Em julho de 2025 estivemos no Piauí, dando um super rolê por diversas cidades e aprendi que a capital Teresina fica ao lado de Timon, já no Maranhão, sendo divididas pelo rio Parnaíba.
O rio Parnaíba é o maior rio nordestino, navegável em toda sua extensão, sendo super importante para a economia do Piauí, não só para a pesca mas potencializando as atividades agropastoris, o transporte, a produção de energia elétrica, além do abastecimento urbano, lazer e turismo.
E atravessando o rio… Chegamos a Timon, já no estado do Maranhão!
Timon é a quarta cidade mais populosa do Maranhão mas faz parte do dia a dia da grande Teresina. Com base nos estudos sobre a presença indígena na área, pode-se supor que diversos grupos tenham habitado a região como os Gamela que transitavam entre o leste do Maranhão e o oeste do Piauí, povo agricultor e caçador, e que acabaram catequizados ou escravizados entre os séculos XVII e XVIII. Além dos Gamela, também haviam os Tremembé, os Timbira (que eram uma espécie de confederação de povos Jê), além de certa influência dos Tupinambá e Tabajara. Pedi pra IA uma imagem de como seriam os Gamela e olha aí o que veio:
A ocupação da região começou no século XVIII, por estar no traçado da estrada real que ligava os dois estados (Piauí e Maranhão) e fez com que fazendeiros, jesuítas e aventureiros acabassem se estabelecendo ao longo do caminho que de tão florido deu o nome ao lugar de… “Flores“. Somente em 1940, ocorreu a mudança de nome do município de Flores para Timon, numa homenagem ao intelectual maranhense João Francisco Lisboa, que deixou uma obra com o título Jornal de Tímon, numa referência ao célebre filósofo da Antiga Grécia.
Além disso, também no início dos anos 1940, tendo o Sr. Urbano Martins como interventor nomeado por Getúlio Vargas, foi construído campo que seria o Estádio Miguel Lima.
Atualmente, quem manda seus jogos la é o Timon Esporte Clube.
O TEC é um time recente, fundado em 2005 e que passou a disputar a série B do Campeonato Maranhense em 2007. Depois disputou as edições de 2010, 2014, 2017, 2018, 2019, 2020 (quando acabou rebaixado para a terceira divisão, pela perda de 16 pontos por uma irregularidade), 2021 (não houve terceira divisão e acaba voltando pra segunda), 2022, 2023, 2024 e 2025. O time chegou a bater na trave do acesso por várias vezes…
Outro time da cidade é a Sociedade Esportiva Juventude Timonense, fundado em 14 de janeiro de 2008, que atuava focado no futebol feminino mas que mais recentemente passou a ter equipes de base no masculino também.
A SEJ Timonense foi campeã do Campeonato Maranhense de Futebol Feminino de 2019, representando o Maranhão na série A2 do Campeonato Brasileiro de 2020. Em 2019 e 2022 também conquistou o título estadual.
E cruzando as ruas da cidade, enfim chegamos à casa do futebol de Timon…
Então é hora de conhecer o Estádio Miguel Lima, onde meninas e meninos escrevem suas histórias no futebol profissional e amador!
Como as portas estavam abertas, fomos dar um rolê e conhecer um pouco deste estádio já tradicional na história do esporte da cidade.
Vale um registro com sua bela arquibancada de fundo!
O gramado estava em dia, principalmente se considerarmos o forte calor da região e a falta de chuva do seco inverno piauiense.
O Estádio possui ainda uma pista de atletismo em torno do campo, que permite a prática de outros esportes à população.
O banco de reserva é de cimento. Pode não ser tão estiloso, mas dura mais…
Ali atrás do gol, um ginásio esportivo que complementa o equipamento municipal.
Acima da arquibancada, temos várias cabines de rádio em uma estrutura simples mas muito bem planejada.
Tradicional registro do gol da direita:
O gol da esquerda:
E o meio campo:
Para finalizar, não podíamos deixar de falar de outro time sediado em Timon, mas que não manda seus jogos nem em sua cidade natal, nem mesmo em seu Estado natal: o Esporte Clube Timon!
O Esporte Clube Timon disputa os campeonatos no estado do Piauí, sendo filiado à Federação de Futebol do Piauí, desde 2015. O time foi vice-campeão da Segunda Divisão do Campeonato Piauiense de 2019, conquistando o acesso para a 1ª divisão do estadual de 2020.
Em julho de 2025 tivemos a oportunidade de viajar até o Piauí e foi incrível.
Visitamos várias cidades e aprendemos muito com cada pessoa que conversamos. Obrigado por isso, futebol… Tudo começou na capital do estado: Teresina!
Única capital nordestina fora do litoral, Teresina tem sua realidade ambientada por 2 importantes rios: o Poty (esse abaixo) e o Parnaíba.
Fomos apresentados ao abacaxi temperado (alguém já conhecia de outro lugar?) que é a metade de um abacaxi servido na casca mesmo, coberta com pimenta, sal e leite condensado.
Além disso, só posso dizer que Cajuína é vida.
Essa é a Ponte Estaiada do Sesquicentenário Mestre João Isidoro França, um marco para celebrar os 150 anos da cidade, inaugurada em 2010. Mas não rola mais visitas à parte superior (a vista deve ser linda).
Abaixo da ponte, uma rica cena esportiva e cultural com uma das faixas de trânsito fechada aos carros para que a população possa aproveitar.
É muito difícil tentar resumir uma cidade tão linda e tão importante como Teresina em um mero post… O que posso fazer é enumerar alguns pontos como a Central de Artesanato Mestre Dezinho.
Um suco de Tamarindo combina bem com tanta arte.
Além da grande riqueza artística e artesanal, o espaço guarda uma parte triste da nossa história como país: ainda há no local um porão que foi utilizado como sala de tortura, durante o período da Ditadura Militar.
Também fomos até o mercado central pra sentir um pouco da vibe do centro da cidade. E adoramos!
Esse é o nosso país. E é bom ver um montão de frutas, verduras e legumes produzidos no nosso próprio território e que poderiam gerar um Brasil ainda mais igual e com menos fome.
Nossa passagem por Teresina foi uma aula viva sobre o Brasil que muitos ainda não conhecem. A arquitetura, a culinária, o sotaque, os mercados e a força do povo piauiense.
Cada conversa que tivemos, cada sorriso que recebemos e cada rua que caminhamos foi uma confirmação de que viajar é também um ato de escuta e aprendizado.
E tem também uma série de produtos ligados à cultura nordestina que também tem que ser visto como motivo de orgulho para o piauiense e para o brasileiro em geral.
A literatura de cordel sobrevive!!
Ali bem próximo do mercado está o outro rio tão importante: o Parnaíba. A outra margem já é área do Maranhão (cidade de Timón).
O primeiro Estádio que fomos registrar nesse rolê foi o Governador Alberto Tavares Silva, o “Albertão“. E olha a fachada que te recebe logo na chegada!
Arquitetura muito bonita e moderna pra um estádio que em 2023 completou 50 anos!
O pessoal que trabalha lá no estádio foi bastante receptivo e permitiu que a gente desse uma volta na parte interna para registrar o chamado “Gigante da Redenção“.
Para quem acha que o futebol do Piauí não tem representatividade, se liga nesse mapa dos times só de Teresina:
Esse busto do Governador Alberto Tavares Silva está na parte interna do estádio.
Tem até uma foto dele batendo um penalty na inauguração do estádio.
Então é hora de finalmente conhecer mais este templo do futebol, o mais importante do estado do Piauí! Vem com a gente!
O estádio tem capacidade para 44.200 torcedores, mas atualmente a Federação tem liberado apenas metade desse número.
Mas é bonito demais não?
Aí eu te pergunto… Aí no seu estado é “cadeira cativa” ou “cadeira perpétua” que se fala?
Essa marquise imponente chama a atenção…
Tem uma história pesadona do dia da inauguração do estádio (26 de agosto de 1973), quando jogavam o Tiradentes local contra o Fluminense do RJ. Uma histeria coletiva causada por alguém que gritou que o estádio estava cedendo tirou a vida de ao menos 5 torcedores, além de ferir quase uma centena de pessoas. É triste. Sempre penso na família e nos amigos que ficaram e realmente é uma situação muito difícil…
Espero que as muitas tardes de alegria que o futebol proporcionou neste lugar tenha ajudado a diminuir essa “bad vibe” que marcou a estreia.
Aí está o astro rei do nosso futebol: o gol!
Uma pena não ter conseguido assistir nenhum jogo nessa arquibancada…
Mas só de estar presente ali já foi uma experiência incrível!! Estar ali dentro do Albertão foi como entrar num território sagrado. Mesmo vazio, o estádio pulsa. Dava pra ouvir o eco dos nossos passos nas arquibancadas ressoando como se carregasse vozes antigas, gritos de gol, vaias, aplausos… É fechar os olhos e ouvir a torcida cantando (será que tomei muita cajuína??)
O concreto envelhecido, os assentos gastos, as curvas da marquise, os bancos de reserva… tudo conta uma história. É como se o estádio estivesse dormindo, à espera do próximo domingo, do próximo hino, do próximo gol. E mesmo assim, sem jogo, ele já nos entrega um espetáculo.
A cada passo, tentava imaginar como seria ver um jogo ali de verdade. A bateria das torcidas, a tensão de uma cobrança de falta, a alegria de um gol aos 46 do segundo tempo…
É sempre legal pensar que um monte de gente viveu momentos inesquecíveis nesse lugar, pais com filhos, amigos de infância, jogadores que realizaram sonhos.
Vamos embora? Antes, parei no meio da arquibancada, respirei fundo e só agradeci. Por estar ali. Por poder ver com meus olhos algo que tantas vezes só vemos pela televisão ou em registros antigos. Foi um encontro com o futebol em seu estado mais puro: concreto, sol, silêncio, memória. E foi lindo. Muito obrigado, Albertão.
Fizemos esse montão de foto pra pelo menos guardar bastante lembrança desse momento incrível!
Ao sair do Albertão, carregávamos um misto de respeito e admiração por tudo que ele representa para o futebol do Piauí. Não é apenas um estádio: é um palco onde milhares de histórias se cruzaram, de gols incríveis a momentos difíceis como aquele da inauguração, que marcou tantas vidas.
Nos próximos posts vamos mostrar outras 3 aventuras boleiras em Teresina e depois estádios de outras cidades piauienses que nos acolheram com o mesmo carinho: Altos, Piripiri, Piracuruca, Luis Correia, Parnaíba, Buriti dos Lopes e Campo Maior.
Seguimos com nossa missão de documentar estádios, clubes, histórias, cores, rostos e realidades que não cabem nos grandes centros e que merecem ser lembradas com o mesmo entusiasmo. Porque o futebol está em todo canto, e a cultura que o envolve é sempre maior do que o próprio jogo.
Ah, fizemos 7 vídeos sobre o rolê misturando música, fotos e vídeos dos estádios visitados, confira o primeiro deles que mostra um pouco mais do Estádio Albertão:
Segunda feira, 2 de junho de 2025. E quem disse que em plena segundona a gente não pode acompanhar uma partida de futebol? Fomos até o Estádio 1º de Maio, em São Bernardo do Campo para enfim registrar um jogo da série C do Campeonato Brasileiro de 2025.
Seja bem vindo ao Estádio Primeiro de Maio!
Em campo, dois times que tem lutado para estar no G8 e assim disputar os mata-matas que vão levar 4 equipes à série B. Apoiando o time da casa, o São Bernardo FC, estão os inabaláveis torcedores da Febre Amarela:
Ali no outro lado da bancada está ainda o pessoal da Guerreiros do Tigre e demais torcedores do time!
Do lado visitante, uma incrível presença dos torcedores de Alagoas, defendendo o time do CSA:
Uma noite fria de outono, mas que em campo se mostrou quente, principalmente para os torcedores visitantes, que logo aos 11 minutos viram o gol do São Bernardo ser anulado por impedimento e aos 19 minutos, Tiago Marques fazer 1×0 para o CSA!
A torcida do CSA fez bonito ao se fazer presente em uma partida em um estádio distante mais de 2 mil quilômetros de sua cidade natal!
Infelizmente, a torcida do São Bernardo vem passando por um momento difícil. Como disse um amigo, apenas os verdadeiros torcedores mantém-se fieis ao time, e diminuiu muito aquele clima de caldeirão que existia no Estádio e complicava a vida dos visitantes.
Talvez o clima gerado pela presença da torcida visitante tenha inspirado os jogadores do CSA e, em especial, Tiago Marques que fez a alegria da galera marcando o segundo gol dos alagoanos aos 27 minutos.
Como é que se explica o amor a um time?
Foi especial ver tantos azulinos nas arquibancadas, vindos de Maceió ou mesmo já radicados pela Grande São Paulo carregando em seus corações histórias e lembranças de desafios dessa nova realidade.
Foi mais do que futebol: a arquibancada deu lugar para reencontros, aventuras e saudade. Muitos que migraram para cá em busca de uma vida melhor puderam, por 90 minutos, se sentir de volta à infância, à cidade natal, às lembranças boas de casa. Aos que enfrentaram os 2 mil quilômetros de viagem… Foi como viver uma odisseia!
“Vai pra cima deles, Azulão”, cantavam os alagoanos:
O CSA em campo foi mais do que um time: foi o elo com as raízes, com a memória e com o coração.
Com os dois gols no placar, o CSA foi para o intervalo sabendo que o mais difícil já havia sido feito. Aproveitamos para ouvir um pouco daqueles que decidiram apoiar o time alagoano no ABC paulista.
Também fomos ouvir o pessoal da Mancha Azul, a organizada do CSA, sempre vibrante e sempre presente, ainda que a polícia militar tenha dificultado ao máximo a presença dos caras, impedindo a entrada das faixas e demais materiais.
