O futebol em Ribeirão Preto – Parte 1: O Estádio Palma Travassos

Aproveitamos o feriado da consciência negra (20 de novembro) de 2025 para refletir sobre o quanto o racismo ainda atrapalha uma vida de qualidade para todos em nosso país.
E, infelizmente, é fácil concluir que o racismo ainda é um grande problema social, e que por isso, não basta se dizer “não racista” é imprescindível que sejamos todos antirracistas em todos os ambientes que a gente vive: escola, trabalho, amigos e futebol.
Só pra reforçar o tema, vale assistir o vídeo do Eduardo Bueno que relembra quem foi e o que simboliza Zumbi dos Palmares e a data de 20 de novembro.

Também aproveitamos o feriado para pegar a estrada.
Fomos até Ribeirão Preto!

Devido à sua ascensão como grande centro produtor de café no final do século XIX, houve extensivo uso de mão de obra escravizada, e mesmo com a abolição, muitas lavouras da região ofereceram resistência ao fim da escravidão.
Encontrei alguns levantamentos quantitativos realizados por Luciana Suarez que destaca a população da cidade em 1874 como: 4.695 livres e 857 cativos. Dados de 1887 mostram que a população livre somava 9.041 e a escravizada 1.379.
Por isso, é importante entender a realidade dos dias de hoje com base nessa história recente, porque se você acha que isso é coisa do passado, leia esta notícia de 2022 sobre idosa que era mantida em condições análogas à escravidão.

Nosso principal objetivo na cidade era registrar o Estádio Palma Travassos, o único das 5 divisões do Estado de São Paulo de 2025 que a gente ainda não conhecia.

E, felizmente, deu tudo certo! Da bilheteria até a parte interna do Estádio, conseguimos passar uma boa tarde vivenciando o Palma Travassos!

Faltou apenas ver a loja “Garra do leão” e aproveitar algum desconto, mas como diz um grande economista, melhor do que um desconto é não gastar.

Gostaria de agradecer todo o pessoal do estádio e da assessoria de imprensa que possibilitaram a visita e nos deixaram super a vontade para registrar cada detalhe.

Na parte interna ainda, existe uma série de itens históricos, como esta camisa linda:

Aliás, já escrevemos sobre a camisa e história do Comercial, veja aqui.
Faltava mesmo o registro do Estádio e antes de adentrá-lo dei uma boa volta em seu entorno e muito interessante ver que existe uma vida própria ali com bares e restaurantes.

Voltando a falar sobre os objetos históricos dispostos ali internamente, vale citar os troféus, os quadros com os presidentes e fotos históricas, muito bonitas, como a do antigo estádio!

Mas,já era hora de, finalmente, entrarmos ao campo, vamos lá?

Como mostrei no vídeo, achei legal também esses painéis homenageando figuras importantes da história do Comercial FC.

É mesmo um estádio muito bonito, e sem dúvidas que estar ali em dia de jogo é uma experiência que ainda quero passar!

Olha que linda a parte coberta da arquibancada:

E aí está o distintivo gigante no próprio campo:

No dia da visita, estavam acontecendo melhorias no estádio e no campo, mas nada que atrapalhasse o nosso registro.

A arquibancada possui cadeiras um pouco diferentes das atuais tradicionais:

Uma honra estar em um estádio com tanta história e uma torcida tão apaixonada…

Olha o placar que bacana:

Aqui, um olhar no lado direito do campo:

O meio campo:

E o gol do lado esquerdo:

Enfim, foi muito emocionante poder caminhar ali pela parte de baixo, bem ao lado do gramado e imaginar quanta coisa já passou por aí.

Esses são os meus sonhos de criança… Estar em cada um dos estádios que povoaram minha imaginação ou mesmo o acompanhamento dos campeonatos nestes 48 anos de vida… Só tenho que agradecer a oportunidade…

E que o Comercial tenha um ano bacana em 2026.

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146- Camisa do Comercial de Ribeirão Preto

A 146ª camisa de futebol do blog vem de uma grande cidade do interior paulista que consegue unir desenvolvimento à natureza: Ribeirão Preto!

Mais uma vez foi presente do amigo Guilherme, El Pibe, que escreve o www.expulsosdecampo.blogspot.com .

Falaremos hoje da camisa e da história do Commercial Football Club.

A história deste tradicional time do interior paulista, começa em 1911, quando um grupo de comerciantes se reuniu para montar seu próprio time de futebol. É incrível como as pessoas do início do século XX conseguiram dar valor aos atos de criação dos times, quase como que prevendo que se transformariam em instituições “eternas”. Hoje, os fundadores do time dão nomes às cadeiras cativas do estádio. A primeira partida seria disputada ainda em 1911, uma derrota por 3×1 para a Associação Athletico Gymnasial, de Ribeirão Preto. Em 1915, enfrentou o badalado SC Germânia, da capital paulista e venceu por 4 a 1. Assim como estes, vários amistosos mantiveram a torcida em polvorosa nos primeiros anos do clube. Em 1919, disputou o Campeonato Paulista – Divisão do Interior da APEA (Associação Paulista de Esportes Athléticos), tornando-se vice-campeão. Em 1920, disputou uma série de amistosos no Pernambuco onde conquistou 7 vitórias e um empate, dando origem ao apelido e futuro mascote do time: o Leão do Norte.

