Domingo, 4 de fevereiro de 2024. 11horas da manhã. 5ª rodada da série A1. O Estádio Bruno José Daniel vê uma torcida apaixonada à beira do desespero, implorando por uma vitória para a sequência do campeonato… E ela não veio…
Em campo, embaixo de um forte mormaço que cobriu o ABC por todo o fim de semana, duas equipes em momentos diferentes: o RedBull que começou mal e começou a reagir e tem um ano com calendário cheio contra um Santo André que ainda não se encontrou.
O jogo de hoje foi a primeira partida do Davi em um estádio! Seja bem vindo a essa loucura!
Sempre importante destacar a presença da torcida visitante. Só quem viaja para acompanhar seu time fora de casa sabe como é difícil se fazer presente.
Em campo… Infelizmente tivemos mais uma manhã de sofrimento para o torcedor ramalhino… O primeiro tempo virou 0x0.
Nossa torcida segue apoiando, mas as críticas crescem conforme os resultados não vem.
No 2º tempo, veio a chuva e o gol do RedBull, com um petardo de Gustavo, de fora da área. O Santo André chegou a empatar com Bruno Michel, dando um sabor de esperanças às bancadas…
Mas, o Ramalhão levou o 2º de Eduardo Sasha, em um cabeceio após cobrança de escanteio… Não há muito o que falar. O momento é difícil e ainda oferece um caminho para escapar da série A2, mas é preciso que as coisas mudem…
Um dia muito especial para a torcida do Santo André! Mais uma vez, contrariando as estatísticas chegamos às quartas de final do Campeonato Paulista, sem dúvidas, o estadual mais difícil do Brasil. Então, ao som do Tango 14 fomos até Bragança conferir o que prometia ser uma incrível peleja!
Bragança não é assim tão longe mas ainda mantém um ar de cidade do interior…
Infelizmente o histórico de incidentes entre torcedores do passado coloca em alerta aqueles que vão ao jogo de maneira “autônoma”, então para evitar qualquer problema, cheguei cedo pra conseguir parar próximo à entrada dos Visitantes (ainda bem que o pessoal do trabalho entende a importância desse jogo pra mim).
Uma vez celebrada a amizade, era hora de trocar de roupa e seguir para a arquibancada do Estádio Nabi Abi Chedid, outrora conhecido como Estádio Marcelo Stefani!
Ainda havia sol quando terminei de aprontar as bandeiras. A van com outros torcedores também chegara.
O Mário mandou uma foto lá do outro lado, pra gente poder ter ideia do visual.
Enfim… Pronto para a partida, mas ainda faltava quase uma hora pro jogo começar kkkk.
Nem todo mundo entende o prazer de estar em um estádio tanto tempo antes da partida começar, mas é aí que as amizades se fortalecem, que as boas conversas acontecem e que a relação com os estádios se constrói.
Nem percebi quando finalmente o sol se foi e os times se colocaram em campo.
O jogo começa e não dá pra negar… O time do Red Bull Bragantino é mais forte que o nosso, e simplesmente não conseguimos criar nenhuma jogada. Ao menos, nossa zaga mantém-se firme e vamos segurando o 0x0 enquanto possível. Aguenta aí, Marques…
O estádio até que tinha bastante gente, mas confesso que esperava uma loucura muito maior por parte da torcida local…
Mas ainda assim, a festa estava feita no Estádio Nabi Abi Chedid!
O nosso lado até que estava animado, mesmo sem a chegada das torcidas organizadas do Santo André.
Não me senti mal quando o habilidoso atacante Artur veio costurando e fez 1×0 para o time local. Realmente os primeiros 45 minutos não foram nossos. Aliás, dê uma olhada nos melhores momentos do jogo:
E não deu nem pra dizer que passou um filme na cabeça, porque infelizmente nesse modelo que ainda precisamos enfrentar, de montar um time em janeiro para jogar apenas até o fim de março, deu no máximo para passar uma série da Netflix… Um enredo sempre emocionante, mas só agora alguns personagens começavam a marcar nossa lembrança… Mas fica aí o registro dos nossos heróis de 2022:
Provavelmente não veremos a maioria deles de novo. Mas mesmo perdendo de 1×0, e com poucas chances de virar o jogo, o início do segundo tempo fez nossa torcida se animar… Chegavam as nossas Torcidas Organizadas – Fúria Andreense e Esquadrão Andreense (que ficaram por mais de uma hora sendo revistadas na entrada da cidade):
Aí, mesmo com o placar adverso, tivemos 45 minutos de uma despedida como deveria ser…
Esses, entra ano e sai ano, continuam aí na bancada. Fazendo o possível e o impossível para apoiar o time e pra manter viva a cultura do torcer.
A animação seguiu independente do placar, mas necessário dizer que o próprio time pareceu ter sentido a boa energia e teve nos 30 minutos finais uma atuação bem melhor.
Destaque para as lindas bandeiras homenageando os campeões da Copa do Brasil de 2004.
Assim, entre a tristeza da desclassificação e a alegria de estar em meio aos amigos, aquela quarta de final em jogo único foi se esvaindo e dando lugar à lembranças do passado, mesmo recente e também ao futuro…
Pra alguns, trata-se de um esporte. Pra outros, um jogo. Pra mim, uma cultura, um estilo de vida, uma paixão.
Confesso que ainda acreditava num empate até os acréscimos… Uma disputa por penaltis seria incrível!
Mas, permito me parafrasear uma amiga que recentemente escreveu sobre seu time “Quando você perde, eu te amo mais!”. E é isso mesmo. Se ficamos felizes com as nossas vitórias e conquistas, é nesse momento, a poucos minutos do fim do campeonato que o nosso amor pelo Ramalhão não cabe mais em nós e se transforma em lágrimas, em emoção, em orgulhos… Só nos resta agradecer. Ao time, diretoria e torcida, que ficou quase 10 minutos depois do fim do jogo cantando seu amor ao time…
Independente do modelo “Red Bull” ter pontos que não me agradam, eu não seria hipócrita em desmerecer a alegria da torcida local e a força do time em campo. Parabéns aos torcedores de Bragança.
E aqui, meio desfocada, fica a foto com que fechamos o Paulistão 2022, já na saída do estádio. Obrigado, Ramalhão!
Diz uma lenda irlandesa que o arco íris é um sinal mágico que indica um lugar onde os duendes guardam seus potes de ouro…
Assim, nem questionamos quando fomos guiados por este, direto até Bragança Paulista…
E o nosso pote de ouro não foi o carnaval local (que sofreu com as chuvas na noite dos desfiles)…
O nosso tesouro foi finalmente conhecer o Estádio Professor Dedé Muniz, conhecido como o “Verde Gigante”.
A entrada mostra que o dono do estádio é o Legionário Esporte Clube.
O Legionário Esporte Clube foi fundado em dezembro de 1948 e possui muita história no futebol amador e também no profissional, como pode se ver nas paredes do escritório, lá no estádio mesmo.
O Estádio Dedé Muniz fica na região central da cidade, na Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, 174, vamos dar uma olhada na parte interna:
Ainda mantém sua bela arquibancada coberta:
O treinamento do dia era pra equipe júnior, por isso as traves principais estavam dando uma relaxada.
Olhando da arquibancada coberta, esse é o lado esquerdo do campo:
Aqui, o meio campo, com a igreja ao fundo:
E o gol direito:
O Legionário E.C. também fez história ao disputar as competições profissionais da Federação Paulista, jogando a Terceira Divisão em 1957, chegando a se classificar para a segunda fase.
Mas na segunda fase…
Em 1958, novamente classifica-se apenas para a segunda fase da Terceira Divisão, licenciando-se do profissionalismo.
Em 1976, fez sua última campanha no profissional e decidiu licenciar-se e ficar apenas nas competições amadoras.
Esse registro ia terminar sem fotos do Legionário, mas… Foi aí que apareceu o Joel, um historiador do futebol de Bragança e o maior colecionador de fotos e posteres que eu já conheci….
