O Estádio Elías Figueroa Brander e o futebol em Valparaíso (Rolê pelo Chile – parte 2 de 9)

Janeiro de 2025.
Ainda falando do rolê pelo Chile, após curtirmos Viña del Mar (veja aqui como foi), suas praias, cultura e seu futebol, é hora de conhecermos a vizinha Valparaíso, uma das cidades mais antigas do país, capital da homônima Província e sede do Estádio Elias Figueroa Brander, a casa do Santiago Wanderers.

Como você deve imaginar, Valparaíso também é uma cidade litorânea.

Mas Valparaíso não tem uma cultura tão forte de praias, está mais pra uma cidade portuária.
Banhada pelas gélidas águas do pacífico, a baía de Valparaíso, assim como Viña del Mar, foi habitada por milhares de anos por outros povos.
Quando da chegada dos espanhóis, o povo Changos, exímios pescadores, que utilizavam balsas de pele de lobo marinho, é que estava por lá.

O primeiro contato dos espanhóis foi em 1536 com a chegada de Diego de Almagro e seu pelotão.

Eles batizaram a baía como Valparaíso, e ainda no século XVI foi construído o porto aproveitando as características naturais do litoral, enquanto expulsavam o antigo povo Chango de suas terras milenares…

Em 1559, foi erguida uma capela onde hoje fica a igreja matriz e com ela, a região passou a receber seus primeiros moradores que utilizavam o porto para exportar vinho, sebo, couros e queijos para o Peru.

Com a independência chilena e a declaração de liberdade de comércio, Valparaíso foi declarado como porto franco (onde mercadorias podem ser depositadas sem ser taxadas).

Valparaíso tem uma topografia bem exclusiva: 44 colinas em frente ao mar, sendo que das 300 mil pessoas da cidade, 280 mil vivem no alto das colinas.
Não a toa, os elevadores se mostram tão importante e quando um deles é fechado, é compreensível a revolta da população.

Aqui é a parte de baixo da cidade, com a praça Sotomayor o principal ponto da região e onde as pessoas se concentraram durante o ano novo.

As ruas ao redor guardam uma arquitetura que parece estar parada no tempo, dando um aspecto bem legal.

Já no século XIX, Valparaíso recebeu muitos imigrantes, dando a ela um caráter cosmopolita e andar nos seus diferentes “Cerros” é uma mistura de experiências, em especial o Cerro Concepción, cheio de grafites pelas ruas…

Como se pode ver, o Cerro Concepción é uma verdadeira galeria a céu aberto.

Ainda na parte baixa da cidade, muitas manifestações pró Palestina.

Cruzamos com muitos punks e skins, ao mesmo tempo que curtimos a cidade e sua natureza. Olha que árvore linda!

Ah, senhor Simon Bolivar, que preazer encontrar o senhor por estas ruas…

Falar de Valparaíso é falar de futebol, e o time que defende as cores da cidade é o Club de Deportes Santiago Wanderers, fundado em 15 de agosto de 1892, pô, século RETRASADO!!!

Até entendo que o o nome em inglês reflete a força da imigração britânica para a cidade, mas sempre me questionei porque “Santiago”… E a resposta é que o nome diferenciava o clube de outra equipe citadina o Valparaíso Wanderers, que já nem existe mais. Muitas vezes foi levantada a ideia de substituir “Santiago” por “Valparaíso” mas nunca chegaram em uma decisão nesse sentido.

O Santiago Wanderers começa a montar suas equipes de futebol em 1897, sendo membro fundador da Asociación Profesional Porteña e juntando-se, em 1944, à Asociación Central de Fútbol (ANFP desde 1987).
O primeiro título de Campeão Chileno veio em 1958 (foto do site Memória Wanderers):

No ano seguinte, sagrou-se Campeão da Copa Chile em 1959:

Novamente levantou a Copa Chile, em 1961:

O segundo título do Campeonato Chileno veio em 1968 (Foto do site Memória Wanderers), com o time:

Em 1977 foi rebaixado para a 2ª divisão, da qual sai campeão no ano seguinte (1978):

Depois são quase 20 anos sem títulos até mais uma vez sagra-se campeão da 2ª Divisão em 1995:

Mas em 2001, o time volta a sagrar-se campeão chileno da 1ª divisão.

