Penúltima rodada do quadrangular da série C

Domingo, 6 de outubro de 2025.
Dia de acompanhar mais uma partida válida pela série C do Campeonato Brasileiro, dessa vez aqui pelo ABC mesmo: São Bernardo FC x SER Caxias do Sul, e vamos ficar com a torcida visitante!
Bandeiras e faixas misturam o grená e o azul ao tradicional amarelo e preto do Estádio Primeiro de Maio, em São Bernardo.


E as cores da bandeira gaúcha também estavam na bancada!

No lado local, a Febre Amarela e a Guerreiros do Tigre eram as responsáveis pela festa!



Times entrando em campo, é hora do cerimonial de início do jogo…
E lá vem o time do Caxias saudar sua torcida!

A Torcida Falange Grená chegou para animar ainda mais a bancada dos visitantes:
O jogo começa e as emoções estão a flor da pele…
É quase uma decisão antecipada!

Não a toa a torcida do Caxias procurou apoiar o time desde o início!

E por 90 minutos, São Bernardo se transformou em uma parte da serra gaúcha. Só faltou o vinho e o chimarrão…

Mas também teve a presença dos amigos do time de Caxias…

A torcida local se fez ouvir e, como se a cidade toda estivesse de mãos dadas, a torcida empurrou o time do São Bernardo…

Consequência… Aos 37’ do 1º tempo, Dudu Miraíma marca o gol do São Bernardo FC:
Festa na arquibancada…

E no campo…
Tava uma noite com clima de decisão no Primeiro de Maio!

Como temos feito nesses jogos junto dos torcedores de outros estados, aproveitamos para ouvir um pouco da torcida do Caxias:

Começa o 2º tempo e o Caxias tenta equilibrar o jogo.

O pessoal do sul se empolga no apoio. O Caxias precisa do empate!

E o time gaúcho até cria as chances pro empate:
A torcida se empolga…

Será que o gol virá no escanteio?


A torcida local se esforça pra não deixar o Caxias crescer no jogo…

E a torcida do Caxias fica ainda mais apreensiva…

O tigre do ABC segue usando as laterais para chegar ao ataque.
Escanteio para o São Bernardo:
O tempo é curto… E passa rápido para quem está perdendo…

E mesmo com tanta pressão, o placar não se altera.
Vitória dos donos da casa por 1×0, para a alegria do Victor Nadal, do Héctor e do pessoal da Febre Amarela.
À torcida do Caxias resta acreditar e torcer por uma combinação de resultados que ainda pode dar a vaga à série B ao Caxias.
Do outro lado, o São Bernardo celebrou um resultado fundamental diante de sua torcida, que fez do Primeiro de Maio um verdadeiro caldeirão.
Mais uma noite respirando e vivendo o futebol brasileiro que une sotaques, cores e histórias em torno de um mesmo amor: o futebol.

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1938: Quando os jogadores operários de Santo André enfrentaram os fascistas no futebol
Desde antes da 2ª guerra mundial estourar, os movimentos nacionalistas de extrema direita se espalhavam pela mundo como uma reação à crise global que vivíamos.
Um cenário meio parecido com o que vivemos hoje…

Em 1925 os Fascistas Italianos desenvolveram uma ação para ampliar o alcance da ideologia de Mussolini: uma organização recreativa para os trabalhadores chamada Opera Nazionale Dopolavoro (OND), algo como “Obra Nacional depois do Trabalho”.

A OND supostamente buscava promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral da população, nos horários após o trabalho.

Influenciada pela momento político do Brasil (lembremos que Vargas só se posicionou contra os nazistas muito próximo do início da 2ª guerra mundial), essa ideia atravessou o oceano e veio dar as caras aqui no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Assim, em 1938, a recém criada LFESP (Liga de Futebol do Estado de São Paulo) convidou o Opera Nazionale Dopolavoro de São Paulo para disputar a Divisão Intermediária, equivalente à série A2 do Campeonato Paulista. Para a disputa, foram obrigados a mudar seu nome para Orgnização Nacional Desportiva (mantendo a sigla OND).
Os fascistas brasileiros prometiam demonstrar suas proezas em campos paulistas, e assim, como dois times da nossa região também jogavam a divisão intermediária, Santo André (que na época fazia parte do município de São Bernardo, que englobava a área do que hoje é o grande ABC) receberia em campo o time dos fascistas.
Fico me perguntando qual foi a repercussão entre a torcida local, formada em boa parte por operários, muitos deles imigrantes italianos simpáticos ao anarquismo e comunismo, que fizeram história na região com as primeiras greves, já em 1906 (essa em específico, na tecelagem Ypiranguinha, num local próximo ao que seria anos mais tarde o Estádio do Corinthians de Santo André).
O ABC vivia uma grande mistura de ideologias, com crescimento do Partido Comunista Brasileiro, além da reorganização da União Operária fazer surgir um novo sindicato.
Enfim, chega o esperado domingo, 9 de outubro de 1938 a capa da página de esportes do Correio Paulistano destacava o primeiro embate:


Os fachos chegaram em Santo André para a disputa da partida contra o Primeiro de Maio FC.

O local da partida era o Mítico Estádio da Rua Brás Cubas, e como sempre acontecia, ele provavelmente estava apinhado de torcedores naquele dia. Será que algum torcedor visitante esteve presente?
Em campo, um nome de peso para a política e para o esporte de Santo André: o goleiro Bruno José Daniel (que anos depois daria nome ao Estádio Municipal).
Essa é uma imagem do campo naquela época, que mostra de fato como era forte a presença da torcida local:

Presente nas arquibancadas, os anarquistas e comunistas da região empurraram os “flechas verdes“, ao ataque.
O Primeiro de Maio não apenas jogou como se impôs diante dos fascistas que sequer esboçaram reação.
O caldeirão da Brás Cubas ferveu por quatro vezes, terminando com a vitória arrasadora por 4×1. Fico imaginando a cena e pensando se gritos de “Não passarão!!!” teriam vindo das arquibancadas.
Os fascistas deixaram a cidade com a cabeça quente, prometendo vingança…
Se não existia a possibilidade de um novo jogo contra o Primeiro de Maio, os fascistas prometiam descontar sua raiva contra outra equipe operária: o Corinthians FC, o “Galo Preto da Vila Alzira”.

A partida estava marcada para o dia 13 de novembro, no Estádio do Corinthians, e se o Primeiro de Maio já levava torcida, o “Corintinha” era ainda mais imponente.
Veja a imagens da arquibancada local na época, em um derbi contra o Primeiro de Maio (time perfilado):

O time que enfrentou a Organização Nacional Desportiva:

E mais uma vez, estampada nos jornais, o desafio entre operários do ABC e os fascistas:

E, nessa nova visita… Mais uma vitória fazendo a alegria dos operários anarquistas e comunistas de Santo André!

O Corinthians venceu por 2×1, no dia 13/11 contribuindo com que os fascistas desistissem de se aventurar no futebol profissional de São Paulo e deixando claro que nem no futebol nem na política havia espaço para esse tipo de pensamento.
Mais uma vez o operariado do ABC deu uma mostra de como a política está presente em tudo o que fazemo.
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55- Camisa do Palestra São Bernardo

A 55ª camisa de futebol do nosso blog é de um dos times mais antigos do ABC.
Foi um presente do amigo Renato Ramos, presidente da Fúria Andreense, e fã do futebol da nossa região.
Detalhe para as mangas compridas que deixam a camisa com uma cara ainda mais legal! Trata-se do Palestra São Bernardo, que representa a cidade de São Bernardo do Campo.
Se quiser ler mais sobre o time, vale a pena dar uma olhada no post que eu fiz sobre o jogo contra o Desportivo Brasil.

São Bernardo é o “B”, do Grande ABC, berço das montadoras, do sindicalismo, do hardcore (daqueles que não se faz mais) e da minha educação (fiz ETE e Metodista).

O Palestra Itália de São Bernardo foi fundado em 1° de setembro de 1935, por um atleta do rival Esporte Clube São Bernardo.

Filho de italianos, Alfredo Sabatini mostrou o famoso “sangue quente italiano” ao fundar o time, após não ser escalado num amistoso contra um grande clube paulistano.

Óbvio que com este nome o clube representou a grande colônia italiana da cidade,e assim como ocorreu com Cruzeiro, Coritiba e Palmeiras, na época da Segunda Guerra Mundial, foi obrigado a mudar sua denominação, retirando o “Itália” do nome, tornando-se o Palestra de São Bernardo. Seu maior rival é o Esporte Clube São Bernardo, considerado o time dos afortunados, enquanto o Palestra seria o clube de massa, cuja torcida era formada em sua maioria por funcionários das fábricas moveleiras, que formariam a famosa “rua dos móveis” (Rua Jurubatuba).

Seu antigo Estádio era na Rua Marechal Deodoro, onde hoje localiza-se a Praça Lauro Gomes.

Assim, o clube encontrou sua nova casa no bairro Ferrazópolis, onde nasceu o Instituto Palestra de Educação e Cultura (IPEC), o primeiro clube-escola do Brasil.

Aqui, a cara da sede, no passado:
Em 1985, o historiador Ademir Médice (gente boa pra caramba, esse cara!), que escreve para o Diário do Grande ABC, publicou o livro Palestra de São Bernardo – Meio Século, como presente pelo seu Jubileu de Ouro.
Entre 1950 e 1951, o Palestra disputou a Segunda Divisão do Paulista.
Em janeiro de 1974, o time enfrentou o Santos de Pelé, perdendo por 4×0.
E em 1975, foi a vez do Corinthians, de Rivelino aportar no ABC para enfrentar o Palestra.
Iria demorar alguns anos até que em 1990, o Palmeiras viesse fazer o duelo dos “Palestra Itália”.
O clube ficou bom tempo em recesso e só voltou a jogar profissionalmente em 1986, na Terceira Divisão.
Depois, em 1992 voltou a fechar suas portas, só voltando a disputar o profissionalismo em 1997, quando foi vice-campeão da Série B1-b, a então 5a divisão do paulista. Em 2005, a diretoria do Palestra endoidou e tentou “remodelar” o clube, mudando suas cores, escudo, mascote e hino.
O time passaria a se chamar PSB (sigla para Palestra São Bernardo), e o verde seria substituído pelo vermelho.
Felizmente, em 2006 o time voltou a se chamar Palestra e em 2008 voltou às cores de origem, além de ter novamente seu escudo inicial.

Da época “maluca”, fica o belo hino:
Um dos orgulhos dos torcedores é que o meia-lateral Zé Roberto (Seleção brasileira, futebol alemão, Portuguesa, Santos, entre outros) atuou nas categorias de base do time.

Olha ele aí no time de 92:

O time é também chamado de Alviverde batateiro. Seu mascote já foi um Periquito e agora, um cão São Bernardo.

Atualmente, manda seus jogos no Estádio Baetão, com gramado sintético, e capacidade de 8.000 pessoas.

Eu e a Mari jáfomos em vários jogos do time, nesta fase recente:

Mas até pouco tempo, mandou seus jogos no Estádio Primeiro de Maio:

O palco das greves e das mobilizações do ABc, nos anos 80…

Esse é o time em 2009:

Atualmente disputa a fase final Segunda Divisão do Campeonato Paulista, com boas chances de chegar à série A3.
Mais informações, existe um blog feito por torcedores: http://semprepalestrasb.blogspot.com/ e um site (não sei se oficial): www.palestrasb.webs.com/ , ambos valem a pena!
E por fim, algumas imagensbancadas do Baetão:

