SPAC: o primeiro Tri Campeão Paulista

O post de hoje só existiu graças ao amigo e diretor do SPAC Fernando Piccinini, que permitiu a visita ao memorial. Valeu, Fer!

O post de hoje remota ao início do século passado, especificamente a 1902, ano do primeiro Campeonato organizado pela Liga Paulista de Foot-ball.
As tabelas, informações e fotos são do livro 125 anos de História – A Enciclopédia do Futebol Paulista.

Um país continental como o Brasil não tem uma explicação única de “como surgiu o futebol“, mas várias, distribuídas regionalmente, cada uma com mais ou menos registros históricos.
Em São Paulo, a narrativa endossada pela Federação Paulista e vários estudiosos é a de que em 1899 se iniciou a organização do futebol.
Até então, 3 times disputavam partidas amistosas: Associação Atlética Mackenzie College, Hans Nobling Team, do alemão Hans Nobling, vindo de Hamburgo e retratado na imagem abaixo e o SPAC, o time dos ingleses, que vinham ao Brasil, principalmente por conta da construção e gestão da ferrovia.

Os campos utilizados naquele momento eram o Parque da Antártica Paulista, do Germânia, o campo do SPAC e o Estádio do Velódromo, criado em 1892 pela Dona Veridiana Prado para atender os ciclistas:

Aqui, uma foto menos conhecida, disponibilizada pelo site História do Futebol:

Os cinco fundadores da Liga e que disputariam o primeiro campeonato são: SPAC, Paulistano, AA Mackenzie e dois times que se derivaram do Hans Nobling Team: o SC Internacional e o SC Germânia.

O primeiro campeonato foi disputado em pontos corridos e teve o SPAC (São Paulo Athletic Club) como campeão e Charles Miller na artilharia com 10 gols.

Como o grupo terminou empatado foi necessário uma partida extra, onde o SPAC venceu o Paulistano por 2×1 em 26 de outubro de 1902.
Surgia aí talvez a primeira grande rivalidade do futebol paulista.

O jogo foi disputado no Estádio do Velódromo Paulista, na Rua da Consolação e teve os dois gols do time campeão marcados por Charles Miller. Os times foram a campo com os seguintes elencos:
SPAC: W. Jeffery; George Kenworthy e Albert Kenworthy; Biddel, Wuccherer e Heyeock; Boyes, Brough, Charles Miller, Montandon e Blacklook.
Paulistano: Tutu Miranda; Thiers e Guilherme Rubião; Edgard Barros, Olavo Pais de Barros e Renato Miranda; B. Cerqueira, João da Costa Marques, Álvaro Rocha, Ibañez Salles e O. Marques

Contextualizando, o SPAC foi fundado em 1888, e a partir de 1895 passou a realizar partidas de futebol, sob a influência de Charles Miller, considerado por muitos o “pai do futebol brasileiro”.

Aqui, um agrupamento dos diversos distintivos que fizeram parte da história do time do site Escudos Gino:

O Campeonato de 1903, manteve o formato e repetiu o campeão: o SPAC se tornava bicampeão paulista, novamente após empate em pontos com o Paulistano durante o campeonato, houve um jogo extra que terminou 2×1 para os ingleses.
O artilheiro de 1903 foi H. S. Boyes com 5 gols!

O tricampeonato veio em 1904. E mais uma vez com Paulistano e SPAC terminando empatados. Os times venceram todos os adversários e empataram os jogos entre si nos dois turnos: 1X1 (19/06) e 0X0 (24/07).
Se quiser ver a tabela completa clique aqui e acesse o Bola na Área.
Mas pela terceira vez deu SPAC no jogo desempate: 1X0, gol de Charles Miller.
Vale ressaltar que a partir daí surge um novo time nos campos paulistanos: a AA das Palmeiras que mandava seus jogos no campo da Av Angélica.

Assim, como o SPAC venceu as três primeiras edições do Campeonato Paulista, garantiu a posse da Taça Antônio Casimiro da Rocha.

E para registrar a taça de pertinho, fomos até a sede do SPAC ali no bairro da Consolação, comprada de nada mais nada menos que a Dona Veridiana Prado.

A sede social preserva arquitetura da época, obviamente influenciada pelos modelos ingleses.

E é na sede social que se encontra a Taça Antônio Casimiro da Rocha, primeiro troféu do futebol paulista.

Vale a pena dar um zoom para ler as inscrições na Taça:

Na base da taça estão os “patches” referentes às conquistas de cada ano.

A sala ainda guarda um busto metálico de Charles Miller:

Existem outros objetos que ajudam a voltar à época dos primeiros Campeonatos Paulistas, como esse informativo que apresenta a tabela de 1906!

Só pra encerrar, relembro o curioso “sumiço” da Taça do quarto título do SPAC em 1911, e tudo começa com o bicampeoanto, em 1909 e 1910, da AA Palmeiras.

O SPAC ganharia seu quarto e último título em 1911.

Esse era o time de 1911:

Agora, a pergunta que não quer calar é… Onde foi parar o troféu de 1911? Explico, é que como a Associação Athletica das Palmeiras fora bicampeã em 1909 e 1910, a Taça Conde Penteado (sucessora da Taça Casemiro da Costa) estava em posse temporária deles e deveria ser levada ao Velódromo, local da celebração do campeão, mas a AA das Palmeiras alegou ter perdido a taça…
Coincidência ou n˜ão, em 1912 o SPAC disputaria seu último Paulistão, alegando não queria aderir ao profissionalismo que vinha começando a surgir na Liga… Será mesmo ou havia mágoa pelo prêmio não recebido?

Algumas fotos posteriores:

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

As Mil Camisas no Estádio Moisés Lucarelli

Já estivemos muitas vezes em Campinas, seja a passeio, a trabalho ou mesmo pelo futebol, mas faltava registrar o Estádio Moisés Lucarelli como ele merece.

Desde 1948, o Estádio é a casa da Associação Atlética Ponte Preta, time alvinegro de Campinas, localizado à Praça Dr. Francisco Ursaia, 1900, o número é uma referência ao ano de fundação do clube.

Campinas é hoje uma grande cidade, que reúne em torno dela outras tantas que formam a Região Metropolitana de Campinas, um importante polo econômico e social.

A história da cidade, como todo o território brasileiro, inicia-se muito antes da chegada dos europeus. Os povos originários que ocupavam a região eram bastante diversos, entre eles os guanás, caiapós e guarani, e tinham em comum um estilo de vida bastante integrado à natureza.

Depois de séculos desse estilo de vida, portugueses começaram a chegar na região para criar gado, depois o cultivo de café ganhou destaque, tornando-se essencial para a economia local, atraindo imigrantes italianos, portugueses, espanhóis e japoneses, que contribuíram para a diversidade cultural da região.

O futebol na cidade tem uma história incrível.
A “Liga Campineira”, primeira organização da cidade foi fundada em 11 de abril de 1907. Depois, em 1916 surge a Associação Campineira de FootBall e na sequência, a Liga Operária!
De 1932 a 1934, a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) organizou a Série Campineira da Divisão do Interior e em 1935, Guarani e Ponte fundam uma nova Liga Campineira, da qual a Macaca sagra-se campeã em 1935, 36, 37, 39, 40, 44 e 47.
Esse era o time de 1944 (fonte: Wikipedia), que inaugurou a faixa diagonal, mas saindo do ombro direito:

E nesse mesmo ano se iniciava a construção do futuro Estádio da Ponte:

Alguns anos depois, em 12 de setembro de 1948 foi inaugurado o Estádio Moisés Lucarelli, construído graças ao esforço dos seus torcedores. Este era o time de 1948:

A Ponte teve alguns times marcantes, como o de 1970 que chegou à final do Campeonato Paulista terminando como vice-campeã. Foto do site Zé Duarte Futebol Antigo.

Outro time incrível é o de 1977, que foi até a Terceira Fase do Campeonato Brasileiro e vice campeã do Campeonato Paulista (os públicos das finais contra o Corinthians, somados chegam a mais de 200 mil torcedores). Esse foi o time daquele ano:

Em 1981, a Ponte Preta teve outra campanha notável no Campeonato Brasileiro, terminando em terceiro lugar, passando por Náutico e Vasco no mata-mata caindo na semifinal contra o Grêmio.

