Sábado, 28 de junho de 2025. Após uma manhã fria de inverno, chegamos a uma tarde ensolarada quente como se estivéssemos no verão…
Os times entram em campo sob o cerimonial oficial da Federação Paulista:
Concentração de ambos os lados, afinal a Copa Paulista é a competição mais importante neste momento para as duas equipes.
Como sempre, a Fúria Andreense faz sua parte e apoia gritando os nomes de cada jogador, do treinador, cantando o hino… Eu não faço parte de nenhuma torcida organizada mas é bastante claro pra mim que sem a Fúria, a bancada do Brunão estaria literalmente morta.
Depois de ser proibida de entrar no jogo passado, novamente a bateria se fez presente e parece que o pessoal estava com saudades de tocar…
Do outro lado, parabéns aos torcedores visitantes que compareceram!
É muito bacana ver 3 gerações da mesma família em campo para apoiar o nosso Ramalhão!
Fico contente de poder estar em mais uma partida em meio a todo esse pessoal!
O jogo começa bastante corrido. Sou realista o suficiente para saber que o time do São José nesse momento é superior ao do Santo André, por isso, confesso que me surpreendi com um começo de jogo bem disputado, tendo até algumas chances de gol em bolas paradas.
E com isso, a força da bancada só aumentava!
Teve até presença ilustre do Pará, nosso eterno lateral esquerdo! O Sérgio, que está aí na foto com ele, considera que o gol feito pelo Pará contra o Ceará em 2008 foi o mais bonito que ele viu no Estádio Bruno José Daniel. Ah, estivemos com o Pará um dia antes no campo do Aclimação EC, veja aqui o papo que gravamos!
E mais uma chance acabou pra fora…
Entretanto, aos 33′ do 1º tempo, após um cruzamento para a área em uma bola que parecia ser do nosso goleiro, Gustavo Brandão, de cabeça, fez 1×0 para o time visitante. Que droga…
O primeiro tempo terminou com a desvantagem mínima gerando um clima chato na bancada. Fomos ouvir um pouco o pessoal da arquibancada:
Veio o segundo tempo e por alguns breves instantes até teve quem sonhasse com um empate e até mesmo com uma virada heróica daquelas para entrar pra história…
Vê se alguém aí tava com cara de desacreditar…
Mas, logo a cara do torcedor ramalhino azedaria de vez…
Aos 18’ do 2º tempo Rone Carlos fez 2×0. Aos 29’, Danilo Fidélis ampliou. E aos 42, Marlon Martins fechou a goleada… 4×0 em casa… Todo mundo foi embora puto da vida, triste com o time e a diretoria…
Finalmente a chance de poder registrar um dos estádios mais legais do lado leste do estado de São Paulo: o Estádio Dr. Antonio Pinheiro Junior!
Se você não ligou o nome ao local, o Estádio Dr. Antonio Pinheiro Júnior é a casa da Associação AtléticaFerroviária de Pindamonhangaba!
Antes de falarmos sobre o futebol, vale informar que a cidade de Pindamonhangaba está situada na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, às margens do Km 99 da Rodovia Presidente Dutra (passou da hora de propor um novo nome pra essa estrada hein?), há pouco mais de 140 km da capital paulista.
O nome da cidade vem do tupi e significa “lugar onde se fazem anzóis” e serve de casa para aproximadamente 170 mil pessoas.
Os registros de ocupação de Pindamonhangaba datam de 1643, mas oficializou-se 10 de julho de 1705 (dia de sua emancipação) como a data oficial da fundação da cidade.
A grande revolução começou em 18 de janeiro de 1877 quando foi inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo – Rio de Janeiro, e em julho do mesmo ano, o trecho da estrada entre São Paulo e Cachoeira passou a funcionar.
Em 1890, com a Proclamação da República, a estrada de ferro seria encampada pelo governo federal, passando, no ano seguinte, a denominar-se Estrada de Ferro Central do Brasil e logo a cidade ganhou sua própria estação, que permanece por lá…
A cidade conseguiu aproveitar o ciclo do café no Brasil, transformando a cidade em um grande centro cafeeiro. Mas… com o fim da escravidão, não houve como sustentar a produção e a cultura cafeeira de Pindamonhangaba passa a diminuir até sumir em 1920, trazendo um momento de estagnação econômica. A arquitetura da época permanece por lá…
E foi da ferrovia que, em 12 de abril de 1930, surgiu o único time da cidade a disputar o Campeonato Paulista de Profissionais, com a união dos funcionários das ferrovias Campos do Jordão e Central do Brasil que passaram a jogar futebol nos cantos do terreno da Vila Nair (atual sede do INSS), como uma forma de lazer. Ali seria o primeiro campo da Ferroviária.
Alguns de seus distintivos na história:
O time estreiou em competições oficiais (ainda que na época não fosse considerado “profissional”) disputando o Campeonato da Divisão do Interior da FPF em 1934, e teve a Ferroviária como campeã do grupo que contava com a AA Aparecidense, o Cachoeira FC, o Commercial FC, também de Pindamonhangaba, o Cruzeiro FC e o Teciguará FC.
Com o título, a Ferroviária obteve o direito de disputar o Campeonato Estadual da FPF, que nada mais era do que um mata mata contra o campeão da FPF, que naquele ano fora o CA Fiorentino (que nada mais era do que o Juventus).
Foram dois jogos, sendo a decisão na Rua Javari:
Em 1935 foi comprado um terreno ao lado das oficinas da “Estradinha” onde foi construído o novo estádio.
Em 1942, mais uma participação no Campeonato Paulista do Interior e a Ferroviária sagra-se campeã da 9a região!
No mata mata, a Ferroviária acabou desclassificada ao perder por 5×3 pro Taubaté, fora de casa.
Em 1943, não conseguiu classificar-se às eliminatórias, jogando novamente a 9a região ao lado de:
Em 1943, houve a estreia de 2 outros times de Pindamonhangaba, o Commercial Mombaça FC e o Curupatuba FC:
Em 1944, mais uma vez disputa o Campeonato do Interior, e o título do grupo dessa vez vai pro Cruzeiro:
Mais uma vez um time de Pindamonhangaba fez sua estreia no campeonato: o São Paulo FC!
Aqui, o time de 1951, que usava o distintivo original, bem próximo do tricolor da capital:
Em 1945, foi a vez do Frigorífico de Cruzeiro ser campeão da 9a região:
Ainda em 1945, uma retificação dos trilhos da Estrada de Ferro acabou passando exatamente no campo da Ferroviária, o que parecia ser o fim do time… Tanto que em 1946 nem disputou o Campeonato, apenas em 1947, o setor 2 da zona 1:
Destaque para mais um time de Pindamonhangaba que participou dessa edição do Campeonato do Interior: a AE Industrial!
O time ainda seria campeão do Campeonato do Interior em 71 e 74.
Aqui, o time no amador de 1983 (já usando o novo distintivo):
A própria Central do Brasil ajudou o time a se reerguer e a Associação Atlética Ferroviária seguiu na disputava de torneios, amistosos e campeonatos amadores da cidade em seu campo novo, o atual Estádio, construído por meio de uma campanha popular.
O Estádio Dr. Pinheiro Júnior foi inaugurado oficialmente, em 1948, e alguns anos depois, a A.A. Ferroviária decide disputar o futebol profissional, e a partir de 1953, o time passa a jogar a Série A3 do Campeonato Paulista até 1957.
Esse foi o time que jogou a A3 de 1956:
Em 1958, o time jogou a série A2, mas fez uma campanha bem irregular, terminando em último no grupo azul.
Em 1959, mais uma disputa do segundo nível do futebol profissional paulista, uma campanha um pouco melhor, mas ainda sem se classificar. Pra piorar, houve uma reformulação no estadual, o que provocou o rebaixamento da Ferroviária à série A3 novamente.
Esse foi o time que jogou a A2 de 1959:
Em 1960, voltou a jogar a A3, e esse foi o time daquele ano:
Em 1961, faz sua última participação no futebol profissional, pela série A3. Algumas das partidas:
O clube estava enfrentando grandes dificuldades financeiras para se manter, e como o futebol exigia gastos que não estavam sendo recompensados com resultados mais expressivos, a diretoria encerrou as atividades do futebol profissional em 1962. Mas o time seguiu nas disputas amadoras, como esse time de 1970:
Pindamonhangaba ainda veria o Corinthians local, fundado em 1930, sagrar-se bicampeão do Campeonato do Interior (agora já sob o nome de “Amador do Estado”) em 1981 e 1982.
Aqui, o poster do título de 81:
E aqui, o time de 82:
Essa é a entrada do seu campo, o “Estádio do Cardosão“:
Pra saber mais sobre o futebol de Pindamonhangaba, não deixe de acessar o incrível trabalho do pessoal do “PindaFuteboldoPassado“.
Entretanto o clube segue de pé, tanto com sua belíssima sede social, quanto com o Estádio Dr. Antonio Pinheiro Junior.
Ele fica localizado na rua Dra. Isaura e de Tolêdo Silva, 45.
Mais uma bilheteria para a nossa coleção!
E graças a ajuda do pessoal do clube, em especial o Anderson e o Zé Carlos, foi possível conhecer o estádio por dentro.
Agradecimentos também para o Leandro Matos (Presidente da Diretoria Executiva) e Júlio César Piorino (Vice-Presidente da Diretoria), por permitir a visita. Então, vamos lá?
O nome do Estádio é homenagem ao médico Dr. Pinheiro Júnior, o “Dr Tinoco”, que foi um dos entusiastas na campanha pela construção do estádio, além de atender a muitos dos trabalhadores da ferrovia.
E nós, em pleno 2020, 90 anos depois da fundação do time… Estamos aí!
O Estádio tem capacidade para cerca de 3 mil torcedores.
O campo segue muito bem cuidado, afinal o time ainda disputa competições amadoras. O gramado está muito bom!
Os bancos de reserva levam a gente numa volta ao passado!
Possui ainda arquibancadas cobertas em toda a lateral do campo:
Pra quem está nesta arquibancada, esse é o gol do lado esquerdo:
Aqui, o meio campo:
E esse o gol do lado direito:
E o que dizer do placar que já registrou tantos gols ?
Ao fundo, a cidade de Pindamonhangaba não fica parada e começa a se verticalizar.
Até um setor para a imprensa existe ali no meio das arquibancadas!
Mais do que uma pintura qualquer na parede, a força desse distintivo faz a gente sonhar com a volta do time e da cidade às competições da Federação…
Um último olhar antes de nos despedirmos de mais um templo do futebol do interior paulista!
E lá vamos nós, de volta à estrada… Antes, vale relembrar o time tri-campeão amador!
Para os dados desse post utilizei basicamente o livro “Os esquecidos – Arquivo de Futebol Paulista” e o “História da 2ª Divisão no Futebol Paulista” do Julio Bovi Diogo e Rodolfo Pedro Stella Jr.
Júlio Bovi Diogo e o Rodolfo Pedro Stella Jr gostam de desafiar a lógica de mercado, os conselhos dos amigos, a recomendação dos mais centrados e seguem apostando suas forças, grana e energia na publicação de livros…
Mas, cá entre nós… Que baita livro!
Trata-se da “História da 2a divisão no Futebol Paulista”, o segundo volume desta publicação que levanta dados essenciais para jornalistas, pesquisadores e torcedores mais fanáticos sobre a atual Série A2, nesse caso, de 1978 a 1990.
São fichas técnicas completas, equipes participantes, classificações, foto do time campeão em 320 páginas, no formato A4 (21cm x 29,7 com).São poucos exemplares, por isso, os interessados entrar em contato com Júlio Diogo pelo email –juliodiogo@litoral.com.br.
Pessoal, aproveitei nossa ida à Piracicaba para acompanhar a partida válida pelo Campeonato Paulista da Série A2- 2019 para registrar em fotos e lembrar um pouco da história o Estádio Barão de Serra Negra.
O Estádio Barão de Serra Negra é a casa do XV de Piracicaba, .
O nome do Estádio é uma homenagem a Francisco José da Conceição, primeiro e único Barão de Serra Negra. A atual entrada dos visitantes é no portão 3, mas fiz questão de passar na antiga, no portão 4, porque ela ainda mantém um pouco da arquitetura de antigamente, principalmente com o letreiro acima do portão.
Em campo, é dia do Ramalhão visitar o Nhô Quim!
A capacidade atual do Estádio Barão de Serra Negra é de 18 000 pessoas distribuídas entre a arquibancada coberta (onde ficam as cadeiras cativas, as cabines de imprensa e agora também os visitantes)…
E a arquibancada geral, que abraça todo o campo de jogo!
Com todo respeito à torcida local, aí estamos nós, visitantes com nossas bandeiras em apoio ao Ramalhão.
Torcendo pelo nosso treinador Fernando Marchiori aprontar alguma contra os donos da casa!
Voltando ao Estádio Barão de Serra Negra, ele foi inaugurado em setembro de 1965, no jogo: XV de Piracicaba 0 x 0 Palmeiras, que recebeu um público de 15.674 torcedores, o primeiro gol só aconteceria na partida seguinte, entre XV de Piracicaba x Corinthians, na derrota do time local por 3×1.
O Estádio tem uma série de detalhes reforçando a imagem do “Nho Quim”.
O Estádio chegou a receber mais de 23 mil torcedores na final da A2 de 1983, quando o XV de Piracicaba sagrou-se campeão, mas atualmente, o público está longe desses números. A foto abaixo foi feita pelo amigo Guilherme, torcedor do XV.
Nossa torcida também diminuiu, mas faz-se presente. Aqui o pessoal da Esquadrão Andreense e da TUDA (Torcida Uniformizada Dragão Andreense)
Ah, e a Fúria Andreense, sempre presente!
O placar final 1×0 para os donos da casa. Gol de penalty aos 45 do segundo tempo… Dói a alma, mas… Seguimos!
De que adianta um estádio, se a torcida não está lá?
Pra que servem as partidas, se as emoções não são mais reais…
O E.C. Santo André está a um passo de alcançar seu pior momento em toda sua história. Chegar à série A3 representaria isso.
Assim, de nada valem as esperanças e emoções partilhadas entre os amigos nas bancadas…
Alguns não desistem nunca. E é isso que dá animo a pessoas como eu.
Mas me pergunto até quando conseguiremos manter, ainda que em pequenos públicos, o amor aos times que não fazem parte da elite do futebol brasileiro.
Os sobreviventes desse amor à moda antiga fazem o que podem. Estampam o amor nas camisetas, nos bonés, nas malas…
E esse apelo vale para todos os times. Para o meu Santo André, como para o pessoal do Grêmio Barueri, que já sofreu na pele as consequências dessas novas “manias” dos dirigentes do futebol moderno.
Aliás, assim como está começando a ocorrer com o Ramalhão, no caso do Barueri, as torcidas organizadas tem representado o último grito pela manutenção do seu time.
Mas no caso específico do Santo André, mais do que as influências externas, vivemos uma sequência de problemas de gestão que podem rebaixar o time mais uma vez…
Um novo rebaixamento praticamente esconde o time da mídia e até dos moradores da cidade, que neste ano não puderam assistir a uma partida sequer em nosso estádio, já que o mesmo estava interditado.
Na luta contra o rebaixamento, perdíamos até os últimos segundos, quando um gol milagroso (e enganador ao mesmo tempo) deu nos o empate por 1×1.
Um dos poucos momentos de comemoração e felicidade nestes dias difíceis…
Destaque também para a faixa do pessoal da Fúria em homenagem ao Lucas, torcedor que faleceu no primeiro dia do ano.
E fica também nossa presença, independente do resultado. Os estádios são nossa segunda casa.
Embora seja do nosso rival São Caetano, a vista aqui é bem legal hein?
Abraços aos torcedores do Barueri que também compareceram e fizeram o jogo ter mais emoção, ao menos nas bancadas, nas disputas entre a Fúria e a Guerreiros. E que a disputa siga assim, sem violência.
E viva os gordos nos estádios! Contra os regimes e o futebol moderno!