Em 2017, o Santiago Wanderes é mais uma vez campeão da Copa Chile.

Porém desde que foi rebaixado em 2022 segue na luta pelo retorno à divisão de elite do futebol chileno.

O Santiago Wanderers manda seus jogos no Estadio Elías Figueroa Brander, e fomos lá para registrar mais este templo do futebol.

O Estádio também é conhecido como “Playa Ancha” e entre tantas alegrias, o povo chileno faz questão de manter viva a lembrança de um momento triste para que ele nunca se repita: a ditadura militar.
Milhares de homens e mulheres foram presos e torturados vivendo uma rotina de terror no então estádio de Playa Ancha.

Outro desdobramento deste triste passado é que a barra brava do Wanderers é bastante ativa politicamente se posicionando como uma torcida antifascista.

O Estádio é ainda chamado de Regional Chiledeportes.

Antes de entrar no Estádio, achei legal dar uma volta em seu entorno e poder registrar esses quatro campos modelo “terrão” como aqui no Brasil, onde o futebol amador de Valparaíso pode se desenvolver bem pertinho do principal estádio da cidade.

Agora sim, é hora de adentrar ao Estadio Elías Figueroa Brander. Vamos ao campo!

O nosso tradicional registro do meio campo:

O gol da esquerda:

O gol da direita:

Um olhar geral:

Percebe que existe um certo padrão se comparado ao estádio de Viña del Mar? As cadeirinhas no padrão FIFA acomodam 23 mil torcedores, com um destaque para a bonita área coberta do estádio:

O Estádio foi construído em 1931 e passou por uma renovação em 2014.

Olha aí como o seu exemplo é importante…

Uma curiosidade é este pequeno “memorial” em pleno campo, do ex atleta Gustavo Poirrier, o “Laucha” que atuou no Santiago Wanderers na década de 80 e que faleceu em 4 de janeiro de 2003 enquanto jogava um amistoso em uma liga amadora em Nova York.

O Estádio recebeu ainda os jogos do Futebol nos Jogos Pan-Americanos de 2023.

Antes de ir embora, um registro dos adesivos das torcida em várias placas de identificação:

Um último olhar antes de irmos para a próxima parada: a praia de Algarrobo.

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Clipe da 1ª final da Copa Paulista

Segue o nosso tradicional clipe, desta vez tendo como tema a música “Acordas p’la manhã”, da banda Pesta & Sida, de Portugal.

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União São João campeão da Segunda Divisão 2023

Sábado, 30 de setembro de 2023. É dia de festa para o futebol paulista, o Estádio Hermínio Ometto recebe o segundo jogo, a finalíssima da Segunda Divisão do Campeonato Paulista. Ah, se você quiser ver um montão de vídeos que fizemos no jogo, acessa a playlist que montamos.

Em uma tarde bastante quente, ainda que com o sol encoberto pelas nuvens, desde as 13hs, a torcida local já se encaminhava para o Estádio.

Infelizmente não foi possível evitar as filas já que quase 8 mil torcedores compareceram à partida!

Desde a concentração em frente ao estádio até o final do jogo, houve a venda de diversas camisas e até daquele chapéu tipo “pescador”.

Até uma cerveja do time estava a venda na entrada do estádio.

Mais uma vez, tive a companhia do amigo punk, escritor, professor, poeta e até futeboleiro, o Joey, que vive por estas bandas, passeando entre Araras, Leme, Mococa, Porto Ferreira… Ah, e pudemos conhecer o amigo Pedro “Carroceiro” e sua sobrinha, Sophia Helena!

Então, acompanhe-nos na entrada para o estádio!