Mais recentemente, em 2013, a Ponte Preta mais uma vez fez história e chegou à final da Copa Sul-Americana, tornando-se vice-campeã após enfrentar o Lanús na final.

E em 2023, a Macaca sagrou-se campeã da série A2 do Campeonato Paulista. Foto do site Esporte News Mundo:

A Ponte é mesmo um baita time!
Então é hora de conhecer o Estádio Majestoso, e que fachada linda, não acha?

E ela já foi bem diferente, décadas atrás…

E mesmo estando lá dentro, os cuidados com os detalhes não são minimizados.

É sem dúvida uma experiência emocionante poder estar em um estádio tão f*da e tão importante para o futebol!

Sua capacidade original era de 35 mil lugares, o que fazia dele o terceiro maior do Brasil, daí o apelido “Majestoso“. Mas com as mudanças obrigadas pela lei, a capacidade passou a 19.728 torcedores.

O Moisés Lucarelli é uma daquelas lindas histórias, de mobilização da torcida e homenageia Moysés Lucarelli, um personagem muito importante para a Ponte e para o futebol do interior como um todo, já que ele participou da criação da Lei de Acesso no Campeonato Paulista implantada a partir de 1948.
Veio a falecer em 24 de março de 1978.
Como não queria ser o patrono do estádio alguns dizem que por isso a diferença da grafia dos nomes (Moisés x Moysés).
É dele o busto ali na entrada:

Sigamos no rolê pelo Estádio!

A Ponte Preta escreveu a maior parte da sua história neste estádio e viu a cidade de Campinas crescer no seu entorno. Uma olhada no gol da esquerda:

O meio campo:

O gol da direita:

E mais detalhes interessantes…

O recorde de público ocorreu em 16 de agosto de 1970, quando 33.228 torcedores foram assistir ao embate Ponte Preta 0x1 Santos FC, e alguns dizem que havia quase 45 mil torcedores dentro do estádio e mais 4 mil pessoas do lado de fora, sem conseguir entrar para ver o time que seria vice-campeão.
Oficialmente, o maior público é da derrota por 3 a 1 da Ponte Preta para o São Paulo FC, em 1 de fevereiro de 1978 com 37.274 torcedores.

Atualmente teve a capacidade diminuída para 19.728 torcedores.

Nos ambiente internos também pode se ver o zelo com que é gerido o Estádio da Ponte Preta, aqui a lembrança do título deste ano:

Aqui, o busto ao mestre Dicá!

Os corredores estão repletos de fotos da torcida, distintivos…

E tem também fotos dos times mais marcantes espalhadas pelas salas!

Sem contar a sala de trofeus!

São a prova de que a Ponte Preta já conquistou vários títulos em sua mais que centenária história!

Esses detalhes dos portões dos estádios não existem mais…

Olha aí o vestiário da Ponte!

Vamos voltar para o campo, mas vamos com estilo!

E não é que no rolê daqui pra lá acabei trombando umas figurinhas carimbadas da Ponte Preta? A primeira delas é o Eliel, do time deste ano!

O outro que apareceu ali foi o grande zagueiro Ronaldão, que fez história no São Paulo mas que também teve importante participação na Ponte Preta no fim dos anos 90.

O outro que estava por lá era o eterno capitão Cafu!

Como sempre digo, registrar a historia inloco te fazer entender melhor o contexto da realidade que vivemos e poder experimentar um role desses em um estádio como o Moisés Lucarelli é simplesmente inesquecível e eu só tenho a agradecer aos deuses do futebol pela oportunidade!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

Visita aberta ao Estádio Bruno José Daniel

No sábado, 29 de abril de 2023, a Prefeitura Municipal de Santo André em parceria com o EC Santo André realizou uma ação para aproximar a população da cidade ao Estádio Bruno José Daniel e consequentemente do time que defende suas cores e seu nome.


O evento contou com um tour guiado pela parte interna do Estádio, começando pelos vestiários…

Também pudemos ver o lado “espiritual” do time, conhecendo o altar do Ramalhão.

Foi muito legal poder ver de perto uma série de troféus, camisas e recordações de grandes conquistas!

Pra quem coleciona camisa, o rolê estava incrível!

Destaque para o possivelmente único exemplar da camisa do Santo André FC, de 1967.

E alguns dos muitos troféus.

E medalhas também!

Olha que linda a flâmula do time!

Mas possivelmente, o grande momento foi a oportunidade de um papo com o ex-presidente Sydnei Riquetto, e da possibilidade de fotos com alguns ex jogadores como Arnaldinho.

Rolou ainda a possibilidade de bater uma bola no gramado do Brunão. Tudo isso, gratuito, bastava ter se inscrito previamente.

Por ser a primeira vez, o evento até que foi muito bem organizado e espero que se repita por várias vezes! A torcida e a população da cidade agradecem!

APOIE O TIME DA SUA CIDADE!!!

]]>

O futebol profissional em Vinhedo

Vinhedo é mais um exemplo de cidade que nós já passamos várias vezes mas que nunca teve seu futebol registrado pro As Mil Camisas. A cidade ainda abriga a Associação Rocinhense de Futebol.

A região onde hoje se situa Vinhedo era ocupada, há milhares de anos, por tribos indígenas dos grupos Tupy, Jê, Macro-Jê e Kaingang (informações do site da prefeitura) até a chegada dos bandeirantes e tropeiros, no século XVI. Para maiores informações da cidade, vale a pena ler o livro Vinhedo – das aldeias indígenas aos condomínios fechados (compre aqui):

O primeiro núcleo populacional, reflexo das paragens dos boiadeiros pelo antigo caminho indígena, era conhecido como “Rocinha” (daí o nome do time da região: Associação Rocinhense de Futebol).

No século XIX, surgem os engenhos de açúcar, usando mão de obra escrava (indígena e africana), que, no futuro, daria origem ao Quilombo de Rocinha. Mas com o passar do tempo, os cafezais deram lugar para as videiras, as indústrias começaram a dar as caras e cidade seguiu crescendo, até que em 1948, um plebiscito oficializou a emancipação de Rocinha. Em 1949, o território tornou-se município, recebendo o nome de Vinhedo.

Como dito anteriormente, o time que representou a cidade no futebol profissional foi a Associação Rocinhense de Futebol.

A Associação Rocinhense de Futebol foi fundada em 20 de janeiro de 1909 e embora não dispute mais o profissionalismo, mantém uma linda sede social na cidade.

Esse é o muro de entrada:

O mascote do time é o galo da Rocinha!

Olha que bacana a camisa que um de seus colaboradores estava usando:

Aqui, uma incrível imagem da categoria de base do time.

Aqui, uma imagem de um dos times do início do século XX:

Aqui, o time de 1955:

Time de 1959:

Aqui, o time de 1975:

Vamos dar uma volta para conhecer o seu campo, dentro do clube:

Em 1966, o time disputou a 4a divisão fazendo uma campanha incrível, liderando a primeira fase:

Lidera também a segunda fase:

E só na fase final acaba deixando a desejar e termina na quarta colocação, do campeonato que teve o Ferroviário de Araçatuba como campeão…

Em 1967, o time ia disputar novamente a 4a divisão mas decide abandonar o campeonato antes de seu início.

Esse era o time de 1967, super campeão da cidade:

Estando ali, fica claro que o Rocinhense tornou-se é muito mais do que um time de futebol. Ele se tornou parte da cidade, reunindo as pessoas em torno do esporte, reverenciando as memórias de uma época que provavelmente não voltará mais…

Vamos registrar o campo, começando pela visão da meia cancha:

Aqui, o lado esquerdo:

E o lado direito:

Atual banco de reservas:

Sistema de iluminação:

O entorno do campo é todo protegido por grades:

E ali na lateral, o distintivo do clube:

Aí está o gol:

A quadra do clube ainda reforça a lembrança do mascote e do distintivo comemorativo aos 100 anos.

Antes, o campo era na perpendicular, então o gol ficava lá no fundo:

Atualmente o clube tem uma área bacana com piscinas e mesas:

E aqui um pouco da sua memória e de seus troféus:

Entre várias taças, algumas com quase 100 anos, como essa “Taça Amizade”, de 1928:

Olha as bolas de bocha de antigamente:

Depois do estádio, como nem tudo é futebol na vida, fomos conhecer a Cantina Zinhani e suas deliciosas massas! Vale a pena!

APOIE O TIME (E A CANTINA) DA SUA CIDADE!!!

]]>