No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu,
no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos,
registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras
em diferentes cidades.
Bernardino de Campos tornou-se município, legalmente, em 9 de outubro de 1923, mas a história da região também passou pelas diferentes fases com ocupação indígena até a chegada dos portugueses, e depois uma aceleração com a chegada da ferrovia (Foto do site Estações Ferroviárias).
Encontrei esse galpão, achando que foi o que sobrou da estação.
Até o fim do século XIX, o local era um pequeno povoado conhecido como “Douradão”, que depois foi chamado de “Figueira” até finalmente se oficializar como “Bernardino de Campos” em homenagem ao político que presidiu o estado de São Paulo por duas vezes.
Bernardino de Campos tem como base da economia a agricultura e teve início com o café e o algodão, mas com o tempo, grande parte do cultivo foi dedicado a pastagens e canaviais. Atualmente, sua atuação está focada em gado de leite, gado de corte, cana-de-açúcar, milho e soja, além de um pequeno comércio e serviço.
Demos um rolê rápido pela cidade e deu pra sentir que o lugar ainda é bastante tranquilo. Por lá, vivem cerca de 12 mil pessoas.
Estivemos na cidade para conhecer e registrar o atual Estádio Municipal de Bernardino de Campos, que por muitos anos foi conhecido como o Estádio do Esporte Clube Ferroviário.
Fiquei triste de ver a pintura mal cuidada… No passado essa entrada era assim:
O Esporte Clube Ferroviário foi fundado em 16 de agosto de 1947, pelos funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana.
Olha aí a imagem de um goleiro que defendeu o clube no passado.
Como a maioria dos times, o EC Ferroviário começou no futebol amador e nessa fase, seu principal adversário era o outro time da cidade: a Associação Atlética Bernardinense, fundado em 13/08/1925.
Já em 1931, os jornais noticiavam partidas da AA Bernardinense:
A AA Bernardinense disputou o Campeonato Paulista do Interior em 1947:
Aqui, o time juvenil de 1957:
E o principal do mesmo ano:
Em 1956 e 58, rolou o derbi pelo Amador do Estado daquele ano.
E a vitória foi da Associação, mesmo jogando no campo do Ferroviário!
E também no jogo de volta…
O campo da Associação fica na Av da Saudade. O Estádio foi construído no início dos anos 30!
Aqui, uma imagem da torcida do EC Ferroviário no campo da Associação em 1978:
Aqui, uma matéria na Gazeta Esportiva falando sobre um amistoso disputado em Palmital:
Mas, em 1965, desafiando a lógica, o EC Ferroviário fez sua estreia no futebol profissional na 4ª do Campeonato Paulista, terminando a primeira fase de grupos em 8º lugar.
O time manteve no profissional em 1966, novamente com uma campanha muito ruim, terminando na última colocação.
O EC Ferroviário volta às disputas amadoras.
Com a crise na Ferrovia, o clube também passou por problemas e em 1994 a Prefeitura assume a gestão do time e do estádio, mas a sua memória segue por lá, nas paredes…
Vamos dar uma olhada em mais este templo do futebol:
Aparentemente, o time voltou a usar o estádio jogando partidas amadoras.
Suas cores seguem na pintura da arquibancada.
E nos olhos sonhadores da molecada que segue frequentando o campo e jogando bola lá, sonhando em quem sabe ser um jogador, ou simplesmente curtir os seus 90 minutos de craque local.
A pequena arquibancada segue lá, na lateral do campo. Dá pra ver que ela é feita em tijolos, uma construção para durar muito tempo.
O gramado cresce bonito aproveitando os nutrientes da famosa “terra roxa”.
Antes de ir embora, o registro do meio campo, com destaque para um detalhe que eu aprendi a observar com o historiador “seo” Adalberto, aqui de Santo André: perceba o que está sendo usado para segurar o alambrado.
Veja aqui, o gol da direita enquanto eu te respondo o que são esses “falsos” postes: na verdade são pedaços de trilhos, que provavelmente sobraram nos depósitos da época da Ferrovia.
E o gol da esquerda:
Um grande orgulho poder pisar e registrar o Estádio do Clube Ferroviário e de ter conhecido a bela e pacata cidade de Bernardino de Campos.
A 195ª camisa do blog representa as cores do Tupã Futebol Clube!
O time tem como mascote o Índio Guerreiro, que representa a ligação histórica com os indígenas que habitaram a região no passado.
Ah, e em agosto de 2022, o time apresentou como novidade sua nova identidade visual, baseado no escudo que foi usado entre os anos 30 e início da década de 40:
Com uma modernização do desenho original, o resultado foi esse (eu normalmente fico com um pé atrás, mas nesse caso achei a mudança positiva e bem conceituada):
Em 2018, acompanhamos uma partida contra o Osvaldo Cruz (veja aqui como foi)!
E ainda fizemos um post sobre o Estádio Municipal Alonso Carvalho Braga,veja aqui como foi!
O Tupã FC foi fundado em 8 de fevereiro de 1936, e tem uma história repleta de conquistas. Usando como base de pesquisa o livro “Os esquecidos“, a estreia do time nas competições oficiais da Federação Paulista se deu em 1944, no Campeonato Paulista do Interior disputando o grupo da 25ª região, que teve como campeão do grupo, o tradicional São Bento de Marília.