Por outro lado, a torcida local mantinha seu apoio e acompanhava com dor o difícil momento.
Aos 20 minutos do segundo tempo, penalty para o CSA e Enzo marcou o terceiro e derradeiro gol.
Aos 26 o São Bernardo diminuiu com Felipe Azevedo que veio do banco de reservas para honrar minimamente o manto do São Bernardo!
Um pouco de pressão no final do jogo, com direito a algumas boas defesas do goleiro Gabriel Félix, mas o placar terminou nos 3×1 para os visitantes.
A preocupação da torcida do CSA agora é pensar no confronto com o Vasco pela Copa do Brasil, e quem sabe viver mais um feito histórico do time alagoano!
Parabéns aos azulinos alagoanos pela presença! Espero revê-los em breve!
Ainda no rolê por Recife, sob a paixão do seu litoral, lindo durante o dia e mesmo durante a noite…
Como a grana anda curta, não deu pra trazer nada de grandes lembranças, apenas esse singelo boné de Pernambuco que acabou nem chegando em Santo André… Perdi entre o aeroporto e nossa casa 🙁 Que esteja feliz em uma nova cabeça.
No post anterior (sobre o Estádio dos Aflitos) falei um pouco do valor cultural do rolê para Recife e reforço a importância de conhecer ao menos o Museu do Homem do Nordeste (machista essa generalização da “raça humana” né?).
Algumas obras retratam o início da colonização em Pernambuco e o importante papel dos indígenas e africanos na formação da capital e do estado como um todo.
Importante reconhecer as celebrações (algumas delas religiosas) africanas e afro-brasileiras.
E também para poder ter acesso a objetos importantes da nossa história como essa urna, onde provavelmente eram guardados os restos mortais dos indígenas.
E sim, a gente fez todos os rolês de turista não só no litoral da capital como nas cidades ainda mais turísticas. Vale banho de lama? Vale! Da lama ao caos, do caos à lama!
E os vários roles pela cidade mostraram como podemos ter uma cidade importante integrada aos rios que a cortam, de uma maneira diferente do que nos acostumamos em São Paulo.
Em suma… Se possível, visite e conheça Recife, sua cultura, sua gente, suas praias etc… E não deixe tampouco de conhecer seu futebol! Pra isso, depois de falarmos do Estádio dos Aflitos (o campo do Náutico), fomos conhecer a casa do clube das multidões, do mais querido: o Santa Cruz Futebol Clube!!!
Falamos do Estádio José do Rego Maciel, o Estádio do Arruda!
O tricolor pernambucano tem uma casa que impõe respeito e que atualmente capacidade para 60.044 torcedores, sendo assim o maior estádio do estado e entre os dez maiores da América Latina.
O Arruda já foi palco de vários jogos internacionais, entre eles eliminatórias e amistosos da Seleção brasileira.
O próprio José do Rego Maciel foi quem captou os investidores que bancaram a construção do estádio e em 1954 começou a se projetar a construção do “Alçapão do Arruda“, mas, apenas em 1965, a construção teve início, o que na época seria o quarto maior estádio particular do mundo.
Foi graças a muitas doações da própria torcida que o Santa Cruz Futebol Clube conseguiu construir seu estádio. Em 4 de junho de 1972, em um amistoso 0x0, contra o Flamengo, o Estádio do Arruda foi inaugurado oficialmente, frente a 64 mil torcedores.
Em 1º de agosto de 1982 foi inaugurado o anel superior, tendo a capacidade elevada para 110.000 torcedores. Em 2000, os os estádios brasileiros tiveram sua capacidade reduzida quase à metade pela nova legislação da CBF, e a capacidade do estádio caiu para 65.000 torcedores.
Aqui, o pessoal da gestão do Santa que nos recebeu para conhecermos esse lindo estádio por dentro!
Como sempre digo, é uma verdadeira honra poder registrar um estádio tão importante para o futebol brasileiro como o Arruda!
O anel superior deu ao estádio um visual ainda mais impactante. Agora em 2022, o Santa tem disputado a série D e tem levado grande público às arquibancadas!
Aqui um olhar sob o gol da esquerda:
O gol da direita:
E o meio campo:
Aqui, o banco de reservas:
Emocionante, não?
Importante reforçar que, mesmo vestido a camisa do Ramalhão, tivemos todo respeito com o time e torcida do Santa, afinal este é um templo do futebol!
Gostaria muito de poder voltar ao estádio do Santa Cruz para acompanhar uma partida…
Ah, vale ressaltar também os grafites na parte interna do estádio! Lindos e históricos!