Ele me mandou algumas imagens do time e do estádio, na sua configuração original, vamos lá, começando pela antiga entrada do Estádio:
O time e a torcida, em 1957, assim como as demais, são fotos raríssimas de uma época que haviam poucos registros:
Mais uma vista da torcida, em 1957:
O time de 1957, que disputou a terceira divisão do Paulista:
Aqui, o time em uma partida que foi disputada no Parque Antártica:
Outra foto, do time ainda na terceira divisão de 1957:
E aqui, o time em sua segunda disputa da terceira divisão, em 1958. Só me resta agradecer muito ao amigo Joel por ceder essas imagens que registram para a eternidade o Legionário EC:
Mas o “Gigante verde” segue de pé!
Tendo a cidade de Bragança ao seu redor. Vendo o tempo passar, como o campo também o fez…
Tem até patrocinador no banco de reservas!
Olha aí a camisa do pessoal da escolinha:
Um último olhar, antes de nos dirigirmos ao outro estádio da cidade.
Falamos do estádio que abriga a equipe do Clube Atlético Bragantino.
O Bragantino vive dias de imensa discussão, pelo anúncio recente de sua fusão com o Red Bull para, inicialmente disputarem juntos a série B do Brasileiro de 2019, e quem sabe manter essa parceria para o futuro. Será que o leão morederá ou será mordido? Guardo para um segundo momento uma análise sobre este movimento.
Neste momento, vamos nos ater a dividir o nosso registro do Estádio do Bragantino, cujo nome também gera uma série de discussões…
O estádio foi reformado em 1949.
O estádio ocupa todo um quarteirão e mesmo com várias reformas, ainda mantém muito do original, de mais de 50 anos atrás…
O Bragantino foi fundado em janeiro de 1928, e desde sempre mandou seus jogos no mesmo lugar, que originalmente era conhecido como Campo das Pedras.
Na década de 30 passou a ser chamado de Marcelo Stéfani e atualmente, leva o nome emhomenagem a Nabi Abi Chedid, pai do presidente do clube, Marquinho Chedid. Aparentemente ele não é unanimidade…
Eu sempre me refiro ao estádio pelo seu nome original: Marcelo Stéfani, uma homenagem ao ex jogador e ex presidente do clube, mas… quem sou eu pra criticar uma ação de um time que sequer é o que eu torço…
Vamos dar uma olhada na parte de dentro do estádio:
A capacidade atual do estádio é de pouco mais de 17 mil torcedores.
Pode parecer pouco, mas para uma cidade de pouco mais de 150 mil pessoas isso representa mais de 10% da população.
Sem contar que na final do Paulista de 1990, contra o Novorizontino, mais de 26 mil torcedores estiveram no estádio.
Olhando das arquibancadas cobertas, este é o gol do lado esquerdo do campo:
Uma visão do meio campo:
E aqui, o gol da direita:
E aqui, um pouco da vista da arquibancada central coberta:
Como percebe-se, uma das características marcantes do estádio que além de palco da final do paulistão de 1990, foi também a casa da final do brasileirão de 1991 (entre Bragantino e São Paulo) são as arquibancadas nos quatro lados do campo.
Um destaque atual do estádio é que ele possui um restaurante aberto para o público em geral. Assim, a cidade que já é conhecida pela “linguiça” ganha mais um aparato ligado à gastronomia:
Ali ao fundo pode se ver a imagem do técnico Marcelo Veiga, que mesmo tendo quebrado todos os números e dirigido o Bragantino por mais de 500 jogos, foi demitido após a fusão com o RedBull.
Não sabemos o que será o futuro do Bragantino pós RedBull…. Fica nosso respeito ao time, à torcida e ao estádio. E aproveitamos para fazer uma menção honrosa ao Bragança Football Club, fundado em 1916 e que chegou a disputar algumas edições do Campeonato do Interior (em 1919 foi apenas um jogo, onde levou 7×0 do Atlético Santista e em 1921, 2 partidas, derrotas para o São João de Jundiaí por 2×0 e 7×0 para o Paulista também de Jundiaí. Distintivo do site História Futebol: