Sexta feira de muito sol pelo interior de São Paulo e após uma estrada sem nenhum trânsito, chegamos rapidamente à cidade de Leme. Nosso objetivo: o Estádio Municipal Bruno Lazzarini!
É o primeiro jogo do ano e tinha que ser do nosso clube do coração, o Santo André, frente a outra potência futebol brasileiro, o Internacional-RS.
Se a torcida do Santo André não é das maiores, sem dúvida tem se tornado uma das mais presentes. Para nossa surpresa até que tinha bastante que saiu de Santo André para acompanhar o time.
O pessoal da Fúria Andreense mais uma vez homenageou o jovem Lucas Moraes que faleceu no final do ano, em Itanhaém.
A torcida do Internacional também apareceu por lá! Aliás, tanto Ramalhinos quanto torcedores do Inter foram muito bem recebidos pela torcida local.
Torcida local que ficou bastante triste ao ver no jogo de abertura mais uma derrota do Lemense, que acabou eliminando o time da fase seguinte.
A eliminação precoce castiga o trabalho muito bem feito pela Prefeitura e por toda cidade que se envolveu e que tem se acostumado à realidade da Copinha. Até informativo eles distribuíram.
Falando um pouco do jogo, o Inter veio com tudo pra cima do Santo André, no primeiro tempo. Tudo o que o Ramalhinho pode fazer foi se defender e contar com a boa atuação do seu goleiro. O calor estava muito forte, desgastando os atletas e a torcida…
Durante o intervalo, aproveitei para conversar com alguns torcedores locais, infelizmente como estava tendo uma série de sorteios, anunciados pelo sistema de som, o áudio da entrevista que fiz ficou ruim, mas fica aí a imagem do amigo José, torcedor do Lemense, em apoio à idéia “Apoie o time da sua cidade”.
O estádio recebeu um bom público!
O jogo recomeçou e para a surpresa da imprensa (que insiste em “desconhecer” o Santo André) o Ramalhão fez 1×0. Festa em azul e branco, nas arquibancadas do Brunão (por coincidência, o Estádio do Lemense chama-se Bruno Lazzarini).
Mas, o segundo tempo estava recheado de emoção. Pouco após o gol, o Santo André teve um jogador expulso. E pouco após a expulsão começou a chover. Mas choveu muito. E o time do Inter veio com a mesma força em busca do empate. O Ramalhinho lavou a alma do time e da torcida. A chuva ajudou a limpar qualquer resquício de 2011 e assim, fomos pra rede mais uma vez. Santo André 2×0 Internacional. E fim de papo. E fim de chuva. Restou aos poucos encharcados assistir ao apito final.
E a comemoração foi como a que todo torcedor sonha… Com raiva, felicidade, respeito ao adversário, mas sobretudo dedicação… De ambas as partes, do time à torcida.
Confesso que não gritava assim há algum tempo. Esses meninos nos fizeram reencontrar o orgulho perdido em 2011. Taí a prova:
Só restava voltar para casa. Com a alma (e o corpo) devidamente lavada!
A 124ª camisa da coleção, embora azul e branca, é de uma cidade marcada pelo vermelho de suas terras. A mesma terra vermelha que tenho na memória das minhas férias de criança em Assis, no oeste paulista. E não estamos muito longe de Assis, desta vez, falamos de uma cidade do Paraná, a bela Londrina!
O time dono da camisa é uma equipe que andou quieta, nos últimos anos, mas que parece estar acordando novamente, trata-se do Esporte Clube Londrina.
O time foi idealizado por dois irmãos, mas acabou sendo fundado em conjunto com diversas pessoas da cidade, loucas por futebol. Já existiam mais de 25 times na Liga Regional de Futebol. Em 1956 nascia o Londrina Esporte Clube, cujos primeiros elencos seriam formados por jogadores locais agregados a outros vindos de equipes cariocas e paulistas. O primeiro mascote do time foi um garoto grande, pelo apelido inicial de “Caçula Gigante”, mas logo a fama de “devorar” os adversários deu ao LEC um novo apelido: tubarão.
