St Pauli: Futebol, punk rock e atitude!

DSC00139 Esse post mostra como a camaradagem, a amizade, a música e o engajamento social podem conviver com o futebol, mostrando que mais do que um esporte é uma verdadeira cultura, talvez mais vivida por quem torce do que por quem joga.

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Esse rolê, começou ainda no Brasil, quando conhecemos o Marten (esse alemão doido de touca marrom, do lado da Mari) e o convidamos para conhecer um pouco do ABC. Entre outras diversões, ele visitou o Estádio Bruno José Daniel e ainda bateu um papo com o até então capitão do Santo André, Junior Paulista.

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Mas enfim, eis que no final do ano que passou (2014) mais uma vez conseguimos fazer um role internacional e como estávamos na Europa, não podíamos deixar de enfim conhecer o Estádio Millerntor, a casa do St Pauli, um dos times mais punk do mundo!

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Esse é o time do St Pauli, conhecido por sua postura politizada (tanto entre torcedores quanto dirigentes e até jogadores) e pelo seu carisma. Entretanto, esse ano o time está em uma má fase, ocupando as últimas colocações da série B da Alemanha.

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Mas… Se a fase dentro de campo parece ter problemas, nas arquibancadas o clima é indiscritível… Punks, skinheads, rockeiros em geral, além de famílias, amigos e uma diversidade de gostos, roupas e pensamentos que mais parecia um festival alternativo.

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E dá lhe punk rock, tocado nos altofalantes do estádio e cantado pela torcida nas arquibancadas.

Pra quem ficou curioso, segue o link com o som original:

Ah, e não estamos falando de uma arquibancada com meia dúzia de gato pingado, não, são cheias e cantando a todo momento!

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E a gente foi cantar junto!

Pra quem não tem ideia do que seja o St Pauli, vale lembrar que a torcida e o time são declaradamente antifascistas e contra o nazismo, e eles fazem questão de deixar isso claro não só no Estádio, mas por toda a cidade. Entra no Translator do Google e veja o recado que eles espalharam pela cidade:

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E falando mais sobre os “arredores” do estádio, o estabelecimento mais comum por ali são os pubs ligados ao time. Aliás, os caras bebem muita cerveja…

DSC00076 E mesmo a gente que não é tão fã de cerveja, entrou no clima e antes mesmo de chegar ao estádio já mandamos ver na AMSTEL, cerveja patrocinadora do time.

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Agora, tem um negócio lá que eu achei muito louco e muito diferente do que temos aqui.

Além dos tradicionais vendedores ambulantes de comida e bebida espalhados pela rua (lá, são tipo uns food trucks nas ruas próximas), eles tem uns espaços (lembram os centros contra culturais aqui do Brasil) na parte inferior do estádio, chamados “Fanräume”.

DSC00085 E são vários espaços, que servem de ponto de encontro para a torcida e também acabam virando a sede de diversos movimentos sociais que nascem nas bancadas do estádio. Ali, você encontra muita cerveja, alguma comida (quase tudo vegano), muitos fanzines e muta gente legal. Lembra os shows punks dos anos 90, quando todo mundo estava eufórico para dividir angústias, experiências e celebrar a vitória do anarquismo frente à realidade, mesmo que só durante aqueles momentos. DSC00086 Segundo nossos amigos locais, os diversos espaços geridos pela Fanladen são independente do clube e rolam até shows (o Los Fastídios iria tocar ali, dias depois do jogo). Mas, voltemos para o estádio…

A primeira diferença que percebe-se é o visual, tomado por grafites, bandeiras e interferências sempre politizadas no sentido do respeito à diversidade de pensamentos. Por exemplo, a relação com o público GLTS, que no Brasil ainda está caminhando, lá é encarado com super naturalidade.

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Outra coisa que fica clara logo de cara é que lá, a cerveja é liberada. E mais do que isso, eles bebem bastante e numas canecas de plástico, temáticas do time (embora lindas, acredite ou não, ao final do jogo a maior parte do público as devolve para que sejam reutilizadas na próxima partida).

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Essa teve que vir conhecer o Brasil…

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O resultado de tanta cerveja é uma incrível narração em Português no meio da torcida alemã…

Outra coisa que lá ainda mantém-se fiel às origens do futebol, são as bandeiras com mastro. E além disso, mais bandeiras com dizeres políticos do que preocupadas em falar sobre o nome da torcida, como acontece aqui no Brasil.

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E no meio do jogo ainda sobem mais e mais faixas para protestar enquanto se torce.

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A cultura dos adesivos também é bem presente no estádio e pela cidade.

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Eu queria ter registrado em vídeo os momentos mais emocionante do jogo, por exemplo quando o time entra ao som de Hell’s Bells, mas a emoção foi maior e eu preferi só viver o momento, só deu pra bater uma foto…

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Antes do começo do jogo, o tradicional “bolinho” (Vamo lá, vamos ganhar!).

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Mas… Para não dizer que eu não capturei nenhum momento mágico em vídeo, fica aí a comemoração do primeiro gol, ao som do Blur.

Pra quem não conseguiu ouvir ou não lembra, esse é o som que toca na hora do gol:

Enquanto isso, o time comemorava em campo!

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Vale citar que a torcida visitante (do VfR AaLEN) também esteve presente, e embora segundo nossos amigos locais, eles tivessem certo teor de rivalidade, não houve nenhum tipo de incidente. Eles ficaram meio isolados ali no canto do estádio.

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A história foi mágica. Talvez muitos não se identifiquem com o teor político / anarquista do time / torcida (e eu respeito, afinal, cada um pensa de um jeito), mas ao mesmo tempo, espero que entendam que para nós, que temos essa semente da liberdade plantada em nossos corações, essa experiência foi incrível…

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Ah, e teve futebol também hehehehe. O time do St Pauli, que vinha numa má fase, fez seu melhor jogo do ano (segundo os torcedores), o que fez de nós brasileiros de boa sorte hehehe!

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Tem também o papel picado, porém, lá, o papel é meio que picotado mecanicamente, bem direitinho hehehehe…

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Como fazem falta as bandeiras com mastros nos nosso estádios, hein?

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Mas, a felicidade nos corações dos torcedores… Essa é a mesma na Alemanha, no Brasil, na Argentina…

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Vale lembrar um detalhe que não fica claro nas imagens calorosas.

Estava frio. Muito frio. E pra piorar, antes do jogo, pegamos uma bela chuva na cabeça (somada a um frio de uns 3 ou 4 graus)… Só nos restava o calor humano! Por isso tem tanta comemoração usando cachecóis… Eles são peça indispensável no vestuário alemão…

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Mas que fica legal essa imagem de todo mundo com os cachecóis a mostra, fica hein?

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Hmmmm, não sei o que dizer dessa imagem que só depois de feita revelou um papai noel pulando a cerca!

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Fim de jogo! FC St. Pauli 3×1 VfR AaLEN

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Mas, não significa que é o fim da festa. Diferente da maioria dos times, assim que o jogo acaba, os jogadores voltam-se para cada setor do estádio saudando a torcida e comemorando juntos!

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Ao menos, aparentemente, pareceu ser algo bem espontâneo, não uma regra que deve ser cumprida. Confesso que quero muito levar essa ideia para o Santo André.

Hora de dizer tchau… Ou quem sabe um “até breve” às arquibancadas punks de Hamburgo… St Pauli, obrigado pelos exemplos…

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APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

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Mais diversão com a Copa 2014 – A visita do TANGO 14 ao ABC

“O tempo te ensina a valorizar mais a amizade, porque isso não se vende e tampouco se pode comprar”.

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Foi com letras como essa que o TANGO 14, banda de “rock de rua” de Buenos Aires, decidiu cruzar a América do Sul em uma kombi e vir até o ABC, pra mostrar seu som e curtir um pouco do clima da Copa do Mundo. Esse é a música que contém a citação acima:

Conhecemos o pessoal do TANGO 14 há alguns anos, em uma de nossas passagens pela Argentina, se não me engano, em 2009: tango Quem diria que anos depois, estaríamos juntos aqui no ABC, conversando sobre a vida, o futebol, política e dia a dia… E claro, curtindo o som dos caras, graças ao esforço do pessoal da banda 88Não!!!

A mistura de viagem e turnê foi feita de maneira totalmente independente, sem patrocínio nenhum, só contando com a força da amizade entre pessoas que preferiram desprezar os preconceitos entre brasileiros e argentinos tão incentivado pela mídia e por um bando de idiotas.

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Aqui no ABC, quem recebeu o pessoal e ofereceu a própria sede para que eles ficassem hospedados foi a rapaziada da Torcida Fúria Andreense:

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O pessoal da Fúria Andreense foi muito responsa e conseguiu lugar para todos dormirem e ainda dividiram experiências, cervejas, histórias, comilança…

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As aventuras desses 9 argentinos pelas estradas do Brasil foram muitas. Pra se ter uma ideia, eles saíram de Buenos Aires em 2 veículos, porém, chegando em Porto Alegre, um deles teve um problema com o motor e teve que ficar no conserto, a solução foi alugar uma kombi e fazer o percurso RS-SP nela. Ali no fundo dá pra ver a famosa kombi heehehe:

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Com isso, eles acabaram chegando um dia depois do esperado e tendo que cancelar o primeiro show deles, que seria na Zona Norte de SP, numa sexta feira.

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Enquanto isso, seguíamos “monitorando” a viagem via celular, Internet, Whatsapp e as vezes passávamos algumas horas sem contato, imaginando onde eles haviam se perdido hehehe.

Enfim, no sábado, depois de alguma espera, finalmente o TANGO 14 fez sua estreia em terras brasileiras…

Guillerme foi à loucura….

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Eles puderam tocar quase todas as músicas de seu primeiro disco para um público que misturava punks, rockeiros e torcedores, como já de costume em seus shows!

tango 14 sonia maria O show contou ainda com a participação de bandas como 88Não, Chagas e até uma palhinha do Tercera Classe banda que eu tocava nos anos 90. tango no sonia Mais do que um show, a presença do TANGO 14 no Sônia Maria, um lugar histórico para o Punk Rock do ABC foi um momento de união entre amigos!

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Já era madrugada quando deixamos o pessoal na sede da Fúria Andreense, onde o pessoal da torcida ainda  os aguardava para conversar…

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No dia seguinte, foi a vez de tocarem em São Paulo, no Centro de Cultura Marginal e mais uma vez, show e clima inesquecíveis!

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Pudemos participar de um momento incrível unindo TANGO 14 e 88Não! tocando um som do 2 minutos:

O role foi muito bacana por lá e novamente misturou punx e torcedores…

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Como a banda é formada por gente que depende de seus trabalhos para viver o dia de amanhã, o Tango 14 teve que voltar cedo pra Buenos Aires, só o baterista Adrian pode ficar e deu sorte à seleção Argentina, no jogo da semifinal!
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Despedimo-nos desse post mandando um forte abraço aos hermanos Tommy, Adrian, Neco, Fernandinho, Juanjo, Nicolas, Cuki (el capo de FerroCarril) e aos irmãos Ariel e Cesar Escalante.
É isso aí… Apoie o time da sua cidade, mas antes de mais nada, apoie seus amigos das arquibancadas e das ruas, sejam elas ou não da sua cidade…
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O dia em que o Easton Cowboys conheceu o Ramalhão

Essa é das antigas! Já que estou falando do role da Europa, vou recordar a passagem do time do Easton Cowboys and Cowgirls pelo Brasil em 2009. MAIO 043 O Easton é uma equipe de futebol (entre outros esportes) criada em 1992, em Bristol, Londres. O site deles é http://eastoncowboys.org.uk . Essas fotos são apenas um registro de quando eles foram assistir uma partida do Santo André. MAIO 039

Apoie o time da sua cidade!!

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Primeiro jogo do ano: Rayo Vallecano x Getafe

Então, começa 2013… Que seja um ótimo ano para todos nós! E para ajudar a torná-lo inesquecível, o nosso primeiro jogo tem grandes chances de ser o melhor do ano! Em nossa última noite por Madrid, fomos até o bairro de Vallecas para enfim conhecer o time e a torcida do Rayo Vallecano!

Esse ano, o time até lançou um livro sobre sua história: “Vallecas y el Rayo Vallecano“.

Infelizmente, o valor do Euro não me permitiu trazer a camisa do time, mas trouxe um cachecol, comprado ali, na porta do Estádio “Vallecas Campo de Futbol”, antigo Teresa Rivero que aliás, fica literalmente em frente à estação “Portazgo”, do Metrô.

Vallecas é um lugar único. É um bairro que já foi cidade, cheio de histórias e tem até brasão. Para completar o cenário, a população local tem seu próprio time e seu próprio Estádio…

Como eu disse, o metro para em frente das bilheterias laterais, porém, não tinha nenhuma aberta, tivemos que ir até a bilheteria central comprar nossos ingressos.

O preço mais barato é 18 Euros, junto da galera do Los Bukaneros, mas estavam “agotadas”…

O jeito foi ir a um lugar nas laterais, que nos custaram 30 Euros, cada, ou seja, é caro torcer em Madrid…

Passeando pelo entorno do estádio pudemos ver a polícia local, não tão a paisana como imaginávamos.

Algumas inteferências nos muros, mostram que Los Bukaneros estão na ativa há 20 anos, desde 1992 (21, agora). O site deles é www.bukaneros.org

Ainda antes de entrar, deu pra tirar uma foto do ônibus do GETAFE, pro Anderson, lá de Curitiba. A qualidade tá ruim porque tava bem escuro…

E enfim, chega o momento de conhecermos pessoalmente esse estádio, seu time e principalmente sua torcida…

A cena chega a ser engraçada. Eu e a Mari parados ali, em frente ao campo, por 5, 6 minutos, até que um cara da administração diz que não podemos ficar ali em pé… Mas o momento era mágico, merecia dedicação. Os Deuses do futebol capricharam em Vallecas!

Incrível como as fotos e os vídeos trazem tão pouco daquela atmosfera. Ok, sei que não sou um fotógrafo de primeira linha, mas mesmo assim. As imagens não traduzirão nunca o que as pessoas construiram em Vallecas.

Ficamos na segunda fileira de cadeiras bem perto do campo, como costumamos fazer, em Santo André. Nos sentíamos em casa e ali, ao nosso lado esquerdo, estava a torcida “Los Bukaneros” com seus cantos, faixas, bandeiras e animação.

E o jogo rolava ali, bem pertinho da gente.

Aliás, o time do Rayo está bom nesta temporada, e em especial nessa noite, eles jogaram muito, com muitas jogadas de linha de fundo, o que fez a gente estar bem perto da ação.

O melhor da ação é o momento do gol… O vídeo está bem realista com o que a gente estava vivendo… Estávamos em êxtase, sem saber pra onde olhar hehehe.

Nessa foto, dá pra ver o momento em que o estádio inteiro levanta seus cachecóis! Como é muito frio (ao menos nessa época), você quase não vê pessoas na arquibancada com a camisa do time, afinal estão com um monte de blusas por cima, mas os cachecóis estão sempre a mão. Essa noite estava uns 4 graus quando saímos para ir pro jogo.

Os cantos da torcida são sempre de apoio ao time criticando racismo, xenofobia e as atitudes da polícia.

Recentemente um jovem ativista de Vallecas, chamado Alfon Fernandes foi preso a caminho de uma manifestação e acabou se tornando o ícone da crítica à ação policial, tendo seu nome cantado pelas ruas e estádios. E quando a torcida manda mensagem, é assim:

Participamos de uma manifestação nas ruas centrais de Madrid e pudemos ver seu nome em várias faixas e nos adesivos que eram distribuídos.

Tirei muitas fotos da torcida, pois sei que não voltarei tão cedo para lá e quero muito guardar essa imagem na mente, principalmente das bandeiras com mastros, ainda permitidas por lá e que geram um espetáculo visual!

Dê uma olhada nas bandeiras em movimento:

Em campo, o time mandava bem e fazia 3×0. E a gente ali, acompanhando tudo… A emoção era tanta que nem demos muita bola para um capítulo normalmente essencial: As comidas de estádio. Lembro que no bar, vendiam os tradicionais salgadinhos (destaque para semente de girassol que lá é vendida como amendoim), água, refrigerante (não reparei se tinha cerveja), mas flagramos uma galera que levou uma torta!! Dando uma olhada para outros ângulos do Estádio, aqui, a galera que estava do mesmo lado nosso,mas lááá na outro lado, perto da linha de fundo.

Outro grupo tradicional presente no estádio são os “Pena Rayista Ultramarinos“, que eu não conheço, mas vi várias faixas. Se alguém souber, pode postar comentando…

A animação era tanta que nem vimos o GETAFE diminuir para 3×1. E mais mensagens contra o capitalismo! E mais festa…

Ahhhhhhh, 2013, futebol, rock e revolução em nossas mentes… A torcida do GETAFE não compareceu. É um time de uma cidade próxima de Madrid, mas que não tem muitos torcedores.

O Rayo Vallecano conta ainda com um brasileiro no time, Leo Baptista, que na semana seguinte a este jogo acabou se lesionando. Já no final do jogo, percebemos que o negócio era mesmo ter ficado lá no meio de Los Bukaneros, porque como em todo estádio, tem horas que a torcida dá uma “descansada” e ali no meio, a galera assistia sentada mais comportada… Do outro lado, também vinham alguns gritos animados!

Para terminar, que tal cantar a tradicional música imortalizada pelo SKA-P, junto da torcida local?

APOIE O TIME DO SEU BAIRRO!!!

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Futebol e Punk Rock…

Desde quarta-feira (28/03/2012) até ontem, (sábado , 31/03/2012) aconteceu no SESC Pompéia o festival punk “O FIM DO MUNDO, ENFIM”, reunindo diversas bandas de São Paulo, além do Garotos Podres daqui do ABC, Attaque 77 da Argentina e Devotos de Pernambuco. A ideia do festival é dar sequência ao “COMEÇO DO FIM DO MUNDO”, realizado pela primeira vez em 1982 no mesmo local e que teve outra edição no Tendal da Lapa em 2001 (A UM PASSO DO FIM O MUNDO). Apesar da boa estrutura oferecida pelo SESC e de terem possibilitado a volta do ATAQUE 77 ao Brasil, após mais de dez anos de ausência, choveram críticas aos organizadores. A principal delas veio dos punks do ABC que mais uma vez se sentiram minimizados na participação. Bandas como DZK (que participou do Começo do Fim do Mundo), Subviventes, Hino Mortal, Ulster, Grinders, 88Não entre outras mais uma vez ficaram de fora dos shows. Segundo alguns devido a falta de “carteirinha de músico”… Estranho, não? Restou como consolo a presença dos veteranos “Garotos Podres”, que aos poucos tem perdido sua podridão substituindo a força política de suas letras por piadas infantis, mas que ainda sim… são os Garotos Podres e ouvir os acordes iniciais de “Garoto Podre” no começo do show ainda chega a arrepiar. Para um festival deste porte, também sentiu-se a falta de outras bandas. de outros estados ou mesmo de São Paulo que representam de modo mais real a cena punk dos últimos 30 anos. Na real, o que tem acontecido é que há muita gente de saco cheio de “alguns” monopolizarem a relação da cena com a sociedade em geral. Por mais que ele se esforce, ele está fora do role autêntico. É muito poser e paneleiro. Por fim, o show de domingo, que iria reunir bandas como Cólera, Olho Seco, entre outras e que seria GRATUITO acabou cancelado pelo medo do alto número de pessoas e de possíveis problemas. O rei do punk rock foi mesmo “inocente” ao achar que não iriam colar milhares de punks num som como este. Mas, falando dos shows, estivemos presentes na sexta-feira, dia em que os amigos argentinos do ATAQUE 77 tocaram ao lado dos nossos conterrâneos  Garotos Podres e dos amigos do Flicts, banda que abriu a noite. O show do Flicts foi intenso, cheio de novas canções que aos poucos vão ganhando a força dos seus já tradicionais hits como “Amigos”, “Despedido” e “Briga de Bar”. O Flicts se transformou na maior banda politizada atualmente, são anti-fascistas e estão diretamente ligados à cenas punk, rash, etc, além disso… fazem um puta som.

Depois do Flicts chegou a vez do ATTAQUE 77, pela primeira vez tocando no Brasil sem o ex-vocalista  Ciro. O show foi composto apenas de clássicos da banda levando ao delírio aqueles que como nós são fãs de punk rock latino.

 

Vale citar o grande número de camisetas de futebol argentino que estavam presentes, a começar pela Mari com a do All Boys:

 Mas tinha gente com a do Racing…

Do San Lorenzo… E dá-lhe rivais portenhos em pleno show! A77aque, All Boys e Chacaritas!!

O show foi daqueles pra ficar na memória dos brasileiros e também dos demais latino-americanos que ali estavam.

Na foto abaixo tem a gente do Brasil e mais amigos de Perú, México, Argentina e Chile! Somos ou não somos latinos? Depois do show do A77aque, assistimos apenas algumas canções do Garotos e fomos reencontrar os amigos argentinos. Mais do uma grande banda, os caras são gente muito boa, com quem mantemos contato desde a primeira vez em que o Ataque 77 veio ao Brasil. Pena que o Daniel (do 88não! desfocou a foto hehehehe):

Abraços ao Mariano, guitarrista e atual vocal a banda!

E pro Mundy, que alem de cuidar da banda ainda bate uma bola melhor que muito profissional!

Mais uma história com punk rock e futebol envolvidos. A vida não precisa ser tão complicada, né?

Por  fim, abraço ao amigo que andava sumido… Gabriel Uchida!!! Cidadão Cosmopolense!

Somos latinos! Punks, boleiros…

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Desequilibraram o jogo…

Nem sempre consigo escrever as coisas sob o calor dos acontecimentos.
O que é bom, porque assim consigo ser um pouco mais racional, mesmo em assuntos mais delicados.
O mês de setembro (em setembro…) fechou de uma maneira muito triste.
O jogo da vida, ao menos da que eu vivo, sofreu uma influência bastante decisiva.
O time das pessoas que sonham em mudar o amanhã perdeu a presença de Rédson, vocal e guitarra do Cólera, entre outras bandas que ele teve durante a vida.

Pra quem ama futebol, mas não sabe o que é o Cólera, eu diria que eles são mais ou menos como o Juventus.
Paulistanos, mega importantes para a história do rock, em específico do punk rock independente da cidade, e deixados de lado pela grande mídia que prefere olhar para as mesmices do dia a dia.
Mas, mais do que influenciar musicalmente, os discos do Cólera colaboraram demais no processo de formação educacional e social de muitas pessoas, entre elas, eu.
De seus discos (Tente mudar o amanhã, Pela paz em todo mundo, Verde, não devaste, Mundo mecânico, mundo eletrônico, Caos mental geral e Deixe a Terra em paz) saíram ideias, pensamentos e atitudes que serviram de inspiração para meu comportamento desde a década de 80.
Mas só nos anos 90, quando já estava envolvido diretamente com o movimento punk, onde não existem fronteiras entre bandas, fanzineiros e punks em geral, entrei em contato pessoalmente com o Redson.
Na época organizamos um show inesquecível no Planeta Rock, em São Bernardo do Campo.
Mais de duas horas de som, que ficaram na memória do pessoal até hoje.
Anos mais tarde, devido ao meu trabalho, uma vez por semana eu tinha que ir do ABC até o Capão Redondo e por vezes passava na gráfica onde ele trabalhava pra batermos papo sobre punk rock, sobre a história do Cólera e claro, sobre política, ecologia e  a sociedade em geral.
Aos poucos a figura da referência musical (quase um ídolo, ainda que no meio punk sempre tenhamos repudiado essa denominação) dava espaço à pessoa Redson. Confesso que no fim dos anos 90, início dos anos 2000 meu posicionamento foi ficando bastante radical e por vezes fiquei chateado com o Cólera por coisas como eles cobrarem para tocar nos festivais que a gente armava, ou por exigirem um equipamento que na época eram quase inacessíveis para nós, punks do ABC.
Mas os anos passaram, eu amadureci e o som do Cólera sempre me acompanhou. Tornei-me vegetariano, passei a atuar com outros grupos de contra cultura, entre eles o Ativismo ABC, com o qual conseguimos por fim alugar uma casa para sediar eventos como palestras e debates.
Logo, quis levar atividades relacionadas ao punk para dentro da Casa da Lagartixa Preta Malagena Saleroza (sede do Ativismo ABC) e me peguei pensando em como levar uma atividade punk sem relacionar com um show, propriamente dito.
Nascia ali a ideia de comemorar os 30 anos do Cólera, não apenas com um show, mas uma palestra do Redson sobre a evolução da cultura underground.


Como complemento, organizamos ainda, junto do pessoal da COBAIN (Cooperativa de Bandas Independentes do ABC) um show, no Sonia Maria, bairro operário de forte tradição punk.

Foi tudo muito legal e o Redson tornou-se ainda mais presente no ABC, não só pra tocar, mas para visitar os amigos.
Tivemos a chance de acompanhar o Cólera com a banda Tercera Classe por algumas vezes, creio que a última delas no Outs, em SP.
Mas o tempo é arisco e quando vimos, mais 6 anos tinham se passado e embora nos encontrássemos em alguns shows, nunca mais tivemos a oportunidade de sentar e bater um papo.
Recentemente, ainda comentava com a Mari sobre a felicidade em termos assistido ao Cólera, no Kazebre.

Ver o Cólera já não era algo tão raro, como antigamente. Talvez por isso não tenha dado àquele show a devida importância.
O facebook passou boa parte do ano me lembrando que talvez eu conhecesse “Redson Pozzi”, graças aos vários amigos em comum.
Mas, sou teimoso. Não gosto da ideia de retomar uma amizade pela internet. Esperava um reencontro pessoal, pra aí sim voltar a papear pela internet.
O reencontro pessoal não veio.
Veio a notícia, pela manhã. A notícia não, o boato.
Não podia ser real.
Mas era.
Não houve oportunidade para um último papo, uma última história.
Fica a saudade e o sentimento de perda.
Vai-se uma grande referência.
O jogo da vida fica cada vez mais triste e difícil pra quem não quer jogar do jeito errado…
Segurem-se amigos. São tempos difíceis…
Redson, fique em paz…

Cock Sparrer em SP

O show foi fantástico, inesquecível para quem curte a banda.

Mas… assim como no futebol, a violência esteve presente e acabou levando a vida de uma pessoa, além de ferir gravemente outa num incidente ideológico.

É difícil conseguir guardar tantos sentimentos distintos que vem ao coração ensses momento. Sem dúvida a alegria do show, ao menos pra mim, foi bastante contaminada pela tristeza da violência exagerada.

Gente, vamos pensar mais antes de agir…

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