Lá dentro, um espetáculo emocionante: as arquibancada do Estádio Hermínio Ometto cheias, como há muitos anos não se via…

Uma faixa me chamou a atenção e depois fui conhecer a triste história, que se contrapôs ao momento feliz da tarde de sábado: Bruna Angleri, de 40 anos, foi morta de forma brutal na quarta feira (27), tendo o seu ex namorado como o principal suspeito até o momento.
No domingo, ainda rolou uma manifestação nas ruas de Araras (foto abaixo do Portal de notícias da Rádio Clube Ararense).
Vivemos uma verdadeira “epidemia” de feminicídio… Isso é inaceitável!
Precisamos lutar contra essa aberração.

Voltando ao jogo, havia muita gente com a camisa do time, de diferentes épocas, como esta:

Dessa forma, foi se pintando de verde e branco as bancadas do Estádio Hermínio Ometto!

Dê uma olhada no público:

A Torcida União Alviverde é quem comanda a festa na bancada!

Além das arquibancadas, o Estádio tem um um “corredor” ao lado do alambrado e com um gramado que cria um ambiente bastante “acolhedor”.

Lá no campo, quem anima a festa é a Arararinha!

A Torcida União Alviverde espalhou tirantes (esses panos verdes e brancos indo até lá embaixo) que deu um visual bem legal!

A Torcida visitante também se fez presente e merece respeito, principalmente porque com o acesso, o Catanduva FC está tentando se tornar o novo time da cidade.

O Estádio Dr Hermínio Ometto tem capacidade para mais de 16 mil torcedores e o público no sábado foi de quase 8 mil pessoas!

Em campo, após o 0x0 na primeira partida, ambos os times partiram pra cima, afinal, quem ganhasse o jogo, se tornaria campeão.

Às torcidas, cabia apoiar!

O primeiro tempo chegava ao fim, mantendo o placar do início, quando Toninho recebeu uma bola, e observando que o goleiro Mandela estava adiantado, mandou um petardo de fora da área fazendo 1×0 para a festa da torcida local!

Intervalo de jogo, tempo pra botar a conversa em dia!

Também deu pra dar um rolê e registrar um pouco da galera que compareceu!

Foi distribuída uma bandeirinha que poderia ter dado um charme maior na arquibancada, mas o pessoal preferiu usar como “abanador”. De qualquer forma, trouxe logo 3 de recordação do dia!

O segundo tempo viu o sol se por e até uma ameaça de chuva, que não caiu, mas ajudou a amainar o calor que esquentou a cabeça do pessoal…

E o jogo voltou com o Catanduva vindo pra cima em busca do empate!

Além disso, o juiz começou a não agradar o público local…

Também achei engraçado a turma que assistiu o jogo lá no morro atrás da arquibancada!

E a Torcida União Alviverde seguia com a festa:

Pra quem acha que as organizadas tem que acabar… Sem a presença dos caras, o jogo não teria menor graça…

E tamanho apoio deu certo: penalty para o União São João cobrado por Valdívia (o craque da Bezinha) e o 2×0 praticamente sacramentou o resultado e o título!

Daí pra frente foi só curtir a festa com a certeza de que o time da casa estava a minutos de se tornar campeão da Segunda Divisão do Campeonato Paulista!

Que bacana poder fazer parte de uma tarde como esta!

Logo após o apito final, o que se viu foi um encontro entre o time e sua torcida, para a alegria de toda uma cidade, que há anos parecia ter abandonado o amor pelo futebol…

Foi emocionante ver o Catanduva FC receber o troféu e ser aplaudido por todo o estádio. Na imagem abaixo, você percebe que eles mesmos estão batendo palmas a torcida do União em um dos momentos de respeito e admiração!

A torcida visitante também reconheceu o esforço do time e celebrou o vice campeonato.

Os próprios jogadores do Catanduva FC fizeram questão de ir celebrar com a torcida.

E aí chegou a grande hora… o troféu vem para as mãos do União São João

Uma verdadeira explosão de alegria para a torcida!

Muitos sequer eram nascidos quando em 1996, o time levantou seu último caneco: o título da série B.

A nova geração soube aproveitar a oportunidade e interagir com os novos ídolos!

E eu e a Sophia Helena também fomos lá pra fazer uma foto com o craque Miguel!

Também fizemos a tradicional foto em frente ao distintivo, com a esperança de dias cada vez mais animados para o futebol em Araras.

Saímos cheio de felicidade, mas lembrando que o caso da dentista Bruna clama por justiça… (foto de Carol Custanari do site Notícia 360º):

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Taubaté, campeão da A3 de 2015: um título à moda antiga

Final

Mais um final de semana de aventuras no mundo do futebol. Dessa vez, pegamos a Ayrton Senna / Dutra e fomos até Taubaté.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

Nossa missão: acompanhar a final da série A3, entre o time local e o Votuporanguense, no tradicionalíssimo Estádio Joaquim de Morais Filho, o “Joaquinzão”.

Estádio em Taubaté

Mesmo tendo perdido o primeiro jogo, em Votuporanga por 3×0, alguns amigos da torcida local disseram que a cidade estava confiante na reversão desse placar.
Eu e a Mari acreditamos e pra poder aproveitar o rolê, fomos um dia antes pra Taubaté, pra sentir o clima da final.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

Ainda no sábado, demos um pulo no Joaquinzão para comprar nossos ingressos!

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

O time tinha acabado de treinar e deu pra bater um papo com alguns jogadores. Encontramos também diversos torcedores do Taubaté que foram até lá pra apoiar o time, ou mesmo pra pegar autógrafos do time que poderia entrar pra história!

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

Vale lembrar alguns dados do Estádio Joaquinzão: atualmente sua capacidade é de 9.600 torcedores, diferente dos mais de 20 mil lugares disponibilizados desde sua fundação, em 1967.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

Antes dele, o Taubaté mandava seus jogos no Estádio Praça Monsenhor Silva Barros, “O Campo do Bosque”.
E para a construção do novo campo, em 1958 houve uma grande campanha de arrecadação de tijolos.
A partida de estreia foi contra o São Paulo que venceu o time local por 2 a 1.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Atualmente,o time do Taubaté vem superando as dificuldades e se posicionando cada vez mais como o time da cidade, lutando contra a massificação dos jovens que cada dia mais se deixam levar pela mídia e notoriedade dos times da capital.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

O recorde de público do estádio aconteceu no jogo contra o Corinthians, em 11 de junho de 1980: 21.272 torcedores, e embora a realidade atual seja diferente, o público esperado para o jogo é um dos maiores dos últimos anos.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Mas…
Antes do jogo, fizemos o tradicional rolê pela cidade, conhecendo um pouco dos lugares tradicionais da cidade, de restaurante até a antiga estação de trem, sem deixar de conhecer a Feira da barganha, em frente o Mercado Municipal, nos domingos pela manhã (deu pra ir antes do jogo)…

Taubaté
Taubaté

A boa surpresa foi que ficamos no mesmo hotel que o time do Votuporanguense, o que nos permitiu vivenciar um pouco da sensação de disputar uma final, quase como parte do grupo.

Votuporanguense

Além disso, tivemos a sorte de conhecer o Émerson, que coordena o VotuNews, portal muito bacana que leva à Internet as informações sobre a cidade de Votuporanga, em especial o esporte.

Votu News

O time do Votuporanguense chegou confiante graças ao placar elástico no jogo de ida, mas em momento algum, percebemos qualquer sentimento de “já ganhou”.
Ao contrário, sabiam da dificuldade que seria enfrentar o Taubaté no Joaquinzão.

Votuporanguense

Eu e a Mari demos uma volta pela região e após muitas atividades, o sábado foi chegando ao fim.
Chegamos ao hotel, prontos pra descansar pro dia seguinte. Por volta das 23hs quando começamos a pegar no sono… Uma surpresinha… Um barulho ensurdecedor praticamente na nossa janela do hotel…

Rojão

Na mesma hora, percebemos como seria aquela noite. E assim foi até as 6 horas da manhã. De hora em hora os rojões despertavam aqueles que tentavam dormir e têm o sono mais leve.
No dia seguinte, levantamos cedo, pra aproveitar o momento do café da manhã com os atletas do Votuporanguense e não se ouvia outra coisa entre eles, e também entre os demais hóspedes do hotel: a noite do sábado fora um “mini Iraque”. Aparentemente os jogadores levaram numa boa, mas alguns hóspedes estavam mesmo bravos com todo o barulho gerado pela torcida do Taubaté.

Votuporanguense
Votuporanguense

Confesso que achei engraçada aquela situação, afinal, em tempos de “futebol moderno” onde qualquer coisa é considerada radicalismo, o pessoal de Taubaté soube aproveitar uma oportunidade, sem ofender ou agredir ninguém.
Saímos cedo pra conhecer a feira da barganha e quando voltamos estranhamos a presença do ônibus dos jogadores ainda no hotel.
Ficamos sabendo que além dos rojões, a torcida local furou (ou murchou) alguns pneus do ônibus, atrasando a saída do time e obrigando o Votuporanguense a utilizar o ônibus dos torcedores para levar os atletas ao estádio.

Ônibus do Votuporanguense

É mole???
Pra quem acha que as boas histórias do futebol morreram, aí está mais uma que pode acompanhar os torcedores por alguns anos.
Bom, mas vamos ao jogo, que é pra isso que estivemos em Taubaté!

A torcida local pareceu ignorar a forte garoa que molhou a cidade desde a noite do sábado e colocou quase 6 mil torcedores no Joaquinzão.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Público formado por torcedores organizados, mas também muitas famílias e torcedores comuns.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Deu orgulho de poder fazer parte dessa história, mesmo não sendo torcedor de nenhum dos dois times.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)
Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Aliás, olhando lá para o outro lado, dava pra ver que a torcida visitante também compareceu em um bom número, principalmente se considerarmos a distância entre as duas cidades.

Torcida do Votuporanguense
Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Outro ponto que vale a pena citar é que não vimos nenhum tipo de incidente entre torcedores e olha que demos umas duas voltas em torno do estádio pra sentir o clima do jogo.
Sem dúvida, a chuva reduziu em boa parte o número de torcedores presentes, com certeza em um dia sem tanta água caindo, teríamos quase 10 mil pessoas no campo.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense

Que fique registrado: choveu durante os 90 minutos.
E isso prejudicou o público, mas também a qualidade do gramado e consequentemente o nível do jogo.
Só que o time do Taubaté decidiu passar por cima de tudo isso.
Das poças, do frio, do jogo truncado…
E foi pra cima do Votuporanguense.
Resultado? Escanteio batido e Lelo marca.
Taubaté 1×0, em menos de 10 minutos.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

E pra quem achava que era só um “aperto inicial” o Burrão seguiu no pique e logo aos 15 minutos, marcou o segundo gol.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)
Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Os rojões teriam conseguido efeito?
O forte time do Votuporanguense sucumbiria ainda no primeiro tempo, por uma noite mal dormida?
O torcedor local tinha certeza disso, mas…
O primeiro tempo acabou em 2×0, mesmo, sob aplausos da torcida local.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

O intervalo foi ótimo para nos permitir conhecer pessoalmente o pessoal da Comando 1914, com quem já trocávamos mensagens na Internet.

comando 1914

Fica aqui um grande abraço ao Ronaldo e todo mundo que fez uma linda festa na arquibancada, não somente na final, mas em cada jogo do Taubaté.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)
Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

O 2º tempo começou, a chuva não deu trégua, e o time visitante apertou a marcação, mostrando que não entregaria um terceiro gol facilmente.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

