
O futebol em Rafard

26 de setembro de 2020.
Hora de conversarmos sobre Rafard, a cidade fundada em 1883 pelo bigodudo Júlio Henrique Raffard, de onde surgiu o seu nome.

Assim como vários municípios brasileiros, a história de Rafard está diretamente ligada à cana de açúcar, graças ao engenho da Usina Sociéte de Sucréries Brésillenes, uma sociedade anônima que pertencia a alguns franceses e empregava quase 1700 pessoas (dos quais cerca de 1200 eram estrangeiros).

O povoado passou a ser chamado de “Villa do Henrique Raffard” e logo “Villa Raffard”.
Com a vila ganhando importância, passou a ser um Distrito de Capivari e em 1964 conseguiram a emancipação, tornando-se o atual município de Rafard, onde hoje vivem quase 10 mil pessoas.

A cidade fica na região da Grande Campinas, próxima também de Piracicaba e de acesso tanto via Rodovia Castelo Branco, quanto pelo sistema Anhanguera / Bandeirantes.
Rafard ainda tem grande dependência da Usina Raifard (que agora pertence à Raízen).

Passamos por ali no mesmo dia em que visitamos Salto pra registrar o Estádio da AA Avenida.

O açúcar fez a cidade crescer e trouxe a estrada de feroo até Rafard, com a linha que ligava Itaici a Piracicab. O transporte de passageiros acabou em 1976 e os trens de carga continuaram trafegando até meados dos anos 1980. Por volta de 1990, os trilhos, já abandonados, foram retirados pela agora FEPASA.
A estação de Villa Rafard, inaugurada em 1884 para atender à Usina Rafard, ligando também dois ramais ferroviários de usinas locais.
Ainda existe uma lembrança da Estação Sorocabana com um trem da época gloriosa…

O futebol local movimentava a cidade e a região com vários times, entre eles, o Elite FC, fundado em 1928:

Não encontrei muitas informações sobre o time, apenas algumas fotos, como essa de 1928, do ano de fundação do time:

Aqui, o time de 1937:

Aqui, o de 1942, que disputou a 15ª Região (a Piracicabana) do Campeonato Paulista do interior daquele ano, ao lado de outros 39 times:

Outro time que disputou o Campeonato do Interior de 1942 foi o União Agrícola F.C. (Saltinho) formado nas fazendas do Engenho.

Existia ainda o União Rafardense Futebol Clube.

Da união do Elite FC com o União Rafardense FC, em 8 de dezembro de 1943, para o desgosto dos mais radicais, que curtiam a rivalidade do derbi, surgia o Rafard Clube Atlético, o RCA!


O time deu sequência à tradição da cidade e disputou o Campeonato Paulista do Interior, em 1946.
Além do campeonato do interior, o “RCA“, o time teve a ajuda da Usina e se profissionalizou-se em 1954, disputando a Série A3 do Campeonato Paulista em 1954 e 1959.
O Rafard CA mandava seus jogos no Estádio Usina, que ficava praticamente dentro da Usina Rafard e era inteiro murado, possuia alambrados entre a torcida e o campo, e a partir de 1956, passou a ser iluminado:

Encontrei algumas matérias falando sobre amistosos, como o de Maio de 1956, contra os cariocas do Olaria AC:

Outro carioca que “aterrissou” na estaçao ferrroviária da Vila Rafard foi o São Cristóvão:

Em 1956, mais uma vez participou do Campeonato Amador do Interior, pelo Setor 36:

Em 1957, novamente disputou o Campeonato Amador do Interior, e encontramos um resultado na Gazeta Esportiva:

O RCA participou ainda de muitos campeonatos municipais (quando ainda pertencia a Capivari), como lembra essa partida de 7 de setembro de 1958, contra o AA Cillo:

E esse flyer (cujo original pertence ao amigo André Stucchi), convidando a galera pro jogo?

Em 1958, mais uma edição do Campeonato Paulista do Interior, veja alguns dos jogos que consegui encontrar, pela primeira fase:

Aqui, um jogo contra o Santa Cruz, em 19 de setembro de 1958, pelo amador do estado:

Aqui, o penúltimo jogo contra o SE Floresta (time da Fazenda Forte):

O time acabou sagrando-se campeão da Série Carlos Rolim, graças à vitória contra o Santa Alice, em 27 de outubro, de 1958.

Aqui, ainda em 1958, uma reportagem em homenagem aos 15 anos do Rafard Clube Atlético:


E esse é o time de 1959:

O Raffard Clube Atlético jogaria ainda a Quarta Divisão (a atual “Série B“) do Paulista em 1960, 1961 e 1963. Aqui a campanha de 1960:


O Rafard Clube Atlético jogava de com uma camisa com listras verticais paralelas nas cores do clube, como pode se ver nessa foto celebrando a conquista de mais uma taça!

Por conta da emancipação, o seu maior rival era o Capivariano F.C da cidade de Capivari.

Aqui, outra imagem do time, no Estádio da Usina:


Aqui, o time do Rafard em 1962, foto da Gazeta Esportiva, enviada pelo amigo André Stucchi:

E uma rara imagem do estádio inundado pela enchente em 1970.

Após a nossa visita, o amigo Túlio, do “O Semanário“, enviou algumas fotos bacanas também, olha só, essa do Estádio:

E uma formação do time:


Aqui, o time juvenil:

E até uma do time de futebol de salão.

Atualmente, a área que recebia o estádio e suas proximidades seguem sob o controle da Usina.

Pra chegar até a área específica do Estádio, basta seguir o muro da Usina.

E se a sua imaginação foi boa, faça com que ela retire dali todo esse restolho de cana, e imagine que bem ali está o mítico estádio da Usina…

Era ali que o Rafard CA fazia a alegria de toda uma cidade…

E não, vc sequer pode chegar perto…

A Usina segue a todo vapor…


Fiz um pequeno vídeo dela, com a ajuda do amigo Lúcio!
Já há algum tempo ela foi adquirida pela Raízen.

Mas mantém algumas coisas de antigamente como essa pequena capela…

A cidade chegou a construir um novo estádio, municipal que tem sido utilizado pelo time vizinho do Capivariano.

Fica aí o nosso registro do que um dia foi o Estádio da Usina, do poderoso Rafard Clube Atlético!




























































Pra chegar lá e poder curtir um pouco da cidade, saímos bem cedo, tanto que pegamos até neblina no caminho.
Mas chegamos com um tempo agradável, que nos permitiu passear um pouco pela cidade, já que o jogo seria a noite. A primeira coisa a aprender foi que as avenidas são identificadas por números ímpares e as ruas por números pares.
Barretos é conhecida por sua ligação com o gado, e pelos rodeios, mas como não concordamos com esse tipo de cultura, que envolve sofrimento e morte animal, olhamos a cidade por um outro ângulo, rendendo-nos à natureza, e à história local, como por exemplo a Estação Ferroviária, que foi importantíssima para a cidade e a região.
Pelo que pudemos conversar com alguns torcedores locais, a cidade tem perdido um pouco do charme, com algumas ações de modernização, como a mudança de alguns equipamentos municipais, a demolição de antigos casarões dando lugar a prédios, verticalizando a cidade a cada dia.
Quem luta para sobreviver em meio a esse caos moderno é o Cine Barretos.
Mas, as placa nos lembrava que o que nos levou até a cidade foi mesmo o futebol!
Pra escrever sobre a história do futebol profissional em Barretos, contei com a ajuda do site
O time alvi-verde, também conhecido como o “Periquito da rua 20” passou vários anos no amador, só estreiando na Série A2 em 1955, no Setor Azul, terminando na última colocação.
Esse foi o time do Fortaleza que jogou a A2 de 1955:
Em 1956, terminaria em último lugar desta vez, na Série Cafeeira.
Em 1957, também não conseguiu uma boa campanha…
Em 1958, subiu mais algumas posições, mas ainda terminando em uma posição na parte de baixo da tabela…
Em 1959, termina a Série Geraldo Starling Soares na 6a colocação.
Jogaria ainda a série A3 em 60. Aqui algumas imagens antigas do time que o pessoal do Blog
O Fortaleza EC mandou seus jogos no Estádio Fortaleza, que foi municipalizado em 1977, e em 1994 passou a ser chamado de “Antônio Gomes Martins – Tio Cabeça“, em homenagem ao ex-massagista de Barretos. É lá que o Barretos EC manda seus jogos, atualmente.
Esse é o tio Cabeça:
Peguei essa foto da entrada do Estádio no Google Maps!
E essa a gente fez durante uma visita ao estádio antes do jogo de 2016.
Mas se o Fortaleza EC foi o time mais antigo da cidade a disputar o profissionalismo, é hora de falarmos do Barretos FC, que embora fundado 2 anos depois, disputou os campeonatos da Federação Paulista antes!
O Barretos Futebol Clube foi fundado em 7 de julho de 1938 e jogou o amador por 9 anos. Aqui, um amistoso contra o Uberaba SC, em 1945:
O Barretos FC só estreiou na série A2 em 1947, fazendo uma campanha bem irregular, assim como seria em 1948 também:
Em 1949, o time se licenciou, voltando a partir de 1950, ainda com campanhas bastante irregulares, mas ainda assim se transformando na alegria do futebol local!
Com esse início complicado, 0 time acabou se licenciando do profissionalismo em 1953 e só voltando à A2, em 1955.
Em 1955, houve a estreia do Dérbi de Barretos (6/11 – Fortaleza 1×1 Barretos e em 11/12 – Barretos 3×2 Fortaleza), no profissionalismo aqui, fotos do segundo jogo:
Vale lembrar que em 1944, já houvera o dérbi, mas pelo Campeonato do Interior de 1944, no qual o Barretos FC chegou até a semifinal, contra o Guarani que seria campeão. Em 1947, o Barretos voltou a disputou o Campeonato Profissional do Interior terminando em décimo e jogou também o amador.
Em 1956, mais uma campanha mediana na “Série Pecuária“, mas em 1957, além de mais 2 dérbis (28/4 – Barretos 3×1 Fortaleza e 28/7 – Fortaleza 2×3 Barretos), o time terminou na terceira colocação da Série C.
Em 1958, parecia chegar a hora… O Barretos FC sagrou-se campeão do seu grupo, o Amarelo.
Em 1959, uma tragédia para a cidade, mesmo sem terminar na parte debaixo da tabela, no Grupo Geraldo Starling Soares, tanto Barretos FC quanto Fortaleza FC acabaram rebaixados para a Série A3.
O Barretos FC ainda chegou a disputar a A3 em 1960, mas o Fortaleza FC abandonaria as competições profissionais da Federação Paulista.
Nessas competições, mandaram seus jogos no Estádio da Rua 32, em frente ao Recinto Paulo de Lima Correia, onde hoje é a Praça 9 de Julho e o Terminal Municipal de Ônibus Urbanos.
Segundo o amigo Manolinho, a Arquibancada Central era de madeira e identica a do Parque São Jorge.
E a cidade ainda teria um terceiro time: o Motoristas Futebol Clube, fundado em 6 de março de 1944.
Olha que bela flâmula do time:
O Motoristas FC disputou a série A2 em 1950, terminando na 10a colocação.
Assim, a cidade ganhou 2 dérbis em 1950: 30/7 – Barretos 1×0 Motoristas e 22/10 – Motoristas 3×0.
Aqui algumas imagens do time já na época da volta ao amadorismo:
O Motoristas FC mandava seus jogos no Estádio Dr Adhemar de Barros Filho, ou o “Campo dos Motoristas da Avenida 21“.
Mas, infelizmente estes 3 times pertencem ao passado.
O presente do futebol profissional da cidade de Barretos começou a ser escrito em outubro de 1960, quando o Barretos FC e o Fortaleza FC se uniram para formar o Barretos Esporte Clube.
Assim, em 1961, a cidade voltou a ter um time na Série A2 da época e na sua “estréia”, até que o Barretos EC foi bem. (tabela abaixo da Wikipedia):
Já em 62, o time foi mal e só escapou do rebaixamento num incrível mata-mata, contra o Elvira (de Jacareí), último colocado da Série “José Ermírio de Moraes Filho”, e pra isso foram necessários 4 partidas: Barretos 7 x 1 Elvira (10/2/63), Elvira 2 x 1 Barretos (17/2/63), Barretos 1 x 1 Elvira (23/2/63, em Campinas) e Barretos 1 x 0 Elvira (2/3/63, em Campinas).
Em 63 e 64, sequer se classificou no seu grupo. Esse é o time de 63 (
Em 1965 foi campeão da Série Carlos Joel Neli e fez a final contra o Bragantino, perdendo as duas partidas (jogadas no Pacaembú), o título e o acesso…
Em 1966, nova campanha de destaque! O Barretos FC ficou em 2º da Série João Mendonça Falcão, classificando-se para o quadrangular semifinal, terminando em 3º no grupo.
Em 1967, após liderar o seu grupo foi eliminado no mata mata pelo Paulista de Jundiaí.
Já em 1968, liderou seu grupo e classificou-se para a segunda fase (um outro grupo dessa vez com 8 times), terminando em quarto lugar e sendo desclassificado.
Em 1969, 70, 73 e 75 não passou da fase de grupos. Em 71, 72 e 74 foi desclassificado na segunda fase.
Em 76, mais uma vez liderou seu grupo nos dois turnos da primeira fase, mas acabou em último lugar no quadrangular final (XV de Jaú sagrou-se campeão, Aliança, vice e o Santo André em terceiro).
Esse era o time daquele ano, e veja que linda a torcida ao fundo:
Em 77, mais uma vez liderou o gurpo da primeira fase e na fase final acabou na quarta colocação.
Em 78, num regulamento bem esquisito, o Barretos liderou o Grupo A, depois foi mal na 2a e 3a fase e acabou mais um ano na A2.
Em 79 e 80 o time não foi bem, parando na fase inicial, em 81 liderou a Série Amarela, mas ocupou a penúltima posição no grupo final, com o time:
Em 82, 83, 84, 85, 86 e 87, regulamentos ainda mais confusos acabaram fazendo com que o Barretos se limitasse à campanhas medianas e pra piorar, o time passou a jogar a série A3 a partir de 1988, onde ficou até 1990, quando voltou à A2, esse era o time daquele ano:
Permaneceu na A2 até 1993, quando caiu novamente para a A3.
Em 1995, o pior momento: o time caiu para a Série B1A (o quarto nível do futebol da época). Em 1998 chegou perto de voltar, ao ser vice campeão do grupo inicial e vice do quadrangular final, mas apenas o Oeste consegiu o acesso.
Só em 2001, voltou à A3. Inicialmente só subiriam dois times, mas graças às mudanças do calendário, o acesso foi ampliado.
Sua volta à A3, em 2002, foi marcada com uma boa campanha, ficando de fora das finais por muito pouco!
Permaneceu na A3 até 2006, quando uma campanha bem ruim levou mais uma vez para o quarto nível do futebol paulista (agora a Segunda Divisão, ou série B).
De volta à segunda divisão, apenas em 2011 o time conseguiu o acesso (já nessa fase das 4 fases em grupos) à A3, mas foram apenas 2 anos e nova queda à série B, pra uma única disputa em 2014 e novo acesso à A3.
Em 2015, logo de cara, uma surpresa… Um acesso conquistado à série A2 (graças ao problema do Atibaia).
Permaneceu na A2 em 2016 e 2017, quando voltou pra A3, onde permaneceu até esse momento (em 2020, ainda sob risco de rebaixamento à A3).
E foi em 2016, que tivemos a oportunidade de conhecer o Estádio Municipal Antônio Gomes Martins, também conhecido como “Fortaleza” em homenagem ao time da cidade.
Confesso que deu um pouco de aperto no coração, imaginar que estávamos ali pra impedir o inédito acesso do Barretos à série A1…
Aproveitei pra pegar um jornal local e ver se a torcida do Barretos estava esperançosa quanto à virada (o placar em Santo André foi 2×0 pro Ramalhão).
E até pra dar sorte pro Ramalhão, fiz questão de estar dentro de campo, antes do jogo!
Aproveitei pra pegar meu ingresso e não correr nenhum risco.
Fui conhecer também ocharmoso portão dos fundos por onde andaríamos.
E olha aí o portão olhando de dentro pra fora já na hora do jogo….
A noite estava muito bonita. A torcida local compareceu, pintando de verde, vermelho e amarelo as bancadas do Estádio Municipal Antônio Gomes Martins.
Oficialmente, o Estádio tem capacidade para 13 mil torcedores, mas pelo borderô oficial apenas 5 mil torcedores compareceram.
Quem foi, fez festa!
Mas engana-se quem pensa que o lado azul não compareceu… Era um jogo decisivo, lá estava a Fúria Andreense!
E a Esquadrão Andreense:
Foi um jogo super truncado com várias defesas milagrosas do nosso goleiro “Zé Carlos”, para o desespero da torcida local.
Foram 90 minutos de pressão do Barretos e o Santo André se segurando lá atrás… E a gente desesperado na arqubancada visitante.
Mas o Ramalhão também levou perigo em alguns lances.
E o Branquinho no escanteio…
O primeiro tempo terminou e a alegria parecia começar a se multiplicar nas arquibancadas visitantes.
Muitas bandeiras do Santo André decoraram a parte do estádio dedicado à nossa torcida.
Até um “mini bandeirão” apareceu…
Uma pena que a câmera não pode captar melhor o estádio, já que estava de noite, mas pelo menos ficou um registro de mais esse lugar histórico!
Ao final do jogo, festa entre torcida e o time que jogaram juntos todo o campeonato!
Zé Carlos até deu as luvas de presente a um torcedor (que mais tarde precisou devolvê-las para que o goleiro as usasse na final contra o Mirasssol).
A torcida local soube respeita a conquista do Santo André e ficou até o fim do jogo.
Um sentimento único! Conhecer um estádio lindo e cheio de histórias e ao mesmo tempo voltar à primeira divisão!
Só tenho a agradecer a todos!

No caminho, ainda passamos uns dias em
A minha espectativa em relação a Bilbao era enorme… Cresci escutando as bandas punks de lá, como o Eskorbuto.
Muito dessa beleza é graças ao “rio de Bilbao” (também conhecido como rio do Nervión ou do Ibaizábal), que atravessa Bilbao, dividindo a cidade em duas: à direita, o Casco Viejo ou Siete Calles (“Sete Rúas”) e, à esquerda, o Ensanche.
Aproveitamos pra conhecer um pouco dos museus da cidade.
Pra quem não sabe, o País Basco é considerado um país a parte da Espanha, tal qual se consideram os Catalães de Barcelona, e por isso, a arte local sempre foi muito influenciada por este sentimento de independência.
A arquitetura de Bilbao guarda muita coisa do passado.
Mesmo as coisas comuns ao nosso dia a dia aqui em Santo André ganham outro olhar quando a gente viaja…
A cidade de Bilbao sofreu grandes problemas ecológicos e sociais com a chegada das siderurgicas ainda no fim do século XIX, e pra tentar se reconstruir, passou a se investir muito em cultura, então em quase todo lugar você encontra intervenções artísticas.
O Museu que melhor representa esse renascimento da cidade é o Guggenheim.
Embora possua vários prédios, a cidade é bastante arborizada e tem um aspecto menos “sufocante” do que as tradicionais capitais.
Bilbao é a capital do território histórico da Biscaia e em 2019 tinha 346 843 habitantes.
A área metropolitana de Bilbau se estende ao longo do rio de Bilbao e do rio Nervión.
O principal núcleo urbano de Bilbao é rodeado por duas cadeias montanhosas, aliás, por estar no meio das montanhas alguns locais chamam carinhosamente a cidade de “o buraco”.
A cidade foi fundada no início de século XIV, e graças ao porto, logo se tornou um importante centro comercial e assim como quase toda a Europa, ao longo do século XIX teve as influências da revolução industrial.
A primeira povoação da cidade é o atual e charmoso bairro do “Casco Velho”.
Fomos caminhando pela cidade até esse charmoso bairro, o que nos permitiu conhecer diversos espaços da cidade, como a antiga estação.
O Casco Viejo é conhecido pelas “7 ruas” e pouco antes de chegar lá está a Igreja de São Nicolau (de 1756), em estilo barroco.
Existe toda uma discussão em torno da independência do país basco e sua traidcional bandeira é vista em diversos lugares, como forma de reforçar o orgulho basco!
O bairro mais legal da cidade é o Casco Viejo, um bairro medieval, com ruas estreitas cheias de bares e tavernas.
Existe uma forte politização dos jovens, refletida pelos adesivos espalhados pela cidade!
E os bares misturam comida, bebida, música…
A cidade é mesmo única!
Achei um LP do Penadas por La Ley, banda argentina que já tocou com a gente aqui no ABC!
A rua mais famosa do Casco Viejo é Barrenkale Barrena.
E foi ali que comecei a sentir um pouco do gosto do futebol local, com o restaurante da Pena Athletic (pena é o nome para “torcida” lá).
Comida boa e futebol eternamente.
Bandeiras nas janelas…
Fizemos um passeio meio doido caminhando por algumas horas até chegar num bazar alternativo. Foi bacana porquecruzamos boa parte da cidade.
Lá chegando já nos animamos ao ver em um muro um grafite em homenagem ao histórico militante Periko Solabarria.
E esse era o bazar!
Na volta do role ainda achei uma loja onde pude comprar um clássico do Eskorbuto em vinil!!!
Po, e achamos uma loja de boinas….
Mas… Também estávamos ali por uma paixão futeboleira: o time do Athletic Club Bilbao, cujo distintivo faz referências a 3 ícones bascos: 1) Árvore de Guernica (que sobreviveu aos bombardeios durante a Guerra Civil Espanhola), 2) Igreja de Santo Antão e 3) Ponte de Santo Antão, atravessada pelo rio Nervión.
O Athletic Club, também conhecido como Athletic Bilbao foi fundado em 1898 e junto com toda essa cultura que vimos pela cidade, colabora para a afirmação da identidade basca, pra se ter ideis, o time ainda não contrata atletas estrangeiros (nem mesmo espanhois). O mascote do clube é um leão.
E pra conhecermos mais do time fomos até o Estádio de San Mamés!
O “novo” Estádio San Mamés foi reconstruído, na área onde ficava o antigo estádio de mesmo nome (mas conhecido como La Catedral). Nele, cabiam 40.000 torcedores, mas foi demolido em 2013 e dele só restou seu arco, construído em 1953 como um marco da edificação original!
O time foi fundado por britânicos (por isso o nome é em inglês) e posicionou-se como reação à opressão franquista, nos tempos de guerra civil espanhol.
Pouca gente sabe, mas o Atlético de Madrid surgiu como uma filial da equipe basca na capital espanhola.
Voltando a Bilbao, infelizmente o estádio estava fechado para visitas internas.
Uma bilheteria a mais pra nossa conta!
O estádio tem uma vista incrível, localizado às margens do rio!
O Athletic Bilbao foi um dos últimos times a não contar com uniforme patrocinado.
Infelizmente não conseguimos uma visita ao estádio, mas deu pra curtir o visual!
O Athletic nunca caiu pra segunda divisão e só fica abaixo de Barcelona e Real Madrid em número de títulos.
Hey, dá pra ver um pouco da parte interna por aqui…
Mas vale pegar uma foto do site oficial do time, para se ter ideia do tamanho do Estádio San Mamés e sua capacidade de 53.289 torcedores.
Hora de ir embora.
Olha a decoração do muro nas proximidades do Estádio:
Um último registro e… voltemos à realidade da pandemia…

2) Em 2001, conquistamos o acesso da série A2 para a A1 sob o comando do bruxo Ferreira, com classificação vinda nos penaltys aos 48 do segundo tempo (num jogo contra o Ituano). Essa, na minha opinião foi a melhor passagem de Ferreira pelo time. A foto abaixo é de um momento após a carreata de comemoração pela cidade:
3) Em 2003, o Santo André chegou à última rodada da série C do Brasileiro precisando vencer a Campinense em Campina Grande para conquistar o acesso à série B, e mesmo antes do jogo começar, Ferreira armou um “quiprocó” com o jogador “Zinho” (que era seu amigo próximo), para desestabilizar o principal jogador adversário (o que aparentemente deu certo). O Santo André voltou da Paraíba com a histórica vaga para a série B.
4) Em 2008, o Santo André estava de volta à A2 e nosso jogo de estreia foi em Catanduva. Meu carro estava bem na frente do estádio e no fim do jogo a torcida local disse a nós e à polícia que não nos deixariam sair hehehehe. A solução da polícia foi incrível: “Coloque o seu carro dentro do estádio (na arquibancada mesmo) enquanto a torcida local vai embora”. Assim o fiz e para minha surpresa as últimas pessoas a irem embora do estádio era um grupo de senhores, entre eles… Ferreira! Ele foi solidário e ficou batendo um papo por uns 15 minutos enquanto aguardávamos.
Enfim, Ferreira fez parte da minha vida como torcedor nos últimos 25 anos… Foi um ícone para o futebol do interior e muito especial para o Santo André (ele mesmo disse isso por várias vezes). Mais especial ainda para alguns que viam sempre a “eterna” possililidade do seu retorno iminente, fosse para salver o time, fosse para alcançar um acesso.
Chegou-se ao fato de existirem “santinhos da sorte” do Ferreira para se guardar na carteira em jogos decisivos.
Nesse domingo, 13 de setembro de 2020, Luíz Carlos Ferreira faleceu, e com ele o futebol perdeu um pouco da magia e do inesperado e talvez seja um caminho mesmo sem volta, que ponha no lugar estatísticas, mega patrcoinadores, arenas pomposas e um distanciamento cada vez maior entre torcida e jogadores / treinadores.
Para os poucos que ainda acreditam no resgate de um futebol (e por que não de um mundo) melhor e menos idiota, seguiremos com a lembrança nos nossos corações e mentes desse que foi um grande treinador.
Até um próximo encontro, Ferreira! Sentiremos sua falta!
…
]]>