Há dois estádios na cidade à disposição do tubarão. Um é o Estádio Jaci Scaff, conhecido como Estádio do Café, construído para adisputa do brasileirão de 1976. Tem capacidade para aproximadamente 40.000 torcedores. Em 1978 teve seu recorde de público na vitória do Londrina sobre o Corinthians, com mais de 54 mil torcedores.
O outro Estádio é o Vitorino Gonçalves Dias, conhecido como VGD. Esse é mais acanhado, do jeito que a torcida gosta. Cabem cercade 12 mil torcedores e é utilizado em jogos de menor porte ou treinamentos.
O primeiro jogo “não oficial” foi contra a Portuguesa Londrinense, tradicional time da cidade, contra quem faz o “clássico pé vermelho”. O Londrina venceu por 4×1.
O primeiro jogo oficial foi um amistoso contra um time paulista, da região, o Corinthians de Presidente Prudente, e o resultado final foi um empate em 1×1.
A primeira grande conquista veio no Campeonato Paranaense de 1962, ao vencer a Série Norte do Campeonato, contra o Apucarana.
O time que venceu esta fase foi este:
Com essa conquista, o Londrina pode disputar a fase final do campeonato com o Coritiba (campeão da Série Sul) e Cambaraense (da Série Norte Velho).
E para a surpresa dos que não acreditavam no “Caçula Gigante”, o Londrina conquistou seu primeiro título estadual, com direito a duas vitórias sobre o já poderoso Coritiba. O time responsável pela conquista foi este:
De 1976 a 1979, disputou o campeonato brasileiro da primeira divisão, mas em 1980, foi obrigado pela CBF a disputar a Segunda Divisão do Brasileirão, na época chamada de Taça de Prata.
O Londrina passou por adversários como Atlético-PR, Criciúma, Brasil de Pelotas, Juventude, Juventus e Sampaio Corrêa até chegar a final contra o CSA.
Os 4×0 para o time paranaense, num lotado Estádio do Café (público oficial de 36.489 pessoas) deram o título nacional ao Tubarão.
A sequência positiva parecia não ter fim e em 1981, vem a conquista do Campeonato Paranaense, numa final, novamente no Estádio do Café, desta vez com um público oficial de 43.412 pagantes, frente ao Grêmio Maringá.
Aqui dá pra ouvir um pouco da narração do título:
Os anos seguintes viram o Londrina seguir como uma força no futebol paranaense, revelando diversos jogadores. Esse é o esquadrão de 1984:
Na década de 90, mais uma taça viria para o clube. Numa final “caipira”, o Londrina sagrou-se campeão Paranaense de 1992, contra o UniãoBandeirante. A final aconteceu numa série de três partidas em Londrina (o estádio do União não atendia à exigência mínima de 15 mil lugares). Foram dois empates (0 x 0 e 2 x 2) e uma sofrida vitória de 1 x 0.
Veja algumas imagens do título:
O título levou o Tubarão à Copa do Brasil, onde eliminou o Operário de Campo Grande, e o Internacional-RS, com direito a uma vitória em pleno Beira Rio. O time acabou eliminado pelo Flamengo.
Em 1993 e 1994, duas campanhas muito boas no estadual, deram o vice-campeonato ao time da terra vermelha. Aqui o esquadrão de 1994:
Um fato lendário, mas real, foi a passagem do ator Nuno Leal Maia como treinador do Londrina em 1995. Teve como auxiliar outro “global”: Romeu Evaristo, que interpretava o Saci Pererê no “Sïtio do Pica Pau Amarelo”. Que dupla, hein? E pra quem acha que era só brincadeira, a campanha a frente do Tubarão foi de 5 vitórias, 3 empates e apenas uma derrota para o Coritiba, terminando na quinta posição.
Outra ação diferente do clube, nos anos seguintes foi colocar modelos como gandulas nos jogos em casa.
Mas, as inovações fora de campo não ajudaram tanto, e ainda nos anos 90, a equipe teve que disputar a segunda divisão do Paranaense, sagrando se campeã em 1997 e 1999.
Em 1998, teve que disputar o “Torneio da morte” para se manter no grupo de elite.
De 1991 a 2004 o time se segurou na série B do Brasileirão, a partir daí, só a série C.
Em 2009, vem uma dura realidade. Devido à dívidas trabalhistas, o Ministério Público do Trabalho destituiu toda a diretoria e o clube chegou próximo de ser extinto. O clube caia para a segunda divisão estadual.
Quando tudo parecia caminhar para um triste fim, em 2011, o Londrina conquistou novamente a vaga para a primeira divisão do Campeonato Paranaense, com o título da segundona paranaense.
A boa campanha, coroada com o retorno à primeira divisão parece que era o que faltava para a cidade novamente se movimentar em torno do time! São vários os registros disponíveis no youtube para o acesso.
Sigo torcendo para que o amigo e jornalista Felipe Lessa só tenha boas notícias em relação ao futuro do time! Ah, e falando em jornalismo, para quem gosta de ler, uma ótima pedida é o livro em comemoração aos 40 anos do clube:
E o que seria dos times sem seus apaixonados torcedores. Além dos torcedores autônomos, o Londrina possui desde 1992, uma organizada chamada Torcida Falange Azul. Atualmente estão reunidos sob essa torcida outra organizada que fez história na cidade, a Mancha Azul. O site deles é: www.falangeazul.com.br .
Vale o registro da Sangue Azul que também acompanhou o time por muitos anos.
Para maiores informações sobre o time, enquanto o site oficial (www.londrinaesporteclube.com.br ) está sob manutenção, recomendo o www.lecmania.com.br .
Para aqueles que também são fãs, colecionadores ou simplesmente gostam de futebol, no último dia 3 de dezembro aconteceu o 5º encontro de colecionadores de camisas de futebol, num lugar perfeito: em frente ao Museu do Futebol, no Pacaembú.
Eu conheci o encontro por meio de alguns amigos que já frequentaram as edições anteriores e também pela divulgação (e realização) do www.minhascamisas.com.br .
Cheguei já no final do evento, mas deu pra ver que foi um dia muito legal, vou fazer de tudo pra chegar mais cedo na sexta edição!
Muita gente levou camisas pra expor, outros pra trocar e até vender. Teve gente que saiu de lá bem contente com algumas relíquias conseguidas.
Consegui bater um papo com o pessoal que ainda estava por ali e vi um monte de camisas legais!
Como temos fotos pra caramba, neste post vou me limitar a falar sobre a cidade de Lima e a relação com o futebol dos “limeños”.
Lima é uma cidade grande e por isso possui um cenário cheio de contrastes sociais, culturais e até geográficos. Ficamos num bairro bastante plano e próximo do litoral, chamado “Miraflores”. Ideal pra quem gosta de caminhar.
E foi caminhando pelo bairro que percebi que tivemos a sorte de pegar justo a época em que acontecia a feira de livros de Lima, assim pude comprar várias coisas a preços promocionais!
Comprei alguns quadrinhos falando sobre a ditadura militar no Perú e os conflitos entre o Sendero Luminoso e o governo, além de algumas coisas sobre futebol (Los intimos de la victória) e uma versão das origens de Peter Pan.
Embora seja uma cidade litorânea, eles praticamente não tem praia, ao menos não como nós brasileiros estamos acostumados. Primeiro porque a praia fica sempre na encosta do morro por onde está a cidade, segundo porque faz pouco calor por lá e terceiro porque não tem aquela amigável faixa de areia pra abrigar os guarda sois e os “farofeiros”.
Mas se não tem praia, tem ótima comida! Lima é considerada uma capital gastronômica. São várias opções e é tranquilo para os vegetarianos, como a gente! Independente do que se coma, vale a pena experimentar a Inka Cola, como acompanhamento, refrigerante local que bate a Coca Cola nas vendas.
Uma característica loca, facilmente percebida são os veículos antigos pelas ruas. Embora o Perú esteja em pleno desenvolvimento, passando por uma fase que iniciamos no Brasil na década passada, os carros que circulam pela capital são bem “usados”, o que me agrada bastante, afinal, pra mim, carro é pra se usar.
E não são só os carros pequenos, tem ônibus e vans que parecem saídos de um Museu.
Mas o Perú chama a atenção pelo turismo ligado à história e na própria capital, você consegue encontrar ruínas interessantes de serem visitadas, como Pachacamac.
Ah, e não tem como deixar de conhecer o centro histórico da cidade, onde se pode ver muito da arquitetura antiga, ainda preservada!
Há muita relação entre a religião e a história do país, no centro de Lima, um bom exemplo é a Basílica e Convento de São Francisco.
Além da arquitetura e da religiosidade, é possível visitar, no subsolo da igreja as catacumbas da cidade, onde ainda estão guardadas as ossadas de mais de 10 mil pessoas. Apavorante, claustrofóbico e…. Nada de fotos. Não é permitido.
Para os que gostam de cerveja, as principais marcas locais são a Cristal e a Cusquena.
Aproveitamos para conhecer rapidamente um pouco sobre a cena punk local. Infelizmente tínhamos pouco tempo, mas deu pra pegar alguns cds.
Destaque para a banda “Leuzemia“, da década de 80 que segue até os dias de hoje como importante ícone do underground local.
Mas, na nossa opinião, o melhor jeito de conhecer uma cidade em poucos dias é caminhando por ela. E foi o que fizemos.
Andar pela cidade faz a gente conhecer as pequenas coisas e conhecer o dia a dia das pessoas, o que inclui uma pipoquinha na rua!
Pequenas coisas diferentes do nosso país sempre me chamam a atenção, como por exemplo, os hidrantes!
Mas… Esse blog é sobre futebol. E vamos falar do futebol local.
O povo latino é um povo apaixonado e os peruanos não poderiam ser diferentes. Assim, os torcedores das equipes locais são bastante fanáticos pelos seus times. Prova disso é que na noite da nossa chegada houve uma festa em comemoração aos 25 anos da Barra Brava do Alianza Lima que reuniu mais de 10 mil pessoas. Esse foi o convite:
Consegui ainda trazer um copo, comemorativo da festa.
Falando sobre o Alianza Lima, fomos até o Estádio deles, conhecer um pouco o lugar.
O Estádio chama-se “Alejandro Villanueva“, mas é também conhecido como Matute, nome do bairro onde está instalado. O bairro já foi mais perigoso, hoje é mais tranquilo.
De fora, não dá pra perceber a grandeza do projeto, aliás, o endereço é no meio do bairro, não fica isolado como alguns estádios.
Ainda que não tivesse nenhum jogo, conseguimos adentrar para conhecer a casa do Alianza!
Vem com a gente!
Mais uma vez, meu pai esteve junto, conhecendo mais um templo do futebol!
A história do Estádio começou em 1951, ano do cinquentenário do clube, com a doação do terreno, mas devido a problemas financeiros, demorou a se concretizar este sonho.
O Estádio é grande. Arquibancadas por todos os lados!
Embora fique pequena, fiz uma foto panorâmica para ter uma ideia do projeto como um todo:
Mesmo pra quem não gosta de futebol, imagino que valha a pena a visita ao estádio. É sem dúvida um ponto turístico da cidade.
Ainda que o terreno fosse doado na década de 50, somente em 1966, se iniciou a construção do campo, mas mesmo assim sofreu paralizações e só no início dos anos 70 ele foi realmente entregue, com o nome Estádio Alianza Lima.
Só décadas depois tornaria-se o “Estádio Alejandro Villanueva“. A partida inaugural ocorreu em 1974, entre Alianza e Nacional (Uruguai), um empate de 2×2. Atualmente recebe partidas nacionais e internacionais.
Mais um estádio visitado, é hora de correr para o próximo, desta vez, o Estádio Nacional.
Adesivos do time enfeitavam boa parte dos carros das redondezas…
Uma última olhada e hora de dar tchau à casa do Alianza…
Em menos de 10 minutos estávamos em frente ao Estádio Nacional José Diaz.
Esse foi o taxista que nos levou. O cara foi muito gente fina e a viagem saiu bem barata (mais ou menos uns R$ 20, sendo que rodamos por mais de uma hora pela cidade).
Confesso que esse tipo de estádio todo imponente não me agrada mais. É lá onde a seleção peruana manda a maior parte dos seus jogos. Para piorar, no dia ia rolar um evento religioso e não pudemos entrar em campo.
O estádio passou por uma reforma recentemente e desde então ganhou esse ar de moderninho…
Os poucos dias passaram rápido e logo me vi do aeroporto novamente… Hora de irmos para Cuzco.
E olha a surpresa boleira aí! Em pleno aeroporto cruzamos com o time do Universitário que estava a caminho de Cuzco para jogar o clássico com o Cienciano!
Os caras não estavam pra muito papo, devido aos problemas financeiros pelos quais o clube está passando. Resumindo a história, não recebiam há meses e ameaçaram até fazer greve pelo campeonato nacional.
De qualquer forma, é legal estar próximo assim de um grande time, principalmente porque não houve tempo para conhecermos o estádio deles.
Ah, já ia me esquecendo. Comprei umas piratinhas pelo centro (R$ 15 cada hehehe, vale ou não a pena?). Em breve escrevo sobre as camisas do León de Huánuco e do Sporting Cristal.
Aproveitei bastante a cidade. Recomendo Lima pra quem gosta de um turismo mais urbano, boleiro e cultural. Pra quem curte mais natureza e história, Cuzco, nosso destino seguinte é a pedida ideal… Se liga nas cordilheiras:
Para aqueles que acompanham o blog há algum tempo, não é novidade que eu incentivo e tento praticar esportes, e nessa época do ano, já com pouco futebol para se assistir, é tempo da nossa participação na tradicional prova da COOP, o “Mexa-se”.
São 10 km de corrida pelo coração da nossa cidade, e mais uma vez, eu e a Mari estivemos ali. O ano passado a gente até se preparou (veja aqui como foi), mas confesso que para este ano, estávamos há mais de um mês sem qualquer atividade física. Só nos restava “olhos de tigre”…
Um detalhe importante é que a prova tem a largada às 8hs da manhã do domingo, ou seja, no sábado a noite, a pizzada organizada pelo amigo Mário Jara foi um obstáculo a mais para a corrida!
Mas, desculpas de lado, ali estava ela; a largada. Uma prova que reúne tanta gente (mais de 20 mil pessoas estiveram presentes) faz com que você demore até pra alcançar a largada…
O tempo que até então estava fechado, começou a abrir, o que pra mim, significava um cansaço ainda maior… Mas, vamos lá!
Depois da largada embolada, com aquele monte de gente, a prova fica mais gostosa (principalmente se você fica pra traz, como eu hehehe), dá pra apreciar uma vista que normalmente só se faz por traz da janela do carro.
E quando eu menos esperava. lá veio a marca do primeiro quilômetro!
E logo, os primeiros colocados foram aparecendo no sentido contrário, mesmo faltando um bom percurso até fazer a volta na Av. D. Pedro II. Eu estava mesmo devagar…
Mas minha meta era chegar até onde aguentasse e quem sabe, até terminar a prova… Quando eu já estava quase estourando de calor, chegou a primeira “base”, onde distribuiam água. Embora o sol começasse a baixar, os quase 2km percorridos até ali já tinham judiado de mim…
Pouco antes do terceiro quilômetro avistei a Mari “voando” já no sentido contrário.
Pra quem conhece Santo André, essa parte inicial da prova é saindo do paço municipal e pegando a Av. D. Pedro II sentido São Caetano, ou seja, uma bela subida…
Já estava no quarto quilômetro quando achei que a prova tinha acabado pra mim ao ouvir aquele som…
Alcançar a metade da prova foi emblemático para mim. Primeiro, porque confesso que fui correr com o objetivo de fazer 5km e parar, segundo porque a partir daí era uma questão quase matemática de apenas repetir o que já havia sido feito e terceiro porque as subidas eram menores na última parte. Sendo assim… segui em frente!
Logo após chegar ao Paço Municipal, um pouco apó o quilômetro 6, começou o maior dos problemas de quem corre muito devagar: acabei encontrando o pessoal que iria fazer a caminhada dos 5km, o que me obrigava a correr em zigue-zague para desviar dos “caminhantes”. Ao menos passei a não me sentir tão lento! Mas dá a impressão que até minha fala tava mais enrolada…
A chegada ao quilômetro 7 me deu nova injeção de ânimo, pois consegui encontrar a Mari, já percorrendo o último quilômetro. Pensei: “Ao menos um de nóa vai terminar a prova”.
Minha respiração não estava tão incomodada. Minhas pernas pesavam, mas não mais do que nos quilômetros anteriores. O maior dos meus problemas estava no superaquecimento da minha cabeça. Não sei se mais alguém sente isso quando corre, ou faz alguma atividade esportiva mais intensa, mas é o que mais me incomoda quando estou correndo. Pra minha sorte, no quilômetro 8 consegui pegar 2 copos de água, quase totalmente gastos para refrescar a “cachola”.
Confesso que do quilômetro 8 até o 9, corri quase como um zumbi, sem pensar em nada, tanto que nem reparei a marcação do quilômetro 9. Quando me dei conta, estava já na parte final da prova. Agora não tinha jeito. Eu tinha que acabar. Estava completamente molhado, graças à mistura de suor e água que usei para me refrescar, já começava a me sentir meio tonto e as assaduras começavam a brotar em minhas pernas…
Mas eu tinha que conseguir. Fechei os olhos, me imaginei jogando pelo Santo André e dando um último e necessário pique para ajudar na marcação…
E assim, consegui completar mais uma prova de 10km! Vamos ver se eu volto a me preparar pra fazer um tempo melhor.
A 123a camisa da coleção vem de uma cidade satélite do Distrito Federal, com pouco mais de 50 mil habitantes chamada Brazlândia.
O time dono da camisa é a Sociedade Esportiva Brazlândia, que graças às cores do seu uniforme (azul, verde e branco) e à localização da cidade, é também conhecido como o “Tricolor da Chapadinha“.
Aliás, que camisa, hein? O desenho é uma homenagem à calçada do lago Veredinha, um ponto turístico da cidade desenvolvida pelo artista plástico Francisco Galeno. Deu até uma treta quando destruíram a tal calçada (veja aqui matéria do Correio Braziliense que conta como foi ):
O time foi fundado em 1995 e começou a disputar o Campeonato “Candango” em 1996, conseguindo chegar à segunda fase do torneio, surpreendendo pelo bom resultado, no primeiro ano. Mas não é fácil manter um time, e em 1997, o Tricolor da Chapadinha foi rebaixado para a segundona, reconquistando o acesso no ano seguinte, com o vice campeonato de segunda divisão. Embora um time sem grandes recursos financeiros, o Brazlândia se segurou na primeira divisão nos anos seguintes. Em 2001, conseguiu chegar às semifinais, após liderar a primeira fase do campeonato. Acabou eliminado pelo Gama.
Em 2002 e 2003, chegou em 6° lugar, mas 2004 foi cruel para a torcida e o time foi novamente rebaixado.
Somente em 2007, conseguiu voltar à primeira divisão estadual, vencendo na final, o badalado time do “Legião“, no Estádio Mané Garrincha, sagrando-se assim campeão da segundona, com o time abaixo (foto do pessoal do Jogos Perdidos, que acompanhou uma partida do time lá, no ano da conquista):
Conseguiu se manter na elite, em 2008, conquistando mais uma vitória sobre o Legião, como mostra o vídeo que encontrei no Youtube:
Em 2009, outra fraca campanha culminou com novo rebaixamento à segunda divisão candanga. Existe uma matéria legal sobre um jogo deste ano no blog “Campo de Terra”, confira em: http://www.campodeterra.blogspot.com/2009/02/brazlandia-vence-primeira.html. A crise se aplacou de vez e a equipe nem chegou a disputar a segundona de 2010, por falta de recursos. Somente em 2011, o time voltou a disputar a segundona e com uma excelente campanha, sagrou-se novamente campeão da Segundona e voltou à elite do futebol candango em 2012, mostrando que o coração ainda pode falar mais alto que o dinheiro!
O clube manda seus jogos no Estádio da Chapadinha, um alçapão com capacidade para 3.000 pessoas. Achei poucas fotos pela internet, dá uma olhada:
O mascote do time é uma Garça:
Ah, e não podia faltar uma organizada, a do Brazlândia é a Brazloucura, a comunidade deles no orkut: http://www.orkut.com/Community?cmm=44352189&hl=pt-BR. Em 2018, um grupo de empresários comprou a Sociedade Esportiva Brazlândia e transformou em Grêmio Esportivo Brazlândia.
Sem dúvidas, minha vida é marcada pela estrada. Ir, voltar… A estrada materializa toda a minha vontade de permanecer em movimento.
Essas fotos são de julho de 2011, quando fomos até Assis, acompanhar o jogo do Assisense. Nosso destino? Siga em frente…
Botucatu era nossa meta antes de chegarmos em Assis. O grande objetivo era visitar o Estádio onde a lendária Ferroviária de Botucatu mandava seus jogos.
E lá estávamos nós, eu, a Mari e meu pai, que ultimamente tem estado em quase todas as visitas a Estádios…
O Estádio, localizado dentro do ainda ativo clube da Ferroviária, chama-se Dr. Acrísio Paes Cruz.
Ele foi inaugurado em 1945, época em que o futebol do interior paulista era fortíssimo e recheado de lendas, mitos e fábulas.
Época em que o futebol de Botucatu era uma potência local, como nos mostram as diversas fotos muito bem distribuídas pelo clube, colaborando com a manutenção da história local.
Estar presente num local desses desperta dois sentimentos interessantes. Primeiro, a satisfação de poder ao menos pisar em um lugar histórico para quem gosta de futebol. Mas logo em seguida vem uma “saudade de algo que não vivi” que me dá vontade de voltar no tempo só pra ver como era um jogo por aqui…
Pra quem quer saber como é o estádio, como um todo, fiz um breve vídeo dele, confira:
Detalhe para as arquibancadas, de madeira, com mais de 50 anos de idade… É de se emocionar ou não? Incrível como o futebol ensina arquitetura, história…
E as arquibancadas parecem ter parado no tempo, como que aguardando o retorno dos tempos de glórias…
O clube parece ter se preocupado com o resgate da história e usa a imagem dos seus heróis para embelezar ainda mais o lugar!
Outro cuidado que pode se perceber é com o gramado. Ao menos na época da visita, estava muito bom!
E aí não tem jeito. Ao ver um clube assim com tanta história tão bem cuidado, vem na cabeça a manchete sonhada: “Ferroviária de Botucatu celebra seus 70 anos e disputará a série B do Campeonato Paulista“.
Ok! Algumas coisas do estádio, embora pitorescas e valiosas exatamente por isso, talvez precisem ser reformadas para um retorno ao profissionalismo…
Mas é olhar de novo pro campo e ver que a energia do futebol ainda paira sobre ele. Décadas de disputas, rivalidades, amor e ódio compartilhado nas arquibancadas de madeira que merecem ser reacesas!
Um distintivo, que embora homenageie o poderoso São Paulo, da capital, tem seu valor próprio!
Um céu azul, característico do interior de São Paulo que pede de volta os rojões e fogos de artifício avisando que a Ferroviária está de volta aos céus…
Bom… São apenas sonhos de uma pessoa que não acredita nesse progresso que invade todas as cidades do Brasil. Sonhos de alguém que fica feliz em ter mais uma foto em frente de um estádio, como se isso ajudasse a manter viva a história de um clube, de um esporte, de uma cidade, no fundo… sua própria história.
Olha o time da Ferroviária de 1958, as vésperas de um jogo contra a Ferroviária de Assis!
Olha que linda imagem de parte do time de 1966:
Além de tudo o tempo atual é cada vez mas curto e corre mais ligeiro. É hora de um último olhar para o campo.
Uma última memória, um último gol fantasiado, assim como meu irmão fazia no tapete com seus jogos de botão.
O registro daquele que me ensinou e daquela que me apoia nessa busca incessante.
Antes de ir, ali no piso, o adeus de um distintivo que quem sabe ainda voltará a brilhar no profissionalismo.
Privar uma cidade de um time de futebol no campeonato paulista, independente da série, é privá-la de uma expressão cultural importante. Por isso APOIE O TIME DA SUA CIDADE!
Hora de seguir adiante. Atravessamos a cidade, vendo que aos poucos a força mercantilista das grandes corporações como o “inofensivo Habib’s” começa a calar os pequenos botecos.
O futebol não é exceção. É reflexo. O mundo está mudando e pra pior. E vai seguir assim enquanto as poucas pessoas que pensam diferente e que não concordam com isso continuarem caladas. Mudar não é tão difícil quanto parece. Basta atitude. A estrada aliviaria meus pensamentos até Assis…