A próxima disputa registrada no livro é de 1947, quando outro time da cidade também participou da disputa: Ouro Branco FC e desse vez o Tupã sagrou-se campeão do Setor 29, indo para fase regionais onde enfrentou outros campeões setoriais: EC Noroeste, o campeão desse novo grupo, além do EC Municipal (Vera Cruz), Glória FC (Cafelandia) e o Bandeirante EC (Birigui).
A partir de 1947 é muito difícil ter a sequência de participações do Tupã FC no Campeonato do Interior, mas vale reforçar que nessa época o time obteve duas vitórias em amistosos contra o Santos, em 1948, e em 1950 e um outro contra o Vasco onde os cariocas venceram por 1×0.
Usei fotos das redes sociais do Tupã FC e do site Que fim levou, do Milton Neves para ilustrar este post com fotos dos esquadr˜ões antigos, ainda que nem todas estejam datadas, como esta abaixo dos anos 50:
Em 1949, estreou na Segunda Divisão, na época, só existiam 2 divisões e o campeão desse campeonato foi o Guarani.
Em 1949, este foi o esquadrão que defendeu as cores da cidade:
O Tupã disputou a segunda divisão até 1954 (quando a Federação criou a 3a divisão), com resultados apenas medianos.
Após se ausentar por um ano, em 1956, voltou à segunda divisão até 1959, quando perdeu a classificação para a fase final por apenas um ponto!
Entre 1960 e 1974 o Tupã FC disputou horas o terceiro nível do futebol, a “segunda divisão profissional” (1960, 69. 71 a 74), horas a “principal divisão”, que equivalia ao segundo nível (entre 1961 e 67), ficando alguns anos de fora (como 1970).
Em 1974, terminou a 2a divisão em 1º na fase inicial….
Sendo eliminado na segunda fase.
Joga o 3º nível do futebol paulista em 1975, o 2º nível em 1976, novamente retorna para o 3º nível em 77, 78 (classificando-se para a segunda fase), 79 (mais uma vez chegando na segunda fase), 80 e 81, quando terminou em 4º, classificando-se para a segunda fase…
Na segunda fase, mais uma grande campanha levou o time à decisão do grupo contra o campeão do primeiro turno (o Penapolense) e a vitória o classificou à fase final.
Infelizmente a campanha na fase final foi bastante inferior.
Em 1982 e 83 o time disputou o segundo nível do futebol paulista (a Segunda Divisão), mas ao final do ano, se licenciou do futebol profissional, voltando à 3ª Divisão em 1985, sendo eliminado na fase final de grupos, após liderar os grupos das duas fases anteriores.
De 1986 até em 1993, o Tupã permaneceu na 3ª Divisão, sem grandes campanhas, mas classificando-se para a segunda fase com certa frequência.
Com a redefinição do futebol paulista, a partir de 1994, o time passa a disputar a 4ª Divisão. Em 2006 abandona a competição, mas retorna no ano seguinte. “Pula” o ano de 2008 e retorna em 2009.
Em 2013, ficou a 3 pontos da final, mas conquistou o acesso à série A3, jogando com esse uniforme bem bonito:
Em 2014 faz uma série A3 mediana, com 6 vitórias, 7 empates e 6 derrotas, mas em 2015, não resiste e acaba rebaixado à “Bezinha” de 2016, licenciando-se em 2017, retornando em 2018, e novamente abandonando o futebol profissional após o campeonato de 2020, quando jogou com o time abaixo:
Durante o ano de 2022, ouviram-se muitos rumores sobre a volta do time em 2023. Fiquemos no aguardo!
Sempre tive uma relação especial com a cidade de Ribeirão Pires. Desde a época em que estudava na ETE Lauro Gomes, depois com o rolê punk e atualmente graças a essa figura chamada Nélson, um grande amigo de arquibancada e da vida que nos convidou para registrar o Estádio Felício Laurito , a casa do Ribeirão Pires FC!
Ribeirão Pires é mais um território que teve grande presença indígena e provável palco dos encontros dos portugueses com João Ramalho e os tupiniquins. Quando da fundação de São Paulo, a cidade de Santo André acabou abandonada e assim a região em geral acabou meio esquecida, limitando-se a ponto de passagem.
Somente no século XVII, a região do ABC volta a se desenvolver, Ribeirão era denominada de Caaguaçu (“mata alta” em tupi guarani). O futuro nome da cidade foi homenagem à família de Antonio Pires de Avila, que chegou à região no início do século XVIII, 2 anos depois da construção da Igreja de Nossa Senhora do Pilar.
Se pelo interior do estado, o café transformou as paisagens com suas grandes plantações, Ribeirão Pires teve uma influência indireta: no século XIX, para escoar o café para o porto de Santos, foi construída a ferrovia São Paulo Railway passando pela região dando origem a uma série de madeireiras e olarias. Em 1885 surge a pequena estação de Ribeirão Pires.
Somente em 1896, foi criado o distrito de Ribeirão Pires, aqui uma imagem de 1905:
Em 1953, Ribeirão Pires se emancipou tornando-se município autônomo. Atualmente é uma estância turística e tem se desenvolvido de modo diferente da história industrial que caracteriza a região.
Mas, como não poderia ser diferente, a cidade possui uma grande paixão futebolística: o Ribeirão Pires FC.
Na verdade, o primeiro time da cidade foi o CA Internacional fundado em 8 de julho de 1911, mas que acabou mudando de nome para Ribeirão Pires Futebol Clube, em 19 de maio de 1912.
Aqui, o time que defendeu a camisa do Ribeirão Pires FC em 1918:
Embora o trabalho inicial fosse focado na constituição do clube, em 1919, o Ribeirão Pires FC entra para a história ao disputar o primeiro campeonato da região, ao lado de: Serrano, Brasil, AA São Bernardo, São Caetano EC, Primeiro de Maio FC (que jogou como União Team por estar filiado à APEA naquele ano) e do Corinthians FC que sagrou-se campeão, recebendo Taça Senador Fláquer.
Esse foi o time que jogou o campeonato de 1919:
A partir daí, o RIbeirão Pires FC passou a disputar vários jogos e campeonatos importantes não só na região, como partidas na capital e em Santos e como o futebol ganhava visibilidade, em março de 1923 começa a ser construído um novo campo de futebol, nas proximidades da rua Major Cardim.
Esse era o time de 1923:
Em 1926 filia-se à Liga de Amadores de Futebol em 1927 debuta em competições oficiais jogando a Série Principal da Divisão Santista da LAF,mas abandonou a competição e acabou desclassificado.
Alguns dos resultados dessa competição:
10/4 – Palestra Itália de Santos 1×3 Ribeirão Pires FC
3/5 – A. Santista Extra 0x1 Ribeirão Pires FC
3/7 – Ribeirão Pires FC 0x2 Brasil FC
Em 1927, disputa um amistoso contra a A. Portuguesa, como registrou a página de “sports” do Correio Paulistano de 4 de junho daquele ano:
Em 5 de agosto de 1934 vai até Bragança Paulista enfrentar o EC Bragantino, com o time abaixo:
Em 1936, um levantamento feito neste ano mostra que o time jogou 556 partidas, com 352 vitórias e 136 empates. E esse foi o time:
Em 1940, o Ribeirão Pires FC mandava seus jogos no campo situado ao lado da Rua Capitão José Galo, ao lado do prédio do Fórum. É ali que, em 1943, disputa o Campeonato Paulista do Interior. O time que fez história é esse:
Aí está o grupo da 26a região, onde estava o Ribeirão Pires FC:
Aqui, alguns dos atacantes deste time histórico: Pinheiro, Caetano, Tuiti, João e Turelli:
Se até então as sedes se mostraram sempre provisórias, em imóveis emprestados, em 1947 foi comprado a área onde atualmente está o Ribeirão Pires FC e que só seria inaugurada em 1978:
Em 1949, sagra-se campeão invicto da Liga Santoandreense, mas o início dos anos 50 foram dedicado à construção do Estádio Felício Laurito, inaugurado em 15 de novembro de 1956 em um jogo contra o Palmeiras. A equipe paulistana venceu por 4 x 2, mas o dia foi de festas, como se vê na foto abaixo:
Aqui, uma imagem do dia do jogo:
Por um período, logo após a construção do Estádio Felício Laurito (na foto abaixo, do lado direito), os dois campos de futebol continuaram em atividade, enquanto o “campo velho” era usado pra treino e emprestado para outros clubes, o novo Estádio era reservado para os jogos do Ribeirão Pires FC.
Em 1960, o Ribeirão Pires FC sagrou-se campeão municipal invicto!
As fotos acima foram retiradas do incrível livro: “Sob a luz de um lampião nasceu o Ribeirão”, de Roberto Bottacin (aqui nesse link da estante virtual até hoje cedo, ainda havia um por meros R$ 9,90!!!)
Encontrei algumas imagens, que confesso ter perdido a fonte (se você for o dono, me avisa e eu dou o crédito) que registram outros esquadrões:
Enfim, depois de tanta teoria, vamos à prática! Um rolê pelo Estádio Felício Laurito ao lado dos amigos Gó e Nelsão!
Então é hora da nossa tradicional imagem do estádio, começando pelo meio campo:
O gol da direita:
E o gol da esquerda:
E um olhar geral sobre esse lindo Estádio!
O Estádio está literalmente dentro do clube, então tem uma série de cuidados que normalmente não veríamos em outros campos, como esses bancos de onde se pode assistir os jogos:
Junto ao campo há também uma pista de atletismo:
Lááá do outro lado, estão os bancos de reserva.
Esta é a arquibancada de onde tirei as fotos do campo.
Olhando lá do outro lado, as imagens “invertidas”, esse é o gol da direita (atrás dele está o ginásio do RPFC).
O meio campo, tendo as arquibancadas como destaque:
E o gol da esquerda com o salão social ao fundo.
E aí os 3 patetas…
O entorno do estádio possui vários detalhes e muitos cuidados dando um ar todo especial ao lugar…
Encontrei até uma versão antiga do distintivo antigo em uma das portas:
Olha aí um adesivo declarando o amor ao clube…
E o que dizer dessa sala de troféus? Quanta história está aí registrada?
Aproveitamos ainda para dar uma olhada na quadra de futsal.
O futsal é bastante valorizado no RPFC!
Arquibancadas em dia!
E assim, com mais um estádio registrado, voltamos para casa com a certeza da missão cumprida!
Com o lançamento da Enciclopédia do Futebol pela Federação Paulista, vários campeonatos antigos acabaram ganhando atenção, como o Campeonato Paulista do Interior, e pesquisando a edição de 1943, encontrei a participação de um time pouco conhecido aqui de Santo André, o Clube Atlético Piratininga.
O CA Piratininga foi fundado em 29 de setembro de 1939 e teve seu jogo de estreia: contra o time do Parque das Nações, um empate de 0x0.
A partir de 1940, o CA Piratininga passou a ganhar mais notoriedade, tanto que o time juvenil foi convidado a disputar a preliminar do jogo de despedida do Estádio do Primeiro de Maio (na rua Campos Sales, defronte à Catedral do Carmo).
O adversário foi o São Paulo FC, cujo time principal enfrentaria o dono do Estádio: o Primeiro de Maio FC. O time juvenil do CA Piratininga, da foto abaixo, conseguiu segurar o time da capital num 1×1. No jogo principal, o tricolor paulista amassou o Primeiro de Maio FC por 8×0.
A foto do time juvenil foi tirada do livro “A história do futebol em Santo André“, do Paschoalino Assumpoção, é um livro barato e muito completo sobre o futebol amador na cidade de Santo André (em 5/2/2022 tinha um por R$ 6 neste link.)
Outra fonte importante para esse trabalho foi o livro “Os esquecidos“, realizado pelo DataToro / RedBull, com pesquisas de Antonio Ielo, Fernando Martinez, Júlio Diogo e Marcio Javaroni e editado pelo Rodolfo Kussarev.
Na sequência, a partir de 1941, o time passou a jogar a segunda divisão da liga Santoandreense, até que finalmente, em 1943, o CA Piratininga participou do Campeonato Paulista do Interior enfrentando os times do ABC, Guarulhos e Franco da Rocha, como apresentado no livro “Os esquecidos – Arquivo de Futebol Paulista” (no detalhe, o time é apresentado como sendo de São Bernardo, e com um escudo diferente do que se vê na foto acima, do time posado):
Hora de conversarmos sobre Rafard, a cidade fundada em 1883 pelo bigodudo Júlio Henrique Raffard, de onde surgiu o seu nome.
Assim como vários municípios brasileiros, a história de Rafard está diretamente ligada à cana de açúcar, graças ao engenho da Usina Sociéte de Sucréries Brésillenes, uma sociedade anônima que pertencia a alguns franceses e empregava quase 1700 pessoas (dos quais cerca de 1200 eram estrangeiros).
O povoado passou a ser chamado de “Villa do Henrique Raffard” e logo “Villa Raffard”.
Com a vila ganhando importância, passou a ser um Distrito de Capivari e em 1964 conseguiram a emancipação, tornando-se o atual município de Rafard, onde hoje vivem quase 10 mil pessoas.
A cidade fica na região da Grande Campinas, próxima também de Piracicaba e de acesso tanto via Rodovia Castelo Branco, quanto pelo sistema Anhanguera / Bandeirantes.
Rafard ainda tem grande dependência da Usina Raifard (que agora pertence à Raízen).
Passamos por ali no mesmo dia em que visitamos Salto pra registrar o Estádio da AA Avenida.
O açúcar fez a cidade crescer e trouxe a estrada de feroo até Rafard, com a linha que ligava Itaici a Piracicab. O transporte de passageiros acabou em 1976 e os trens de carga continuaram trafegando até meados dos anos 1980. Por volta de 1990, os trilhos, já abandonados, foram retirados pela agora FEPASA.
A estação de Villa Rafard, inaugurada em 1884 para atender à Usina Rafard, ligando também dois ramais ferroviários de usinas locais.
Ainda existe uma lembrança da Estação Sorocabana com um trem da época gloriosa…
O futebol local movimentava a cidade e a região com vários times, entre eles, o Elite FC, fundado em 1928:
Não encontrei muitas informações sobre o time, apenas algumas fotos, como essa de 1928, do ano de fundação do time:
Aqui, o time de 1937:
Aqui, o de 1942, que disputou a 15ª Região (a Piracicabana) do Campeonato Paulista do interior daquele ano, ao lado de outros 39 times:
Outro time que disputou o Campeonato do Interior de 1942 foi o União Agrícola F.C. (Saltinho) formado nas fazendas do Engenho.
Existia ainda o União Rafardense Futebol Clube.
Da união do Elite FC com o União Rafardense FC, em 8 de dezembro de 1943, para o desgosto dos mais radicais, que curtiam a rivalidade do derbi, surgia o Rafard Clube Atlético, o RCA!
O time deu sequência à tradição da cidade e disputou o Campeonato Paulista do Interior, em 1946.
Além do campeonato do interior, o “RCA“, o time teve a ajuda da Usina e se profissionalizou-se em 1954, disputando a Série A3 do Campeonato Paulista em 1954 e 1959.
O Rafard CA mandava seus jogos no Estádio Usina, que ficava praticamente dentro da Usina Rafard e era inteiro murado, possuia alambrados entre a torcida e o campo, e a partir de 1956, passou a ser iluminado:
Encontrei algumas matérias falando sobre amistosos, como o de Maio de 1956, contra os cariocas do Olaria AC:
Outro carioca que “aterrissou” na estaçao ferrroviária da Vila Rafard foi o São Cristóvão:
Em 1956, mais uma vez participou do Campeonato Amador do Interior, pelo Setor 36:
Em 1957, novamente disputou o Campeonato Amador do Interior, e encontramos um resultado na Gazeta Esportiva:
O RCA participou ainda de muitos campeonatos municipais (quando ainda pertencia a Capivari), como lembra essa partida de 7 de setembro de 1958, contra o AA Cillo:
E esse flyer (cujo original pertence ao amigo André Stucchi), convidando a galera pro jogo?
Em 1958, mais uma edição do Campeonato Paulista do Interior, veja alguns dos jogos que consegui encontrar, pela primeira fase:
Aqui, um jogo contra o Santa Cruz, em 19 de setembro de 1958, pelo amador do estado:
Aqui, o penúltimo jogo contra o SE Floresta (time da Fazenda Forte):
O time acabou sagrando-se campeão da Série Carlos Rolim, graças à vitória contra o Santa Alice, em 27 de outubro, de 1958.
Aqui, ainda em 1958, uma reportagem em homenagem aos 15 anos do Rafard Clube Atlético:
E esse é o time de 1959:
O Raffard Clube Atlético jogaria ainda a Quarta Divisão (a atual “Série B“) do Paulista em 1960, 1961 e 1963. Aqui a campanha de 1960:
O Rafard Clube Atlético jogava de com uma camisa com listras verticais paralelas nas cores do clube, como pode se ver nessa foto celebrando a conquista de mais uma taça!
Por conta da emancipação, o seu maior rival era o Capivariano F.C da cidade de Capivari.
Aqui, outra imagem do time, no Estádio da Usina:
Aqui, o time do Rafard em 1962, foto da Gazeta Esportiva, enviada pelo amigo André Stucchi:
E uma rara imagem do estádio inundado pela enchente em 1970.
Após a nossa visita, o amigo Túlio, do “O Semanário“, enviou algumas fotos bacanas também, olha só, essa do Estádio:
E uma formação do time:
Aqui, o time juvenil:
E até uma do time de futebol de salão.
Atualmente, a área que recebia o estádio e suas proximidades seguem sob o controle da Usina.
Pra chegar até a área específica do Estádio, basta seguir o muro da Usina.
E se a sua imaginação foi boa, faça com que ela retire dali todo esse restolho de cana, e imagine que bem ali está o mítico estádio da Usina…
Era ali que o RafardCA fazia a alegria de toda uma cidade…
E não, vc sequer pode chegar perto…
A Usina segue a todo vapor…
Fiz um pequeno vídeo dela, com a ajuda do amigo Lúcio!
Já há algum tempo ela foi adquirida pela Raízen.
Mas mantém algumas coisas de antigamente como essa pequena capela…
A cidade chegou a construir um novo estádio, municipal que tem sido utilizado pelo time vizinho do Capivariano.
Fica aí o nosso registro do que um dia foi o Estádio da Usina, do poderoso Rafard Clube Atlético!
O post de hoje é em homenagem ao Ademir Medici, outro apaixonado pela história do Grande ABC que além de escrever uma coluna sobre a memória da região no Diário do Grande ABC, ainda editou vários livros sobre os principais clubes da região, entre eles, o São Caetano Esporte Clube. O livro “Uma história de campeões” foi a principal fonte utilizada hoje.
Outra fonte importante para esse trabalho foi o livro “Os esquecidos“, realizado pelo DataToro / RedBull, com pesquisas de Antonio Ielo, Fernando Martinez, Júlio Diogo e Marcio Javaroni e editado pelo Rodolfo Kussarev.
O São Caetano Esporte Clube nasceu em 1º de Maio de 1914, da fusão do Rio Branco (que alguns dizem EC, enquanto outros FC) e do Clube dos Amigos. Nos seus primeiros anos, participou de vários campeonatos locais e amistosos, inclusive fazendo algumas viagens pra jogar de visitante.
Não encontrei registros fotográficos do primeiro campo do São Caetano EC, mas ele ficava em uma área da família Roveri, antes usada pelo Clube dos Amigos, onde a Fábrica de Louças Adelina se instalaria. O campo não oferecia condições de disputar jogos oficiais e por isso, era comum jogar em campos emprestados. Aqui, algumas imagens da fábrica:
O segundo campo (também não encontrei nenhuma foto, até porque estamos falando das primeiras décadas do século XX) ficava na rua Heloísca Pamplona, e foi usado até 1920, quando o local passou a abrigar o Grupo Escolar Senador Fláquer.
O terceiro campo, conhecido como “O Estádio da Rua 28 de Julho” marcou época.
Possuia arquibancadas em madeira, inclusive uma pequena parte coberta. Ficava no terreno de uma firma de montagem de pontes, e o São Caetano EC pode mandar seus jogos ali por um bom tempo, até que no início dos anos 30, as Indústrias Matarazzo requereram o terreno.
As arquibancadas em madeira, com uma área central coberta e todo cercado, o que dava um charme único! Aqui uma outra foto, também do livro do Ademir Medici!
Aqui dá pra se ter ideia de como era o outro lado do estádio:
Em 1919, o time passa a disputar o Campeonato Municipal organizado pela APSA, que equivale à série A3 do Paulista atualmente.
Jogaria a A3 também em 1920, 1922 (quando chegou à segunda eliminatória, perdendo para a AA Ordem e Progresso), 1923 (também foi até a segunda eliminatória, desta vez perdendo para a AA Estrela de Ouro), 1924 e 1925. Esse, o time de 1926, que só jogou amistosos e torneios locais:
Em 1927, disputa pela primeira vez o Campeonato Paulista do Interior, pela APEA.
Em 1928, por falta de condições de seu estádio, mandou seus jogos pelo Campeonato do Interior em Santo André (no campo do Primeiro de Maio FC) e em São Paulo (no campo do Silex e do Ipiranga), mas isso não impediu o São Caetano Esporte Clube de se tornar Campeão do Interior!
Com o título do Interior de 1928, em 1929 o São Caetano Esporte Clube volta a disputar a série A3 do Campeonato Paulista pela APEA (nessa época, chamada de 2a divisão, ficando abaixo da primeira e da especial).
O Estádio da Rua 28 de Julho passa por uma reforma para poder receber os jogos desta competição e logo de cara, o São Caetano Esporte Clube conquista o vice campeonato.
O campeão de 1929 seria a AA Ordem e Progresso (que havia sido campeão da Divisão Municipal da APEA em 1928).
Olha o time deles, em 1935:
Mas, em 1930 chega a hora da celebração maior! O São Caetano Esporte Clube se torna campeão da série A3 e assim passa a disputar a A2!
O time sofreu uma única derrota no campeonato!
Em 1931, disputou a série A2 e por 3 pontos não saiu campeão.
A partir de 1932, o time passou a adotar o seu distintivo, já que até então, era apenas um uniforme preto e branco.
A série A2 de 1932 foi mais enxuta e perdeu um pouco da força porque a APEA criou dois novos Campeonatos: o do Interior – Divisão Campineira (onde o Guarani foi campeão) e o do Interior – Divisão Santista (a Briosa levou o título). Foram apenas 7 jogos e uma campanha apenas regular.
Em 1933, surge a Federação Paulista de Futebol e com ela, o profissionalismo começa a surgir no futebol paulista.
O São Caetano EC segue no campeonato da APEA, na série A2, que ese ano era dividido em 2 grupos, onde os melhores de cada um fariam a final.
Jogando no grupo “Série 1”, termina empatado em primeiro lugar com o time das Fábricas Orion, mas perde a partida de desempate e assim fica de fora da final.
O Fábricas Orion foi pra final e levantou o título de campeão.
É o time desta fábrica:
Que embora tenha se mudado de endereço, segue dando nome ao prédio, agora abandonado, na esquina das ruas Joaquim Carlos e Behring, no bairro do Belenzinho…
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Orion acolheu muitos imigrantes alemães de origem judaica, que fugiram da Europa por causa de perseguições.
O São Caetano EC ainda disputou vários amistosos nesse ano, dos quais dois merecem destaque: um contra o Primeiro de Maio que terminou em pancadaria (a ponto dos times combinarem não realizar o jogo de volta) e outro contra a Portuguesa, da qual se tem esse registro (a Lusa venceu por 3×2):
Chegamos a 1934, e agora haviam 2 campeonatos, um pela APEA e outro pela Federação Paulista (do qual o CA Fiorentino – que nada mais era do que o Juventus, que se lincenciou das demais competições, momentaneamente- saiu campeão da série A1).
O São Caetano EC fez uma boa campanha e terminou em 3olugar (de novo a AA Ordem e Progresso levou).
Naquele ano, o time disputou um amistoso com o Palestra Itália, no Estádio da rua 28 de julho. Esse foi o time daquele jogo:
Em 1935 é um momento especial para o São Caetano EC: o clube adquire um terreno entre as ruas Paraíba e Major Carlo Del Prete, uma vez que a área do Estadio da Rua 28 de Julho é requerida pelas indústrias Matarazzo. Como o clube não tinha recursos, foi necessário muitas ações e parcerias para a realização desse sonho. Mas estava lançada a pedra fundamental do que seria o “Estádio da Rua Paraíba“.
A outra boa notícia é o convite feito pela APEA para que o São Caetano EC dispute a sua série A1 de 1935. O time termina em 4olugar e ainda vence a Taça Bellard contra outros times da região.
A despedida do velho Estádio da Rua 28 de Julho se faz na partida contra a AA Ordem e Progresso, na primeira rodada do campeonato ( o time joga de visitante praticamente todos os jogos).
Em 1936, dois campeonatos paulistas são disputados: um pela LPF (Liga Paulista de Futebol), do qual o Palmeiras (Palestra Itália, então) sagra-se campeão, jogando contra as equipes mais fortes do estado, como Corinthians, São Paulo, Santos, Juventus entre outros times. O São Caetano EC segue fiel à APEA, que começa a apresentar sinais de decadência e melhora sua performance, alcançando o 3olugar.
O destaque fica para a goleada de 6×1 contra o Ordem e Progresso (até eu já peguei birra desse time de tanto jogo contra ele kkkkk) e para o “derby regional” com o Primeiro de Maio, tendo o São Caetano EC vencido as duas partidas.
Esse foi o time de 1936, que teve que jogar quase todos os jogos como visitantes, uma vez que o Estádio da Rua Paraíba não foi finalizado.
Chegamos a 1937 com uma grande notícia: o Estádio da Rua Paraíba finalmente está pronto, e recebe o nome de Estádio Conde Francisco Matarazzo, sendo inaugurado em 1/5/1937.
Essa é uma foto do dia da inauguração, que contou com um grande festival que teve como ponto principal um jogo entre o São Caetano EC e um selecionado da APEA (4×1 para os donos da casa):
A entrada principal era na Rua Paraíba, onde ficavam as bilheterias além de um escritório para controle das carterinhas dos sócios.
Ao lado esquerdo (onde ficava um dos gols), estava a Rua Margarido Pires (a atual Av Goiás), à direita, a indústria Brasiltex e logo adiante a Rua Baraldi.
Aqui outra foto do livro do Ademir Medici, percebe a distância da torcida ao campo (sim, era só essa singela cerca branca que separava a torcida dos jogadores). Esta arquibancada coberta tinha capacidade para 600 torcedores. Ela dava costas à Rua Major Carlo Del Prete, embaixo delas ficavam os vestiários. Pro lado de trás, havia um portão maior para a entrada dos carros e ônibus dos times visitantes.
Outros dois jogos, nas duas semanas seguintes fizeram parte das festividades de inauguração do novo estádio: uma derrota de 1×0 para o Ipiranga e outra por 3×1 para a Portuguesa.
O São Caetano EC toma outra decisão importante neste ano: afastar-se da APEA e inscrever-se na Liga Paulista de Futebol (que se tornaria a atual Federação Paulista), mas termina 1937 sem disputar nenhum campeonato, assim como 1938, mas rolam festivais e até um campeonato só com times de São Caetano.
Em 1939, a agora “Liga de Futebol do Estado de São Paulo (LFESP)” decide convidar o São Caetano EC a disputar a Divisão Intermediária, equivalente à série A2 do Paulista.
E esse campeonato foi especial para o Grande ABC: 5 times da região participaram: São Caetano EC, Primeiro de Maio, EC São Bernardo, Cerâmica e Corinthians de Santo André) e 4 terminaram nas primeiras posições, tendo o Corinthians de Santo André como campeão!
Aqui, o goleiro Ettore Manilli em ação:
Chega 1940, e vem a grande conquista da Divisão Intermediária – a série A2 da época!
Inacreditavelmente, o time campeão de 1940 não disputa nenhum campeonato em 1941, nem 42 ou 43… Apenas amistosos.
Em 1944, disputou o Campeonato do Interior, mas acabou eliminado pelo Taubaté, em 45 e 46 não passou da fase regional de grupo (quem se classificou em ambas foi o vizinho CA Rhodia, de Santo André) e em 47 também saiu na segunda fase. Esse é o time de 1945:
Em 1948, uma grande novidade: a disputa do campeonato paulista da Segunda Divisão (a série A2) profissional. Joga a série vermelha e termina empatado em número de pontos com o Rio Pardo. Era só empatar o último jogo contra o Ginásio Pinhalense numa partida cheia de histórias….
Como apenas um time iria pra fase final, houve uma partida para desempatar e o Rio Pardo FC venceu, em campo neutro, em Limeira, por 5×3. O São Caetano EC jogou com Zinho; Mosca e Neno; Sérgio, Ninim e Escovinha; Suli, Iube, Andó, Wilson e Enzo. Técnico: Francisco Marinotti.
Em 1949, uma participação mediana, em sétimo lugar.
Duas fotos do time frente ao estádio neste ano:
Em 1950, sagrou-se campeão da sua regional, mas acabou desclassificadoo da segunda fase.
A foto do time campeão da sua série.
Em 1951, mais uma campanha mediana na Segunda Divisão – a série A2 da época- não se classificando para a parte final da competição, o vizinho Corinthians de Santo André classificou-se em primeiro lugar (no jogo em Santo André, deu São Caetano EC 2×1 contra o Galo da Vila Alzira, em 22/7/51):
Em 1952, é anunciado a construção de um novo estádio que servirá não apenas ao time mas à cidade. Analisando a distância eu me pergunto se realmente era necessário, visto que o Estádio Conde Francisco Matarazzo parecia dar conta do recado, mas alguns depoimentos da época dizem que o estádio já era pequeno para as grandes partidas (além de disputar a A2, foi comum a presença de Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Portuguesa disputando amistosos para casa cheia) e a própria Federação vinha reclamando das acomodações modestas.
O time que entra em campo para a A2 de 1952 é formado por novos rostos, convidados junto à várzea local, o que fez com que o início do campeonato fosse irregular, mas em determinado momento, parece que finalmente deu liga, como se pode notar nos resultados.
Como houve empate entre o São Caetano EC e o Taubaté foi marcado uma partida em local neutro (a Rua Javari) na qual o time do ABC bateu o burro da central por 4×2, com 3 gols do ponteiro Rino.
Infelizmente no chamado “Torneio dos finalistas”, o time perdeu a classificação para o CA Linense, que saiu campeão em cima da Ferroviária.
Time do CA Linense, campeão e que disputaria a série A1 de 1953:
Nessa época, independente da campanha do ano anterior, existia sempre uma expectativa para saber se o time seria convidado para a disputa da segundona e foi com muita alegria que o São Caetano EC confirmou presença em mais um campeonato, ao lado do vizinho Corinthians de Santo André.
Pra se ter ideia do tamanho do interesse, em 1953 é criada a Terceira Divisão (equivalente à A3 atual).
Aqui, o time de 1953:
Mais uma vez, os times são divididos em grupos e a campanha do São Caetano EC é apenas regular:
O ano de 1954 se inicia com as primeiras obras do que ser ia o novo estádio da cidade. Mas o que mexeria com as estruturas do futebol na cidade foi a fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC de São Paulo (que jogava a primeira divisão).
Dessa maneira surge a Associação Atlética São Bento, cujo nome e uniforme eram homenagens ao São Bento, clube paulistano campeão estadual em 1914 e 1925).
Como o Comercial já disputava a primeira divisão, a AA São Bento nasce na A1 de 1954!
Mas, contrariando as expectativas, faz uma campanha bem mediana, correndo até risco de rebaixamento…
Com o time disputando a principal divisão do estado (a série A1), o prefeito Anacleto Campanella se vê na obrigação de agilizar as obras do novo estádio.
Assim, 1955 se inicia de uma forma muito festiva: no dia 2 de janeiro, em um jogo válido ainda pelo campeonato de 1954 (veja na tabela acima) a AA São Bento inaugura o Estádio Anacleto Campanella, vencendo o XV de Piracicaba, por 1×0.
Pra quem nunca foi ao Anacleto, vale lembrar que ele fica num das partes mais elevadas da cidade e ná época não haviam arquibancadas ao seu redor como um todo, por isso, sofria uma grande ação dos ventos e isso rendeu ao estádio o apelido de “O Estádio do Morro dos Ventos Uivantes“.
Em 13 de janeiro, realiza-se uma partida celebrativa para a inauguração do Estádio Anacleto Campanella e o Corinthians é convidado como adversário e vence por 3×2.
E as arquibancadas se entopem de torcedores…
O time disputa toda a série A1 no Estádio Anacleto Campanella, mas nem a fusão nem o novo estádio servem de estímulo para uma campanha considerável no Paulistão de 1955…
O torcedor vê a AA São Bento terminar num modesto 11º lugar…
Os maus resultados estimulam as discussões sobre a real efetividade da fusão entre o São Caetano EC e o Comercial FC e a parceira chega em 1956 bastante questionada. Esse foi o time:
O campeonato de 1956 teve uma regra bem diferente, a primeira fase era um “torneio de classificação, onde todos jogavam contra todos num turno único.
Desse “torneio” o campeonato se dividiu em duas séries: azul (os 10 primeiros colocados) e branco (os 8 demais), sendo que só o azul disputaria o título. A AA São Bento conseguiu se classificar para a série azul, terminando o tal torneio em 6º lugar…
A torcida até que fez o seu papel, olha quanta gente ia apoiar…
Porém, frente aos times mais fortes, os resultados não vieram…
Dessa forma, a AA São Bento terminou a série azul em 1956, em último lugar…
Mesmo tendo se classificado para essa “série azul”, o fim do campeonato de 1956 gerou ainda mais barulho, principalmente entre os torcedores de São Caetano. Imagina a pressão na cabeça dos dirigentes, que tinham certeza que a fusão criaria um novo “time grande” para o estado. Dessa forma, o campeonato de 1957 se inicia com os nervos a flor da pele.
Mais uma vez tivemos o “Torneio de Classificação”, para dividir os times em dois grupos.
E pra piorar as condições, o time não consegue se classificar na série azul…
A AA São Bento acabou disputando a série branca, que não concorria ao título do Campeonato Paulista, apenas esse título “simbólico” da série branca, que sequer foi conquistado… O time acabou no 3º lugar…
Os resultados decepcionantes fizeram com que o projeto da fusão fosse ao chão… Dia 18 de dezembro de 1957, o conselho do clube se reúne e oficializa o fim da AA São Bento.
O São Caetano EC e o Comercial FC estão de volta, o time do ABC fica com o estádio, o da capital com a maioria dos jogadores. Ambos com dívidas e desconfiança quanto ao futuro.
Pra piorar o São Caetano EC não consegue o direito de seguir jogando a série A1 do Paulista e ainda tem que fazer muito trabalho de bastidor para conseguir sua inscrição na cada vez mais disputada segundona – série A2.
O campeonato dividiu os times em 4 grupos, e o São Caetano EC ficou no Azul, mas sequer se classificou para a segunda fase. Esse é o time de 1958
Em 1959, novamente na A2 e mais uma vez, uma campanha fraca, não se classificando em seu grupo, o “João Havalange”, onde ficou em quinto lugar.
Em 1960, o São Caetano EC fecha definitivamente suas portas para o futebol profissional e passa a se dedicar apenas ao clube social. Uma pena para a cidade, principalmente pra quem vive na região central que foi quem mais se apegou ao time.
Vale destacar outro time que fez história: o Cerâmica FC, fundado em 13 de maio de 1925 por operários da “Cerâmica Privilegiada” famosa pela produção de ladrilhos, telhas e tijolos refratários. O Cerâmica chegou a disputar a Divisão Intermediária da LFESP em 1939.
Time de 1954:
Como sabemos, a cidade ainda veria surgir novos times que chegariam ao profissional, como a TransAuto, o SAAD, a AD São Caetano