa) teve quem preferiu seguir ali da parte coberta…
Para a tristeza dos visitantes, o Juventus fez 3×0, com Liberatto selando o placar final da partida, para a tristeza dos visitantes…
Tristeza de um lado, alegria do outro… A Setor 2 sabe da importância do placar para aproximar-se ainda mais dos 8 times que se classificam para a fase mata-mata do Campeonato.
O AMA ainda tentou mas saiu da Javari sem um gol sequer…
Pausa para o momento dos encontros, começando pelo meu grande amigo e companheiro de bancadas Mário!!!
E também o novo amigo Daniel Venneri , colecionador de camisas exibindo sua belíssima camisa do Racing Club de Lens.
Abraço para os amigos juventinos que eu não pude dar um alô nessa partida…
E boa sorte pro time e pra torcida do Monte Azul, pois nesse momento estão na zona de rebaixamento…
O jogo se encerra e o placar registra… 3 pontos para o time do treinador Sérgio Soares.
A história da cidade de Monte Azul Paulista está ligada à imigração italiana que chegou ao Brasil para trabalhar nas lavouras de café do fim do século XIX.
Embora mantenha seu ar de cidade do interior, Monte Azul Paulista tem crescido bastante, pelo menos nós que ficamos 11 anos sem andar por ali percebemos a diferença.
O calor é grande por aqui… Dá até vontade de por os pés na fonte da praça…
A Mari curtiu esse espaço dedicado às crianças!
A Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus fica no lugar onde a cidade nasceu. Foi ali que colocaram uma cruz em uma imensa árvore e em seu entorno foi surgindo a povoação.
Mas Monte Azul Paulista, mesmo tendo pouco mais de 18 mil habitantes, tem um grande tesouro…um time que não só disputou o profissionalismo como chegou à série A1: o Atlético Monte Azul!
O Atlético Monte Azul foi fundado em 28 de abril de 1920 com a união dos times que já existiam na cidade. Esse é o time de 1922 (fonte: site do Atlético Monte Azul).
E esse o distintivo do período inicial do time:
O Monte Azul teve uma primeira etapa focada em competições locais, mandando seus jogos no “Campo velho” (onde hoje está o Fórum), mas a partir de 1940, com a filiação na Federação Paulista e a disputa do Campeonato do Interior a partir de 1944, o time passa a mandar seus jogos no “campo novo”.
Esse foi o grupo do Campeonato do Interior de 45:
E esse o de 1946:
E esse o grupo de 1947 (todos retirados do livro “Os esquecidos“):
Vale lembrar que nesse ano, ainda aconteceu um amistoso contra o Corinthians (os paulistanos ganharam de 2×1) perante mais de 3 mil torcedores.:
A partir de 1950, o Atlético Monte Azul passa a disputar a segunda divisão do Campeonato Paulista.
O Atlético Monte Azul disputa a segunda divisão por 3 anos com campanhas medianas e se licencia. Essa foi a campanha de estreia no segundo nível do futebol paulista:
O Atlético Monte Azul volta ao futebol profissional apenas em 1961, na terceira divisão, onde fica até 1966, quando ocorre outra parada. Esse, o time de 1964:
O time só voltou ao profissionalismo em 1975 numa aparição relâmpago disputando a terceira divisão daquele ano e de 76, com o time abaixo:
O “AMA” fica longe do profissionalismo durante toda a década de 80 e em 1990 a volta se dá na quarta divisão que teve naquele ano uma final curiosa: Cortinhians de Presidente Venceslau (o campeão) x Palmeiras de Franca. A partir de 91, o Atlético Monte Azul volta à terceira divisão, esse é o time de 1992:
Em 1993, acabou rebaixado para a quarta divisão, retornando em 1995 para a terceira, graças ao título de 1994:
Entre altos e baixas, o time voltaria a ser campeão da quarta divisão 10 anos depois, em 2004.
Em 2007, sagra-se vice campeão da A3, voltando à série A2 depois de mais de 50 anos.
Os dois anos seguintes foram mágicos. O retorno à série A2 e logo a despedida… Mas dessa vez, a despedida foi positiva, o título inédito da A2 levou o Atlético Monte Azul à série A1!
Tudo bem que foi apenas um ano na série A1, mas foi incrível… E a campanha nem foi tão ruim… Foram poucas derrotas e partidas inesquecíveis…
De volta à série A2, o Monte Azul acabou rebaixado em 2016 para a série A3, de onde retornou com o vice campeonat ode 2019.
Assim, nossa missão na cidade de Monte Azul Paulista era registrar o Estádio que foi palco de tantas histórias!
Trata-se do Estádio Otacília Patrício Arroyo que até 2009 era chamado de Estádio Ninho do Azulão, ou Estádio do Atlético Monte Azul.
O Estádio foi inaugurado em 6 de agosto de 1944, numa derrota de 1×0 para o Barretos.
Em 2010, o estádio passou por uma ampliação, para atender a capacidade exigida pela Federação (15 mil lugares).
Nosso tradicional registro do campo (onde aqueciam as equipes sub 17 do Atlético Monte Azul e do Batatais, que se enfrentariam na sequência.
A torcida do Monte Azul já havia deixado suas faixas em campo!
O Estádio possui uma pequena parte de sua linda arquibancada coberta, onde ficam as cabines de imprensa.
É sempre uma grande honra poder registrar nossa presença em estádios com tamanha história e tradição! Agradeço ao Galo, da diretoria do Monte Azul pela liberação da nossa entrada para o registro!
O estádio lembra um pouco os do futebol argentino, com arquibancadas em ambas as laterais e atrás dos gols.
Placar tradicional, presente!
Abaixo das arquibancadas ficam os vestiários e estrutura do time.
Abraço a equipe técnica da base do Atlético Monte Azul!
Na hora de ir embora, é impossível não ler a inscrição que lembra o título da A2 de 2009 e tudo pelo qual aquele estádio passou na série A1 de 2010…
Um último olhar para as arquibancadas singelas, mas cheias de atitude, de um time que ousou desafiar a lógica e trouxe praticamente todos os times do estado de São Paulo a sua casa.
Nos próximos dias vou dividir por aqui o rolê que eu e a Mari fizemos registrando os estádios do Noroeste Paulista nesse feriado de 7 de setembro de 2021, quando saímos de Santo André e fomos até a cidade de Selvíria, no Mato Grosso do Sul, na outra margem do rio Paraná, que você vê aí abaixo, no lado paulista, na margem de Ilha Solteira.
Foram 24 cidades visitadas para terem seus estádios registrados. Pela ordem da viagem, nós passamos em 1) Guariba, 2) Monte Alto, 3) Bebedouro, 4) Monte Azul, 5) Severínia, 6) Riolandia, 7) Cardoso, 8) Votuporanga, 9) Fernandópolis, 10) Palmeira D’oeste, 11) Aparecida D’oeste, 12) Ilha Solteira, 13) Selvíria-MS, 14) Pereira Barreto, 15) Auriflama, 16) Araçatuba, 17) Guararapes, 18) Buritama, 19) Promissão, 20) Guaiçara (o Estádio Municipal Virgilio Zanotto – da foto abaixo – entrou como bônus por ser o único que não recebeu ao menos uma edição do Campeonato Paulista profissional, independente da divisão), 21) Getulina, 22) Lins, 23) Cafelandia e 24) Pirajuí.
Essa é uma viagem que planejávamos há anos e, como sempre, não envolveu apenas futebol, mas também um pouquinho da cultura e da história de cada cidade e também as belezas naturais do interior paulista, como essa praia em pleno rio Tietê na cidade de Buritama.
No final das contas deu tudo certo, pudemos conhecer gente nova, muitos lugares legais e misturar o futebol nesses montes de quilometros que rodamos