Se você tem seguido o blog nesses últimos dias, viu que fomos até Santa Bárbara d’Oeste e aproveitamos para começar a registrar um pouco da história do futebol na cidade, já que 4 times que participaram das edições do Campeonato Paulista.
A história da Associação Esportiva Internacional começa em 1930 com outro time, o “Democrático de Santa Bárbara“, que foi obrigado a mudar de nome (onde já se viu, falar em democracia…). Assim, adotou-se o nome EC Esperança e este logo se tornou o time da Fiação e Tecelagem Santa Bárbara FC até que a diretoria da empresa exigiu que fosse extinto. Em 1947, chegaram a jogar com um uniforme emprestado do time IMOR (das indústrias ROMI) que tinha um “I” como distintivo.
Esses mesmos atletas que integraram estes times até então, pediram uma ajuda ao superintendente da Usina Santa Bárbara (Adriano Arcani) para reformar o antigo campo de futebol que pertencia à Companhia Fiação e Tecelagem Santa Bárbara. E assim, em 3 de março de 1947 surgia a Associação Esportiva Internacional, também conhecida como “time do Ferro velho”.
A AE Internacional mandava seus jogos no Estádio “Luizinho Cervone”, que ficava entre as ruas Santa Bárbara e Duque de Caixas, bem no centro da cidade, bem próximo da estação ferroviária. Tentei localizar o campo num mapa atual, pelo que eu entendi lendo algumas descrições, espero que alguém possa aferir se acertei:
O jogo de estreia foi contra o CAUSB e o time da AE Internacional venceu por 3×1. A Fundação Romi apresenta um arquivo (clique aqui para ler) sobre o futebol na cidade e apresentam uma foto que registrou como era o Estádio “Luizinho Cervone”.
E também veio de lá essa foto de 1958 de um amistoso contra o Paulista de Jundiaí:
Entre os anos 40 e 60, o time disputou disputado campeonato municipal e aqui vale uma menção especial para o EC Paulista , que passou a ser uma importante força citadina a partir de 1956 e que em 1958 representou Santa Bárbara d’Oeste no Campeonato Paulista do Interior:
A AE Internacional disputou também o Campeonato Amador do Interior.
A estreia no profissional aconteceu em 1965, na Terceira Divisão, o quarto nível do Campeonato Paulista, mas o time fez uma campanha mediana e perdeu a vaga da próxima fase para o Palmeiras de Santa Bárbara d’Oeste.
Jogou a Terceira Divisão novamente em 1966 e dessa vez foi o União Barbarense que se classificou para a próxima fase, junto do Rocinhense, da AE São José de Cerquilho e do Comercial de Tietê:
Aqui a campanha de 1967:
Em 1968, sua última participação no profissionalismo com um amargo último lugar.
Assim, o time seguiu nas competições amadoras até 1972, quando mais um time acabou deixando de existir em Santa Bárbara d’Oeste, mas não sem antes marcar a história da cidade…
Há pouco mais de 130 km da capital paulista está a cidade de Santa Bárbara d’Oeste, muito conhecida por ter sido o primeiro município brasileiro fundado por uma mulher, Margarida da Graça Martins,
Foi ela quem doou o terreno para a construção da Igreja matriz, que deu origem à cidade.
Mas Santa Bárbara d’Oeste também tem grande importância quando falamos do futebol profissional, afinal foram 4 times participando das competições oficiais da Federação Paulista:
Já falamos da história do UA Barbarense (veja aqui como foi) e agora vamos para o 2º post dedicado à cidade e nosso ponto de partida é a antiga Usina Santa Bárbara.
Aqui, uma imagem do Google Maps para se ter ideia da área geral da antiga usina, ela bem próxima à área urbana da cidade:
Foi na Usina Santa Bárbara que nasceu o CAUSB – Clube Atlético Usina Santa Bárbara!
A Usina Santa Bárbara surgiu em 1877, quando o Major João Frederico Rehder comprou a Fazenda São Pedro (que já possuía uma equipe – o 7 de Setembro) e passou a cultivar a cana-de-açúcar.
Se você nunca esteve andando em uma usina, dê uma volta no nosso Mobi:
Existe um marco próximo à entrada que identifica a Usina e que, espero, permaneça por lá por muito tempo, ao menos para fazer lembrar de uma parte importante do passado da cidade.
Essa é a atual aparência do cenário da Usina Santa Bárbara. Bonito, não?
A Usina desenvolveu sua estrutura para que seus trabalhadores tivessem autossuficiência, e por isso havia mais do que edificações industrial e administrativa em torno do Engenho.
Assim, se construiram as casas onde moravam os trabalhadores, além de toda infraestrutura necessária como escola, mercadinhos, igreja, farmácia e até mesmo um cinema
Provavelmente essa era a casa do chefão…
Mas, a estrutura que nos levou até a Usina Santa Bárbara foi o Estádio Cel Luiz Alves de Almeida, que infelizmente não existe mais…
Mas vem comigo dar uma olhada na área onde ficava o “Estádio Cel Luiz Alves de Almeida,também chamado de Estádio “Luizinho Alves” .
Tudo fica na “suposição”, já que não encontrei registros oficiais que garantam o que de fato existia ali. Mas… Por um momento fiquei pensando que essa pequena construção talvez servisse de bilheteria no passado…
Aqui é a entrada do que seria o campo, e respeitando a placa, apenas fotografamos do lado de fora.
Essa seria a área do campo. Será que ali à direita estava a arquibancada?
Haveria outra arquibancada do lado esquerdo?
O que recentemente foi uma espécie de borracharia… teria sido um vestiário?
Aqui dá pra ter ideia do campo como um todo. Seu nome era homenagem ao proprietário da fazenda, o “Coronel” Luiz Alves de Almeida.
No início do século XX, haviam várias fazendas na região e era comum os times de futebol de cada uma delas se enfrentarem. Mas essas disputas atrapalhavam o bom andamento da sociedade, e foi decidido que na Fazenda São Pedro haveria apenas um time para unir todos os trabalhadores. Assim, em 2 de janeiro de 1936, nasce o Clube Atlético Usina Santa Bárbara, o tricolor usineiro.
Porém o CAUSB só foi oficializado em 14 de fevereiro de 1942, quando disputou o Campeonato do Interior daquele ano ao lado de outros times de Santa Bárbara d’Oeste.
Esse foi o time daquela disputa:
Aqui o time da Tecelagem e Fiação Santa Bárbara FC:
Em 1943, sagrou-se campeão da 15a região, mas no mata mata contra o Guarani, uma derrota por 4×1 em casa e outra por incríveis 9×2 em Campinas eliminaram o CAUSB.
Em 1945, nova participação:
O time segue nas disputas amadoras com grandes conquistas (como o bicampeonato do setor em 1951/1952, até que em 1961 fez sua estreia no profissionalismo disputando a Terceira Divisão, o quarto nível do campeonato paulista, um campeonato todo estranho, com dois grupos. O CAUSB liderou o dele, a “Série Presidente Jânio Quadros”:
O outro grupo classificou o GRE Cultura para a final e para definir o classificado da série houve uma decisão entre os 2 primeiros colocados:
Assim, o CAUSB chega a final contra o o GRE Cultura de Mirassol e perde no segundo jogo extra, com uma arbitragem bem esquisita.
Assim, o GRE Cultura de Mirassol sagrou-se campeão!
Esse foi o time de 1961 do CAUSB, e olha aí ao fundo o Estádio “Coronel” Luiz Alves de Almeida:
Em 1962, mais uma campanha incrível, liderando a primeira fase:
Uma foto do Estádio “Zezinho” (o”Coronel” Luiz Alves de Almeida) neste ano:
A fase final reuniu os melhores times dos 4 grupos e o CAUSB terminou em primeiro, sagrando-se campeão da Terceira Divisão do Campeonato Paulista de 1962.
Esse é o time campeão:
Assim, em 1963, o CAUSB passou a disputar a Segunda Divisão, o terceiro nível do futebol paulista.
Esse era o time de 1964:
O time permaneceu nessa divisão até 1967, sempre com campanhas medianas, quando se despediu do futebol profissional, com a campanha abaixo:
ATENÇÃO! Dividimos esse post em 2 partes: uma teórica sobre a história dos times (este post) e outra prática sobre os estádios utilizados por estes times (clique aqui e veja cada fotona!!).
E você pode perguntar… “Mas por quê tantas visitas???” É que o futebol profissional (e o amador também) é riquíssimo!!! Foram 7 times disputando os campeonatos das Federações (nesse caso é no plural porque o CA Paulistano disputou o campeonato da LAF, e os demais da FPF):
E isso porque eu não incluí na lista nem o Guaratinguetá, que em 2010 mudou de nome para Americana Futebol e disputou a série A1 de 2011 na cidade e nem o SC Atibaia que adotou a cidade como sede até 2021, quando mudou de sede e nome para Leme.
