Ainda no Vale do Paraíba, vamos conhecer a triste história do fim do futebol de Lorena!
Assim como a maioria das cidades, Lorena também é cortada pela estrada de ferro.
Eu sou apaixonado pela Ferrovia e confesso que me emocionei ao reviver uma sensação que há tempos não tinha:
Incrível como existem verdadeiras obras da arquitetura ainda preservadas nas cidades do interior, com destaque para o Solar dos Azevedo:
O Solar dos Azevedo é pertenceu ao comendador Antônio Clemente dos Santos e, posteriormente, a Rodrigues de Azevedo, daí o nome.
Atualmente,é de propriedade do bispado de Lorena.
Mas, estamos aqui pra falar de futebol!
E a história é triste. Falamos do Esporte Clube Hepacaré e do seu “ex-tádio”.
O Esporte Clube Hepacaré foi fundado em 7 de setembro de 1914 e fez história ao disputar dez edições da série A3 do Campeonato Paulista (de 1956 a 58 e de 1960 a 66) e duas edições da série A2 (em 1959 e em 1973).
Ficou conhecido também porque contou com Dondinho (pai do Pelé) como atleta nos anos 40.
O time mandava seus jogos no Estádio General Affonseca.
A inauguração do estádio foi grande estilo, em 30 de março de 1941 num jogo contra o Fluminense, que acabou 5×0 para os cariocas, e quem apitou o jogo foi um tal “Arthur Friedenreich”.
O time do Hepacaré marcou época na cidade e na região, chegando a jogar contra o nosso Santo André na A2 de 1973.
O estádio se segurou até mesmo anos depois do time se licenciar das competições oficiais.
As fotos abaixo foram feitas em 2008 pelo pessoal do Jogos Perdidos (clique aqui para relembrar a visita deles ao estádio) e elas mostram como estava o estádio, desde sua entrada…
Até a parte interna. Perceba o cuidado nas cadeiras da arquibancada.
Ainda que com uma pintura gasta, o estádio estava de pé e bem vivo!
O gramado irregular, mas dentro dos limites do futebol amador que é a realidade do Hepacaré desde os anos 70.
A bela arquibancada coberta, com as palmeiras ao fundo.
Eu já havia lido esta matéria do pessoal do Jogos Perdidos (aliás, obrigado por terem conseguido registrar o General Affonseca ainda “vivo”) e contava os dias até que a oportunidade de ver e reforçar o registro que eles fizeram 11 anos atrás (escrevo este post em 2019).
Logo, chegamos ao endereço do estádio…
A triste notícia… O endereço estava certo… Os errados somos nós…
Olho para uma foto do passado…
Comparo com o presente… As palmeiras estão lá, mas tudo está errado…
Ainda existe um mísero pedaço do que outrora foi a arquibancada da torcida do Hepacaré.
Fiz questão de ir até lá e pelo menos pisar nesses poucos degraus de cimento, onde tantas emoções foram vividas…
O antigo Estádio da rua Conselheiro Rodrigues Alves não resistiu ao poder do dinheiro… O valor do imóvel na Vila Hepacaré injustificava a existência de um time amador de futebol e sua sede. Suas piscinas e sua sede, onde o funk rolava desde os anos 90 ficaram pra traz.
Em 2011, faltavam apenas três anos para o centenário do clube, mas ele não resistiu. O EC Hepacaré estava falido.
Menos de um ano depois, sua sede foi leiloada (R$ 5,3 milhões, aplicados não sei como) e em 2017, nascia mais uma unidade do Supermercado Nagumo.
Antes de ir embora, encontrei mais uma parte do estádio… Uma parede que parece separar a recordação da realidade.
As tradicionais paredes amarelas ainda estão ali dentro…
Se doi pra quem nunca viu um jogo, imagine para quem chegou a jogar ali…
Não há o que falar…. Nós perdemos… Fica de recordação a camisa do amigo Fred de Taubaté:
Pra quem quiser uma lembrança, o site Só Futebol comercializa réplicas das camisas dos times extintos, como o EC Hepacaré.
Mais uma história do ano passado (2016), quando fomos até Assis ver o VOCEM jogar.
No caminho de volta pra Santo André, viemos pela Raposo Tavares e pudemos registrar mais um estádio, dessa vez, em Piraju.
Como sempre gostamos de fazer, antes de apresentar o estádio, um rápido olhar sobre a cidade, considerada estância turística, graças ao seu potencial natural, em especial ao Rio Paranapanema e à represa.
Vivem cerca de 30 mil pessoas na cidade.
Olha aí o cemitério Municipal…
Deixando a morbidez de lado, vamos ao tema da nossa visita, o Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes, casa do time do Piraju FC.
O Piraju Futebol Clube foi fundado em junho de 1957 (ou seja, completaria 60 anos esse mês, se ainda estivesse em atividades).
Aqui, o time de 1958:
Em 1962, o time fez história ao vencer o São Paulo por 2×1, em uma partida amistosa.
Dizem que mais de 6 mil pessoas teriam comparecido a este embate no Estádio Municipal.
O time participou 13 vezes da terceira divisão do Campeonato Paulista de Futebol, entre 1962 e 1968, depois em 1980, 1981, 1982, 1984, 1986 e 1987.
Aqui, o time de 1981:
Aqui, em 1982:
E por fim, o time faria em 1991 na quarta divisão sua última participação até o momento em campeonatos oficiais.
Essa foto é do time em 1990, e ficou na história por contar com Alexandre Escobar Ferreira, goleiro que iria para o São Paulo (seria o substituto de Zetti) e que infelizmente viria a falecer no início de sua carreira.
O Estádio Municipal Gilberto Moraes Lopes tem capacidade para mil espectadores.
Vamos dar uma olhada?
O estádio fica em um quarteirão bem tranquilo da cidade.
E é um daqueles campos em que a natureza ainda está bem integrada com as arquibancadas…
No site do pessoal do Jogos Perdidos existe um posto específico sobre o estádio, clique aqui para acessá-lo e ver outras informações e imagens como essa, da arquibancada interna (que acabei não fotografando…):