39- Camisa da Ferroviária de Assis

Camisa da AA Ferroviária de Assis

39ª camisa da coleção é uma das que considero especiais. Acho até que pessoalmente, é a de maior valor histórico das que eu tenho.

Pertence à já extinta Associação Ferroviária de Assis:

Distintivo da AA Ferroviária de Assis

E a considero histórica, primeiro porque, embora seja o uniforme número 2 (o número 1 é vermelho com os destaques em branco) é uma camisa oficial e foi usada em partidas oficiais na década de 70, pelo time da cidade de Assis, onde meu pai passou boa parte da infância.

Além disso, como parte da família trabalhava na Estrada de Ferro Sorocabana, meu tio “Zé”, na época conhecido como Alemão, jogou na equipe.  Olha ele aí numa “clássica” 3×4:

Zé "Alemão"- AA Ferroviária de Assis

Olha ele aí agachado (o 3º da direita pra esquerda):

A Associação Atlética Ferroviária de Assis (AAFA) foi fundada em 1927, sendo mais uma linda história de amor entre o futebol e a ferrovia. Miguel Belarmino de Mendonça foi o primeiro presidente do clube.

Até o início dos anos 40, o time se manteve na disputa de amistosos e de torneios regionais, sempre jogando com a casa cheia!

Mas em 1942, fez sua estreia no Campeonato do Interior, sendo campeã da 13a região e chegando até a 2a eliminatória (equivalente às quartas de final).

Campeonato do Interior 1942

Em 1943, a Vermelhinha novamente foi campeã da 13a região e chegou à 3a eliminatória (também equivalente às quartas de final), sendo eliminada pelo Noroeste, que seria campeão:

Campeonato do interior 1943

Chegou 1944 e a AA Ferroviária se consolidou como força da região sendo campeã pelo terceiro ano consecutivo da sua região e avança até a fase inter regional do campeonato, sendo eliminada pela Ferroviária de Botucatu:

Campeonato do interior 1944

Adivinha o que houve em 1945? Mais uma vez a AA Ferroviária vence o seu grupo! Mas mais uma vez um time de Botucatu elimina a vermelhinha…

Campeonato do Interior 1945

Chegamos a 1946 e como já esperado a AA Ferroviária sagrou-se campeã do seu grupo, classificando-se para a próxima fase, que também foi um grupo e mais uma vez, sendo vencido pela Botucatuense.

Campeonato do Interior 1946

Aliás, vasculhando pelas redes sociais da cidade de Assis, achei uma foto muito bonita do time, de 1946:

Em 1947, disputou novamente o Campeonato do Interior, novamente chegando até a fase regional e sendo eliminado pela Botucatuense.

Campeonato do Interior 1947

Por conta do endereço de seu estádio e da cor da sua camisa, o time era apelidado de “a vermelinha da Rua Brasil“.

O nome oficial do estádio é Dr. Adhemar de Barros e sua construção foi gradativa: primeiro o campo, depois as arquibancadas, os vestiários e por fim a iluminação. (Veja maiores detalhes do estádio no post sobre minha visita recente à Assis).

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Por fim, o acolhedor e ao mesmo tempo intimidador Estádio Dr. Adhemar de Barros estava pronto, como podemos ver nessa foto do site www.umdoistres.com.br, de Assis:

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Foi nele que o time mandou seus jogos e até hoje, ele segue ali na Rua Brasil, não muito diferente do que era na época.

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Esta é a charmosa arquibancada, parcialmente coberta que fez parte da infância e da juventude de quem amava futebol nos anos 50 e 60…

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Sua capacidade era de pouco mais de mil torcedores que ali estiveram para apoiar times como esse:

Aqui, o gol do lado da Rua Brasil:

DSC00162Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

E o “gol dos fundos”:

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Deu até pra gente bater uma bola…

DSC00164Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Lembrando que essas traves já foram defendidas por ninguém menos que o goleiro Jefferson, que chegou a atuar pela seleção brasileira, mas ficou famoso jogando pelo Botafogo do RJ.

Estádio Dr. Adhemar de Barros - AA Ferroviaria de Assis - A vermelhinha da rua Brasil

Também conhecida como a “Veterana“, o time da Ferroviária marcou época e entrou pra história ao disputar a série A2 de 1949 até 1952, quando foi rebaixada pela lei que exigia que as cidades tivessem um mínimo de 50.000 habitantes.

Essa foi sua campanha em 1949, quando não passou da primeira fase, a “Série Preta”:

Série A2 - série preta - 1949
Série A2 - série preta - 1949

Aqui, a campanha de 1950, e mais uma vez, não passou da primeira fase, a “2a Série”:

Série A2 - 1950
Campeonato Paulista Série A2 - 1950

Aqui, a campanha de 1951:

Série A2 - 1951
Série A2 - 1951

E esta a de 1952:

A2 - 1952
A2 1952

Disputou a série A3 de 1953 até 1957, com destaque para o empate conquistado em 1957 contra o Tricolor Paulista que visitou Assis sem grandes pretensões, mas não conseguiu vencer a vermelhinha!

Retornou à segunda divisão em 1958 e 1959. Em 1958 fez uma campanha bem ruim, terminando em último do Grupo Verde:

Série A2 - Grupo Verde - 1958
Série A2 - Grupo Verde 1958

Em 1959 mais uma campanha ruim…:

Campeonato Paulista - Série A2 - 1959
Campeonato Paulista - Série A2 - 1959

Voltou a jogar a A3, a partir de 1960, aqui, uma foto do time dessa época:

AA Ferroviária Assis

Mesmo em alta, o time via-se atolado em dívidas, o que obrigou o presidente da época, Joãozinho Maldonado a tentar vender “Mingo” o maior de seus craques à Portuguesa.

Pra piorar, a Lusa achou que o valor era alto demais e não comprou o jogador que preferiu ficar trabalhando na Estrada de Ferro.

Infelizmente, em 1967, o clube perde uma partida decisiva contra o MAC (Marília Atlético Clube) e inicia-se uma crise agravada ainda mais com a ascensão de outro time da cidade, o VOCEM (veja a camisa dele aqui).

E assim como a Estrada de Ferro começava a perder a atenção para as grandes autopistas, a Ferroviária sai do profissionalismo em 1976, em detrimento do futebol moderno e caro.

Mesmo fim de muitos times importantes do interior fizeram e ainda estão fazendo hoje em dia. Uma prova viva do desinteresse cada vez maior do brasileiro pelo futebol. Mas aí vão mais algumas fotos do passado para quem sabe calentar os corações que podem ter se congelado:

Aqui, o goleiro de 1974:

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12- Camisa do V.O.C.E.M. (Assis)

A 12ª camisa é muito especial, pois é do VOCEM, sigla para Vila Operário Clube Esportivo Mariano, time de Assis, cidade de origem da minha família por parte de pai.

Quando escrevi esse post (em 2008), o clube estava licenciado do futebol de campo profissional, o que é muito triste pela tradição que esse brasão carrega. Mas, em 2014, alguns apaixonados da cidade conseguiram trazer o VOCEM de volta ao futebol profissional.

Na verdade, esse brasão foi desenhado inicialmente assim:

O time foi fundado em 21 de julho de 1954, pelos padre Aloísio Bellini (1911-1996) da Vila Operário e por isso as cores do uniforme (branco e grená) representam o pão e vinho.

Meu pai chegou a ajudar na organização do time, já que a igreja da Vila Operária ficava em frente a casa da minha vó Luzia, já falecida. Aqui, uma foto emblemática do fim dos anos 70: o padre tenta me convencer a escolher o caminho do bem e largar as armas de brinquedo kkk.

Padre Aloizio

Conta meu pai que ele ia a todo lugar com sua scooter!

Em 1978, o VOCEM foi convidado pela Federação Paulista de Futebol Profissional para disputar o Campeonato Paulista da Terceira Divisão. Necessário reforçar que esse equivalia ao 5º nível do campeonato daquele ano. Esse foi o time daquele ano:

Neste ano, o VOCEM utilizou o campo da Ferroviária de Assis para seus treinamentos.

VOCEM 1978

E o time fez sua estreia conseguindo a classificação para a segunda fase, sendo líder do Grupo D.

Infelizmente, na fase seguinte o time não manteve a mesma eficácia.

Depois de 1978, o VOCEM jogou a Terceira Divisão de 1979 até 81. A partir de 1980, a Terceira Divisão passa a equivaler ao 2º nível do campeonato, como a atual A2 do Paulista. A partir de 1982, o mesmo 2º nível passou a se chamar “Segunda Divisão” e o VOCEM participou dela até 1989 e foram os os anos dourados do VOCEM. Algumas imagens dessa época:

Aqui, a Torcida Organizada “Esquadrão da Fé”, que acompanha atualmente o time:

Mas o VOCEM sempre teve o apoio de uma apaixonada torcida, como em 84, quando o time fez campanha inesquecível, na época com o apoio da TUVO (Torcida Uniformizada Vila Operário)!

Esses dias folheando o livro “Assis de A a Z”, do Marcos Barrero, li um belo texto contando a fatídica história daquele ano de 1984 quando o VOCEM chegou ao quadrangular final da divisão de acesso, mas acabou perdendo todos os jogos, sendo o último uma goleada de 7×1 para o Paulista de Jundiaí.

assis

O time fez uma bonita campanha na primeira fase…

Também brilhou na segunda fase:

Tendo vencido a série H, o VOCEM teve que enfrentar o CA Jalesense, vencedor da série G e classificando-se para a fase final, que teria final trágico para o time de Assis: 6 jogos e 6 derrotas, com muitos torcedores jurando até hoje que o time vendeu o resultado.

Em 85, o clube novamente se classifica para a segunda fase da Segunda Divisão

Mas cai na segunda fase.

Em 86, fez um campeonato abaixo da média e sequer se classificou para a segunda fase.

Em 1987, mais uma vez classifica-se para a segunda fase sendo líder do seu grupo.

Mas não consegue manter a boa sequência e acaba eliminado na segunda fase.

Em 1988 uma campanha mediana, sem conseguir classificar-se à segunda fase, mas em 89… O VOCEM acaba rebaixado para a Segunda Divisão (Terceiro nível do futebol paulista daquele ano). O baque é tão grande que o time se licencia das competições profissionais e só retorna em 1992, na Segunda Divisão (terceiro nível do futebol paulista). onde permanece até 1994, quando a reorganização do campeonato leva o VOCEM para o 5º nível do futebol paulista, a série B1B. O time terminar nas últimas posições e para mais uma vez.

O retorno se dá somente em 1999 novamente na série B1B. Em 2000 desiste da competição e acaba rebaixado para a série B3 – o 6º nível do futebol paulista de 2001. Em 2002, mais uma vez desiste da disputa no meio da competição e se licencia.

Dessa vez o hiato parece não ter fim e apenas em 2014 o VOCEM retorna ao profissionalismo, desta vez para jogar a Bezinha, o 4º nível do futebol paulista, onde permanece até 2022, quase sempre com campanhas irregulares. A exceção foi 2021, quando o time esteve a um passo do acesso, perdendo a semifinal (e o acesso para a série A3) para o time da Matonense.

O VOCEM mandava seus jogos no Estádio Marcelino de Souza.

Mas em 1992, foi inaugurado o Estádio Municipal Antonio Viana Silva, o Tonicão, e o VOCEM passou a mandar aí os seus jogos.

Curiosidade: meu avô de Assis tinha o apliedo de Tonico, e meu avô em Santo André, se chamava Bruno, e o estádio aqui é o Brunão. Abaixo uma foto feita em nossa última visita ao campo:

Se preferir, faça um vôo sobre o estádio:

Em 2010, ganhei de presente do primo Tilim, uma outra camisa do VOCEM, ainda mais bonita:

Nas visitas em outros anos acabei conseguindo mais estas duas:

E terminamos com essa curiosa imagem de um possível time feminino do VOCEM:

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