Diferente da maioria das cidades que visitamos, Americana não nasceu só da tradicional mistura dos moradores originais – os indígenas – com os europeus e africanos. Quer dizer, até rolou isso lá no século XVIII, com a ocupação das sesmarias doadas por Portugal, mas teve um outro capítulo no mínimo polêmico e que tem a ver com o nome da cidade: a imigração dos confederados, o povo que vivia no sul dos EUA, conhecidos por serem escravocratas a ponto de entrarem em guerra (a guerra civil americana) para defender a manutenção da escravidão. Por isso o nome do povoado se tornou “Villa dos americanos” e depois “Villa Americana”. Um triste começo para uma cidade que hoje é bastante acolhedora! Vale ler a matéria: da Hypeness (clique aqui) sobre como a cidade vizinha – Santa Bárbara do Oeste – ainda não conseguiu se livrar desta história.
Outro fato fundamental para o surgimento da cidade foi a chegada da ferrovia em 1875 (foto do site Estações de Trem):
Graças à ferrovia, chegaram outras famílias para viver onde antes só haviam sitiantes americanos. Assim, aos poucos a região foi crescendo e chegaram as fábricas, principalmente ligadas aos tecidos. Em torno delas surgiu uma outra Vila que leva o nome de uma das fábricas: a Villa operária de Carioba! (fotos do site da Associação dos Permissionários de Carioba)
Com o desenvolvimento, a Villa Americana passou a lutar pela emancipação e em 1924 foi criado o Município de Villa Americana (que reunia as vilas Americana e a Carioba). Em 1938, muda seu nome para apenas “Americana“. Com tantas indústrias têxteis fica conhecida como a capital do tecido. Mas a crise do setor têxtil quebrou boa parte das indústrias locais, obrigando a cidade a diversificar sua economia para sobreviver até os dias atuais. (Foto do Blog do Chico Sardelli).
Enfim… esse é um super hiper resumo só pra contextualizar a cidade representada pelos 7 clubes apresentados acima. Vamos tentar falar deles em ordem cronológica, começando pelo time mais antigo e mais tradicional, o Rio Branco Esporte Clube.
O Rio Branco foi fundado em 4 de Agosto de 1913, sob o nome Sport Club Arromba. Em 1917, passou a levar o nome da cidade (na época “Villa Americana Foot Ball Club“), mas ainda no mesmo ano, definiu-se, o nome de Rio Branco Football Club.
Dizem que o Rio Branco foi o primeiro time a adotar um tigre como mascote!
Dentre suas conquistas iniciais, destacam-se os dois títulos do Campeonato do Interior em 1922 (Sanjoanense foi a vice) e 1923 ( Sorocabano foi o vice). Naquele tempo, o campeão do interior disputava a “Taça Competência” com o campeão da 1a divisão e assim tivemos um Corinthians 5×0, em 3/5/1923 e Corinthians 2×1 em 30/3/1924. Esse foi o time bicampeão:
No Campeonato do Interior de 1925, em 28 de junho tivemos o primeiro derbi oficial de Americana: Rio Branco 1×0 CRS Carioba, no 1o turno (no 2o turno nova vitória do Rio Branco: 1×0, jogando no campo do Carioba).
O Clube Recreativo e Sportivo Carioba foi fundado lá na fábrica que falamos no início do post, em 9 de julho de 1914, mas somente em 1925 estreou no Campeonato do Interior fazendo uma campanha interessante (o Rio Branco se classificou pra fase final e terminou em 4o lugar, o campeão foi o Velo Clube).
No Campeonato do Interior, em 1926, houve uma debandada dos times de Americana para a LAF (Liga dos Amadores de Futebol) e naquele mesmo ano o Carioba disputa a eliminatória para a primeira divisão da LAF e também o Campeonato do Interior da LAF. Olha aí algumas fotos de times do Carioba do início do século XX:
O CRS Carioba disputaria várias edições do Campeonato do Interior, mas anos mais tarde arriscou um passo ainda mais ousado disputando o Campeonato Paulista da Terceira Divisão (o quarto nível do campeonato) de 1968, surpreendendo a todos com uma incrível campanha na primeira fase, pela 2a série!
Pena que na fase final, o Carioba não conseguiu repetir o bom desempenho…
Em 1969, infelizmente vários problemas atrapalharam o time que acabou desistindo do Campeonato ainda no primeiro turno:
Mas, voltemos a 1926 para registrar uma surpresa que alegrou ainda mais Americana, a cidade tinha um novo time participando do Campeonato do Interior da LAF, o Clube Atlético Paulistano!
O CA Paulistano foi fundado em 1925, teve essa única aventura no Campeonato Interior e depois sumiu, deixando o futebol na cidade com a dupla Carioba e Rio Branco. O Tigre chegou a disputar a segunda divisão de 1947 a 1949, quando decide abandonar o futebol profissional. Essa foi a classificação de 1949, quando ele terminou em 5o:
Já disputando apenas o amador, em 1961, o Rio Branco assume o nome que defende até hoje em dia: Rio Branco Esporte Clube.
Mas sua ausência no profissional, faz com que um outro time da cidade assuma o protagonismo: o Esporte Clube Vasco da Gama!
O EC Vasco da Gama, também conhecido como Vasquinho, foi fundado em 24 de abril de 1950 e se você quiser conhecer mais sobre o time, vale a pena conhecer o blog “O Vasquinho de Americana“, do Gabriel Pitor, de onde veio essa foto do time dos fundadores:
Em 1966, o Vasquinho decidiu se profissionalizar e disputar a Terceira Divisão (o quarto nível) do Campeonato Paulista. (foto do blog O Vasquinho de Americana).
Em 1968, o Vasquinho “ganhou um acesso” e disputou a chamada “Segunda Divisão” (que equivalia à Terceira Divisão) e começou bem, classificando-se em segundo na primeira fase:
Na segunda fase, terminou empatado com o Oeste, obrigando a realizarem um jogo desempate para ver quem iria à final. E após um 3×3 no tempo normal, o Vasco conseguiu segurar a prorrogação e o empate lhe deu a classificação.
Na final, em jogo único em Bauru, o Vasco venceu o Municipal de Paraguaçu Paulista por 2×0 e conseguiu o título e mais um acesso, jogando assim o segundo nível do Campeonato Paulista de 1969. Se você quiser ler mais sobre a história do título, leia aqui no incrível site feito pelo Gabriel Pitor!
Mas precisamos abrir mais um capítulo nessa história. É que no Campeonato da Terceira Divisão de 1967 (4º nível do futebol paulista), ocorreu um dos mais impensáveis dérbi do futebol paulista graças a uma nova equipe que passou a disputar o profissional:
Isso porque em 1943 surge um novo time na cidade: o Flamengo Futebol Clube mais conhecido como Flamengo de Americana (muitos consideram a sua data de fundação o dia 5 de janeiro de 1958, mas segundo o livro Flamengo Futebol Clube, de Santo Dean, o ano é mesmo 1943).
O time disputou muitas competições amadoras, entre elas o Campeonato Municipal e com os bons resultados decidiu arriscar-se no profissional, assim, em 1967 tivemos um “dérbi carioca” em Americana: Flamengo x Vasco! Assim terminou aquele campeonato:
Como o futebol profissional, já era caro mesmo naquela época, eles não conseguiram se manter e voltaram para o profissional ao fim de 1968, quando disputaram novamente a Terceira Divisão. E fizeram uma baita campanha, disputando um outro derbi pela cidade, dessa vez com o time que ficou com a vaga para a próxima fase: o CRS Carioba!
Fechemos este capítulo, e voltemos a falar do Vasco. Depois de conquistar a Segunda Divisão (o terceiro nível do futebol paulista) o time jogou a Primeira Divisão (que equivalia ao segundo nível) em 1969, 70 e 71, sem grandes campanhas, mas em 1972 o time chegou à segunda fase, como vice líder da Série Belford Duarte.
Mas faltou um pouquinho para chegar à final…
Em 1973, 74 e 75 novamente campanhas medianas. O time precisava de mais apoio e uma das ideias foi mudar o nome do time para Americana Esporte Clube.
Mas em campo essa mudança não gerou grandes novidades: as campanhas de 1976, 77 e 78 seguiram abaixo da média. Pra piorar, o Estádio Victório Scuro não atendia às demandas da Federação Paulista e assim, o Vasco vê como caminho, unir-se com o Rio Branco, e assim, o Tigre volta ao Campeonato Paulista profissional em 1979 e já no primeiro ano da fusão, classifica-se para a segunda fase, mas sem chegar a final.
Aproveitamos para abrir o nosso último capítulo e falar sobre o chamado Campeonato Paulista da Segunda Divisão Profissional de 1977 (esse era o nome do quarto nível do futebol paulista), que viu um novo clube de Americana adentrar ao profissionalismo: o Sete de Setembro Futebol Clube.
O Sete de Setembro Futebol Clube foi fundado em 1959. E depois de muitos anos no amador, estreou no profissional de 77 em uma campanha bem frágil, não passando da primeira fase:
Em 1978, mais uma campanha fraca, terminando na última colocação do seu grupo…
Em 1979, um pacto entre os atletas para um ano melhor, para resultados incríveis, vitórias conquistadas nem que fossem na raça e… Não deu… Mais uma vez terminou como último colocado do grupo não avançando para a próxima fase.
Mas, a recompensa por tanta persistência deu resultados… Em 1980, a Federação Paulista reduziu as então 5 divisões par apenas 3, e assim o Sete de Setembro subiu uma divisão passando a disputar a Terceira Divisão (que finalmente equivalia ao terceiro nível do futebol paulista). E não é que o time foi bem melhor? Confira a classificação:
O Sete de Setembro FC persistiu na Terceirona até 1982, quando não conseguiu dar sequência ao seu projeto no profissionalismo e abandonou o campeonato para a tristeza do seu torcedor. Assim, coube ao Rio Branco, se consolidar como o grande representante da cidade no futebol paulista, passando a disputar a divisão de acesso entre 1979 e 1990, quando termina como vice campeão da “divisão de acesso” (segundo nível do futebol paulista daquele ano).
Assim, em 1991 o Rio Branco leva Americana ao mais alto patamar do futebol paulista: a primeira divisão. Essa e várias fotos da história do time podem ser vistas no site oficial do Rio Branco.
Assim, o Rio Branco se classificou para a segunda fase, como líder do grupo.
Na segunda fase, mais uma vez uma campanha que garantiu a liderança do time, mesmo sofrendo 3 derrotas nos últimos 4 jogos.
A fase final foi um “hexagonal da morte” e embora o Rio Branco não tenha levado o título por um pontinho… Pelo menos conquistou o acesso!
Aí está o time que conquistou esse tão importante e inesquecível acesso!
E o Rio Branco parece ter gostado de estar entre os grandes, pois ficou na serie A1 até 2007, quando acabou rebaixado de volta para a A2.
E a partir daí começa uma terrível gangorra pro time de Americana: em 2009 o vice campeonato da A2, traz o retorno para a A1. Em 2010, é rebaixado para a A2. Em 2011, pela primeira vez na história cai para a A3. Em 2012, sagra-se campeão da A3 (lembra que a gente foi lá ver?) e volta para a A2. Em 2016 nova queda para a A3, até chegarmos ao momento mais baixo da história do futebol em Americana: em 2018, quando o Rio Branco acabou rebaixado da A3 para a série B, o quarto nível do futebol paulista, onde permanece até pelo menos 2022.
Um momento difícil para um futebol tão rico, com tanta história. Que o futuro seja generoso com o Rio Branco. E aqui terminamos essa primeira parte “teórica” sobre o futebol de Americana!
Depois de termos conhecido os estádios de Pirassununga e Descalvado, a terceira etapa do nosso rolê nos leva à mágica cidade de Santa Rita do Passa Quatro, onde vivem cerca de 28 mil pessoas.
Todo curioso já se perguntou o porquê do “passa quatro” e a resposta vem da natureza: antigamente para se chegar à cidade era necessário se passar quatro vezes por um córrego (que nós nem conseguimos achar em nossa viagem). Mas…. A cidade está lá! E também suas ruas de paralelepípedos, tão charmosas…
Tem praça com coreto também!
E tem a tradicional Igreja Santa Rita de Cássia.
Casas bonitas com leões de guarda na entrada? Tem lá também!
Se nosso amigo Rafael Furlan, o geógrafo, lesse esse post, ele ficaria contente em ver que notamos uma formação curiosa e que depois pesquisando descobrimos tratar-se do ponto mais alto da cuesta basáltica (uma espécie de montanha que tem um lado “normal” e o outro super íngreme) que cruza o estado de São Paulo. Mas não fui atento o suficiente para fotografar…. Mas fiz mais fotos da rua, olha:
Bom, mas geografia a parte, estávamos visitando a cidade para conhecer o estádio que serviu de casa da Associação Atlética Santa Ritense nas 16 edições do Campeonato Paulista que disputou entre a terceira e a quinta divisão.
Sendo assim, bem vindo ao Estádio José Pereira da Silva, o “Pereirão“!
O estádio fica junto do clube social, então em todo lugar se vê o distintivo da Santa Ritense pelas paredes!