A torcida local seguia em seu transe quase hipnótico de apoio ao time, torcendo como se estivessem em campo, jogando junto.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Que fique claro, o Taubaté não é uma exceção entre os times do interior paulista. Acometido por dificuldades financeiras (não é fácil manter um time pagando em dia, na série A3) a diretoria conseguiu reunir a Prefeitura, as empresas locais e só assim o envolvimento entre cidade e futebol voltou a se acender.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Por volta dos 25 minutos, decidi dar uma volta pelo estádio e foi incrível perceber que não havia um único torcedor do Taubaté que parecia ter desistido do título.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Dava pra ver nos olhares, nos abraços, nos gritos e na própria postura de cada torcedor o sentimento de dedicação e amor ao time da cidade.
O estádio estava feliz, pela conquista do acesso, mas queria mais.
Entre tosses e espirros, os ensopados, pré-gripados torcedores queriam o título.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

O grito de campeão estava preso e sufocado, por anos de convivência com os demais cidadãos que abriram mão do time da cidade para torcer pelos times da capital. Eram 6 mil pessoas que queriam gritar aos sãopaulinos, corinthianos, palmerenses e santistas nascidos na cidade um “ACORDEM, SOMOS CAMPEÕES, O TIME DA NOSSA CIDADE!!!”

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Sem desmerecer, ao mesmo tempo, o excelente time e torcida da Votuporanguense. Pra nós, que assistíamos a essa verdadeira ópera como meros espectadores (Se é que era mesmo possível) doía ver o esforço de um time jovem e tão correto caindo em solo molhado.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Mas ainda não havia nada perdido, para nenhum dos times.
Afinal, os 2×0 dava o título ao time visitante.
Passava dos 30 minutos, mais água ainda e o placar igual.
Senhores, senhoras e crianças sofriam nas arquibancadas tanto ou mais do que os atletas em campo.
Havia um sentimento de estafa emocional, lágrimas sendo preparadas para o choro, de tristeza ou felicidade.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

O gramado chorava da sua maneira.
As chuteiras não perdoaram, arranharam, machucaram, fizeram o sangrar terra viva, mas esse foi o sacrifício feito pelo Joaquinzão para fazer parte dessa história. Times, torcidas, jornalistas, o campo, uniformes, as traves, a bola, cada pedaço de pano molhado amarrado na arquibancada.
Todos sofriam por igual.
Sério, parecia que em algum momento algo iria explodir e não eram os rojões da noite anterior.
Foi aí que algo aconteceu.
Em meio a tudo isso, um apito longo feito por um maquinista avisava…
Se o trem não para, por que o Burrão iria??

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)
Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Não sei se foi combinado ou não, mas o estádio começou a gritar o tradicional “EU ACREDITO”, e antes que alguém desmaiasse de tensão ou dor…
Veio o fato que todos (os torcedores locais) aguardavam.
Gol.
Do Taubaté.
E a explosão veio.
De felicidade, de raiva, de amor, de orgulho…

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

O time da cidade estava presente de corpo e alma.
Abraçad@s, vizinh@s, amig@s, namorad@s, pais e filhos, av@s….
Há tempos não víamos lágrimas tão reais e intensas em torno de uma partida.
46 do segundo tempo.
Outro gol.
Já não há o anormal.
A certeza do título já é uma realidade.
A felicidade em cada gota de chuva já pode ser ouvida dentro e for a do estádio.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

Mais fogos de artifício.
Esses vêm de longe.
Houve quem preferisse acompanhar o jogo pela TV ou pela rádio e agora amaldiçoava o fato de perder essa festa queimando o céu.
Eu a Mari saímos quietinhos.
Contentes por poder vivenciar tudo isso tão de perto.
Por ver os amigos do Taubaté levantarem a taça e mais uma vez colocar o nome do time na história.

Taubaté campeao 2015

Ao mesmo tempo, um pouco tristes por saber que o pessoal que havia tomado café da manhã conosco, há poucas horas, voltaria pra casa sem o troféu.
Nos tranquilizamos pensando que o acesso seria um presente grande o suficiente para acalmar a cidade.
Rapidamente estávamos no hotel, tomamos um banho quente pra tentar fugir da gripe e em pouco menos de uma hora estávamos deixando a cidade.

Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)

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Final A3 2015: Taubaté x Votuporanguense (Estádio Joaquinzão - Taubaté)