No feriado de 15 de novembro de 2022, fizemos um incrível rolê de Santo André até Bataguassu, no Mato Grosso do Sul. Entre as centenas de quilômetros percorridos, registramos 20 estádios que receberam partidas profissionais e amadoras em diferentes cidades.
Sempre ouvi meu irmão, Marcel, falar sobre as “praias de rio” de Ipaussu, como sendo as mais lindas do estado, e estava animado para enfim conhecer a cidade.
A região possui no rio Paranapanema seu maior atrativo, que também deve ter impulsionado a população indígena nos séculos anteriores à chegada dos Portugueses. Ali, até o século XIX, haviam aldeias dos chamados “coroados” (os kaingangs).
O “desaparecimento” dos indígenas se deu com a chegada dos europeus, ocupando as terras e estabelecendo o novo povoado, que daria origem à Ipaussu. E mais uma vez, a chegada da Estrada de Ferro (1908) deu grande apoio para o desenvolvimento local. A foto da estação é do mágico site Estações Ferroviárias.
Atualmente, quase 14 mil pessoas vivem em Ipaussu, e embora não exista nenhum time disputando os campeonatos profissionais, a cidade possui um lindo espaço para o futebol: o Estádio Arnaldo Borba de Moraes.
Dando uma olhada em uma visita que o pessoal do Jogos Perdidos fez até Ipaussu, encontrei o antigo (e na minha opinião, muito mais charmoso) pórtico de entrada:
Após conferir essa suntuosa entrada, fomos conferir a parte interna do Estádio.
Aqui, o meio campo (lá ao fundo a estrada que liga a cidade à Raposo Tavares):
O gol da esquerda:
Veja como logo após o gol já existe uma casa, impossibilitando qualquer ampliação daquela área.
E o gol da direita, com uma bela caixa d’água aparecendo lá ao fundo:
A arquibancada coberta é simples, mas dá uma beleza única ao Estádio Arnaldo Borba de Moraes.
Encontrei uma foto da banda da cidade posando na arquibancada em 1956, olha como era diferente:
Ali, ao fundo, no muro dos vestiários, percebe-se a sigla do clube que por anos defendeu (e pelo visto, ainda defende) as cores e o nome da cidade: o Clube Atlético Ipauçuense.
O Clube Atlético Ipauçuense foi fundado em 25 de março de 1938.
O time começou disputando amistosos e campeonatos amadores. A partir de 1944, o CA Ipauçuense passa a disputar o Campeonato do Interior.
Em 1949, o São Paulo FC foi até Ipauçu para um amistoso e venceu por 3×0.
E o CA Ipauçuense seguiu na disputa do Campeonato do Interior daquele ano goleando o CA Ourinhense.
Em 1956, a Gazeta Esportiva trouxe um especial sobre o time e o título da região:
Em 1957, o CA Ipauçuense dá um passo ousado e passa a disputar o futebol profissional e faz uma ótima estreia, terminando a primeira fase em primeiro lugar!
Ainda que não tenha sido campeão, o CA Ipauçuense termina o campeonato de maneira honrosa.
Encontrei algumas fotos supostamente do time que disputou a terceira divisão em 1957:
E essa que registra a “excursão” daquele ano até Monte Aprazível de avião!
Ainda em 57, o Corinthians jogou um amistoso em Ipaussu e perdeu por 7×0:
Em 1958, seu segundo campeonato e mais uma vez classificou-se para a segunda fase:
Porém nesse ano, sua participação na segunda foi bem pior…
O time se licenciou e voltou ao amador. Em 1959, empatou um amistoso com o Olaria do RJ.
Em 1966, uma nova tentativa de disputar o profissional, mas dessa vez sua participação foi muito abaixo do esperado e ali foi o fim do CA Ipauçuense no futebol profissional.
Aqui, uma imagem do time na década de 70:
O time de 1974:
Provavelmente uma criança que seja apaixonada por futebol no ano de 2022 jamais ouviu falar do nome do Clube Atlético Ipauçuense. E talvez não venha a ouvir jamais. Porém, mesmo que os tempos atuais tentem esquecer o passado, cada foto, cada lembrança e principalmente, enquanto existirem esses estádios espalhados pelas cidades, toda essa história estará de pé.
Mas, além da conhecida casa do Ituano FC, a cidade de Itu possui outro estádio bastante importante para a história do futebol profissional e também do amador: o Estádio Municipal Dr Álvaro de Souza Lima, também conhecido como o Estádio da Baixada.
Assim, aproveitamos a nossa visita à cidade para assistir ao jogo decisivo entre Ituano x Vasco (veja aqui como foi) para visitar e registrar o Estádio Dr. Álvaro de Souza Lima, que acabou municipalizado após sua fase de ouro, quando pertencia à Companhia Ferroviária.
O Estádio da Baixada foi inaugurado em 8 de junho de 1952 e no momento de nossa visita, em 2022 completou 70 anos!.
O Estádio Souza Lima foi construído para ser a casa da Associação Atlética Sorocabana, mas também recebeu jogos de outros times da cidade, como o CA Ituano e o Produtos Cachoeira.
O Estádio foi construído em uma área cedida pela própria companhia ferroviária para uso em comodato pelo time.
Aqui, os bancos de reservas do Estádio da baixada, que fica no Jardim Padre Bento. Nessa parte atrás do banco existe uma grande área e lá embaixo passava a linha do trem.
E essa singela arquibancada coberta no meio do campo? Quantas alegrias devem ter sido vividas pelos torcedores locais, décadas atrás…
Aqui, o gol da direita:
O gol da esquerda:
Um destaque da linda arquibancada coberta:
Ao fundo alguma casas, em um bairro tranquilo da cidade de Itu.
Mais um registro da nossa presença em um palco importante pro futebol paulista.
Vale lembrar que Itu é um dos lugares onde o futebol deu seus primeiros passos no Brasil. Segundo essa matéria do UOL, estudantes do Colégio São Luiz, já batiam uma bola em 1897.
O Livro “Os esquecidos – Arquivos do futebol paulista” cita que em 1921, o SC Maranhão, fundado em 1919, disputou a Zona Sorocabana da Divisão do Interior da Associação Paulista de Sports Athleticos (APSA), terminando na segunda colocação do grupo.
Em 1944, surge um novo time em Itu disputando a 23a região do Campeonato do Interior, o Auto FC.
No ano seguinte, dois novos clubes se juntam ao Auto FC na 23a região do Campeonato do Interior: CR São Pedro e o Esporte Clube Oficina Gazzola.
Em 1947, apenas o EC Oficina Gazolla seguiu na disputa, e em 1949, chegou à final da Zona Ituana contra o EC Primavera. O time mandava seus jogos na Praça de Esportes da Rua Domingos Fernandes.
Mas, no início dos anos 50, o time deixou de existir e em seu lugar surge o Clube Atlético Ituano em 15 de maio de 1953.
Mesmo tendo nascido depois da AA Sorocabana, o CA Ituano foi o primeiro da cidade a disputar o profissionalismo e mandava seus jogos no Estádio da baixada.
Sua estreia ocorreu logo no ano seguinte de sua fundação, em 1954, na primeira edição da Terceira Divisão. Jogando pela Série C, sagrou-se campeão do seu grupo, de forma invicta, classificando para a próxima fase.
Na segunda fase, mais uma ótima campanha com o CA Ituano repetindo a liderança!
Assim, o time disputou a final contra o Velo Clube em 3 jogos: CA Ituano 0x0 Velo Clube, Velo Clube 0x2 CA Ituano e CA Ituano 4×2 VeloClube e sagrou-se campeão paulista da terceira divisão! Mas… Como tudo era novo, não houve consenso sobre acesso e o time seguiu na terceira divisão no ano seguinte.
E em 1955, mais uma vez o “Marechal de Ferro” liderou a primeira fase, jogando o grupo da Série B.
E veio a segunda fase e… Um empate entre as três equipes fez com que a FPF tivesse que criar um “mini torneio” pra selecionar o campeão.
Assim, por sorteio a Ferroviária de Pindamonhangaba enfrentou novamente o Estrada, chegando à decisão contra o CA Ituano. E o time de Itu bateu a Ferroviária e disputou a grande final contra a Santacruzense.
E o CA Ituano torna-se bicampeão, na melhor de três (Santacruzense 2×0 CA Ituano, CA Ituano 1×0 Santacruzense e CA Ituano 1×0 Santacruzense).
O CA Ituano passa a disputar a divisão de acesso a partir de 1956, mas o alto nível da competição fez com que o time de Itu tivesse campanhas mais tímidas. Ainda assim, em 1957 terminou em 3º no seu grupo.
Em 1958, sagra-se campeão do Torneio Santos Dumont.
Em 1960, mudanças na FPF levam o CA Ituano para a Segunda Divisão (que equivalia ao terceiro nível do futebol) e embora classifique-se para a segunda fase, termina em último no grupo final tanto em 1960 quanto em 1962, mas tanto em 63 quanto 64 faz campanhas fracas, já sob dificuldades financeiras, o que o leva a abandonar as competições profissionais em 1965 e logo fecha suas portas.
Em 1961, surge um novo time na cidade: o Esporte Clube Produtos Cachoeira, formado por trabalhadores da Indústria de Bebidas Cachoeira.
Seu brasão e suas cores eram uma homenagem à seleção brasileira.
O EC Produtos Cachoeira passa 2 anos no amador e em 1963, disputa a Terceira Divisão (que equivalia ao quarto nível).
Vale o registro de um 5×0 que o time mandou na AA Portofelicense, já em janeiro de 1964.
Em 4 de fevereiro de 1970, mais uma novidade: surge o Real Esportivo Ituano, o REI de Itu!
E logo em seu primeiro ano, já disputa o profissionalismo: a segunda divisão profissional (que equivalia ao terceiro nível do futebol paulista) de 1970, mas termina na última colocação da 1a série, com apenas 2 vitórias em 18 jogos. No ano seguinte, mais um campeonato terminado em último, abandonando o profissionalismo.
Em 1976, surge mais uma equipe na cidade: o Estrela EC.
Após 10 anos no futebol amador, vendo que o Ferroviário Atlético Ituano fazia sucesso no profissionalismo, o Estrela EC decide disputar a Terceira Divisão de 1986, mandando seus jogos no estádio da Baixada.
Em 87, uma boa campanha na primeira fase:
E também não decepciona na segunda. Mas o acesso fica com a Sanjoanense.
Talvez a sede pelo rápido crescimento do time tenha atrapalhado e como o acesso não veio, em 1990 o Estrela fecha suas portas em Itu. O time ainda faz uma última tentativa mudando-se primeiro para Porto Feliz, onde joga o campeonato de 1991, classificando-se para a segunda fase.
Jogando em Porto Feliz, o Estrela permanece na Terceira Divisão até 1993. A partir de 1994 joga a Série B-1A (quarto nível), em 96 o time decide não participar mais do profissionalismo. Em 1999, ele retorna, agora na quinta divisão estadual. Em 2000, transfere-se para Vinhedo, onde disputa seu último campeonato e depois se licencia até os dias de hoje (2022).
A camisa de hoje é mais uma nos formatos “passeio” e vem do bairro de Belgrano. Foi presente do amigo Flávio Carrizo, que ainda entregou junto essa incrível almofada!
Então, hoje falaremos um pouco da centenária história do Club Atlético Defensores de Belgrano.
Além deste brasão, que ilustra a camisa e a almofada que ganhamos, existe o distintivo que se faz presente nas camisas de jogo do time.
O Clube Atlético Defensores de Belgrano nasceu na Comuna 13 de Buenos Aires (a cidade se divide em 15 comunas) formada por Nuñez, Belgrano e Colegiales.
O time foi fundado em 25 de maio de 1906 como Defensores de Belgrano Foot-ball Club e mandava seus jogos no estádio onde fica a atual Praça Alberti, em Belgrano.
A partir de 1983 o time assumiu como mascote o dragão vermelho:
O Defensores de Belgrano iniciou jogando Ligas Independentes (como a Liga Buenos Aires, a Liga La Vanguardia, entre outras), e somente a partir de 1912 passou a disputar torneios oficiais, mandando seus jogos, em Nuñez, no Estádio “Juan Pasquale” (nome do primeiro presidente do clube) inaugurado em 1910 e que é a casa do time até hoje em dia!
O Estádio “Juan Pasquale” tem capacidade para pouco mais de 10 mil torcedores.
Veja como o “ninho do dragão” (no canto superior esquerdo) é próximo do Estádio do River Plate (canto inferior direito):
O Defensores de Belgrano estreia na Segunda Divisão e já em 1914 (time da foto abaixo do site Anotando Futbol), sagra-se campeão conqustando o acesso à Primeira Divisão, mas uma má campanha o leva de volta já no ano seguinte. Em 1917, novo acesso vencendo o Vélez Sarsfield.
Em 1927, o time passa por uma fusão com a Associação Argentina.Desde essa época, estabeleceu forte rivalidade com outro time da sua área, o CA Platense, com quem disputa o “Clásico de Nuñez”
A criação da AFA (Associação de Futebol Argentina) trouxe grandes inovações ao futebol argentino e o Defensores de Belgrano acabou não acompanhando o processo de profissionalização, passando a disputar a Segunda Divisão ainda como equipe amadora.
A década de 1940 trouxe altos e baixos e termina com uma má notícia: o rebaixamento para a Terceira Divisão em 1950. Aqui, o time de 1944:
Assim, os anos 50 começam com o Defensores de Belgrano nos Torneios da Primeira Divisão “C”, vencendo-os em 1953 e 1958. Esse, o time de 1954:
Assim, o time volta à Segunda Divisão, nos anos 60 e em 1967, conquista o Primeiro Torneio “B”, após vencer o Tigre mas para alcançar a Primeira Divisão, o Defensores precisaria vencer o Torneio de Reclassificação, o que não ocorreu, permanecendo na segunda divisão.
Em 1971, cai para a terceira divisão, mas no ano seguinte volta à Primera “B”, depois de vencer pela terceira vez o torneio Primeira “C”.
O Defensores permanece na Primeira “B” até 1986, que com as mudanças no futebol acabou se tornando a terceira divisão, e pra piorar, em 1989, foi rebaixado para a Quarta Divisão, a Primeira “C”. Somente em 1992 voltou à Primeira “B”.
Os anos 2000 trazem novas emoções, com o Dragão de Nuñezdisputando o Torneio Nacional “B”, após vencer o Primeiro Torneio Metropolitano “B”, contra Témperley em 2001.
Mesmo com grandes chances de chegar à primeira divisão, o Defensores de Belgrano volta ao Primeiro “B”, em 2005.
O Defensores de Belgrano disputou a temporada 2017-2018 no Primera B Metropolitana e alcançou o acesso a Primera Nacional (a atual segunda divisão), onde segue atualmente, e que teve o Belgrano como campeão em 2022.
Quer conhecer um pouco de uma noite com os torcedores do Defensores? Dê uma olhada:
A camisa de número 197 do nosso site vem da Argentina, é uma camisa de “passeio” e pertence ao Gimnasia y Esgrima de Jujuy um time fundado na cidade de San Salvador de Jujuy, lá no norte do país.
Quem me apresentou o time foi o nosso grande amigo Flávio Carrizo, que é natural no norte argentino! Um grande abraço a ele !!!
A história do clube começa em 1928, como Club Deportivo 23 de Agosto, e em 18 de março de 1931, adotou o nome “Club Atlético Gimnasia y Esgrima” de Jujuy.
Nos anos 40, o time obtém as primeiras conquistas na Liga Jujeña de Fútbol (LJF), e em 1945, tem sua primeira participação em uma competição nacional, a “Copa de la República“.
O time vira febre e vê seu estádio se abarrotar de gente em dias de jogos!
Manda seus jogos no Estádio 23 de Agosto, inaugurado em 18 de março de 1973, em um amistoso contra o Vélez de Catamarca. O estádio tem capacidade para 23.000 torcedores.
O Gimnasia y Esgrima de Jujuy passa a disputar o campeonato da cidade de Jujuy e a partir de 1967, a Asociación del Fútbol Argentino (AFA) abre os torneios de fim de ano para os times do interior vencedores dos torneios regionais, assim, o Gimnasia se classifica para as edições de 1970 e 1973.
A partir de 1975, mais uma mudança da AFA permitiu o acesso direto à primeira divisão pelos times que ganhavam suas ligas e assim, o Gimnasia y Esgrima de Jujuy disputa o Nacional e faz uma incrível campanha, sendo vice líder do seu grupo…
E terminando o campeonato em 4º lugar!
O time faria boas campanhas na primeira divisão até 1982, quando deixou de disputar o campeonato. Em 1986, nova mudança da AFA criou a “Primera B Nacional” que tornou-se a nova segunda divisão e o Gimnasia passou a disputá-la.
Tudo parecia dentro do esperado, e até perdeu a graça quando o time chegou a cair para a terceira divisão. Em 1992, em uma final contra o Chacarita levou o time de volta para a Primera B, mas… Chegou a temporada 1993/94, e o time sagrou-se campeão com direito a jogar a primeira divisão, após 14 anos longe.
E surpreendendo as estatísticas, o Gimnasia permaneceu na divisão máxima por 12 temporadas, até o ano 2000, quando voltou à B Nacional.
4 anos depois, na temporada 2004/05, mais um dia de glórias! Novo acesso à primeira divisão, ao vencer o Huracán na disputa pela segunda vaga.
Dessa vez, o time conseguiu se manter na primeira até 2009. Em 2022, disputou a Segunda Divisão do Campeonato Argentino de Futebol, mas não conseguiu o acesso à primeira divisão.
Como é que algumas pessoas ainda não perceberam a grandeza e o barato que é apoiar os times da sua região no interior??
Como as marcas não percebem o potencial de patrocínio?? E como a própria mídia não enxerga a Copa Paulista como uma competição incrível para ser trabalhada??
Não sei responder… Mas no sábado, 15 de outubro de 2022 fui até Marília para registrar uma tarde de celebração do nosso futebol do interior.
Por ser uma final, existe todo um tempero extra, e grande presença de público garantida, mas sem dúvida, essa última partida da Copa Paulista 2022 trouxe de volta aquele sentimento do que foi o futebol até meados dos anos 80, quando quase toda cidade do estado tinha um time para apoiar (ok… um dia precisaremos falar sobre o lado político desta ação, mas por hora, celebremos essa final!).
Acompanhei o jogo pela torcida local, para matar a saudade de uma família muito ligada ao MAC, uma amizade que construímos há décadas.
O responsável por essa turma apaixonada por futebol é o Benê, ex atleta do Marília e da AE Cafeilandense. Em homenagem a ele, a família fez uma camisa retrô igual ao que ele usava quando jogou pelo MAC, nos anos 70.
Fomos cedo para o Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o “Abreuzão”, o que me permitiu acompanhar a festa da torcida na recepção do ônibus do time.
Mais de 2 horas antes do jogo, o lado de fora do Abreuzão já fervia!
Deu até pra pegar uma camisa do MAC pra em breve contarmos a história do clube com mais detalhes. Na foto abaixo, o amigo Amarildo, historiador do futebol de Paraguaçu Paulista e o Derly, ambos não deixam de acompanhar os times da região!
Nem bem os portões se abriram e a parte coberta do estádio estava repleta, afinal, mesmo sem um sol direto, o calor prometia ser forte nessa tarde.
E se a torcida chegou… A festa começou!
Ainda no momento do aquecimento dos atletas a torcida dava o seu recado: EU ACREDITO!
Em campo, o time se mostra unido!
E pra quem anda desanimado, vale registrar que uma nova geração de Maqueanos esteve presente na bancada nesta final!
Mas a turma das antigas também estava lá, vivendo um momento de glória para se somar aos tantos outros que viveram no passado!
E dá lhe festa na arquibancada colorida de azul e branco!!!
Os times entram em campo e realmente o clima é de final de campeonato. Emocionante!
O time do XV de Piracicaba fez questão de aplaudir as centenas de torcedores que esgotaram seus ingressos para acompanhar o jogo final.
O time do MAC também veio saudar sua torcida!
Bandeira de mastro? Tá liberada!
Pirotecnia? Hoje é final, vale tudo!!!!
E dá-lhe cantoria!!!
As bandeiras e faixas das torcidas estavam todas ali também!
E bexiga com o brasão do MAC? Olha ela aí!
E o mascote, você pode perguntar… Estava ali?? Sim!!!
A torcida do XV de Piracicaba fez bonito também e coloriu de preto e branco a sua área do estádio!
Tudo pronto para o início da partida! O técnico Guilherme olha para seu relógio e prepara-se para os 90 minutos mais importantes dos últimos anos…
Como sempre, fico muito orgulhoso de participar desse dia tão importante!
Lá nas cabines da imprensa o amigo Mário também acompanha a partida, fico contente de ver que cada dia mais ele tem se tornado um jornalista importante para o futebol paulista!
Outra que esteve na arquibancada foi a amiga Fernanda, filha do Benê, que não só curte o time do MAC como sempre jogou futebol!
O jogo começa quente e a vibração da torcida parece contagiar o time em campo. O Marília Atlético Clube vai ao ataque com sede!
E se o estádio já era um caldeirão, aos 15 minutos do primeiro tempo, Heitor Roca joga gasolina no fogo e explode a torcida alviceleste… Marília 1×0 !
Acho que foram os 10 minutos de maior empolgação que o Abreuzão viu nos últimos anos… O título estava bem próximo do time e da torcida do MAC:
Mas o time do XV de Piracicaba não chegou à final por acaso. E começou a pressionar o time do Marília!
Mas, aos 24 minutos do primeiro tempo, Vinícius empatou o jogo.
Um verdadeiro balde de água fria na torcida local…
Aos 43 minutos do primeiro tempo, o árbitro foi chamado para conferir no VAR um lance que acontecera no lance anterior…
Penalty para o XV de Piracicaba e Vitor Braga vem para a cobrança para desempatar o jogo e colocar o XV de Piracicaba na frente: 2×1 contra o Marília.
Acabando o primeiro tempo, valeu uma olhada para entender o que estávamos vivendo… Esse é o lado esquerdo do campo:
O meio campo:
E o lado direito:
Em campo, o time conversava, tentava buscar ânimo para seguir a partida e realizar um milagre em campo!
Mais do que o resultado em si, agora era uma questão de honra para o time local ao menos buscar o empate e manter a série invicta dentro de casa.
O jogo estava insano… E se o XV teve um pênalti a seu favor, o MAC buscou o empate também em um gol de pênalti de Ariel Palácio.
O Marília ainda tentou, mas não conseguiu transformar as chances criadas em gol…
A tradicional turma dos quero-quero também tentou dar uma força pra apoiar os donos da casa, mas… não deu certo…
A torcida do XV de Piracicaba já tomava para si a festa que a torcida local planejara para si.
E ficou ainda mais feliz ao ver aos 33 do segundo tempo o gol que selou o placar e a vitória do XV por 3×2, marcado por Felipe Benedetti.
Era o fim para o Marília, mas … Ao mesmo tempo, um recomeço.
O time tem uma boa base para a série A3 de 2023, terá ainda uma partida pelo menos na Copa do Brasil e motivos de sobra para estarem esperançosos quanto ao futuro.
Algumas cenas do desenrolar da partida:
Olha que linda essa imagem, mostrando todos os setores completos no estádio!
Ao fim do jogo, claro que existia muita frustração no lado azul e branco da cidade, mas o que se viu foi uma grande integração entre torcida e time, como deveria ser sempre…
Mesmo com a derrota, a torcida Maqueana aplaudiu seu time após o final da partida!
O XV de Piracicaba sagrou-se campeão merecidamente! E a festa que tanto vimos no lado azul e branco da arquibancada, enfim se fez no lado alvinegro.
O amigo Mário mandou essa foto da comemoração dentro de campo:
E parabéns à amiga Monique que desde cedo estava ali no meio e que ficou mais do que feliz com a conquista!
Aliás, essa festa seguiu até Piracicaba, com o ápice no próprio Estádio Barão da Serra Negra.
As últimas cenas do dia… O incrível copo da final:
O ano era 1968… Em uma tarde distante, uma partida colocou frente a frente dois times feras daquele ano, de um lado o Santo André FC, que viria a se tornar o EC Santo André, campeão da Copa do Brasil de 2004, do outro, EC Elclor, o time da Vila Elclor.
A Vila Elclor nasceu no entorno das “Indústrias Químicas Eletrocloro” que chegou ao ABC em 1941, produzindo soda, cloro e hipoclorito de sódio, e hoje faz parte do grupo Solvay – Unipar.
A Vila Elclor foi construída num lugar bem bucólico, no quilômetro 38 da estrada de ferro Santos-Jundiaí, para abrigar os trabalhadores da indústria.
Logo surgiram pequenos comércios, uma escola (inaugurada em 1958), linhas de ônibus que atendiam a vila e até mesmo uma estação de trem!
Porém, a grande animação veio quando foi construído um pequeno estádio, que seria a casa do EC Elclor, o principal time da vila! As imagens abaixo foram retiradas do vídeo de chegada do papai noel que está no Grupo de Facebook Vila Elclor:
Aqui, duas fotos do time de 1960, a primeira, da delegação que foi até Itamonte-MG para um amistoso:
A vila ainda existe, pertence à Santo André e fica entre Rio Grande da Serra e Paranapiacaba.
Sem grandes sonhos, nem prestígio, mas com bons empregos e qualidade de vida para a época, algumas pessoas acabavam se sentindo um pouco desprezada pelos que viviam no centro da cidade. Ao mesmo tempo, foi crescendo nos moradores o sentimento de pertencimento e uma relação de amor e pela VilaElclor.
Amor, porque tudo o que se vivia girava em torno da indústria, sendo natural a gratidão pela oportunidade, mas ao mesmo tempo, a noite, antes de dormir, vários sonhos inalcançáveis vinham à mente das pessoas e aí ficava clara a ideia de que na verdade, estavam presos aquele lugar.
A estação de trem facilitava a chegada e saída de pessoas e também de times de outras cidades e até do interior, com isso alguns times tradicionais acabaram aparecendo pela vila pra jogar contra o EC Elclor.
O time começou a ganhar expressão e disputando principalmente com os times de Ribeirão Pires, que ficavam mais próximos.
Esse é o Cocada, ex jogador do EC Elclor:
Mas a grande sensação daquele ano era o recém criado “Santo André FC“, time profissional fundado em 1967. Mais do que um time, eles representavam a “outra” Santo André, cheia de planos e sonhos. Um time que na semana seguinte disputaria o Campeonato Paulista Profissional… Foto do site da Ramalhonautas.
E naquela tarde, os canarinhos (o Santo André FC jogava de amarelo e verde) seriam os visitantes a serem combatidos de toda maneira! Na hora do jogo, 300 pessoas se reuniram para torcer pelo time da casa!
Em campo, o time local jogava a partida da vida, não com foco na vitória, mas tentando se impor fisicamente e literalmente sentando a porrada a cada jogada e cada disputa.
Mesmo assim, o Santo André FC estava bem preparado e fez 1×0 em cobrança de falta de Zé Roberto aos 30 minutos.
Mas o preço pago foi caro, o goleiro Dorival (foto abaixo) e o meia Nilo acabaram saindo de campo machucados.
O segundo tempo começou e a violência continuou. Mas o time do Parque Jaçatuba não era bobo e também batia. O clima estava tão ruim que aos 38 minutos do segundo tempo, uma treta generalizada fez com que o árbitro Jovercino Gomes encerrasse a partida.
Dê uma lida na matéria sobre a partida:
O clima continuou pesado pela vila, com muita pressão feita não apenas pelos torcedores mas agora nas ruas pela população em geral que sabia da partida e da presença dos vizinhos. Só restou aos jogadores do Santo André FC se arrumarem rapidamente e rumarem para a estação de trem para voltar pra casa.
Enquanto o O EC Elclor ainda seguiu nas disputas amadoras da região, como em 1970, quando foi campeão dos aspirantes de Ribeirão Pires. Mas, acabou deixando de existir como time oficial.
A Vila segue por lá, mas sem a mesma emoção dos tempos de outrora, mas não ouse desafiar um time local para uma peleja…
Só não fique glorificando os tempos da Elclor, como se ela fosse uma iniciativa positiva em nossa região, porque apesar dos empregos, veja um pouco do legado deles:
A 195ª camisa do blog representa as cores do Tupã Futebol Clube!
O time tem como mascote o Índio Guerreiro, que representa a ligação histórica com os indígenas que habitaram a região no passado.
Ah, e em agosto de 2022, o time apresentou como novidade sua nova identidade visual, baseado no escudo que foi usado entre os anos 30 e início da década de 40:
Com uma modernização do desenho original, o resultado foi esse (eu normalmente fico com um pé atrás, mas nesse caso achei a mudança positiva e bem conceituada):
Em 2018, acompanhamos uma partida contra o Osvaldo Cruz (veja aqui como foi)!
E ainda fizemos um post sobre o Estádio Municipal Alonso Carvalho Braga,veja aqui como foi!
O Tupã FC foi fundado em 8 de fevereiro de 1936, e tem uma história repleta de conquistas. Usando como base de pesquisa o livro “Os esquecidos“, a estreia do time nas competições oficiais da Federação Paulista se deu em 1944, no Campeonato Paulista do Interior disputando o grupo da 25ª região, que teve como campeão do grupo, o tradicional São Bento de Marília.
A próxima disputa registrada no livro é de 1947, quando outro time da cidade também participou da disputa: Ouro Branco FC e desse vez o Tupã sagrou-se campeão do Setor 29, indo para fase regionais onde enfrentou outros campeões setoriais: EC Noroeste, o campeão desse novo grupo, além do EC Municipal (Vera Cruz), Glória FC (Cafelandia) e o Bandeirante EC (Birigui).
A partir de 1947 é muito difícil ter a sequência de participações do Tupã FC no Campeonato do Interior, mas vale reforçar que nessa época o time obteve duas vitórias em amistosos contra o Santos, em 1948, e em 1950 e um outro contra o Vasco onde os cariocas venceram por 1×0.
Usei fotos das redes sociais do Tupã FC e do site Que fim levou, do Milton Neves para ilustrar este post com fotos dos esquadr˜ões antigos, ainda que nem todas estejam datadas, como esta abaixo dos anos 50:
Em 1949, estreou na Segunda Divisão, na época, só existiam 2 divisões e o campeão desse campeonato foi o Guarani.
Em 1949, este foi o esquadrão que defendeu as cores da cidade:
O Tupã disputou a segunda divisão até 1954 (quando a Federação criou a 3a divisão), com resultados apenas medianos.
Após se ausentar por um ano, em 1956, voltou à segunda divisão até 1959, quando perdeu a classificação para a fase final por apenas um ponto!
Entre 1960 e 1974 o Tupã FC disputou horas o terceiro nível do futebol, a “segunda divisão profissional” (1960, 69. 71 a 74), horas a “principal divisão”, que equivalia ao segundo nível (entre 1961 e 67), ficando alguns anos de fora (como 1970).
Em 1974, terminou a 2a divisão em 1º na fase inicial….
Sendo eliminado na segunda fase.
Joga o 3º nível do futebol paulista em 1975, o 2º nível em 1976, novamente retorna para o 3º nível em 77, 78 (classificando-se para a segunda fase), 79 (mais uma vez chegando na segunda fase), 80 e 81, quando terminou em 4º, classificando-se para a segunda fase…
Na segunda fase, mais uma grande campanha levou o time à decisão do grupo contra o campeão do primeiro turno (o Penapolense) e a vitória o classificou à fase final.
Infelizmente a campanha na fase final foi bastante inferior.
Em 1982 e 83 o time disputou o segundo nível do futebol paulista (a Segunda Divisão), mas ao final do ano, se licenciou do futebol profissional, voltando à 3ª Divisão em 1985, sendo eliminado na fase final de grupos, após liderar os grupos das duas fases anteriores.
De 1986 até em 1993, o Tupã permaneceu na 3ª Divisão, sem grandes campanhas, mas classificando-se para a segunda fase com certa frequência.
Com a redefinição do futebol paulista, a partir de 1994, o time passa a disputar a 4ª Divisão. Em 2006 abandona a competição, mas retorna no ano seguinte. “Pula” o ano de 2008 e retorna em 2009.
Em 2013, ficou a 3 pontos da final, mas conquistou o acesso à série A3, jogando com esse uniforme bem bonito:
Em 2014 faz uma série A3 mediana, com 6 vitórias, 7 empates e 6 derrotas, mas em 2015, não resiste e acaba rebaixado à “Bezinha” de 2016, licenciando-se em 2017, retornando em 2018, e novamente abandonando o futebol profissional após o campeonato de 2020, quando jogou com o time abaixo:
Durante o ano de 2022, ouviram-se muitos rumores sobre a volta do time em 2023. Fiquemos no aguardo!