E como mostra o distintivo, a Associação Atlética Santa Ritense foi fundada em 25 de janeiro de 1927. De lá pra cá, muita história rolou com esse time que caminha para seu centenário… Em 1928, o Diário Nacional noticia um amistoso:
O Correio Paulistano de 1930 noticia um amistoso com o Operário FC de Porto Ferreira:
E outro, no mesmo ano, fora de casa, em Leme, contra o Lemense:
Outro amistoso noticiado em 1932, desta vez contra o Porto Ferreira Clube:
Em 1936, foi a vez de enfrentar o Descalvadense:
Destaque também para as diversas participações no Campeonato Amador do Interior, como mostra a Gazeta Esportiva de 1956:
Ou o Correio Paulistano de 1957:
Encontrei uma foto do time juvenil de 1958:
A partir de 1964 o time começou a disputar o profissionalismo, na quarta divisão. Em seu ano de estreia liderou a primeira fase.
Termina a 2ª fase na 5ª colocação:
Jogaria ainda a 4ª divisão em 1965, quando não passou da 1ª fase. Licencia-se do futebol profissional até 1970, quando acaba jogando a 3ª divisão, já que o 4º nível do Campeonato Paulista acabou cancelado. Azar dos adversários que viram uma linda campanha na primeira fase, classificando o time para a semifinal, onde é derrotado pelo Rio Branco de Ibitinga.
Nota no jornal sobre partida do Campeonato Paulista de 1970:
Em 1971, manteve-se no 3º nível do futebol paulista mas não se classificou para a fase final do Campeonato. Novamente se licencia do profissionalismo e só retorna em 1975, em um campeonato que não chegou ao final por problemas na primeira fase. Em 1976, lidera o 1º turno da primeira fase:
Mas faz uma péssima campanha no 2º turno e também na 2ª fase. Em 1977, joga a quarta divisão e não se classifica para a segunda fase. De 1980 a 86 disputa a 3ª divisão. Novo licenciamento, dessa vez mais longo, retornando apenas em 1999, agora na 5ª divisão. Disputa as edições de 2000 e 2001, quando obtém vaga para a 4ª divisão, a série B1 de 2002. Em 2003 é impedido de disputar a fase final por problemas em seu estádio. E em 2004 disputa sua última competição, despedindo-se do futebol profissional. É ou não é muita história pra um único distintivo?
Possui uma grande rivalidade local com a Sociedade Esportiva Cinelândia, com quem faz o Derby citadino.
A SE Cinelândia disputou a 5a divisão do Campeonato Paulista em 1997, 1999 e 2001 (aliás, obrigado ao amigo David Willian Severino Martins pelo lembrete!). E eles tem até seu próprio campo, o Estádio Dr. Alcides Ribeiro Meireles:
Até a Portuguesa Santista já esteve lá fazendo uma pré temporada!
No estádio cabem em torno de 3 mil torcedores.
Encontrei outras imagens do Estádio Dr. Alcides Ribeiro Meireles pelo site da Prefeitura falando do campeonato amador da cidade:
O time campeão foi o Disk Limp:
Mas, infelizmente nessa visita, registramos apenas o Estádio José Pereira da Silva, a começar pela tradicional foto na bilheteria.
Segundo matéria do Diário da Noite, o Estádio é de 1927!
Que tal uma olhada mais de perto? Sigam me os bons!
Tava até rolando uma pelada na hora em que estivemos por lá!
Aí está ela! A arquibancada coberta que já abrigou tantos torcedores do sol e da chuva (será?).
A arqui
bancada ainda segue para ambos os lados da cobertura.
Bancos de reserva bem colocados a espera dos suplentes!
Aí sim! Mais uma memória registrada de uma equipe super tradicional e que tem grandes chances de voltar ao profissionalismo, caso tenha esse desejo!
Uma olhada no campo, dos dois lados e do centro:
A arquibancada de cimento promete aguardar o tempo necessário para novamente receber torcedores!
Um último olhar pelo lado de fora… E é hora de irmos…
Mas… Não podemos ir embora sem falar do terceiro time da cidade, que já não existe nem como time amador e nem como sede social. Trata-se do Córrego Rico Futebol Clube.
O time foi fundado em 1953, na Usina Santa Rita. Encontrei uma nota falando de um jogo em 1958.
Neste ano, o time foi campeão da Zona 24, como mostra a Gazeta Esportiva:
Em 1965 estreia no profissional disputando a quarta divisão do Campeonato Paulista, mandando seus jogos no Estádio da Usina.