Em 1922, fato curioso, o time disputou um amistoso contra a Seleção Argentina, no Estádio da Rua Tibiriçá, onde mandava seus jogos. Em 1927, estreiou na Primeira Divisão do futebol paulista. Esse é o time dos anos 20: A crise de 29, que afetou o mundo todo, principalmente os EUA acabou chegando até os cafeicultores de Ribeirão Preto e manteve o time fora das disputas até 1954. Em 1954, o time ressurge, agora como Comercial Futebol Clube e passou a mandar seus jogos no Estádio Antônio da Costa Coelho, campo do E.C. Mogiana. O retorno foi marcado por uma série de amistosos, com destaque para a derrota para o São Paulo FC. Mas o time também participou da segunda divisão, chegando a final contra o EC Taubaté, que acabou num 0x0, dando o título e o acesso à primeira divisão ao Burro da Central. Seria neste ano que aconteceria o primeiro clássico “Come-Fogo”, da fase profissional, terminando num empate em 1×1. O título paulista da segunda divisão viria em 1958, junto do acesso para primeira divisão, fazendo a final contra o Corinthians de Presidente Prudente, em jogo no Estádio do Pacaembu. A partir daí, a torcida do Comercial se acostumou a disputar a elite do futebol paulista e os anos 60 acabaram marcados como os anos de glória do time. Em 1962, o clube foi vice-campeão da Taça São Paulo, perdendo apenas a final para o Santos de Pelé. Esse é o time de um ano antes: Em 1964, era hora de inaugurar seu estádio, o Palma Travassos, utilizado até os dias de hoje e apelidado de “La Bafonera”.

Em 1965, venceu a Copa Ribeirão Preto jogando contra Corinthians, Fluminense e Botafogo carioca e ainda empatou em 1×1 com o Peñarol do Uruguai, em um amistoso.

Em 1966, o Leão acabou com uma invencibilidade de 14 jogos do Palmeiras e fez um jogo inesquecível contra o Santos de Pelé, perdendo por 7×5. Ainda faria incríveis 8×1 no Bragantino, terminando em terceiro lugar no campeonato paulista. O ano ainda traria uma incrível surpresa, o time enfrentaria a Seleção Brasileira (perdendo por 4×2), em Amparo.

Em 1972, o Comercial ficaria marcado como o último time a levar um gol do craque Garrincha (Olaria 2 x 2 Comercial). Em 1974, terminou o Paulistão em sétimo lugar. Em uma disputa histórica, conquistou a vaga para o Brasileiro de 1978, em cima do Botafogo FC. Em 1979, ficou em 14º, num brasileirão que contou com quase 100 clubes.

No início da década de 1980, o Comercial conseguiu grandes resultados como golear o Corinthians em Palma Travassos por 4 a 0, o Santos na vila: 3 a 1, o São Paulo no Morumbi por 5 a 4. Em 1980 foi campeão do primeiro turno da Taça de Prata, a segunda divisão do Campeonato Brasileiro na época. Em 1983, fez 4×1, no São Paulo, no Estádio Palma Travassos. Em 1986, um soco no estômago da torcida… O Comercial acaba rebaixado para a Divisão Intermediária do Campeonato Paulista, mesmo tendo vencido novamente o forte São Paulo FC, dentro Morumbi, por 5×4. Olha, que legal o Come-Fogo de 1986, que bom público: O time se segurou na segunda divisão até 1993, quando conquistou o acesso, porém… Foi quando a Federação organizou o campeonato com as atuais definições (A1, A2, A3 e B) mantendo o time Comercialino na série A2, longe dos holofotes da imprensa. Os anos seguiam, e mesmo com o constante apoio de sua apaixonada torcida, em 2009, o time viveu um novo momento de terror. O Comercial era rebaixado para a série A3, e vivia uma forte crise financeira. Até o Estádio Palma Travassos, entrou em disputa para saldar dívidas. Parecia o fim. Mas não foi. Graças a uma série de esforços locais, passando por uma polêmica parceria com o grupo Lacerda Sports Brasil e com o OléBrasil (até então, terceiro time de Ribeirão Preto), até culminar com o movimento “Comercial meu amor Imortal”. Os resultados logo vieram, em 2010 mesmo, o time conseguiu retornar à série A2, ainda que com por meio de uma manobra legal. O time do Votoraty (fortemente ligado ao grupo OléBrasil) desistiu de continuar disputando a série A2, e o Comercial acabou herdando sua vaga. O ano seguinte, no centenário do Comercial, apresentou ao Leão uma A2 bastante forte e competitiva, mas conquistou o acesso de volta à elite do Paulistão, com o time: Para celebrar o centenário, o Comercial realizou uma excursão para Europa, onde fez cinco amistosos, vencendo 3, empatando 1 e perdendo 1. Ainda foi publicado o livro “Comercial – Uma paixão centenária”, pelo pesquisador Igor Ramos. Para marcar ainda mais o ano do centenário, o Comercial ficou ainda com o vice-campeonato da Copa Paulista, perdendo o título para o Paulista de Jundiaí.

Infelizmente, em 2012 o Comercial acabou voltando para a serie A2. Destaque para a galera da Mancha Alvinegra, fundada em 1986.

Outra torcida que merece destaque é a Batalhão Alvinegro, desde 2002 e da qual faz parte nosso amigo Alfredo “Sapo”, lá de Serrana!

Maiores informações sobre o clube podem ser encontradas no site oficial: www.comercialfc.com.br Curta um pouco com a torcida do Comercial…

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